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CURSO DE PSICOPATOLOGIA parte 2 - Nosografia

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Apresentação em tema: "CURSO DE PSICOPATOLOGIA parte 2 - Nosografia"— Transcrição da apresentação:

1 CURSO DE PSICOPATOLOGIA parte 2 - Nosografia
Autor: Rogério da Silva Paes Henriques Psicólogo, Mestre e Doutor em Saúde Coletiva do IMS/UERJ; Professor Adjunto da cátedra de Psicopatologia da UFS

2 TRANSTORNOS DA ANSIEDADE
“Talvez a capacidade de viver pelas leis da probabilidade em vez de pelas leis da possibilidade seja o que separa as pessoas com transtornos de ansiedade – que portam muitos medos irracional – das pessoas ditas ‘normais’ ” (COMER, 2003, p. 96).

3 1 – Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) • O paciente sofre sensações gerais e persistentes de ansiedade na maior parte do dia por, pelo menos, trinta dias. • Vivência de uma “ansiedade à deriva”. São comuns também insônia, irritabilidade, angústia, diminuição da concentração, taquicardia, tonturas, epigastralgia, formigamentos, sudorese fria. • É comum a co-morbidade com a depressão. • Sua prevalência está em torno de 3% (Reino Unido) a 4% (EUA) da população. • Pode surgir em qualquer idade, embora seu surgimento seja mais comum na infância e adolescência. • As mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver o transtorno que os homens. • Os sintomas devem causar um sofrimento clinicamente significativo para prejudicar a vida social e ocupacional do sujeito.

4 2 – Fobias • O paciente sofre um medo persistente e irracional de um objeto ou de uma situação específicos, que passam a ser evitados inclusive em pensamento. • O simples fato de pensar no objeto temido pode causar reações intensas de medo no paciente. • A maioria das pessoas com fobias sabe que seus medos são excessivos e irracionais. • Estes medos podem interferir de maneira drástica na vida pessoal, social ou profissional dos pacientes. • As fobias subdividem-se em três categorias: Fobias Específicas, Fobia Social e Agorafobia.

5 2.a - Fobia Específica (ou Fobia Simples) • São os tipos mais comuns de fobias. O paciente sofre um medo persistente e irracional de um objeto ou de uma situação específicos (ex: fobia de animais, insetos, altura, espaços fechados, tempestades, sangue etc.). • Sua prevalência é de 9% da população norte-americana em qualquer ano escolhido e 11% desta população desenvolve uma fobia específica durante a vida, podendo apresentar mais de uma ao mesmo tempo. • Sua incidência é duas vezes maior em mulheres que em homens (pesquisas realizadas nos EUA, Canadá e Europa). • As fobias específicas manifestas na infância podem remitir espontaneamente; as que se prolongam pela vida adulta e as que surgem neste período, em geral, só remitem com o tratamento adequado.

6 2.b - Fobia Social (Transtorno da Ansiedade Social) • As pessoas com fobias sociais sentem medos graves, persistentes e irracionais de situações sociais ou de atuação em que possa ocorrer embaraço. • Expressam medo de se comportar de forma inadequada ao interagir com outras pessoas ou agir na frente delas. • Tais pessoas vivem sempre julgando que estão agindo de modo menos adequado do que realmente agem. • Sua prevalência é de até 8% da população norte-americana em qualquer ano escolhido, numa proporção de 3 mulheres para cada 2 homens. • Geralmente, este transtorno manifesta-se no final da infância ou na adolescência, podendo persistir por muitos anos, embora possa variar de intensidade.

7 2.c – Agorafobia • As pessoas com agorafobia sentem medo de sair de casa e de se dirigirem a lugares públicos, principalmente quando desacompanhadas. • Sua intensidade pode variar; nos casos mais graves, os pacientes tornam-se prisioneiros virtuais de suas próprias casas. • Geralmente, a agorafobia ocorre associada ao transtorno do pânico; pesquisas têm mostrado que os ataques de pânico (ou sintomas semelhantes ao pânico) preparam o terreno para sua manifestação.

8 3 – Transtorno do Pânico • A característica principal deste transtorno são os ataques de pânico (explosões de terror) que ocorrem de forma repetida e súbita, sem razão aparente. • Intensas crises de ansiedade, com descarga do sistema nervoso autonômico (taquicardia, sudorese, tremores, dispnéia, náuseas etc.), parestesias, despersonalização, sensação de perda de controle ou de morte iminente, sensação de desmaio, calafrios ou ondas de calor. • As pessoas com esse diagnóstico também devem sofrer alterações disfuncionais no pensamento ou no comportamento como resultado dos ataques de pânico por um período de, no mínimo, um mês (p. ex.: preocupar-se de maneira persistente em sofrer outro ataque ou organizar sua vida em função da possibilidade de um ataque futuro).

9 Transtorno do Pânico (cont.)
• Cerca de 2,3% da população norte-americana desenvolve um dos dois tipos de transtorno do pânico em qualquer ano que se escolha; 3,5% desta população desenvolve um desses transtornos durante a vida. • Os dois tipos de transtorno do pânico (com e sem agorafobia) têm mais possibilidade de se desenvolverem entre o final da adolescência e os 35 anos, sendo pelo menos duas vezes mais comuns em mulheres do que em homens. • Em alguns casos de agorafobia, os sintomas de pânico nunca atingem o estado pleno do transtorno do pânico; deve-se diagnosticar nesses casos: Agorafobia Sem Histórico de Transtorno do Pânico.

