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Educação e cultura são indissociáveis e indispensáveis.

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Apresentação em tema: "Educação e cultura são indissociáveis e indispensáveis."— Transcrição da apresentação:

1 Educação e cultura são indissociáveis e indispensáveis.
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Educação e cultura são indissociáveis e indispensáveis. A arte deve fazer parte do processo educacional e da vida cultural da criança e do jovem, de todo e qualquer cidadão. Meu processo de formação como artista e professora pautou-se por uma orientação contemporânea, caracterizando-se pela articulação de técnicas de dança e abordagens de educação somática. Quanto às abordagens somáticas meus estudos iniciais privilegiaram os ensinamentos de Klauss Vianna; mais tarde, passei por um processo de reciclagem na Escola de Reeducação do Movimento Ivaldo Bertazzo, onde conheci a proposta de organização psicomotora de Mde Béziers e o Método GDS de Cadeias Musculares. Participei ainda de alguns cursos introdutórios de BMC (Body-Mind Centering), Feldenkrais, Bartenieff, Eutonia, entre outros. Estudar as abordagens que compreendem a educação somática nas suas interfaces com a dança tornou-se um processo de pesquisa contínuo. Como docente do Curso de Dança, respondo pelas disciplinas Consciência Corporal e Exploração do Movimento I, II e III Tais disciplinas têm como foco: a integração corpo-mente; o estudo das funções fisiológicas, anatômicas, proprioceptivas e exteroceptivas do movimento como base do treinamento técnico-corporal; e, a exploração do movimento como fonte de investigação criativa da dança. No período final do Curso, encontra-se a disciplina Educação Somática Aplicada à Dança, a qual apresenta um painel das principais técnicas de consciência corporal relacionadas à educação somática sistematizando possibilidades de sua articulação na formação técnica, na criação e na educação da dança. Neste curso, vimos desenvolvendo junto com o corpo discente um processo de reflexão e sistematização de dados, o que poderá se caracterizar futuramente, no desenvolvimento de uma pesquisa, de fato.

2 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Com a Nova LDB 9.394/96, (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), a área de Arte é considerada obrigatória na educação básica: “o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, as quatro linguagens que compõe a área de Arte podem ser oferecidas não apenas como atividade, mas, como disciplinas do currículo. No final do ano de 1998, fui responsável pela elaboração e implementação do projeto pedagógico do Curso de Dança na Universidade Anhembi Morumbi, o qual coordenei até janeiro de A gestação desse projeto, envolveu uma longa pesquisa sobre programas de graduação em dança no país e no exterior e inúmeras reflexões sobre os diferentes processos de formação dos artistas da dança, em especial, da geração dos anos 80/90 no Estado de São Paulo. Além disso, foram analisadas as características da criação, da produção artística e do mercado de trabalho na dança contemporânea. A proposta deste trabalho é discutir processo criativo em dança no ensino superior a partir da experiência desenvolvida no Curso de Dança da Universidade Anhembi Morumbi, na cidade de São Paulo, no período de 1999 a Para tanto, apresentarei inicialmente, algumas das reflexões que nortearam a concepção do Projeto Pedagógico, inserindo neste cenário, o eixo central deste artigo: a educação somática e o desenvolvimento de novas sensibilidades nos treinamentos do intérprete-criador da dança, pesquisa relacionada à minha atuação como artista-docente.

3 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS “A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas.” (PCN, Arte, volume 6, p. 19) Na dança cênica atual, o coreógrafo nem sempre tem uma proposta totalmente formalizada previamente à sua ação; a definição se dá no processo. Esta tendência está intimamente ligada a uma segunda característica, mais relacionada à estética do movimento: há uma preocupação em não modular o movimento utilizando códigos já sistematizados e classificados em nomenclaturas que possam restringir a liberdade criativa do corpo, impondo aos intérpretes padrões coreográficos pré-concebidos pelo coreógrafo. Surge daí métodos de trabalho diferentes dos convencionais. Busca-se uma maneira de fazer dança (re)inventando ou (trans)formando códigos e padrões corporais de organização coreográfica. A criação transforma-se em pesquisa de movimento, o que exige por sua vez recursos de investigação. O próprio dançarino é visto como um investigador na medida em que trabalha com a incessante busca de novos códigos de comunicação. Uma outra característica essencial da estética contemporânea é a diversidade ou, a possibilidade do múltiplo, onde a necessidade artística em dar vazão à autonomia criativa gera um constante apelo às rupturas e à necessidade de um trabalho multidisciplinar. Este cenário exige que a formação do dançarino envolva a diversificação de disciplinas, de outras artes e de outras áreas de conhecimento humano

