Comunidade (Ecologia humana, meio ambiente e psicologia)

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Transcrição da apresentação:

Comunidade (Ecologia humana, meio ambiente e psicologia) Psicologia e Comunidade Comunidade (Ecologia humana, meio ambiente e psicologia) Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária Importância da escolha de uma teoria explicativa. A crise paradigmática. O paradigma ecológico em Psicologia Comunitária. A estrutura ecológico-sistêmica. A dinâmica do paradigma ecológico. A intervenção psicossocial na perspectiva ecológico-contextual. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária Importância da escolha de uma teoria explicativa Psicologia comunitária = tem explorado caminhos da ação comunitária de forma intuitiva (dificuldade da coerência entre o que pensamos e o que fazemos)/ muitas práticas se transformaram em ações assistencialistas. Necessidade de profissionalizar a prática do psicólogo comunitário: 1) ter uma boa teoria explicativa. 2) análise sistemática e mais completa da realidade. 3) orientação por meio de valores éticos de respeito, solidariedade e compromisso. Psicologia Comunitária = área aplicada da Psicologia social. Pode se valer de qualquer teoria que explique o comportamento humano (mas, é melhor optar por teorias dentro de áreas de atuação específicas, com origem nas práticas sociais = antropologia/ educação/ serviço social/ psicologia social e da saúde etc.). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária Importância da escolha de uma teoria explicativa Psicólogos comunitários latino-americanos: Psicologia Social Comunitária. Psicologia da Libertação. Paradigma Ecológico em Psicologia Comunitária. Enfoque Ecológico-Sistêmico em Saúde. São complementares, não explicam, cada uma delas, a complexidade dos fenômenos sociais nem assumem diferentes níveis de análise (pessoas, grupos, instituições ou sociedades). A escolha teórica depende de uma opção profissional (valores pessoais + análise do problema a ser trabalhado). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A crise paradigmática Atualmente, estamos saindo de uma crise paradigmática: 1) Paradigma tradicional (positivista = reducionista e simplificador da realidade humana). 2) Novo paradigma (perspectiva mais integrativa e comprometida socialmente com o ser humano). Paradigmas pós-modernos: são valorizados a complexidade/ a desordem/ o movimento/ a experiência/ o significado/ o contexto/ a consciência = elementos de análise de uma realidade em movimento (troca permanente e construção). Nova perspectiva epistemológica/ visão de mundo e de homem = entendimento das interdependências que ultrapassam o ser humano e seu ambiente vital. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A crise paradigmática Psicologia Comunitária = além de discutir os princípios epistemológicos, também valoriza pressupostos éticos (valores como a mudança social por melhores condições de vida, elaboração de políticas públicas que contribuam para a diminuição das desigualdades sociais etc.). A construção de um novo paradigma em Psicologia Comunitária deve se embasar na construção e transformação crítica = por meio de uma relação dialógica entre psicólogo comunitário (pesquisador externo) e comunidade (pesquisadores internos), que vise à mudança social e melhoria na qualidade de vida. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária O paradigma ecológico em Psicologia Comunitária “Ecológico” = do grego oikós = habitat, casa. Metáfora que para Boff significa o cuidado com o entorno, com a natureza, com as comunidades, para conquistar ou preservar uma qualidade de vida desejável de forma sustentável e solidária. Pensar em ecologia = pensar na interdependência entre os sistemas que nos rodeiam, além do bom aproveitamento e adequada distribuição dos recursos. Significa pensar em rede/ pensar sobre a complexidade e a produção da subjetividade social em diversos contextos. Ser ecológico = ter uma atitude pró-ativa e interativa com o ambiente (micro/meso/macrossistêmico). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária O paradigma ecológico em Psicologia Comunitária Paradigma ecológico = visão mais holística da realidade (contexto psicossocial em que as pessoas e comunidades estão imersas)/ o mais difundido entre os psicólogos comunitários. Objetivo básico de todo psicólogo comunitário = fortalecimento de pessoas e comunidades. Várias teorias sustentam esse paradigma (p. 33, Quadro 1). - Kurt Lewin. - Bronfenbrenner (pessoa/processo/contexto/tempo). - Edgar Morin (complexidade). - Capra (interdependênca, redes de relações e processos). - Boff (Ecologia integral) Concepção ecológica do ser humano = o ambiente exerce impacto relevante nas pessoas e essas poderão exercer maiores repercussões sobre as mudanças em seus ambientes/ Ex: palestra sobre psicologia ambiental dessa semana. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A estrutura ecológico-sistêmica = princípios explicativos básicos do paradigma Meio ecológico = composto de estruturas físicas, sociais e psicológicas, que caracterizam o intercâmbio entre pessoas e seus ambientes/ concebido como uma série de estruturas concêntricas (microssistema/ mesossistema/ exossistema/ macrossistema). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A estrutura ecológico-sistêmica = princípios explicativos básicos do paradigma Microssistema = contextos nos quais as pessoas desenvolvem suas vidas e suas atividades (família, escola, trabalho, igreja, rua, posto de saúde)/ diferentes microssistemas fazem parte de nosso cotidiano, cada um deles com características peculiares. Mesossistema = composto por um grupo de microssistemas inter-relacionados, caracterizando um contexto maior, em que a pessoa desenvolve sua vida = é o âmbito comunitário/ análise que exige foco nas inter-relações entre 2 ou mais ambientes dos quais a pessoa participa (características pessoais, educacionais, sociais, de trabalho, aspectos físicos – área geográfica, habitação – e apoios sociais, de segurança, educacionais etc.). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A estrutura ecológico-sistêmica = princípios explicativos básicos do paradigma Exossistema = outros microssistemas ou ambientes dos quais uma pessoa não participa ativamente ou diretamente, mas que exercem influência em sua conduta (condições de trabalhos dos pais podem influenciar as relações familiares e o desempenho escolar dos filhos). Macrossistema = conecta e atravessa os demais sistemas/ a cultura em sua totalidade (subculturas, crenças, valores, ideologias etc.). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A estrutura ecológico-sistêmica = princípios explicativos básicos do paradigma Quando a posição de uma pessoa se modifica no ambiente ecológico ocorre um processo de transição ecológica/ o que se dá por meio de mudanças de políticas, de atividades, de papéis etc. Se a transição for planejada e preparada = transição com menos estresse psicossocial. Ex: transição de jovens da escola para o trabalho. Ser humano e comunidade = em constante processo de adaptação/ que não é ausência de tensão, mas o desenvolvimento continuado do fortalecimento dos recursos da pessoa e do ambiente. Entendimento ecológico-sistêmico da realidade = riqueza da análise dos fenômenos psicossociais (multidimensionais/ respeito à complexidade e necessidade de otimização do potencial para exercer mudanças no meio). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A dinâmica do paradigma ecológico = princípios explicativos básicos do paradigma Forma dinâmica de interação entre pessoa e ambiente: Interdependência = importância tanto do sujeito como protagonista da mudança no ambiente social como do sujeito sendo transformado, através do tempo, pelo próprio ambiente social. Ex: processo de desinstitucionalização dos doentes mentais (articulação entre diferentes sistemas. Três níveis interdependentes de análise: pessoal (micro)/ relacional (meso)/ coletivo (macro). Congruência e adaptação = tendência para encontrar um equilíbrio entre a dinâmica do desenvolvimento das pessoas, dos sistemas e das oportunidades ou dificuldades que vão surgindo. Processos para alcançar a congruência = enfrentamento e adaptação (contextos e tempos diferentes poderão modificar os critérios de um comportamento até então considerado adaptativo). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A dinâmica do paradigma ecológico = princípios explicativos básicos do paradigma Forma dinâmica de interação entre pessoa e ambiente: Evolução e sucessão = perspectiva de longo prazo/ análise do contexto histórico da comunidade/ problema visto dentro de uma perspectiva integrada de tempo e orientada para o futuro. É preciso conhecer a história do indivíduo e também do meio ecológico (geográfico/ cultural/ biológico). Troca e desenvolvimento dos recursos = os sistemas se caracterizam pelo intercâmbio de recursos (pessoas e contextos trocam produtos: relações, conhecimentos, trabalho etc.) = importância da obtenção de recursos para o fortalecimento comunitário. Sensibilização das pessoas para o desenvolvimento de seu potencial (e também da potencialização dos recursos da comunidade) em prol da melhoria da qualidade de seus ambientes. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A intervenção psicossocial na perspectiva ecológico-contextual = princípios explicativos básicos do paradigma O enfoque ecológico enfatiza a pessoa imersa no contexto (papel dos sistemas sociais na construção do sujeito). São privilegiadas as pesquisas em contextos naturais = o psicólogo se insere e se familiariza no contexto onde irá desenvolver sua intervenção. Unidades de análise = características das pessoas/ estruturas dos contextos sociais/ processos que ocorrem/ = para compreender cada subsistema. É fundamental identificar os problemas que surgem em um determinado contexto e avaliar como os sistemas do contexto provocam, incrementam ou mantém esses problemas. Nunca o psicólogo irá determinar seu foco de investigação desconsiderando a comunidade e as características do contexto. Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A intervenção psicossocial na perspectiva ecológico-contextual = princípios explicativos básicos do paradigma Para a intervenção: - Estar imerso no espírito ecológico. - Premissa participativa e colaborativa (trabalhar com a comunidade e não para ela). - Grau de participação da comunidade = bom índice do quanto a intervenção é eficaz. - A intervenção é flexível e pressupõe a construção de boas relações com diferentes setores da comunidade. - A conduta não pode ser compreendida fora do contexto em que ela ocorre (transacional). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária A intervenção psicossocial na perspectiva ecológico-contextual = princípios explicativos básicos do paradigma Estratégia de intervenção: - Identificar os contextos ou sistemas relevantes da pessoa, comunidade ou instituição em foco (com base nos objetivos da intervenção). - Estudar as características dos contextos (histórico, físico, social etc.). - Avaliar necessidades ambientais das pessoas (contrastar com a percepção de outras pessoas desses contextos). - Planejar, de forma colaborativa, as áreas de intervenção. - Avaliar as modificações produzidas pelas interações entre pessoa-ambiente/ pesquisador/ comunidade. Pensar na validez ecológica (correspondência entre a percepção das pessoas e a do pesquisador) e na validez do desenvolvimento (mudança transformadora). Luciana Souza Borges l

Psicologia e Comunidade O paradigma ecológico na Psicologia Comunitária Paradigma ecológico em Psicologia Comunitária representa uma perspectiva teórica que entende a realidade dentro da complexidade, como uma construção conjunta e interativa entre pessoas e ambientes, criando consciência e informação das interdependências que criam as injustiças e desigualdades, desenvolvendo e fortalecendo os recursos que contribuem para uma otimização das condições de vida, atuando nas instâncias macro, meso e microssistêmicas, de forma colaborativa e solidária entre os membros da comunidade e entre o pesquisador e a comunidade, fortalecendo as redes sociais que auxiliam na resolução dos problemas psicossociais. Luciana Souza Borges l