10 4 – Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
• As pessoas com TOC são perseguidas por pensamentos[1], idéias[2], impulsos[3], imagens[4], dúvidas[5]... ansiógenas e persistentes que parecem invadir a consciência [obsessões] e/ou por comportamentos repetitivos e rígidos ou atos mentais que as pessoas se sentem compelidas a executar [compulsões] a fim de evitar ou reduzir a ansiedade. • Conforme o DSM-IV, este diagnóstico é apropriado quando as obsessões ou compulsões forem graves, percebidas pela pessoa como excessivas e irracionais, causarem grande aflição, consumirem um tempo considerável ou interferirem nas funções diárias. [1] Ex: pensar de forma repetida na morte do cônjuge. [2] Ex: impressão de que há germes à espreita por toda parte. [3] Ex: necessidade constante de gritar obscenidades no trabalho ou na igreja. [4] Ex: visões fugidias de cenas proibidas de sexo. [5] Ex: preocupação exagerada de ter tomado ou de tomar uma decisão errada.

11 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (cont.)
• O TOC é classificado como um transtorno da ansiedade porque as obsessões dos pacientes causam ansiedade intensa, ao passo que as compulsões têm como objetivo preveni-las ou reduzi-las. • Em qualquer ano que se escolha, 2% da população dos EUA e do Reino Unido sofrem de TOC. Sua incidência é a mesma em homens e mulheres, embora entre as crianças, seja mais comuns em meninos. • O transtorno geralmente começa no início da idade adulta, persistindo por vários anos, embora seus sintomas e sua gravidade variem com o tempo. É comum a co-morbidade com as depressões e com os transtornos alimentares.

12 5 – Transtornos de Estresse
• São quadros clínicos de ansiedade e/ou depressão que se seguem a eventos psicologicamente traumáticos e que persistem por muito tempo após o trauma. • O evento geralmente envolve uma lesão grave verdadeira ou ameaçada – ameaças de morte ou de atentados, combate, estupro, terremoto, seqüestro, desastre de avião, enchentes, atentados terroristas etc. • Revivência em flash-backs, em pesadelos ou pensamentos e imagens dos fatos traumáticos. • Esquiva persistente de determinados estímulos, atividades ou situações ligados ao trauma. • Diferentemente de outros transtornos de ansiedade, em geral desencadeados por objetos ou situações que a maioria das pessoas não acharia ameaçadores, a situação que provoca os transtornos de estresse seria traumática para qualquer um.

13 Transtornos de Estresse (cont.)
• Se os sintomas começarem dentro de quatro semanas após o evento traumático e durarem menos de um mês, indica-se um diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (DSM-IV-TR, 2002). • Se os sintomas começarem logo após o evento traumático ou muito tempo depois e persistirem por mais de um mês, indica-se o diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (DSM-IV-TR, 2002). • Muitos casos de Transtorno de Estresse Agudo evoluem para um Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Exceto pelas diferenças no início e na duração, os sintomas desses dois tipos de transtornos de ansiedade são quase idênticos.

14 TRANSTORNOS SOMATOFORMES
• Constituem um padrão de queixas orgânicas de causa psicológica (psicogenia) CONVERSIVO SOMATIZAÇÃO DOLOROSO há uma mudança real no funcionamento físico HIPOCONDRIA DISMORFOFOBIA preocupação exagerada com problemas físicos imaginários HISTÉRICOS TRANST. SOMATOFORMES DE PREOCUPAÇÃO

15 TRANSTORNOS SOMATOFORMES HISTÉRICOS
1. Transtorno de Conversão (Conversivo) • Ocorre a conversão da angústia para o corpo, manifesta por sintomas físicos que afetam o funcionamento motor voluntário ou sensorial (“sintomas pseudoneurológicos”: paralisias, alterações na marcha, cegueira, tontura, perda da sensibilidade etc.). • Geralmente começa entre o final da infância e início da idade adulta. • Os sintomas surgem, geralmente, em situações de estresse extremo e duram algumas semanas. • É duas vezes mais comum em mulheres que em homens. São raros (acometem, no máximo, 5 em cada 1000 pessoas).

16 Características da conversão:
SINTOMAS HISTÉRICOS ≠ SINTOMAS CLÍNICOS (PSICOGÊNESE) (ORGANOGÊNESE) Características da conversão: é um fenômeno transitório, vivenciado, muitas vezes, com “indiferença” pela pessoa acometida (la belle indifférence des histeriques); ausência de lesão orgânica; os sintomas corporais não seguem as leis biológicas (anatômicas ou fisiológicas); afetam o corpo pulsional. a região somática afetada pelo sintoma conversivo corresponde à parte do corpo outrora afetada pelo “trauma” psíquico (“complacência somática” – S. Freud).