4 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Temos uma legislação educacional que incorpora o ensino da arte, destaca sua importância, mas isto está de fato sendo cumprido? Será que precisaríamos estar discutindo questões como, formação de público, se arte estivesse de fato presente nas escolas, de forma significativa, durante todo o processo de formação do cidadão? Mas, há algo mais, além disso. Na cena contemporânea, algo parece estar mudado no corpo que dança. Existem adequações de esforços antes não pensadas: relações com o solo, com outros corpos, com objetos, que denotam novas tecnologias corporais. Percebe-se um intercruzamento de treinamentos, os quais, muitas vezes, apontam para novas sensibilidades, mais do que para novas resistências.

5 QUEM É O PROFISSIONAL DA DANÇA?
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS    QUEM É O PROFISSIONAL DA DANÇA? Os bailarinos, dançarinos, coreógrafos, professores, integram a categoria dos ARTISTAS, profissão regulamentada pela Lei 6533/78. Com o novo CÓDIGO BRASILEIRO DE OCUPAÇÕES – CBO os profissionais da dança passaram a ser denominados ARTISTAS DA DANÇA, dentre os quais, consideram-se: Bailarinos, coreógrafos, mestres, ensaiadores, assistentes de coreografia e os professores de dança dos cursos livres. Em um de seus ensaios, o crítico português Antônio Pinto Ribeiro apresenta a existência de duas noções diferenciadas do corpo na dança contemporânea: o corpo hi fi, envolvendo alta fidelidade, tecnologia, precisão absoluta no movimento e o corpo livro, aquele que “se dá em espetáculo a partir do corpo próprio de cada intérprete, de sua biografia, da forma como a superfície mostra o que nesse corpo intérprete é mais profundo...” (1994)

6 COMO SE FORMA UM PROFISSIONAL DE DANÇA?
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS COMO SE FORMA UM PROFISSIONAL DE DANÇA? O artista da dança pode estudar e se tornar um profissional através de cursos livres nos estúdios, academias, escolas, o que é considerado ensino informal; após muitos anos de estudos e experiência, poderá obter o DRT (registro profissional) prestando um exame no Sindicato, em São Paulo, o SindiDança. O artista da dança pode se tornar um profissional através de um Curso Técnico (2o grau, profissionalizante) ou no Curso de Graduação e/ou Licenciatura em Dança (3o grau); o ensino técnico e universitário, é considerado ensino formal o qual é totalmente fiscalizado pelo MEC. Considerando a idéia do corpo livro – o qual nos interessa nesse estudo - encontramos uma outra noção fundamental para a formação do dançarino: idéia de apropriação do corpo por parte do intérprete, mas corpo num sentido amplo - sensação, sentimento, emoção, pensamento. Pois, estaríamos diante de um intérprete capaz de elaborar a partir do próprio corpo, uma dramaturgia. Mas, como acessar, ou melhor, quais treinamentos permitem conectar a profundidade do próprio corpo expondo-a a superfície – em movimento e gesto de dança?

7 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS O Ensino Superior da Dança tem suas próprias Diretrizes Curriculares organizadas pelo MEC e pertence à área de ARTES. Assim também, acontece na Educação Básica, onde a dança integra a área de artes, juntamente com o teatro, a música e as artes visuais e também tem os seus Parâmetros Curriculares Nacionais.  As escolas, estúdios, academias têm como papel principal iniciar a formação técnica e artística do futuro profissional da dança; os Cursos Superiores têm como função ampliar a formação e áreas de atuação deste profissional, oferecendo embasamento teórico, científico, cultural, além da prática artística. [1 A pesquisadora americana Louise Steinman, observadora-participante de processos criativos de dançarinos norte-americanos nos anos 80, considera que a propriocepção[1] é uma chave de compreensão do trabalho dos performers pós-modernos. A propriocepção seria não apenas um caminho de preparação do corpo, mas também fonte de investigação criativa. E, para esses performers, a busca de uma linguagem corporal própria é uma premissa. “Não existe um único caminho de se tornar um criador de performances. Com base em inúmeras disciplinas, o performer cria uma síntese individual. Quinze anos de balé podem formar uma bailarina. Quinze anos estudando movimento, entendendo a voz, aprendendo a prestar atenção à sua psique e ao mundo que o cerca podem formar um bom criador de performance dramática. O treinamento pode ser eclético, e assim poderá também ser a forma...” (Louise Steinman, 1986) [1] Segundo a autora, “propriocepção é literalmente como nos sentimos/percebemos a nós mesmos”.

