INFECÇÕES FÚNGICAS Prof. Mauren Seidl.

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Transcrição da apresentação:

INFECÇÕES FÚNGICAS Prof. Mauren Seidl

INFECÇÕES FÚNGICAS SUPERFICIAIS Dermatofitoses ( Tineas) Onicomicoses Tinea Nigra Piedras Os dermatófitos são fungos que se aderem à queratina e que a usam como nutrientes. Os tecidos ricos em queratina são camada córnea, unhas, cabelo

TINEA CAPITIS Couro cabeludo e fios de cabelo Mais comum pelo Microsporum canis Crianças até 14 anos Ectotrix (parasitas por fora da haste do cabelo) ou endotrix (parasitas dentro da haste) Áreas de alopecia com cabelos tonsurados, com eritema, escamação e pústulas, pruriginosas Kerion: lesão inflamatória infiltrada, tumoração, com exsudação purulenta, repleta de cabelo fragmentados Black dots: não necessariamente apresenta alopecia, pois o fungo se encontra dentro da haste (endotrix) e deixa o córtex do fio intacto. O cabelo fica apenas fragilizado e rompe, deixando pontos pretos.

TINEA CAPITIS Tinea favosa: infecção crônica pelo T. shoenleinii principalmente. Leva à inflamação importante, com formação de crostas melicéricas (favos) e destruição permanente dos folículos (alopecia cicatricial) DIAGNÓSTICO: EMD + cultural DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: dermatite seborréica, alopecia areata, psoríase, tricotilomania. Kerion deve ser diferenciado de piodermites, carcinomas TRATAMENTO: sempre VO = Griseofulvina (10 a 20 mg/kg/dia) Imidazólicos (itraconazol, fluconazol) Aminas (terbinafina) Por pelo menos 6 a 12 semanas

TINEA CORPORIS Tinea que ocorre na pele glabra (sem pelos), exceto palmo plantar e inguinal Pode ser transmitida pelo contato com humanos, animais, fômites, pela autoinoculação de lesões dos pés Mais comuns: T. rubrum, T. mentagrophytes e M. canis Lesão típica: anular, bordas eritematosas, elevadas, ativas, microvesiculosas, com crostículas, e centro deprimido, com crescimento centrífugo DIAGNÓSTICO: EMD+C. Histopatológico DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: eczema, granuloma anular, psoríase, sífilis TRATAMENTO: tópicos se isolada (2x dia por 30 dias). VO se extensa

TINEA CRURIS Dermatofitose da região inguinal, períneo, genitais e região perianal Calor, umidade, oclusão são essenciais. Fômites transmitem o fungo T. rubrum, T. mentagrophytes, E. floccosum Lesão semelhante à tinea corporis, com mais maceração, hiperpigmentação, liquenificação (infecção crônica, prurido) EMD+C importante Diagnóstico diferencial: candidíase, eczema contato e seborréico, psoríase invertida Tratamento: antifúngicos tópicos geralmente efetivos. VO se extenso. Manter área seca, talcos.

TINEA MANUM E PEDIS Afeta região palmo-plantar Extremamente comuns. Transmissão pessoas, animais, solo, autoinoculação. Lesões pre-existentes são porta de entrada T. rubrum, T. mentagrophytes v. interdigitales, E. floccosum Escamação importante, com bordos delimitados eritematosos. Pode haver vesículas e pústulas associadas. Bromidrose. Pode acometer interdígitos. Prurido. Tinea “em mocassim” envolve toda a região plantar, é crônica, bastante ceratótica e exige tratamento prolongado Dermatofítides: ides – à distância. Lesões vesiculosas disidrosiformes à distância (geralmente palmar) – hipersensibilidade ao fungo Diagnóstico diferencial: psoríase, eczemas, disidrose, candidíase Tratamento: o mesmo

ONICOMICOSE Infecção por dermatófitos, não-dermatófitos e leveduras na lâmina ungueal Extremamente comum. Tb chamada tinea unguium T. rubrum, T. mentagrophytes, T. mentagrophytes var. interdigitales, E. floccosum (dermatófitos), Candida albicans (leveduras) Onicólise, hiperceratose subungueal, opacificação e amarelamento da lâmina, iniciando na borda distal livre e lateral – onicomicose distal subungueal Opacificação esbranquiçada junto à lúnula – onicomicose branca superficial

ONICOMICOSE SEMPRE EMD+C!!!!! Nem todas as distrofias ungueais são devidas aos fungos (embora sejam a maioria) Diagnóstico diferencial: trauma, psoríase ungueal, líquen plano, eczemas, alterações congênitas Tratamento: DERMATÓFITO: Itraconazol 100mg 4cp/dia 7 dias por mês, intervalos de 3 semanas – mínimo 3 meses Terbinafina 250 mg 1cp 1x/dia – mín 3m Fluconazol – muita resistência Amorolfina, Ciclopirox olamina esmalte 1x /sem LEVEDURAS: Itraconazol Fluconazol 150 mg 1x/sem até cura clínica. Terbinafina não age bem Cetoconazol hepatotóxico por períodos longos

TINEA NIGRA Rara, geralmente na camada córnea palmar Phaeoannellomyces werneckii (fungo demáceo - não dermatófito) Países tropicais, subtropicais. Solo, vegetação Mácula acastanhada a enegrecida, assintomática, pouca ou nenhuma escama EMD mostra hifas grossas pigmentadas e cultura é negra Diagnóstico diferencial: nevos, melanoma, sujeira Tratamento: queratolíticos, imidazólicos tópicos

