Dádiva e dívida Porto, 1 de Fevereiro de 2014 António Pedro Dores.

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Transcrição da apresentação:

Dádiva e dívida Porto, 1 de Fevereiro de 2014 António Pedro Dores

Sociabilidades Pequenos grupos humanos de caçadores- recolectores viveriam da capacidade de cada um encontrar alimentos A divisão de trabalho implica trocas Os conflitos manifestam valores (dádivas) O poder reclama privilégios (dívidas)

Economia Racionaliza e equaciona os valores Os saberes ajustam-se aos poderes As dádivas são sobretudo femininas e as dívidas sobretudo masculinas Nas relações de trabalho, por exemplo, primeiro trabalha-se e depois recebe-se o valor previamente acordado (ele há salários em atraso mas não há trabalho em atraso)

Democracia A profissionalização da política foi a maneira de os trabalhares (e as mulheres) poderem entrar na política, como assalariados Trabalham primeiro e recebem depois (sobretudo depois de se reformarem da vida política – a corrupção apenas antecipa as dádivas de quem esteja em dívida)

Transparência O disfuncionamento do Estado (por exemplo, na saúde, na educação mas também na regulação financeira e na regulação em geral) será uma dádiva aos sectores beneficiários a quem se pode reclamar dívidas. Ex: A regulação financeira estatal sobre a banca falhou (e os responsáveis foram promovidos por isso) e substituida pela regulação privada dos Estados (agências de rating)

Dívida é política patriarcal As políticas da convergência esconderam, em Portugal, o facto de os salários desde os anos 80 não cresceram – para que os lucros beneficiassem de toda a maior produtividade As políticas de austeridade invertem a lógica política através da alegada dívida do Sul, dos assalariados e do feminino (saúde, educação)

A dádiva é política Não é possível pagar a dívida porque ela não é mais do que um jogo político de subversão da solidariedade – quando deixou de dar lucros É necessário organizar a contra política da sádiva – por exemplo, através da luta pelo rendimento básico incondicional