8 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Ensino Informal e Ensino Formal – ambos são necessários, complementares e desempenham funções diferenciadas, o que é próprio na formação dos artistas das diferentes linguagens. O artista da dança pode atuar como professor de cursos livres, em academias, escolas, estúdios, a partir de seu registro profissional, levando em conta sua formação artística. Hoje, no Brasil, apenas as Licenciaturas podem formar os licenciados em dança, aptos a ensinar dança na Educação Básica. No Brasil dos anos 80, mas especificamente em São Paulo, o bailarino, coreógrafo e pesquisador Klauss Vianna ( ), articulou princípios técnico-criativos que deixaram fortes influências no delineamento do perfil profissional dos dançarinos contemporâneos. Sua pesquisa tornou-se a mais forte referência brasileira de uma investigação própria de procedimentos somáticos na preparação do corpo cênico. Klauss tornou-se um defensor da idéia de um intérprete que também é um criador. Em suas aulas, o corpo era abordado segundo muitas subdivisões; além da clássica divisão “cabeça, tronco e membros”, o corpo era tratado em suas camadas (sistemas): pele, músculos, ossos. Em suas orientações, o mestre procurava sugerir a possibilidade de que a consciência dessa interioridade física poderia se tornar presente na qualidade de execução do movimento. Para Klauss, o material que cada bailarino tem para desenvolver como dança residiria em seu próprio corpo; o ponto de partida seria suas próprias sensações presentes na memória muscular e cinestésica. Para isso, o dançarino deveria fazer um treinamento, priorizando a habilidade de observar essas sensações e mensagens inscritas no corpo, explorando-as expressivamente.

9 QUAIS OS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA?
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS QUAIS OS DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS DA FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA? Os Programas de Graduação, os Bacharelados e Licenciatura, assim como, os espaços de ensino informal devem considerar alguns aspectos fundamentais que redesenham a dança, como linguagem artística, como área de conhecimento, como profissão e, conseqüentemente, redesenham novos perfis para o artista-educador da dança. “Novo campo de estudo, a educação somática engloba uma diversidade de conhecimentos onde os domínios sensoriais, cognitivos, motores, afetivos e espirituais se misturam com ênfases diferentes” (Sylvie Fortin, 1999). As práticas associadas à educação somática podem ser compreendidas no Brasil como técnicas de consciência corporal. Dentre elas, destacam-se: Alexander, Bartenieff, Ideokinesis, Body-Mind Centering, Eutonia, Rolfing e, em nosso país, Klauss Vianna e a escola da Reeducação Movimento de Ivaldo Bertazzo.

10 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 1. A dança está sendo produzida a partir de novos paradigmas estéticos, incluindo múltiplas noções de corpo e novos sujeitos dançantes.   Século XX – período de mudanças radicais na estética da dança: novos padrões de corpo; multiplicidade de treinamentos, métodos de criação, interação entre linguagens. O que está em questão é buscar novos repertórios gestuais capazes de expressar o homem contemporâneo. Retornando à idéia do dançarino intérprete-criador como um investigador, podemos considerar que, na medida em que, ele não apenas irá se deter no estudo de variações de códigos de dança reconhecidos, um dos possíveis caminhos a serem trilhados é adentrar na sua estrutura corporal, nos sistemas que a compõe, para descobrir o que pode um corpo! Essas trilhas são excelentemente sinalizadas nas abordagens somáticas. Não apenas do ponto de vista do reconhecimento funcional, mas, do ponto de vista das conexões destes sistemas com as sensações, pulsões, atitudes, estados, emoções, sentimentos, percebidos e expressos no movimento, nas suas variações formais e nas suas qualidades dinâmicas.

11 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 2 – A dança está sendo produzida a partir da ampliação de fronteiras, numa imbricada rede de relações com outras áreas de conhecimento artístico, educacional, científico. A dança é uma linguagem artística e também, uma área de saber, de conhecimento na Educação Básica e no Ensino Superior. 3 – A pertinência da dança no século XXI, sua relevância diante das problemáticas sociais. No atual contexto sócio-político-cultural brasileiro, ações culturais e artísticas ganham destaque em algumas políticas públicas, privadas e fundamentalmente nos projetos do 3o setor. O projeto do Curso de Dança da Universidade Anhembi Morumbi, de maneira semelhante a alguns outros programas de graduação em dança, inclui a educação somática na estrutura curricular. Mais do que isso, a concepção pedagógica e a metodologia de ensino proposta, orienta-se segundo o estudo de estratégias e abordagens da Educação Somática nas suas possíveis interfaces com a dança: no aprendizado técnico, como recurso de investigação corporal e de qualidades diferenciadas de movimento, como fomento ao desenvolvimento das potencialidades criativas.