17 2. Transtorno de somatização (Síndrome de Briquet)
• os pacientes sofrem inúmeros problemas físicos duradouros (mais de 2 anos), com pouca ou nenhuma base orgânica; • apresentam queixas múltiplas que incluem 4 sintomas de dores (cabeça, peito etc.), 2 sintomas gastrintestinais (náuseas, diarréia etc.), 1 sintoma sexual (dificuldades eréteis e menstruais etc.) e 1 sintoma neurológico (visão dupla, paralisia etc.) – OBS: são comuns sensações cutâneas anormais (erupções ou manchas, coceiras, queimação etc.); • muitas vezes estes pacientes descrevem seus sintomas em termos dramáticos e exagerados (componente histriônico); a maioria deles também se sente ansiosa e/ou deprimida;

18 Transtorno de somatização (cont.)
• é muito mais comum em ♀s (0,2 a 2%) que em ♂s (menos de 0,2%) – dados dos EUA; • costuma começar entre a adolescência e a idade adulta; • persiste por muito mais tempo que o transtorno de conversão, geralmente por muitos anos; • a ênfase está nos sintomas em si e em seus efeitos individuais; o paciente pede tratamento para eliminar os sintomas; pode resultar em abuso ou dependência da medicação (geralmente sedativos e analgésicos).

19 3. Transtorno da dor psicogênica (ou doloroso)
• diferentemente dos transtornos de conversão e de somatização, nos quais os pacientes podem também sofrer dor, neste transtorno, a dor é o elemento principal (sintoma-chave); • a queixa predominante é de dor persistente, grave e angustiante, a qual não pode ser explicada por um processo fisiológico ou por um transtorno físico – nesse caso, fatores psicológicos exercem um papel central no início, na gravidade ou na continuação da dor; • é razoavelmente comum, sendo mais prevalente nas ♀s que nos ♂s, podendo começar em qualquer idade; • muitas vezes, ele se desenvolve depois de um acidente ou durante uma doença que causaram dor genuína.

20 TRANSTORNOS SOMATOFORMES DE PREOCUPAÇÃO
Hipocondria • os pacientes hipocondríacos interpretam de modo não-realista seus sintomas corporais ocasionais (tosse, dor, transpiração etc.) como sinais de doenças graves; • diferencia-se do transtorno de somatização na medida em que a preocupação com os sintomas corporais (e a ansiedade resultante desta preocupação excessiva) prepondera sobre os próprios sintomas corporais; • nesse caso, a ênfase recai sobre a suposta doença subjacente e as suas conseqüências futuras;

21 Hipocondria (cont.) • o paciente tende a pedir investigações (exames clínicos) para determinar ou confirmar a natureza da suposta doença subjacente; • diferentemente do somatizador poliqueixoso, o hipocondríaco preocupa-se com apenas um ou dois supostos transtornos físicos. • começa geralmente no início da idade adulta (raramente começam após os 50 anos); • sua prevalência é igual em ♀s e em ♂s; • acomete de 1 a 5% da população (EUA).

22 2. Transtorno Dismórfico Corporal (ou Dismorfofobia)
• há uma preocupação excessiva com alguma imperfeição imaginária ou mínima com relação à própria aparência (ex: rugas, espinhas, excesso de pêlos faciais, peso, rosto inchado, nariz, boca, queixo ou sobrancelhas malformados, aparência dos pés, das mãos, dos seios, do pênis, maus odores provenientes de suor, dos órgãos genitais etc.); • os pacientes com este transtorno recorrem a vários subterfúgios para esconder seus supostos defeitos, inclusive recorrendo à cirurgia plástica; • 30% dos sujeitos com este transtorno restringem-se às suas casas e 17% já tentaram o suicídio; • começa geralmente na adolescência; • acomete até 2% da população (EUA); • sua prevalência é igual em ♀s e ♂s.

23 TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS
► Transtorno de despersonalização: ocorrem quando a despersonalização e a desrealização são os sintomas (“persistentes ou recorrentes”) principais. ► Amnésia dissociativa: trata-se do esquecimento sintomático (patológico) de conteúdos mnêmicos, geralmente, associados a fatores traumáticos ou estressantes (“...um ou mais episódios...”).

24 ► Fuga dissociativa: (flight = “fuga”, “escapada”) a perda da memória focaliza-se num incidente específico, uma “escapada” inesperada; nessas ocasiões, há sempre algum grau de desintegração da identidade (incapacidade de recordar o próprio passado), quando não a adoção de uma identidade completamente nova; tais estados costumam terminar de forma abrupta com preservação da memória de boa parte do ocorrido.

25 ► Transtorno de transe dissociativo (TTD): quando o transe ou a possessão são os sintomas principais, que ocorrem de forma descontextualizada da cultura a qual o indivíduo acometido pertence. ► Transtorno de identidade dissociativa (TID): (antigo “transtorno da personalidade múltipla”) – coexistem na mesma pessoa duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos (média = 16 alters), as quais, periodicamente, tomam o controle do seu comportamento.

26 Segundo a concepção psicopatológica, baseada na escola jaspersiana, os cursos crônicos dos transtornos mentais são: PROCESSO: quando há ruptura do desenvolvimento existencial (biográfico) e surgimento de um evento novo, que produz alteração permanente da vida psíquica (personalidade). Refere-se à alteração patológica irreversível que surge sem clara relação ou nexo causal com a personalidade pré-mórbida, de forma não-compreensível (natureza endógena – supostamente neurobiológica). Ex: processos demenciais (orgânicos), processos esquizofrênicos (psíquicos).

