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PublicouMaria das Graças Santos Alcântara Alterado mais de 7 anos atrás
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I O QUE É SAÚDE? Fernando Lefevre Ana Maria Cavalcanti Lefevre 2014
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Como entender saúde hoje, primeira década do século XXI ?
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Saúde é um processo
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Mas o que é este algo que está permanentemente sendo?
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É a reprodução física e social dos seres humanos, que precisa estar sendo permanentemente produzida reprodução
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Mas numa sociedade de consumo, como são as atuais sociedades, tudo vira consumo. Então a reprodução permanente dos indivíduos também fica associada a objetos de consumosociedade de consumo
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Que objetos de consumo são estes? São objetos que consumidos permitem a reprodução física e social dos indivíduos
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Por exemplo, arroz, feijão, leite, remédios, cirurgias, exames radiológicos, exercícios físicos, curas divinas, etc.
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Numa sociedade de consumo, leite, medicamentos, cirurgias, arroz integral, exercícios físicos viram objetos saudáveis
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Para entender todo este processo é preciso introduzir o conceito de MODO DE PRODUÇÃO MODO DE PRODUÇÃO
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Se podemos dizer que historicamente as sociedades apresentam Modos de Produção (escravagista, feudal, capitalista, etc.) que são macro- sistemas que definem como a ela organiza a produção de bens e serviços, também podemos dizer que as sociedades definem correspondentes Modos de Produção da Saúde
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MODO ATUAL DE PRODUÇÃO DA SAÚDE
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O atual Modo de Produção da Saúde pode ser visto de uma perspectiva filosófica, da perspectiva dos indivíduos e da perspectiva sistema social
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O ser humano é um ser de sentido. Tudo, no ser humano, para existir precisa fazer sentido
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O sentido das coisas, da vida e,consequentemente, da saúde, para o ser humano, varia com a historia. Ele é diferente em cada momento histórico
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Qual o momento histórico atual?
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Podemos entender o atual momento histórico como gerador de sociedades de consumo individualizado
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Numa sociedade individualizada de consumo onde o consumo (e não mais o trabalho) é o elemento básico estruturador (Bauman) a saúde é também individualizada
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Saúde, nestas sociedades, é um valor investido em objetos. Estes objetos se tornam “saudáveis” e a saúde passa a ser entendida e praticada como consumo individualizado de objetos “saudáveis”
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Está assim produzida a ideia de saudabilidade
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A “saudabilidade” é quando a saúde como valor passa a ser vendida no mercado por meio dos objetos “saudáveis”
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Mas o que está sendo vendido quando se vende saúde?
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De um lado a manutenção do fluxo cotidiano, a reprodução físico/social dos indivíduos operada no dia a dia físico/social
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Esta é a base da venda da saúde, o que a torna imprescindível, indispensável para o ser humano
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De fato porém, o que está sendo efetivamente reproduzido é a própria sociedade de consumo. Mas a sociedade de consumo é (com)fundida pelos indivíduos com a sua própria vida, com seus corpos que precisam sobreviver!
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O ser humano carrega uma sensação ancestral de insegurança ligada à sua fragilidade como animal, gerando um constante sentimento de ameaça a seu corpo frágil
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Tal sensação só aumentou nos dias atuais, generalizadamente percebidos como geradores de todo tipo de insegurança, ou medo líquido de que fala Bauman
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Isto faz com que correlativamente o homem busque amparo e socorro na crença irrefletida na ciência e religião como suas fortalezas simbólicas frente à fragilidade percebida
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É claro que isso abre espaço para uma expansão quase ilimitada de oferta de bens e serviços a serem consumidos na busca de cada vez “+ segurança” contra as ameaças à vida
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Mas a garantia da permanência da vida dos corpos não é o único objeto à venda na sociedade de consumo. Nela a saúde transformou-se em excelente “ponto” ou pretexto para a venda de todo tipo de produtos e serviços capazes de produzir “+ vida” ou qualidade de vida
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Não se trata apenas de vender o não morrer mas também o “viver melhor”
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A “SAUDABILIDADE” É O MODO ATUAL DE PRODUÇÃO DA SAÚDE ELA IMPLICA QUE A SAÚDE:
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Da perspectiva dos indivíduos, podemos dizer que a saúde é um comportamento diário de reprodução da vida porque, obviamente, se uma pessoa não agir alimentando-se e hidratando-se diariamente terá sua saúde comprometida
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Considerando as coisas historicamente podemos colocar que hoje, o cotidiano, o dia a dia é quando (tempo) e onde (espaço), o ser humano opera a sua reprodução
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O cotidiano é quando e onde o ser humano opera a sua reprodução
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Entendemos cotidiano como uma sucessão de ações humanas rotineiras dentro de uma determinada faixa de tempo que tem como parâmetro básico a duração de um dia
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São atividades que acontecem num espaço físico e virtual cada vez mais urbanizado e globalizado
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É claro que o homem, enquanto animal ou natureza (Turner) sempre se reproduziu no cotidiano na medida em que necessita alimentar-se todos os dias
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O que muda hoje é que o homem da pos modernidade precisa inventar, criar, imaginar, produzir a sua permanência, a sua reprodução como ser social e cultural na escala do dia a dia
