Mapeamento das políticas de escolha de diretores da escola e de avaliação na rede pública das capitais brasileiras Alves (2009) Disciplina: Políticas Públicas.

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Transcrição da apresentação:

Mapeamento das políticas de escolha de diretores da escola e de avaliação na rede pública das capitais brasileiras Alves (2009) Disciplina: Políticas Públicas e Avaliação da Educação Básica

Resumo O artigo tem como objetivo mapear a situação educacional na rede pública de ensino das capitais brasileiras em relação ao processo de escolha dos diretores escolares e ao estabelecimento de sistema de avaliação de desempenho dos estudantes no período de 1999 a 2003; Articula os fatores atuantes no processo de descentralização de políticas sociais, entre elas as educacionais, com a implementação dessas políticas na rede pública das capitais brasileiras.

Introdução A Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996 deram respaldo legal para que os municípios estabelecessem seus próprios sistemas de ensino;

Década de 1980: marco importante ↔ eleição de O resultado eleitoral representou vitória expressiva de forças políticas de oposição (um dos temas centrais das políticas educacionais era o da democratização da escola); Década de 1990: definição da responsabilidade conjunta dos governos estaduais e municipais na provisão do ensino fundamental.

Incentivo, a partir do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef); De 1996 a 1998 uma série de políticas educacionais foram introduzidas: A partir da LDB, foram estabelecidos padrões para o currículo escolar, qualificação dos professores, assim como, a criação e a produção de estatísticas educacionais e a avaliação dos estudantes brasileiros.

Implementação de políticas educacionais: fatores atuantes As políticas educacionais estão inseridas em um contexto mais amplo de reforma do Estado, marcado pela descentralização e autonomia dos governos locais; A redefinição de competência e atribuições de gestão pelos Estados e municípios pode ser realizada basicamente por três mecanismos:

1) iniciativa própria, 2) adesão a algum programa proposto por um nível mais abrangente; ou, 3) expressa imposição legal (Arretche, 2000); Na educação, exemplos destas três formas de assunção são: 1) a implementação de ciclos de aprendizagem por Estados e municípios; 2) os programas Dinheiro Direto na Escola e Merenda Escolar do governo federal; e, 3) a lei sobre a obrigatoriedade da ampliação do ensino fundamental para nove anos (Lei nº , de 7 de fevereiro de 2006).

Mapeamento de políticas educacionais: escolha do diretor escolar Década de 1980: a administração das escolas era marcada pelo clientelismo (da indicação política para o cargo de diretor até as contratações provisórias e sem concursos dos professores); A escolha dos diretores está inserida no contexto da democratização da gestão escolar, como a criação de conselhos deliberativos com a participação de professores, pais, alunos e da comunidade.

Quatro modalidades de escolhas do diretor: a) indicação (técnica ou política); b) seleção por concurso de títulos e provas; c) eleições; e, d) esquemas mistos.

A eleição de diretores foi adotada por vários sistemas de ensino mesmo antes da promulgação da CF de 1988; As primeiras experiências de eleição direta para a escolha de diretores ocorreram nos Estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Mato Grosso.

Mapeamento de políticas educacionais: sistemas de avaliação do desempenho Década de 1970: marca o início das experiências de avaliação educacional no Brasil, inseridas no contexto dos processos de seleção para o acesso à universidade; Década de 1980: cresce o interesse pela implementação de programas de avaliação educacional em diversas redes de ensino.

Década de 1990: a avaliação de sistemas educacionais se consolidou tanto nacionalmente quanto entre governos estaduais e municipais; A avaliação constituiu um dos eixos centrais da política educacional brasileira desenvolvida nesse período; O SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica).

A proposta inicial do Saeb está relacionada com demandas do Banco Mundial visando desenvolver uma sistemática de avaliação para o Projeto Nordeste – Segmento Educação, no âmbito do VI Acordo MEC/Bird, em 1988; Por solicitação do MEC, a sistemática de avaliação estendeu-se ao âmbito nacional, em meados de 1988, quando foi criado o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Público de 1º Grau (Saep).

Somente em 1990, quando a Secretaria Nacional de Educação Básica (Seneb) alocou os recursos necessários, foi possível viabilizar o primeiro ciclo do Saeb. Ciclos do SAEB: 1990; 1993; 1995; 1997; 1999; 2001; 2003; 2005; 2007; 2009.

Accountability: a associação entre resultados e conseqüência é um dos pilares do conceito de responsabilização que, nos últimos anos, vem ganhando espaço na agenda política educacional; Sua principal idéia é que os estudantes e toda a equipe escolar são responsáveis pelo desempenho da escola;

A política de responsabilização é alvo de muitas críticas no meio educacional, uma vez que sua efetivação envolve um complexo processo de ponderação entre controle e política; Os principais problemas de controle relacionam-se com as divergências entre as motivações e expectativas dos professores e diretores de escolas e as dos gestores responsáveis pela política.

Nessa linha de transparência e responsabilização, o governo federal estabeleceu que a avaliação nacional incluísse uma vertente censitária – a Prova Brasil – e que fossem divulgados resultados por unidades escolares; A Prova Brasil é uma das ações implementadas pelo governo federal no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), no sentido do estabelecimento de metas de qualidade da educação a serem atingidas pelos governos estaduais e municipais.

Ciclos da Prova Brasil: 2005; 2007; O desenho censitário dessa avaliação contorna as dificuldades técnicas e financeiras que os gestores estaduais e municipais tinham em construir um sistema próprio de avaliação.

Interpretações sobre o significado da avaliação na política educacional brasileira: a) associação entre a ênfase em avaliação e a hegemonia de políticas neoliberais; b) valorização da avaliação como elemento promotor da melhoria da qualidade da educação; e, c) o papel da avaliação no acompanhamento das políticas educacionais e na associação entre avaliação e promoção de políticas de eqüidade.

Plano de Desenvolvimento da Educação e ressignificação das políticas de escolha de diretores de escolas e de avaliação/responsabilização O PDEducação estabelece diversas ações voltadas para a melhoria da qualidade em todos os níveis de ensino Especificamente para a educação básica, a criação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação.

O Ideb é um indicador de qualidade educacional que combina informações de desempenho da Prova Brasil ou do Saeb com informações sobre rendimento escolar (aprovação); O índice é comparável em todas as redes de ensino e está associado ao cumprimento de metas para que, até 2022, o Ideb brasileiro passe de 3,8 para 6,0.

O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação que propõe um conjunto de 28 diretrizes a serem adotados pelos Estados e municípios na gestão de suas redes; Segundo o MEC, a idéia chave do PDE é o estabelecimento de mecanismos de indução para a adoção das diretrizes e o cumprimento das metas do Ideb.

As redes de ensino com os índices mais baixos contarão com o apoio técnico para a elaboração de um Plano de Ações Articuladas (PAR); O critério para o estabelecimento da prioridade no atendimento aos entes federados baseia-se na classificação do Ideb.

Considerações Finais O mapeamento realizado para averiguar a política de escolha de diretor indicou que, entre 1999 e 2003, houve a diminuição de 32 pontos percentuais do número de redes de ensino das capitais brasileiras com indicação política e/ou técnica para o cargo de diretor; Nesse mesmo período, cresceu o número de redes que adotaram processos mais democráticos, especialmente envolvendo seleção e eleição.

A constituição de sistemas de avaliação do desempenho dos alunos está presente em apenas 40% das redes estaduais e municipais das capitais brasileiras, sendo que esta política é marcada pela descontinuidade das ações.