27 DESENVOLVIMENTO PSICOPATOLÓGICO : refere-se ao desenvolvimento psicologicamente anormal e compreensível de uma personalidade, como no caso das personalidades depressivas (distímicas), oligofrênicas, psicopáticas ou neuróticas; não há ruptura da personalidade. “São critérios biográficos do processo: o aparecimento da novidade em espaço de tempo curto, temporalmente localizável, a concomitância de sintomas conhecidos variados a esse tempo, a ausência de causa desencadeadora ou de vivência suficientemente baseada. Falamos, ao contrário, em desenvolvimento de uma personalidade, desde que possamos compreender, no conjunto das categorias biográficas, o que veio a acontecer, pressupondo a normalidade biológica do evento básico.” (Jaspers, 1985, p. 847)

28 Os cursos agudos dos transtornos mentais são:
REAÇÃO: pressupõe sempre um fator desencadeante externo (vivência), responsável pela deflagração do transtorno mental de forma compreensível e relacionado às características da personalidade do sujeito (ex: reações depressivas, paranóides etc.); não há ruptura da personalidade. “As reações autênticas, cujo conteúdo tem conexão compreensível com a vivência, que não se dariam sem a vivência; e cujo curso depende da vivência e de suas conexões. [...] existe a tendência posterior ao reconhecimento claro da doença, ficando o paciente em condições de encará-la como algo completamente alheio.” (Jaspers, 1985, p. 460)

29 FASE: refere-se, particularmente, aos períodos de depressão e
FASE: refere-se, particularmente, aos períodos de depressão e (hipo)mania das psicoses afetivas: depressão cíclica e transtornos bipolares. Surge de forma incompreensível, tendo um caráter endógeno. Implica ruptura reversível da personalidade, já que quase sempre há restitutio ad integrum. SURTO: é uma ocorrência aguda, que se instala de forma repentina, não-compreensível psicologicamente, fazendo eclodir uma doença de base endógena. No campo dos transtornos mentais, o surto restringe-se à esquizofrenia. Caracteriza-se por produzir seqüelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à esfera cognitiva do sujeito (ex: surto hebefrênico, catatônico, paranóide etc.).

30 CRISE ou ATAQUE: caracteriza-se, geralmente, pelo
CRISE ou ATAQUE: caracteriza-se, geralmente, pelo surgimento e término abruptos, durando segundos ou minutos, raramente horas (ex: crises epiléticas, crises histéricas, ataques de pânico etc.). EPISÓDIO: geralmente, tem a duração de dias até semanas. Na prática, é comum utilizar-se esse termo de forma inespecífica, quando não se tem condições de precisar a natureza do fenômeno mórbido (ex: episódio depressivo).

31 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
Elemento central: humor triste. Outros elementos: 1) psíquica (auto-desvalorização, anedonia, fadiga, déficit da atenção, memória e dificuldade para tomar decisões, apatia, desesperança). 2) esfera instintiva e neurovegetativa (insônia ou hipersonia, perda de apetite, diminuição da libido). 3) alterações ideativas (ideação negativa, pessimismo, arrependimento e culpa, ruminações de mágoas, idéias de morte, plano de atos suicidas). 4) psicomotoras (permanecer na cama, lentificação psicomotora, estupor, mutismo, negativismo). 5) sintomas psicóticos (idéias delirantes de cunho negativo, ruína ou miséria, culpa, negação de órgãos e delírio de inexistência) e alucinações.

32 Mais comum em pessoas separadas, solteiras e viúvas.
Mais comum nas mulheres. Mais comum em pessoas que moram sozinhas ou vivenciam violência, desemprego, perda de entes queridos, estresse crônico e falta de suporte social. Em pacientes internados por doenças clínicas (22 a 33%). 50 a 80% dos pacientes que receberam tratamento para depressão podem apresentar outro episódio de depressão. Inicia-se entre 20 a 44 anos.

33 1. Depressão endógena → trata-se de um “processo” depressivo (K
1. Depressão endógena → trata-se de um “processo” depressivo (K. Jaspers). Também conhecida como depressão “psicótica”, “maior”, “vital”, melancólica” etc. Fases de depressão endógena ocorrem no transtorno depressivo recorrente grave, com e sem sintomas psicóticos (CID-10) / transtorno depressivo maior (DSM-IV) (antiga “depressão unipolar”) e nos transtornos bipolares (antiga “psicose maníaco-depressiva”). • Segundo a OMS, o transtorno depressivo maior afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo a primeira causa de incapacidade para o trabalho entre todos os problemas de saúde e a quarta causa de ônus social. • Alguns autores (ex: Jaspers) associam-na a fatores neurobiológicos (não-compreensíveis psicologicamente).

34 Depressão endógena (cont.)
• Caracteriza-se por uma vivência de insuficiência radical (tristeza vital). Durante a fase depressiva, é praticamente impossível estabelecer vínculos terapêuticos adequados com o paciente devido à ausência de investimentos afetivos de sua parte; o paciente não tenta convencer o entrevistador de sua infelicidade e sofrimento. • A hipotimia e a inibição psicomotora (que pode chegar ao estupor) tendem a predominar no quadro clínico.

