EXAME NEUROLÓGICO DA CRIANÇA FUNDAMENTOS FISIOLÓGICOS MODELO EVOLUTIVO TÉCNICA

AUTOR PROF. JOSÉ CÔRTES ROLEMBERG DEPT. DE NEUROCIÊNCIAS E SAÚDE MENTAL – FAMEB – UFBA ANO BICENTENÁRIO – 1808 - 2008

BASES DA EVOLUÇÃO NEUROLÓGICA HUMANA AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO NEURO-EVOLUTIVO – FETO, NEONATO LACTENTE – ESTÃO NA DEPENDÊNCIA DE MÚLTIPLOS FATORES QUE DEVEM SE ASSOCIAR HARMONICAMENTE. SÃO ELES : a integridade anatômica do SNC; o grau de desenvolvimento dos neurônios, axônios e sinapses; a velocidade de mielinização das fibras nervosas; a reciclagem dos neurotransmissores; o patrimônio hereditário; os estímulos ambientais; a qualidade da relação mãe-bêbê.

DURANTE A GESTAÇÃO,O PICO DA PROLIFERAÇÃO NEURONAL, OCORRE ENTRE A 8a DURANTE A GESTAÇÃO,O PICO DA PROLIFERAÇÃO NEURONAL, OCORRE ENTRE A 8a. E 15a. SEMANAS. O TÉRMINO OCORRE DURANTE A 28a. SEMANA - 6o. MÊS – (Montalcini Nobel) ALÉM DO NEURÔNIO SER ALTAMENTE DIFERENCIADO,EXISTE UMA CO-RELAÇÃO ENTRE MORFOLOGIA E DIVISÃO DE FUNÇÕES CEREBRAIS. A VELOCIDADE DE MIELINIZAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS, NÃO É HOMOGÊNEA E INFLUI DIRETAMENTE NA ORGANIZAÇÃO DOS REFLEXOS.

DURANTE OS PRIMEIROS MESES DE VIDA, EXTRA-UTERINA, OS CENTROS CEREBRAIS SUB-CORTICAIS DA MOTRICIDADE, PREDOMINAM SOBRE A ATIVIDADE CORTICAL. A INTEGRAÇÃO DA ATIVIDADE DOS CENTROS SUB-CORTICAIS, AO COMANDO PLENO DO CORTEX CEREBRAL, CONSTITUI UM MODELO COMPLEXO DE FEED-BACK OU RETRO-CONTROLE. ELA É O FIO CONDUTOR E A CHAVE DE OURO DA EVOLUÇÃO NEUROLÓGICA.

O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES MOTORAS, SENSITIVO-SENSORIAIS E COGNITIVAS, É FEITO ATRAVÉS DE FASES SUCESSIVAS, DIRETAMENTE RELACIONADAS À ORGANIZAÇÃO DOS SISTEMAS CEREBRAIS. OS SISTEMAS CEREBRAIS SÃO GRUPOS DE MILHÕES DE NEURÔNIOS, ORIENTADOS PARA UMA FUNÇÃO ESPECIFICA OU MÚLTIPLAS FUNÇÕES E INTERLIGADOS ENTRE SI.

A RELAÇÃO ENTRE QUANTIDADE NEURONAL E LIGAÇÕES SINÁPTICAS ENTRE OS DIVERSOS SISTEMAS, DE-TERMINA O GRAU DE ORGANIZAÇÃO NEUROLÓGICA, DAQUELE SER EM EVOLUÇÃO.

O SURGIMENTO DA MARCHA, O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, FALA,DAS FUNÇÕES PSICOMOTORAS (espaço-tempo-forma-côr) SÃO PONTOS NODAIS DA EVOLUÇÃO-ORGANIZAÇÃO NEUROLÓGICA. EXISTE UM IMPULSO BIOLÓGICO QUE EMPURRA PARA CIMA UMA CORTICA – LIZAÇÃO CRESCENTE E DOMINADORA.

O RESULTADO FINAL DESTE LONGO PROCESSO É A FORMAÇÃO: DO ESQUEMA CORPORAL (Homúnculo de Penfield) DA IMAGEM DO CORPO (Representação visual) DA CONSCIÊNCIA, MEMÓRIA E DEMAIS FUNÇÕES COGNITIVAS.

FATORES AMBIENTAIS, AFETIVOS E SOCIO-CULTURAIS,INFLUENCIAM POSITIVA OU NEGATIVAMENTE,TODO O PROCESSO EVOLUTIVO DA CRIANÇA. A DETERMINAÇÃO DA IDADE NEURO-LÓGICA DE UMA CRIANÇA E O CONHECIMENTO DOS TRANSTORNOS DO DESENVOL. E DOENÇAS MAIS INCIDENTES OU ESPECÍFICAS, É O QUE SEPARA A NEUROLOGIA DOS ADULTOS E CRIANÇAS.