12 Pelo saber sensível, pela arte. (DUARTE; 2004).
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS A multiplicidade estética da dança apresenta diferentes noções de corpo em situações de movimento e relacionamento. Assistir a um espetáculo de dança pode significar um deleite para a alma. Nos maravilhamos com a virtuose de um dançarino em movimento, que desenha o espaço, que constrói um outro tempo diferente do tempo cotidiano, que dribla a gravidade ... e, nos coloca diante das potencialidades de expressão e transcendência que, como seres humanos, trazemos em estado de latência no próprio corpo. “Essa anestesia que sofre o homem contemporâneo precisa ser revertida através de uma educação da sensibilidade”. Pelo saber sensível, pela arte. (DUARTE; 2004). Quando nossos alunos chegam a Universidade, na sua maioria, trazem marcas de suas formações em dança. Em alguns casos, têm de passar por um processo de alfabetização em dança, ou melhor dizendo, por um processo de alfabetização e formação no pensamento contemporâneo da dança. Muitos alunos chegam a Universidade e se colocam temerosos diante da idéia de envolver-se com aspectos da criação em dança. Tem medo de elaborar idéias próprias com seu corpo, de repensar fórmulas já decoradas e incorporadas. Sem dúvida, nem todos serão coreógrafos mas, é impossível estudar e trabalhar com a dança contemporânea sem se deter nos estudos do corpo, do próprio corpo em suas possibilidades de elaboração da linguagem. No momento inicial do curso, propomos aos nossos alunos o resgate dos sentidos, das percepções, da sensibilidade nas situações diárias de ensino/aprendizado da dança. Um caminho de construção, de um corpo próprio, como diria M. Ponty (1994). Corpo que se conhece para conhecer outros corpos e para investigar novas formas de comunicação

13 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS 4. Considerar a complexidade do mercado cultural, a necessidade da definição de políticas públicas para a produção da dança de forma articulada à formação e multiplicação de platéias para a dança. 5. Considerar a necessária organização política da classe como via de conquista das políticas públicas de fomento à dança, da regulamentação e reconhecimento pleno da profissão. 6. Articulando os aspectos anteriores, a busca de novos formatos deve ir além das demandas estéticas, pertinentes à criação; é necessário encontrar novos formatos de produção e circulação das obras, e para tanto, novas formas de associação para a criação-produção artística. Talvez possamos agora, na conclusão deste trabalho, explicitar de forma sintética, em que sentido a educação somática implica no desenvolvimento de novas sensibilidades para o intérprete-criador da dança. Na introdução do trabalho O Corpo na História, o antropólogo José Carlos Rodrigues (1999), pontua que irá desenvolver seu estudo com atenção a história da sensibilidade, a qual se diferencia da história das mentalidades: “... é preciso lembrar, de início, que mentalidades e idéias não necessariamente coincidem com sensibilidade. Aquilo que os homens pensam (ou dizem que pensam) e o que sentem não se coaduna obrigatoriamente...” Interessa-nos em especial suas explicações de que “... a sensibilidade que temos hoje – seja auditiva, tátil, gustativa, olfativa e visual – tem uma história e, especialmente uma significação...” Ou ainda: “o passado não está apenas no passado: ele constitui nossa sensibilidade e continua de certa forma como veremos, a ser presente.” E, para grande parte da humanidade, “... assim como o olho não se vê a si mesmo, nossa sensibilidade não é muito sensível a si...” (1999)

14 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS QUAL A RELAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA COM A FORMAÇÃO DE PLATÉIAS PARA SUA PRODUÇÃO? Creio que o ARTISTA não deva orientar sua produção de forma a didatizar a arte na suposta tentativa de se fazer entender e, portanto chegar no público. A formação de platéias pressupõe a FORMAÇÃO DA CIDADANIA PLENA, onde a formação em cultura geral, educação estética, educação em arte, educação através da arte tem relevância e, permite a apreciação da arte. Isto deveria ter como lugar privilegiado o percurso da criança e do adolescente durante todo o ciclo da EDUCAÇÃO BÁSICA. Nos treinamentos do intérprete-criador da dança, a educação somática, além de providenciar possíveis melhoras na performance técnica, evitar traumas e lesões, do ponto de vista expressivo e criativo, pode ampliar a investigação estética do dançarino, porém, devemos considerar que “o objetivo do treinamento do dançarino é de conduzi-lo à representação de diferentes escrituras coreográficas com um organismo corporal eficaz, seguro e expressivo, quer dizer, orientado para o reconhecimento de toda a carga significante e emotiva do gesto. Para o dançarino a educação somática é então um meio e não um fim” (Sylvie Fortin, 1999).