35 2. Depressão reativa → trata-se de uma “reação” depressiva (K
2. Depressão reativa → trata-se de uma “reação” depressiva (K. Jaspers) a algum fator desencadeante externo na vida do indivíduo, relacionado à perda. • Os episódios depressivos reativos são psicologicamente compreensíveis, no sentido de se poder estabelecer nexos causais entre um evento estressor ambiental e os sintomas depressivos; não há quebra da biografia do sujeito. Tais episódios subdividem-se em leves, moderados e graves. • A ansiedade é um elemento sempre presente nesse caso (inquietação psicomotora: o paciente não pára quieto, insone, irritado, anda de um lado para o outro, desespera-se). • Vivência de insuficiência narcísica (há, mesmo que implicitamente, um pedido de ajuda endereçado ao outro). Mais responsivo aos tratamentos psicoterápicos.

36 3. Distimia → trata-se de um “desenvolvimento” depressivo (K. Jaspers)
3. Distimia → trata-se de um “desenvolvimento” depressivo (K. Jaspers). São as chamadas “personalidades depressivas ou melancólicas”. Tais personalidades apresentam-se sob um fundo psíquico de depressão crônica de intensidade leve e duradoura (os sintomas devem permanecer por mais de 2 anos). • Caracteriza-se por baixa auto-estima, aumento da fadiga, desânimo, anedonia, dificuldades de concentração e de tomada de decisão, mau-humor crônico, irritabilidade e pessimismo. Não chega a constituir propriamente uma depressão clínica (episódio/fase depressivo/a). • Diferentemente da fase depressiva endógena e dos episódios depressivos reativos, não há ruptura súbita do equilíbrio afetivo; os sintomas da distimia permanecem como um fundo vivencial.

37 4. Depressões secundárias → associam-se às: • patologias orgânicas (ex: hiper e hipotireoidismo, hipo e hiperparatireoidismo, lúpus, Parkinson, AVCs etc.); • outras patologias mentais (ex: depressão pós-esquizofrênica); • uso abusivo de substâncias psicoativas (ex: álcool, cocaína, anfetaminas etc.).

38 Dalgalarrondo (2000) assinala outra importante síndrome depressiva: 5
Dalgalarrondo (2000) assinala outra importante síndrome depressiva: 5. Depressão atípica → aos sintomas depressivos, acrescentam-se o aumento do apetite e do sono, sensações do corpo pesado, sensibilidade exacerbada à rejeição, melhora do humor com acontecimentos positivos (e vice-versa), fobias e aspecto histriônico (teatralidade, sugestionabilidade etc.) associados.

39 OBS: não confundir tristeza com depressão.
LUTO → tristeza normal relacionada à perda de algum objeto afetivamente investido pelo sujeito; no luto “é o mundo externo que se torna pobre e vazio” (Freud, ESB, v. XIV). DEPRESSÃO → tristeza patológica relacionada à perda de algum objeto afetivamente investido pelo sujeito (este último “cai” junto com o objeto perdido); na depressão “é o próprio ego que se torna pobre e vazio” (Freud, ESB, v. XIV) – daí seus sintomas típicos: diminuição da auto-estima (auto-recriminação/auto-envilecimento/expectativa de punição) e empobrecimento do eu.

40 TRANSTORNOS MANÍACOS Sintoma central: euforia, exaltação do humor.
Deve estar presente a aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo), apresentando agitação motora. Aumento da auto-estima; elação (engrandecimento do eu); insônia; logorréia; fuga de idéias; hipervigilância; irritabilidade; heteroagressividade; desinibição social e sexual; compras exageradas; delírios de grandeza; alucinações; labilidade afetiva.

41 1. Mania Os sintomas citados aparecem de forma muito acentuada. 2. Hipomania Sujeito mais disposto que o normal, fala muito mas sem fuga de idéias, sem limites. Pouco sono, excessivo nas atividades diárias. Sem disfunção social.

42 TRANSTORNOS AFETIVOS 1. Transtorno Depressivo Recorrente Grave [CID] / Transtorno Depressivo Maior [DSM] (antiga “Depressão Unipolar”) • Diagnostica-se este transtorno quando o sujeito apresenta, durante sua vida, várias fases depressivas (depressão endógena), não intercaladas com fases maníacas. • As fases depressivas, geralmente, duram entre 2 e 12 semanas.

43 2. Transtornos Bipolares (antiga “Psicose Maníaco-Depressiva”)
Tipo I: fases depressivas, intercaladas com períodos de normalidade e de fases maníacas bem caracterizadas. Tipo II: fases depressivas, intercaladas com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. Ciclador rápido → paciente que apresenta mais de 4 fases bem distintas de depressão e (hipo)mania, num período de 1 ano. 3. Transtorno Ciclotímico (ou Ciclotimia) Pacientes que apresentam ao longo da vida freqüentes períodos de leves sintomas depressivos, seguidos de períodos de hipomania. Isto ocorre sem que o indivíduo apresente um episódio completo de mania ou depressão.

