Corpos Estranhos em Otorrinolaringologia Disciplina de Otorrinolaringologia Prof. José Antonio de Paula Felix
Introdução Problema muito comum na Otorrinolaringologia, principalmente na sub-área Pediátrica, podendo levar a complicações, algumas com significativa gravidade. Eles podem ser divididos em: Animados – seres vivos Inanimados – objetos orgânicos e não-orgânicos.
Introdução O pico de incidência é entre 1 e 4 anos de idade. No adulto o local mais comum é em faringe. Locais mais frequentes (em ordem decrescente): Orelha Nariz Faringe Laringe
Introdução Pode ser inserido voluntariamente por crianças e excepcionais, e de forma acidental em adultos. Frequência de corpos estranhos: Grão de feijão – 17,3% Espinha ou lâmina de peixe – 12,17% Pequenos artefatos plásticos – 11,5% Fragmentos de algodão – 9% Fragmentos de espuma – 7,3% CE Animados – 7,08%
Corpos Estranhos Animados Muito mais comum em orelha que nariz e garganta. Frequência: Baratas 30,35% Moscas e Mosquitos 25% Borboletas e Mariposas 12,5% Besouros 10,7% Percevejos e Cigarras 7,15% Abelhas 5,35%
Corpos Estranhos Animados Quadro clínico caracterizado por otalgia intensa de início súbito, por vezes, desesperadora, ocorrendo frequentemente durante o sono. Cursa com barulho intenso e, algumas vezes, ferroadas. No caso de depósito de ovos por moscas varejeras pode-se evoluir para miíase, principalmente, pacientes com otorréia prévia.
Corpos Estranhos Animados Deve-se imobilizar o agente com o uso de álcool ou substâncias oleosas, para sua remoção posterior. No caso de míiase, remoção das larvas sob otomicroscopia de forma compulsiva, curativo local e uso de Medicação Sistêmica (Ivermectina).
Corpos Estranhos Animados
Corpos Estranhos em Orelha Quadro clínico sem grandes sintomas. Algumas vezes relatados pela própria criança, mas na maioria das vezes, descoberto em exames de rotina. No adulto, o diagnóstico é informado pelo próprio paciente. Otalgia, otorréia, hipoacusia e prurido otológico são sinais indiretos da presença de CE.
Corpos Estranhos em Orelha Na criança, os mais comuns são grãos de feijão, pequenos artefatos plásticos e fragmentos de papel e algodão. No adulto, se destacam os fragmentos de algodão e palitos.
Corpos Estranhos em Orelha Tratamento: A retirada de corpo estranho de orelha exige experiência e material adequado. Muitas vezes, já houveram tentativas de outros médicos, gerando deslocamento para próximo a membrana timpânica, lacerações da pele do canal e traumatismo psicológico da criança.
Corpos Estranhos em Orelha Uso de Irrigação do Conduto Auditivo Externo: Método de escolha para quase todos corpos estranhos (como contas de colar, pqs artefatos de plástico sem arestas, areia, pedaços de borracha e pqs sementes…) Contra-indicado: em caso de perfuração timpânica e grãos e sementes vegetais (corpos estranhos hidrófilos).
Corpos Estranhos em Orelha Uso de ganchos rombos e pinças é indicado para sementes e suspeita de perfuração timpânica. Em 5 a 10% há necessidade de remoção sob anestesia geral.
Corpos Estranhos em Orelha Complicações: Sangramento e lacerações de Conduto Auditivo Externo Perfuração Timpânica Otite externa e otomicoses
Corpos Estranhos em Nariz São de sintomatologia mais rica Encontrado quase que exclusivamente em crianças. Mais comuns: pedaços de espuma e papel, massa de modelar, artefatos plásticos e grãos de feijão.
Corpos Estranhos em Nariz Quadro clínco caracterizado por rinorréia unilateral mucopurulenta e fétida. Pode ocorrer também obstrução nasal e epistaxe. Diagnóstico por rinoscopia anterior ou endoscopia nasal.
Corpos Estranhos em Nariz Remoção através de sonda de Itard, ganchos rombos ou pinças: Consistência dura: uso de sonda ou ganhos Consistência mole: preensão direta por pinças.
Corpos Estranhos em Nariz Complicações: Sinusite Broncoaspiração Evolução para Rinólito no futuro.
Corpos Estranhos em Faringe Usualmente são espinhas de peixe ou ossos delgados de galinha. Locais mais comuns: parede posterior da faringe, tonsilas palatinas, base da língua, hipofaringe e valécula. Podem levar a dor, disfagia e sialorréia.
Corpos Estranhos em Faringe Diagnóstico fácil com visão direta do corpo estranho na orofaringoscopia. Remoção é simples com retirada por pinças apropriadas com ou sem anestesia tópica. Complicações: Abscessos retrofaríngeos Broncoaspiração Progressão para o esôfago.
Corpos Estranhos em Laringe São menos frequentes que os de esôfago. O acidente agudo de aspiração está presente na história. Aparição imediata de disfonia e obstrução respiratória alta como dispnéia e estridor. Muitas vezes, necessário traqueostomia de urgência, antes do diagnóstico.
Corpos Estranhos em Laringe São vistos através de exame laríngeo com auxílio de espelho de Garcia ou nasolaringoscópico. Retira-se por laringoscopia direta sob anestesia geral em crianças. Adultos pode-se tentar remoção sob anestesia tópica e sedação.
Corpos Estranhos em Esôfago São ocorrências relativamente comuns nas Emergências, cerca de 5% dos CEs em ORL. Particularmente em crianças e idosos. Em crianças: moedas Em adultos: espinha de peixe, ossos de galinha e bolo de carne. Estreitamentos esofágicos: Esôfago cervical – no nível do EES Esôfago Torácico – cruzamento com a aorta Esôfago Inferior – no nível do EEI
Corpos Estranhos em Esôfago Em 81% ocorre no esôfago cervical e somente 19% no esôfago torácico. Causam dor localizada, disfagia, odinofagia e sialorréia. Em crianças pequenas, pode haver recusa alimentar. O diagnóstico é feito pela história clínica e o exame radiográfico.
Corpos Estranhos em Esôfago O tratamento pode ser de três formas: Remoção com sondas de Foley – reservado exclusivamente para CE rombos (moeda) com até 72 horas de ingestão. Esofagoscopia Digestiva – pode ser realizado com anestesia tópica ou geral, remoção de todo tipo de corpo estranho. É obrigatória a realização de esofagografia contrastada após o procedimento para verificar se houve perfuração. Endoscopia Digestiva Alta – apresenta maior conforto, menor complicação, mas é incapaz de remover corpos estranhos mais complexos.
Corpos Estranhos em Esôfago Complicações Abscessos de mucosa esofágica Estenose esofágica Perfurações esofágicas
Conclusão “Um corpo estranho inerte de orelha não é perigoso por si mesmo, o que o torna perigoso é a intervenção do médico não-especialista” Lermoyez