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O homem da pos modernidade precisa inventar, criar, imaginar, produzir a sua reprodução como ser social e cultural na escala do dia a dia
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Mas as tarefas de reprodução dos corpos e mentes no cotidiano ocorrem, hoje, em meio a uma tensão permanente entre de um lado o direito à vida e a proteção a este direito (pelo Estado e pela Família) e de outro a garantia da sobrevivência dos indivíduos a ser permanentemente conquistada por estes, para si e seus dependentes, num contexto de “jogo” no qual se exige desempenho e performance do “jogador” para, se não ganhar sempre, pelo menos não perder, tudo isso num quadro global de grande incerteza e de ameaças de todo tipo (Bauman)
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Hoje há um grande conflito entre direito à vida e ganhar a vida
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Eticamente, juridicamente e até religiosamente, a vida para o homem tem a forma de um direito, exigindo-se portanto a sua preservação, a garantia da sua reprodução cotidiana e a proteção contra as ameaças a esta reprodução; e psicologicamente o ser humano experimenta esta proteção na vida intra uterina e, nos primeiros anos de vida, no entorno familiar
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Mas o fato desta garantia ter, considerando o espaço de tempo de uma vida humana, “prazo de validade” (num determinado momento de seu desenvolvimento os seres humanos devem se “libertar” da proteção familiar e ganhar autonomia) e de estar sendo cada dia mais negada a partir de premissas neoliberais (crítica ao Estado do Bem Estar Social, aos Direitos Sociais, considerados “estímulo à vagabundagem”) nos conduz necessariamente à ideia que para continuar vivendo ou seja tendo seus corpos diariamente reproduzidos, é preciso “ganhar a vida”
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Por outro lado, e paradoxalmente, entre nós brasileiros a saúde, na nossa Lei Maior, aparece como um “direito do cidadão e um dever do Estado”. Ou seja, legalmente a vida e a saúde dos indivíduos estaria protegida acima de qualquer coisa; mas parece claro que tal Lei consagrada no papel contrasta flagrantemente com a Lei (que a vida precisa ser “ganhada” pelos indivíduos no dia a dia e que se não for ganhada pode ser perdida) consagrada na realidade
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Ou seja, na prática, para os indivíduos terem saúde eles precisam se reproduzir fisicamente mas para se reproduzir fisicamente não basta, apesar do “direito”, simplesmente existir, é preciso “ganhar a vida”, isto é se reproduzir socialmente no “jogo da vida”.
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Para se reproduzir fisicamente não basta existir, é preciso “ganhar a vida”, isto é se reproduzir socialmente no jogo da vida
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‘ E é sobre o corpo que é depositada tal tarefa pois é o corpo como meio, recurso, que está obrigado a ganhar a luta pela vida
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Com efeito, as exigências para a reprodução social do ser humano são impostas ao indivíduo mas, quando este cumpre tais exigências, é seu corpo que está, silenciosa, inconsciente e obedientemente, arcando com este cumprimento e suas consequências
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Ora, não há, a priori, uma correspondência entre as exigências sociais que devem ser cumpridas pela pessoa e a capacidade do corpo desta pessoa de responder adequadamente a tais exigências. Exigências e corpos são coisas distintas
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Da perspectiva do portador do corpo, em condições normais, é seu dever e tarefa manter tal corpo alimentado, descansado, protegido, higienizado, movimentado e a mente tranquilizada
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Mas para fazer isso ele precisa ganhar a vida, ou seja cumprir as obrigações necessárias para a sua reprodução social. Porém as obrigações sociais são impostas diretamente aos indivíduos e apenas indiretamente a seus corpos.
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Tal condição leva quase que necessariamente a que se passe a exigir sempre mais dos corpos e mentes do que sua capacidade própria de realização, além disso, muitas vezes, sem dar a eles (corpos e mentes) o devido tempo de recuperação exigido pelo cumprimento das obrigações cotidianas
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Como as obrigações são impostas às pessoas e não aos corpos isso faz com que se passe a exigir sempre mais dos corpos e mentes do que sua capacidade própria de realização
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Esta exigência a mais poder ser vista como uma das fontes do desgaste (Laurell) destes corpos e mentes, que pode se manifestar sob a forma de sinais, sintomas, doenças
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HIPERLINKS
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Na definição da OMS saúde É um estado de completo bem estar.... COMO NA DEFINIÇÃO DE SAUDE DA OMS, ONDE SAÚDE É UM ESTADO DE BEM ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL
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RE-PRODUÇÃO é produzir permanentemente. É o processo que permite que as pessoas continuem a existir em cada dia seguinte
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RE-PRODUÇÃO é o processo de produzir, a cada dia seguinte, o individuo como pessoa física e social
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DEFINIÇÃO DE CULTURA CONSUMISTA “Se a cultura consumista é o modo peculiar pelo qual os membros de uma sociedade de consumidores pensam seus comportamentos ou pelo qual se comportam “de forma irrefletida” – ou, em outras palavras, sem pensar no que consideram ser seu objetivo de vida e o que acreditam ser os meios corretos de alcançá-lo, sobre como separam as coisas e os atos relevantes para este fim das coisas e atos que descartam como irrelevantes, acerca de o que os excita e o que os deixa sem entusiasmo ou indiferentes, o que os atrai e o que os repele, o que os estimula a agir e o que os incita a fugir, o que desejam, o que temem e em que ponto temores e desejos se equilibram mutuamente -, então a sociedade de consumidores representa um conjunto peculiar de condições existenciais em que é elevada a probabilidade de que a maioria dos homens e das mulheres venha a abraçar a cultura consumista em vez de qualquer outra, e de que na maior parte do tempo obedeçam aos preceitos dela com máxima dedicação.” Bauman Z. Vida para o consumo. A transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008( pg. 70)
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Marx escreveu o seguinte sobre esta ideia:,
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Os homens e mulheres da atualidade têm que se reproduzir diariamente não apenas como pessoas físicas mas também como atores sociais. Precisam manter e reinventar seu status e seus papéis
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