15 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS O artista se relaciona com a formação de platéias quando se compreende inserido nas problemáticas sócio-econômico-político-culturais de seu país (quando se conscientiza de seu papel e é tratado como cidadão), e quando se dispõe a lutar pela DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS PARA SUA ÁREA entendendo sua relevância diante da sociedade, aprendendo a se relacionar com as dinâmicas dos poderes públicos, privados, com o terceiro setor e, articulando à circulação de seus trabalhos, a participação no desenvolvimento de programas onde a triangulação – contextualização, apreciação e criação – possam ser vivenciadas por seus públicos.

16 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS Retomando a questão inicial, AS RELAÇÕES ENTRE EDUCAÇÃO E CULTURA, tenho total convicção que o cumprimento da LDB, com a plena implementação do ensino de artes nas escolas da rede pública e privada, orientado pelos PCNs, seria um passo fundamental para a formação de públicos para a arte. A educação em dança, articulando o fazer, apreciar e contextualizar, na escola, como disciplina da estrutura curricular, considerada como conhecimento igualmente importante diante das demais disciplinas me parece fundamental e sem dúvida redesenhará a própria formação artística das novas gerações. O antropólogo-historiador afirma que a história está no corpo (e, o corpo na história). Creio que, para acessar essa história, não apenas restrita a uma biografia, o intéprete-criador da dança, identificado pela perspectiva do corpo-livro, encontrará caminhos diversos nas interfaces da dança com as abordagens somáticas voltadas, exatamente, ao resgate das sensibilidades.

17 DUARTE JR, João Francisco. O sentidos dos sentidos. A educação (do)
FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS SUGESTÃO DE BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA BERTAZZO, Ivaldo. Cidadão Corpo: identidade e autonomia do movimento. São Paulo: SESC / Opera Prima, 1996. _______________. Espaço e Corpo. Guia de reeducação do movimento. São Paulo: SESC, 2004. CALAZANS, J., CASTILHO, J., GOMES, S. (coordenadores). Dança e educação em movimento. São Paulo: Cortez, 2003. DUARTE JR, João Francisco. O sentidos dos sentidos. A educação (do) sensível. Curitiba: Criar Edições, 2004. FERREIRA, S. (org.). O ensino das artes: construindo caminhos. Campinas: Papirus, 2001. GARCIA, Regina Leite (org.). O corpo que fala dentro e fora da escola. Rio de Janeiro : DP&A, 2002. MARQUES, I. Dançando na escola. São Paulo: Cortez, 2003. MARQUES, I. Ensino de Dança Hoje: textos e contextos. São Paulo: Cortez, 1999. Como artista, interesso-me especialmente pelas questões do corpo e da subjetividade na contemporaneidade: a ausência do lugar, o habitar de passagem, a existência de não-lugares. Essa pesquisa, vem sendo alimentada pela historiadora Denise Sant’Anna. Em seu trabalho Corpos de Passagem a autora denuncia o risco da “desertificação da vida” e sugere que na atualidade, “talvez o mais difícil seja criar elos entre cada corpo e o coletivo e, ainda, entre o corpo, seu passado e seu devir. Para além do pessimismo, Denise Sant’Anna, aponta como saída, a busca de novas formas de composição: “ seria preciso, talvez, recorrer a alguma engenharia capaz de religar o corpo às suas potências e às suas virtualidades. Conectá-lo com a espessura da história e, ao mesmo tempo, abri-lo ao imponderável. Um sonho e tanto...”. Livremente, entendo essa fala como uma propositura – desafio poético e estético - aos criadores da dança. Penso, que as abordagens somáticas instauram nos processos de treinamento do dançarino a questão da consciência, no sentido da sensibilidade que se torna sensível a si mesma, e, ao fazê-lo, elucida a profunda conexão da produção artística contemporânea com as questões culturais, sociais, políticas e filosóficas de nosso tempo.

18 FORMAÇÃO DO ARTISTA DA DANÇA E DO PÚBLICO DE DANÇA:
DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS


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