44 TRANSTORNOS PSICÓTICOS
1. ESQUIZOFRENIA • Aproximadamente 1% da população é afetada pela esquizofrenia. • Equivalente em ambos sexos (17 a 27 anos homens e 17 a 37 anos nas mulheres). • Sintomas de Primeira Ordem de Kurt Schneider: percepção delirante; alucinação com vozes de comando; eco do pensamento; roubo do pensamento; difusão do pensamento; vivência de influência. Existe um perda da relação eu-mundo, imposição do que vem de fora.

45 Esquizofrenia (cont.) • Sintomas positivos: alucinação, delírios, comportamento bizarro, agitação psicomotora, neologismos. • Sintomas negativos: distanciamento afetivo, retração social, empobrecimento da fluência verbal, diminuição da vontade, autonegligência, lentificação psicomotora.

46 Curso da Esquizofrenia: • trata-se de uma doença crônica (tende à cronicidade e à deterioração da personalidade); • evolui por surtos (produz seqüelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à esfera cognitiva do indivíduo); • perto de ¼ dos pacientes têm apenas um surto e se recupera quase que integralmente; • metade de todos os pacientes esquizofrênicos apresenta uma sucessão de surtos, ao longo de vários anos, intercalados com fases de relativa normalidade; • os sintomas negativos tendem a surgir tardiamente no curso da doença, agravando-se com sua progressão.

47 Subtipos de esquizofrenia
Forma paranóide: idéias delirantes de cunho persecutório. Forma catatônica: alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea, negativismo, mutismo. Forma hebefrênica: pensamento desorganizado, comportamento bizarro, afeto pueril. Forma residual: predominância dos sintomas negativos, tendo sido precedido por sintomas positivos; Forma simples: sem sintomas característicos, observa-se um lento empobrecimento psíquico, comportamental, embotamento afetivo e distanciamento social.

48 TIPO I: predomínio de sintomas positivos
TIPO II: predomínio de sintomas negativos Geralmente, os esquizofrênicos tipo I têm um ajustamento melhor antes do transtorno, início mais tardio dos sintomas e maior possibilidade de melhora, respondendo melhor aos antipsicóticos que os do tipo II. ESQUIZOFRENIA

49 2. Paranóia (transtorno delirante)
Caracteriza-se por delírios sistematizados (encistado ou cristalizado), não-bizarros, com preservação da personalidade e da cognição. Diferentemente da esquizofrenia, não há déficits nas esferas da afetividade nem da vontade. Ocorre, geralmente, após os 35 anos.

50 “Esta singular afecção, na qual a autofilia e as idéias persecutórias se desenvolvem insidiosamente, sem que a vontade ou a afetividade sejam afetadas, chama-se ‘paranóia’. Nessa doença instala-se um ‘sistema’ produzido ao mesmo tempo por um delírio e por um modo de interpretar todos os fatos em função desse delírio. Estabelece-se uma maneira de enxergar o mundo bem peculiar que o doente adapta a cada fato que lhe acomete. A evolução é essencialmente crônica e lenta. Os pacientes começam apresentando suspeitas, as quais, dentro em breve, transformam-se em certeza para, finalmente, darem lugar a uma convicção inabalável. As idéias delirantes se juntam aos fatos que são submetidos a uma interpretação patológica. Nunca se constata alucinações sensoriais, a não ser a título excepcional; mas, de vez em quando, percebem-se erros de memória. Como os doentes não atraem muita atenção, sua afecção pode se prolongar por vários anos passando despercebida e eles raramente são vistos nos asilos. Eles estão, no mais, em condições de exercer uma profissão que lhes permita viver” (Kraepelin, 1984, p. 186).

51 PRINCIPAIS TRANSTORNOS DO CAMPO DAS PERVERSÕES
PARAFILIAS (Transtornos Sexuais [DSM] ou Transtornos de preferência sexual [CID]): Fetichismo Travestismo fetichista ≠ Transexualismo Frotteurismo Exibicionismo Voyerismo Pedofilia Masoquismo sexual Sadismo sexual Parafilias Sem Outra Especificação (PSOE): zoofilia, necrofilia etc.

52 PSICOPATIA/SOCIOPATIA (Transtorno da personalidade anti-social)
Segundo as descrições de H. Cleckley, em The Mask of Sanity (“A Máscara da Sanidade” ), as principais características do psicopata são agrupadas em dezesseis itens: 1 – Aparência sedutora e boa inteligência 2 – Ausência de delírios e de outras alterações patológicas do pensamento 3 – Ausência de “nervosidade” ou manifestações psiconeuróticas 4 – Não confiabilidade 5 – Desprezo para com a verdade e insinceridade 6 – Falta de remorso ou culpa 7 – Conduta anti-social não motivada pelas contingências

53 8 – Julgamento pobre e falha em aprender através da experiência
9 – Egocentrismo patológico e incapacidade para amar 10 – Pobreza geral na maioria das reações afetivas 11 – Perda específica de insight (compreensão interna) 12 – Não reatividade afetiva nas relações interpessoais em geral 13 – Comportamento extravagante e inconveniente, algumas vezes sob a ação de bebidas, outras não 14 – Suicídio raramente praticado 15 – Vida sexual impessoal, trivial e mal integrada 16 – Falha em seguir qualquer plano de vida (Cleckley, 1988, p ).