A IDADE NEUROLÓGICA, É DETERMINADA, NO FINAL DO EXAME NEUROLÓGICO OBJETIVO E COMPARADA COM A IDADE REAL DA CRIANÇA. É ELA QUE VAI DIZER SE EXISTE OU NÃO UM DESVIO,RETARDO OU TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO.

O EXAME NEUROLÓGICO A TÉCNICA DO EXAME SOFRE ALTERAÇÕES, CONFORME A SITUAÇÃO: NA UTI, NA ENFERMARIA, NO CONSULTÓRIO. OS ITENS A SEREM SEGUIDOS SÃO: ANAMNESE BEM ORIENTADA, JUNTO À RESPONSÁVEL DO MOMENTO. INSPEÇÃO CUIDADOSA.

AVALIAÇÃO SENSITIVO-SENSORIAL AVALIAÇÃO MOTORA AVALIAÇÃO COGNITIVA DETERMINAÇÃO DA IDADE NEURO-LÓGICA, BASEADA EM ESCALAS EVOLUTIVAS, COMO RESULTADO FINAL DO EXAME. QUANDO NÃO EXISTE SUSPEITA DE RETARDO NEUROPSICOMOTOR, O EXAME OBJETIVO É PRÀTICAMENTE IGUAL AO DO ADULTO, COM ÊNFASE NA INSPEÇÃOLIVRE (movimentos,gestos,atitudes) ANTES DE REALIZAR MANOBRAS ESPCÍFICAS OU PESQUISA DE REFLEXOS.

A FORMA DE CONDUÇÃO DO EXAME NEUROL A FORMA DE CONDUÇÃO DO EXAME NEUROL. OBJETIVO, DEPENDE DA IDADE DA CRIANÇA E DE SUA SITUAÇÃO NO MOMENTO: INERTE, PASSIVO, COLABORADOR, AGITADO. A DEPENDER DA SITUAÇÃO E LOCAL, O COMPLEMENTO DO EXAME É FEITO ALGUMAS HORAS OU DIAS DEPOIS. A CONTENÇÃO E USO DA FORÇA É ABSOLUTAMENTE CONDENÁVEL.

SUMÁRIO ESPECÍFICO DOS ÍTENS NA INSPEÇÃO valorizar: a qualidade do contato com o meio e o examinador; o tipo de choro para o RN; a existência ou não de motricidade espontânea; o facies; as deformidades craniofaciais e/ou corporais; a presença de alterações pigmentares da pele; a movimentação ocular; o piscamento palpebral; o tipo de respiração; cianose ou palidez, a existência de mioclonias e tremores.

NA AVALIAÇÃO SENSITIVO-SENSORIAL VALORIZAR: a resposta ocular ao deslocamento de fonte luminosa; a rotação da cabeça para o lado do estímulo sonoro; o estiramento e deslo-camento da língua para a percepção de sabores; a mímica facial para a compressão moderada das extremidades digitais, lóbulo da orelha,mamilo; a forma de apreensão dos objetos (palmar,digital)

NA AVALIAÇÃO MOTORA,VALORIZAR: a pesquisa do tônus muscular, lembrando de sua progressão caudo-cefálica, e utilizando manobras especiais no RN; palpação muscular, provas de extensão e flexão nas crianças maiores. A presença dos REFLEXOS PRIMÁRIOS OU ARCAICOS: MORO, MAGNUS KLEIN/RTC, ORO-ORBICULAR, SUCÇÃO, ORIENTAÇÃO E ROOTING, NASO-PALPEBRAL, MARCHA AUTOMÁTICA, LANDAU

NAS CRIANÇAS MAIORES DE 2, 3 ANOS, VALORIZAR: marcha, equilíbrio, coordenação, habilidades motoras especiais (pianotagem, estalos dos dedos, vibração e estalo lingual). VERIFICAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR E DOS REFLEXOS ESPINHAIS.

FUNÇÃO COGNITIVA EMERGENTE A PARTIR DE 3, 4 ANOS CONHECER: nome próprio, dos pais e irmãos, algumas cores, segmentos do corpo, sons e vozes de animais e humanos. A PARTIR DE 5, 6 ANOS, CONHECER: figuras geométricas, maioria ou todas as cores, densidade dos objetos, esboço da noção de tempo, grafismos. A PARTIR DE 7 ANOS, INICIA O CONHECIMENTO PROGRESSIVO DAS NOÇÕES: espaço-tempo, causa-efeito.