LEVEDURAS Candidíase Pitiríase versicolor

PITIRÍASE VERSICOLOR Malassezia sp., fungo lipofílico, considerado parte da flora normal Em condições adequadas, sai da forma saprófita (levedura) para forma parasita (micélio) – fungo dimórfico Tais condições são: umidade, oleosidade, calor da pele do hospedeiro, imunidade, hereditariedade e doenças associadas (Cushing) Máculas hipo ou hiperpigmentadas (dependendo da cor da pele do paciente) nas áreas seborréicas, como: tórax, dorso, ombros, abdômen, pescoço, face (crianças). Ao estiramento ou raspagem, desprendem uma escamação fina, furfurácea (sinal da unhada ou Zileri +)

PITIRÍASE VERSICOLOR Cor varia de esbranquiçada, eritematosa à acastanhada. Não bronzeiam no sol, pois filtram os raios solares. Além disso, causam hipopigmentação devido à metabolização do ácido azeláico Prurido mínimo ou ausente Pode causar foliculite nestas áreas (foliculite pitirospórica) EMD (C) Diagnóstico diferencial: vitiligo, nevo halo, nevo acrômico e hipocrômico, dermatose discromiante Tratamento: imidazólicos tópicos ou sistêmicos se extensos (terbinafina pouco efetiva – não atinge extrato córneo) Curso recorrente: trata-se tb o hospedeiro. Fungo não é resistente a fármacos

CANDIDÍASE Candida albicans é responsável por 70-80% das candidíases superficiais ou sistêmicas Saprófita que coloniza mucosas (orofaringe, mucosa vaginal) Pode ser patogênica devido a alguns predisponentes: fricção, oclusão, desnutrição, gestação, menstruação, idade, doenças sistêmicas (DM, Cushing), Síndrome de Down, neoplasias, imunodeficiências (SIDA), cateteres, corticoterapia, antibioticoterapia Intertrigo: eritema, maceração nas dobras cutâneas com vésico-pústulas satélites EMD em casos crônicos Tratamento: manter ambiente seco, nistatina, imidazólicos

MICOSES PROFUNDAS Esporotricose Cromomicose Paracoccidiodomicose Lobomicose Micetomas Feohifomicose

ESPOROTRICOSE Sporothrix schenckii Fungo dimórfico, encontrado no ambiente, inoculado nos humanos por trauma 3 formas de infecção subcutânea: cutâneo-localizada, cutâneo-linfática e cutâneo-disseminada Linfangítica é mais comum, ocorre principalmente nas mãos e pés. Inicia com um nódulo subcutâneo, que evolui para úlcera. Outros nódulos inflamatórios começam a se formar no trajeto linfático (rosário) Na forma fixa, a lesão permanece no local de inoculação, forma um granuloma, que pode ulcerar

ESPOROTRICOSE Diagnóstico: Raramente visto no EMD. Cresce no exame cultural – método preferencial. Biópsia pode ser necessária – AP mostra alterações secundárias ao fungo (hiperplasia pseudoepiteliomatosa) e raramente o fungo (corpos asteróides) Diagnóstico diferencial: outras micoses profundas, leishmaniose, tuberculose cutânea, carcinomas – LECT Tratamento: Solução de Iodeto de Potássio até 4 semanas após a cura clínica (barata, mas difícil tolerância) Itraconazol 200mg até uma semana após a cura clínica

CROMOMICOSE Fungos demáceos (Fonsecaea pedrosoi, Wangiella dermatitidis, Cladophialophora carrionii, Rhinocladiella aquaspersa) Vivem no ambiente, inoculados na derme. Pés, pernas e braços são os locais mais comuns. Evolui por contiguidade As lesões iniciais são pápulas e placas levemente verrucosas achatadas. Lentamente progridem para lesões espessas e extensas, com infecção secundária e grande comprometimento linfático (linfedema). Sempre crônica! EMD e cultural da secreção da lesão. Biópsia – corpos fumagóides (hifas demácias em charuto) Tratamento: lesões pequenas e isoladas podem ser incisadas ou tratadas com crioterapia itraconazol 200mg /d até cura clínica (meses)

PARACOCCIDIODOMICOSE Paracoccidioides brasiliensis , Inoculado nos humanos por trauma (palitar dentes, mascar folhas). Inalação causa infecção pulmonar Pode atingir qualquer órgão, mas tem predileção por pele, mucosas, linfonodos, pulmões, suprarrenais e SNC Infecção respiratória crônica e progressiva, com tosse crônica e emagrecimento. Raio X demonstra infiltrado bilateral, podendo ser nodular Lesões orais ocorrem principalmente nas gengivas , chamadas de estomatite moriforme, são erosões com pontilhado hemorrágico, com edema adjacente. Com sua evolução tornam-se ulcero-vegetantes Linfonodos cervicais estão aumentados, dolorosos

PARACOCCIDIODOMICOSE Diagnóstico: EMD e cultural do escarro, secreções, fundo de úlceras (estuturas semelhantes a “orelhas de Mickey” ou “roda de leme”) Sorologia Biópsia: anatomopatológico mostra o fungo com múltiplos brotos Tratamento: Itraconazol por 3 a 6 meses Fluconazol se SNC envolvido Anfotericina B se quadro sistêmico grave