54 “(...) em nossa profissão, sem dúvida alguma, é muito melhor conhecer bem a obra de Sófocles, Eurípedes, Shakespeare, Dostoievsky e Machado, do que decorar síndromes, códigos e listas. O que vemos realmente todos os dias em nossos consultórios e enfermarias são frustrados Édipos, Orestes e Electras, ou prosaicos Hamlets, Karamazovs e Bentinhos, e não as siglas vazias do DSM-IV” (Bastos, 2000, p. 79).

55 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Quarta Edição – Revista (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed, 2002 BARLOW, D. H. & DURAND, V. M. Psicopatologia: uma abordagem integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008. BASTOS, C. L. Manual do Exame Psíquico. Uma introdução prática à psicopatologia. (2ª ed.) Rio de Janeiro: Revinter, 2000. CLECKLEY, H. M. (1941) The Mask of Sanity — An Attempt to Clarify Some Issues About the So-Called Psychopathic Personality. Fifth Edition. Augusta, Georgia: Emily S. Cleckley, p. COMER, R. J. Psicologia do Comportamento Especial. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2008.

56 DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000. FRANCO, R. F. Psiquiatria: diagnóstico e tratamento. Disponível em (acessado em 07/07/07). FREUD, S. (1917) “Luto e Melancolia”. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, v. XIV. JASPERS, K. (1913) Psicopatologia Geral: psicologia compreensiva, explicativa e fenomenologia. Rio de Janeiro/São Paulo: Livraria Atheneu, vols. KAPLAN, H. I. et. al. Compêndio de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 1997. KRAEPELIN, E. (1905) Introduction à la psychiatrie clinique. Paris: Navarin Editeur, 1984. PAIM, I. Curso de psicopatologia. 11 ed. rev. e ampl. São Paulo: EPU, 1993. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

57 SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu
SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo: Companhia das Letras, SCHREBER, D. P. (1903) Memórias de um doente dos nervos. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

58 TRANSTORNOS DA ANSIEDADE
“Talvez a capacidade de viver pelas leis da probabilidade em vez de pelas leis da possibilidade seja o que separa as pessoas com transtornos de ansiedade – que portam muitos medos irracional – das pessoas ditas ‘normais’ ” (COMER, 2003, p. 96).

59 1 – Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG) • O paciente sofre sensações gerais e persistentes de ansiedade na maior parte do dia por, pelo menos, trinta dias. • Vivência de uma “ansiedade à deriva”. São comuns também insônia, irritabilidade, angústia, diminuição da concentração, taquicardia, tonturas, epigastralgia, formigamentos, sudorese fria. • É comum a co-morbidade com a depressão. • Sua prevalência está em torno de 3% (Reino Unido) a 4% (EUA) da população. • Pode surgir em qualquer idade, embora seu surgimento seja mais comum na infância e adolescência. • As mulheres têm duas vezes mais chances de desenvolver o transtorno que os homens. • Os sintomas devem causar um sofrimento clinicamente significativo para prejudicar a vida social e ocupacional do sujeito.

60 2 – Fobias • O paciente sofre um medo persistente e irracional de um objeto ou de uma situação específicos, que passam a ser evitados inclusive em pensamento. • O simples fato de pensar no objeto temido pode causar reações intensas de medo no paciente. • A maioria das pessoas com fobias sabe que seus medos são excessivos e irracionais. • Estes medos podem interferir de maneira drástica na vida pessoal, social ou profissional dos pacientes. • As fobias subdividem-se em três categorias: Fobias Específicas, Fobia Social e Agorafobia.

61 2.a - Fobia Específica (ou Fobia Simples) • São os tipos mais comuns de fobias. O paciente sofre um medo persistente e irracional de um objeto ou de uma situação específicos (ex: fobia de animais, insetos, altura, espaços fechados, tempestades, sangue etc.). • Sua prevalência é de 9% da população norte-americana em qualquer ano escolhido e 11% desta população desenvolve uma fobia específica durante a vida, podendo apresentar mais de uma ao mesmo tempo. • Sua incidência é duas vezes maior em mulheres que em homens (pesquisas realizadas nos EUA, Canadá e Europa). • As fobias específicas manifestas na infância podem remitir espontaneamente; as que se prolongam pela vida adulta e as que surgem neste período, em geral, só remitem com o tratamento adequado.

62 2.b - Fobia Social (Transtorno da Ansiedade Social) • As pessoas com fobias sociais sentem medos graves, persistentes e irracionais de situações sociais ou de atuação em que possa ocorrer embaraço. • Expressam medo de se comportar de forma inadequada ao interagir com outras pessoas ou agir na frente delas. • Tais pessoas vivem sempre julgando que estão agindo de modo menos adequado do que realmente agem. • Sua prevalência é de até 8% da população norte-americana em qualquer ano escolhido, numa proporção de 3 mulheres para cada 2 homens. • Geralmente, este transtorno manifesta-se no final da infância ou na adolescência, podendo persistir por muitos anos, embora possa variar de intensidade.

63 2.c – Agorafobia • As pessoas com agorafobia sentem medo de sair de casa e de se dirigirem a lugares públicos, principalmente quando desacompanhadas. • Sua intensidade pode variar; nos casos mais graves, os pacientes tornam-se prisioneiros virtuais de suas próprias casas. • Geralmente, a agorafobia ocorre associada ao transtorno do pânico; pesquisas têm mostrado que os ataques de pânico (ou sintomas semelhantes ao pânico) preparam o terreno para sua manifestação.

