Ciência, tecnologia e sociedade

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Transcrição da apresentação:

Ciência, tecnologia e sociedade Aula 5 _ Criticando o universalismo da tecnologia. Artefatos têm política? profa. Maria Caramez Carlotto SCB 1° quadrimestre de 2015

Langdon Winner Artefatos têm política? (1986) “Não há ideia mais provocante nas controvérsias sobre tecnologia e sociedade do que a noção de que as coisas técnicas têm qualidades políticas” (p. 1)

Langdon Winner Artefatos têm política? (1986) Coisas técnicas têm qualidades politicas significa dizer que “máquinas, estruturas e sistemas da moderna cultura material podem ser precisamente julgados não apenas pela sua contribuição à eficiência e produtividade e pelos seus efeitos colaterais ambientais, positivos e negativos, mas também pelos modos pelos quais eles podem incorporar formas específicas de poder e autoridade”

Precursores eleitos por Winner Críticos do industrialismo do século XIX que culminam no trabalho de Lewis Mumford. Movimentos anti-nucleares e ambientalistas da década de 1970. Além desses críticos da tecnologia, os seus defensores também argumentam que a tecnologia incorpora visões de sociedade (relações de poder).

A visão de Winner sobre a relação entre tecnologia e sociedade Winner vai além da constatação de que os sistemas técnicos e a política moderna estão entrelaçados (relacionados), considerando-se por exemplo, os impactos da tecnologia na produção industrial, nas guerras e nas comunicações. A questão é que, para além dos seus efeitos políticos (sociais), a tecnologia tem propriedades políticas nelas próprias.

Determinismo tecnológico? O sentido político da tecnologia está nela mesma ou no sistema social e econômico no qual ela se insere? A crítica ao determinismo tecnológico ajuda porque reforça a importância de considerar “as circunstâncias sociais do desenvolvimento, emprego e uso” – o que estaria “fora” da tecnologia e molda a tecnologia. No entanto, tomado literalmente, a crítica ao determinismo tecnológico nos leva a pensar que as coisas técnicas, em si, não significam nada.

Relação ciência e sociedade é mais dinâmica do que o usual: Os cientistas sociais, em geral (1986), preferem pensar que a sociedade determina a tecnologia, porque eles podem usar os seus conceitos e ferramentas tradicionais. Mas Winner vai um pouco além: não é só a sociedade que determina a tecnologia, a tecnologia também ajuda a determinar a sociedade, reforçando algumas formas específicas de poder, controle e dominação (estrutura social, econômica e política).

Teoria da política tecnológica Winner propõe duas formas pelas quais os artefatos podem conter política: A invenção, projeto ou arranjo de um dispositivo técnico ou sistema específico se tornam uma forma específica de resolver um problema, reforçando relações específicas > Parte I. Arranjos técnicos e ordem social Sistemas criados pelo homem que parecem exigir ou ser fortemente compatível com tipos específicos de relações políticas > Parte II. Tecnologias inerentemente políticas

Parte I. Arranjos técnicos e ordem social Exemplo 1. Moses e as pontes de NY (detalhes aparentemente insignificantes Exemplo 2. Paris e os Boulevares de Haussmann Exemplo 3. Os campi universitários Exemplo 4. Desenvolvimento industrial e as moldadoras de aço Exemplo 5. Movimento das pessoas com deficiência (intenção e direcionamento prévio) Exemplo 6. Desenvolvimento agrícola e a colhedeira de tomate Exemplo 7. Processo contra a Universidade da Califórnia.

Para além da intencionalidade LIMITES DA QUESTÃO ÉTICA: Todos ajudam Winner a mostrar que a questão não é exatamente ética. Está para além da intenção direta dos cientistas ou desenvolvedores de tecnologia: o desenvolvimento tecnológico já está a tal ponto direcionado que produz soluções maravilhosas para uns e catastróficas para outros (ex. colhedeira de tomates). O desenvolvimento tecnológico segundo esse padrão (de profunda associação entre ciência, tecnologia e interesses sociais dominantes) é tão longínquo que se contrapor a ele significa o mesmo que se contrapor à tecnologia ela mesma (porque ninguém consegue conceber uma tecnologia diferente).

Diante desse cenário, existem duas escolhas Implementar ou não implementar uma tecnologia (escolha de sim e não, ex. energia nuclear). Ou, escolhas específicas dentro da implementação de todo um sistema técnico (ex. gestão do trabalho). Outro exemplo interessante: o computador e a internet

Tecnologias como “formas de vida” Muitos dispositivos e sistemas técnicos contêm diversas possibilidades de ordenar a atividade humana (a sociedade). No processo em que as escolhas estruturantes são feitas existem graus de poder distintos, sendo o mais importante a decisão de implementar uma tecnologia. As escolhas são condicionadas pela tecnologia implementada ou “fixadas no equipamento material”. Inovações tecnológicas são similares a atos legislativos que estabelecem uma estrutura da ordem pública que pode durar por muitas gerações.

Parte II. Tecnologias inerentemente políticas Todos os exemplos dados na parte I mostram que, embora algumas tecnologias favoreçam determinados arranjos sociais (usos, grupos, modos de produção) existe, ainda assim, uma margem de escolha. Elas não são políticas pela sua própria natureza.

O que Winner quer dizer com “políticas pela sua própria natureza”? Que essas tecnologias EXIGEM formas específicas de controle e que a escolha por adotá-las significa escolher uma forma particular de vida política (organização do trabalho e das decisões coletivas).

Engels vs. Marx Engels Os sistemas sociotécnicos modernos exigem um governo autoritário. Marx As tecnologias industriais contemporâneas tornam a hierarquia obsoleta. Nos dois casos, a questão técnica ganha importância em si e lança uma questão de fundo essencial para a política.

Sistemas técnicos e formas específicas de autoridade Energia nuclear > controle centralizado Chandler: A mão visível : emergência da moderna gestão e a eliminação da participação no ambiente de trabalho e na decisão sobre o desenvolvimento tecnológico. Isso se torna um elemento do próprio discurso político: tecnocracia (indiferença a argumento morais de outro tipo que não a eficiência).

Ciência, tecnologia e democracia Merton: a ciência pressupõe democracia. Winner: a tecnologia é incompatível com a democracia?