ASSISTÊNCIA SOCIAL E PROTEÇÃO SOCIAL.

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Transcrição da apresentação:

ASSISTÊNCIA SOCIAL E PROTEÇÃO SOCIAL.

O visibilização da exclusão social e da pobreza no Brasil de hoje e a discussão sobre as alternativas para seu enfrentamento têm colocado na agenda nacional o tema da assistência social, muitas vezes disfarçado em outras expressões, como terceiro setor, solidariedade ou responsabilidade social.

SUAS – Sistema Único da Assistência Social e regulamentações decorrentes, são mudanças que exigem alteração de culturas e processos historicamente fundados e que propõem novas estruturas de atenção direta e de gestão dos serviços e programas de proteção social.

A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL As primeiras iniciativas de atendimento aos necessitados ocorreram no seio das igrejas, especialmente da Igreja Católica. A partir do século XVIII a igreja criou as estruturas de coleta de doações, estabeleceu a oferta de serviços e construiu inúmeras “obras pias”, localizadas ao lado das igrejas e dos conventos religiosos.

As Santas Casas de Misericórdia se tornaram as instituições mais conhecidas da igreja ao longo dos séculos XVIII e XIX e a partir delas as diversas necessidades emergenciais da população eram atendidas.

Na área da saúde foram criados hospitais especializados, como aqueles que atendiam exclusivamente os doentes de hanseníase ou tuberculose; para o atendimento aos desamparados surgiram as “rodas dos expostos” ou “roda dos enjeitados” – um recurso para manter em sigilo a identidades dos pais que abandonavam seus filhos aos cuidados de amas e irmãs de caridade.

A Roda dos Expostos era uma porta cilíndrica que continha um compartimento onde eram depositadas as crianças abandonadas pelos pais. Permitia que, ao se girar o equipamento a criança passasse para o lado de dentro do cilindro, sem que se soubesse a identidade de quem a deixara. O recurso foi utilizado para se evitar o abandono de crianças em locais inadequados em que ficavam ao relento e sem cuidados. A Roda dos Expostos de São Paulo foi desativada em 1927.  

A partir de 1822, com a população das cidades aumentando, cresceu também o numero de crianças abandonadas e perambulantes o que levou as Santas Casas à criação de inúmeras instituições sociais para órfãos, abandonados e outros necessitados. Surgiam assim as grandes instituições de cuidados que se baseavam na internação e no isolamento social como os asilos, hospitais de insanos ou doentes crônicos, orfanatos e educandários. Os recursos para este atendimento deveriam ser providos pelas Câmaras Municipais ou Assembleias Provinciais.

No período da gênese do Serviço Social como profissão e sua entrada na universidade como área acadêmica de formação, a questão social esteve fortemente vinculada à doutrina social da Igreja inspirada nas encíclicas papais Rerum Novarum de 1891 e Quadragésimo Ano de 1931(Mestriner.2005). Num contexto político de surgimento e consolidação dos ideais socialistas na Europa, a Igreja se coloca ao lado dos pobres e explorados, mas adota uma posição humanista, aceitando o capitalismo como modelo (Manrique, 2006).

Em São Paulo, no inicio do século XIX e inicio do século XX, a chegada de inúmeros imigrantes levou ao desamparo algumas famílias ou pessoas estrangeiras que não conseguiam sua manutenção econômica num novo país. Isto estimulou alguns grupos étnicos como os japoneses, portugueses, italianos, libaneses, judeus entre outros, a criarem as sociedades de auxílio mútuo para ajudar seus compatriotas.

O modo de atuação da assistência social nas primeiras décadas do século XX mantinha ainda um caráter paternalista: ofertava o auxilio ou a ajuda material, mas mantinha o beneficiado na condição de pobreza e subalternidade. A crítica aos trabalhos de cunho assistencialista marcou o discurso das ciências sociais nos anos 70 e 80; nele defendia-se a idéia de era preciso não apenas “dar o peixe”, mas “ensinar a pescar”, sugerindo uma atuação que promovesse alterações mais diretas na qualidade de vida dos assistidos e que não apenas atendesse às suas necessidades imediatas.  

Em plena vigência da ditadura, a luta pela melhoria das condições objetivas de vida do povo, embora mantivesse um discurso crítico, se dava por um pacto associativo com o estado buscando ampliar a oferta de serviços e programas sociais nas comunidades. Isto levou as organizações de trabalho social a criarem serviços que processavam demandas não atendidas por outras políticas sociais como, por exemplo, os programas de habitação popular, cursos profissionalizantes, creches e programas educativos complementares à escola, entre outros.

A criação de unidades de atendimento com características de instituição total continuou durante a maior parte do século XX, mas já no final dos anos 40 se denunciavam as precárias condições e a inadequação das formas institucionais de atendimento às crianças abandonadas e aos “menores delinqüentes”. Tais questionamentos foram reiterados em muitos fóruns e seminários sociais e, nos anos seguintes, a pressão por soluções para a “questão social” resultou em iniciativas diretas ou indiretas do governo, que tentava incorporar uma dimensão técnica e cientifica aos programas.

Buscou-se organizar e estruturar os serviços voluntários e incorporar ao serviço público os profissionais das ciências sociais, especialmente assistentes sociais, mas também psicólogos, pedagogos e psiquiatras visando substituir o padrão assistencialista e repressor pelo padrão técnico então difundido pelas ciências.  

O Estado Social brasileiro