A PRÉ-HISTÓRIA DA LINGUAGEM ESCRITA

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Prof.ª Drª Teresa Cristina Barbo Siqueira
Transcrição da apresentação:

A PRÉ-HISTÓRIA DA LINGUAGEM ESCRITA Prof.ª Dra. Teresa Cristina Barbo Siqueira Referência Bibliográfica: Vigotski, L. S. (2003). A pré-história da linguagem escrita. Em Vigotski, L,. S. A formação social da mente. (pp.139 –157). Martins Fontes: São Paulo.

CRÍTICA DE VYGOTSKY : Critica a aprendizagem, a linguagem escrita e ao treinamento: A aprendizagem da linguagem escrita é um treinamento artificial, que necessita de atenção e reforço do educador ao educando. O conhecimento, no caso, é algo fechado e leva a linguagem escrita viva a um segundo plano. As necessidades da criança não são levadas em consideração e a escrita ocorre à partir das mãos (do reforço) do professor.

Do desenho à linguagem escrita O desenho é o registro do gesto constituindo passagem do gesto à imagem. O desenho é o precursor da escrita. A escrita é um sistema de representação simbólica da realidade. A linguagem escrita é um complexo de sistema de signos e fornece um novo instrumento de pensamento à criança, permitindo acesso ao patrimônio cultural da humanidade, possibilitando novas formas de se relacionar com outras pessoas e o conhecimento.

A escrita é um sistema de representação simbólica da realidade. 1. No início a linguagem escrita constitui um simbolismo de segunda ordem, pois o sistema de signos designa sons e palavras da linguagem falada (simbolismo de primeira ordem: signos de objetos reais e suas relações). 2. Progressivamente, a linguagem falada deixa de ser elo e a linguagem escrita passa a ter o papel de simbolismo direto.

GESTO E SIGNOS VISUAIS No seu texto, Vygotsky explica que o signo visual contém a futura escrita da criança. Os gestos são a escrita no ar e os signos escritos são gestos que foram fixados. Os rabiscos são derivados do próprio corpo. A criança vai expressando com o corpo.

Observou-se que as crianças usam os gestos e as dramatizações para demonstrarem o que gostariam de expressar nos desenhos. Os traços, nestes casos, somam a esta representação gestual - como se a criança levitasse, girasse por meio do papel. O primeiro domínio em que os gestos estão ligados à origem dos signos escritos são os rabiscos.

SIMBOLISMO DO BRINQUEDO O segundo domínio relatado por Vygotsky, que une os gestos e a linguagem escrita é o jogo das crianças. Nestes casos, para elas, alguns objetos podem prontamente, denotar outros, substituindo-os e tornando-os seus signos. A chave de toda função simbólica do brinquedo da criança é a utilização de alguns objetos como brinquedos e a possibilidade de executar, com eles, um gesto representativo.

Vygotsky relata que “O próprio movimento da criança, seus próprios gestos é que atribuem a função de signo ao objeto e lhe dão um significado. Toda atividade representativa simbólica é plena desses gestos indicativos”. Assim é que criança vai falando com os gestos. O brinquedo simbólico pode ser entendido como um sistema muito complexo de “fala” através de gestos que comunicam e indicam os significados dos objetos usados para brincar.

É na base destes gestos indicativos que esses objetos adquirem, gradualmente, seu significado assim como o desenho que, de início apoiava-se nos gestos transforma-se num signo independente. → Importância da linguagem, fala.

Vygotsky considera a brincadeira de faz-de-conta como uma das grandes contribuições para o desenvolvimento da linguagem escrita (uma vez que não é espontânea). Referência do campo social = Recursos linguísticos, recursos representativos.

O adulto é importante neste processo - Participar deste processo inserindo novos elementos. - Propor reflexões. - Estabelecer modelos deste espaço social.

O desenvolvimento do simbolismo do desenho O desenho é uma linguagem gráfica que surge tendo por base a linguagem verbal. É o registro do gesto, constitui a passagem do gesto para a imagem. Essa característica é referente à percepção da possibilidade de representar graficamente o desenho como processos de escrita. A criança vai desenvolvendo concomitantemente.

Buhler, segundo Vygotsky, relata que as crianças desenham de memória, não desenhando aquilo que veem, mas sim, o que sabem a respeito dos objetos, representando seus pensamentos, seus conhecimentos e/ou suas interpretações sobre uma situação vivida ou imaginada. As crianças não se preocupam com a representação, elas são muito mais simbolistas do que naturalistas e não estão preocupadas com a similaridade exata, contentando-se com indicações apenas superficiais.

A criança aprende a nomear o desenho: Desenho→ Significado Vygotsky cita que o desenho passa a ter significado quando a criança aprende a nomeá-lo, relacionando os traços que produziu com os objetos concretos. Nos primeiros anos da infância, essa descoberta ainda não equivale a função simbólica do desenho, a fala tem o papel fundamental nas descobertas que a criança faz dos significados dos desenhos ou rabiscos. Depois da nomeação, a criança começa a dar início ao processo de desenhar, que segundo Vygotsky é nessa fase que o desenho se transforma efetivamente na representação simbólica.

Luria recriou com experimentos o processo de simbolização na escrita para que pudesse estudá-lo sistematicamente. Nessas experimentações era requisitado às crianças que representassem as palavras apresentadas e essas, muitas vezes não sabiam como o fazer à grafia. Em casos aleatórios, as crianças rabiscavam traços sem sentido, mas quando perguntadas, indicavam que os rabiscos representavam frases.

Conforme relata Vygotsky, inicia-se uma relação inteiramente nova para esses rabiscos e para a atividade motora auto reforçadora: Pela primeira vez, os traços tornam-se símbolos mnemotécnicas. Vygotsky considera esse estágio mnemotécnico como o primeiro precursor da futura escrita, onde traços e rabiscos são substituídos por pequenas figuras e desenhos, e estes substituídos pelos signos.

Os sinais escritos constituem símbolos de primeira ordem, indicando objetos ou ações e o que a criança precisará evoluir para o simbolismo de segunda ordem. E para isso, segundo Vygotsky, a criança precisará descobrir que pode desenhar, além de coisas, também a fala.

Referência Bibliográfica: Vigotski, L. S. (2003). A pré-história da linguagem escrita. Em Vigotski, L. S. A formação social da mente. (pp.139 –157). Martins Fontes: São Paulo. Prof.ª Dr.ª Teresa Cristina Barbo Siqueira