64 3 – Transtorno do Pânico • A característica principal deste transtorno são os ataques de pânico (explosões de terror) que ocorrem de forma repetida e súbita, sem razão aparente. • Intensas crises de ansiedade, com descarga do sistema nervoso autonômico (taquicardia, sudorese, tremores, dispnéia, náuseas etc.), parestesias, despersonalização, sensação de perda de controle ou de morte iminente, sensação de desmaio, calafrios ou ondas de calor. • As pessoas com esse diagnóstico também devem sofrer alterações disfuncionais no pensamento ou no comportamento como resultado dos ataques de pânico por um período de, no mínimo, um mês (p. ex.: preocupar-se de maneira persistente em sofrer outro ataque ou organizar sua vida em função da possibilidade de um ataque futuro).

65 Transtorno do Pânico (cont.)
• Cerca de 2,3% da população norte-americana desenvolve um dos dois tipos de transtorno do pânico em qualquer ano que se escolha; 3,5% desta população desenvolve um desses transtornos durante a vida. • Os dois tipos de transtorno do pânico (com e sem agorafobia) têm mais possibilidade de se desenvolverem entre o final da adolescência e os 35 anos, sendo pelo menos duas vezes mais comuns em mulheres do que em homens. • Em alguns casos de agorafobia, os sintomas de pânico nunca atingem o estado pleno do transtorno do pânico; deve-se diagnosticar nesses casos: Agorafobia Sem Histórico de Transtorno do Pânico.

66 4 – Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC)
• As pessoas com TOC são perseguidas por pensamentos[1], idéias[2], impulsos[3], imagens[4], dúvidas[5]... ansiógenas e persistentes que parecem invadir a consciência [obsessões] e/ou por comportamentos repetitivos e rígidos ou atos mentais que as pessoas se sentem compelidas a executar [compulsões] a fim de evitar ou reduzir a ansiedade. • Conforme o DSM-IV, este diagnóstico é apropriado quando as obsessões ou compulsões forem graves, percebidas pela pessoa como excessivas e irracionais, causarem grande aflição, consumirem um tempo considerável ou interferirem nas funções diárias. [1] Ex: pensar de forma repetida na morte do cônjuge. [2] Ex: impressão de que há germes à espreita por toda parte. [3] Ex: necessidade constante de gritar obscenidades no trabalho ou na igreja. [4] Ex: visões fugidias de cenas proibidas de sexo. [5] Ex: preocupação exagerada de ter tomado ou de tomar uma decisão errada.

67 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (cont.)
• O TOC é classificado como um transtorno da ansiedade porque as obsessões dos pacientes causam ansiedade intensa, ao passo que as compulsões têm como objetivo preveni-las ou reduzi-las. • Em qualquer ano que se escolha, 2% da população dos EUA e do Reino Unido sofrem de TOC. Sua incidência é a mesma em homens e mulheres, embora entre as crianças, seja mais comuns em meninos. • O transtorno geralmente começa no início da idade adulta, persistindo por vários anos, embora seus sintomas e sua gravidade variem com o tempo. É comum a co-morbidade com as depressões e com os transtornos alimentares.

68 5 – Transtornos de Estresse
• São quadros clínicos de ansiedade e/ou depressão que se seguem a eventos psicologicamente traumáticos e que persistem por muito tempo após o trauma. • O evento geralmente envolve uma lesão grave verdadeira ou ameaçada – ameaças de morte ou de atentados, combate, estupro, terremoto, seqüestro, desastre de avião, enchentes, atentados terroristas etc. • Revivência em flash-backs, em pesadelos ou pensamentos e imagens dos fatos traumáticos. • Esquiva persistente de determinados estímulos, atividades ou situações ligados ao trauma. • Diferentemente de outros transtornos de ansiedade, em geral desencadeados por objetos ou situações que a maioria das pessoas não acharia ameaçadores, a situação que provoca os transtornos de estresse seria traumática para qualquer um.

69 Transtornos de Estresse (cont.)
• Se os sintomas começarem dentro de quatro semanas após o evento traumático e durarem menos de um mês, indica-se um diagnóstico de Transtorno de Estresse Agudo (DSM-IV-TR, 2002). • Se os sintomas começarem logo após o evento traumático ou muito tempo depois e persistirem por mais de um mês, indica-se o diagnóstico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (DSM-IV-TR, 2002). • Muitos casos de Transtorno de Estresse Agudo evoluem para um Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Exceto pelas diferenças no início e na duração, os sintomas desses dois tipos de transtornos de ansiedade são quase idênticos.

70 TRANSTORNOS SOMATOFORMES
• Constituem um padrão de queixas orgânicas de causa psicológica (psicogenia) CONVERSIVO SOMATIZAÇÃO DOLOROSO há uma mudança real no funcionamento físico HIPOCONDRIA DISMORFOFOBIA preocupação exagerada com problemas físicos imaginários HISTÉRICOS TRANST. SOMATOFORMES DE PREOCUPAÇÃO

71 TRANSTORNOS SOMATOFORMES HISTÉRICOS
1. Transtorno de Conversão (Conversivo) • Ocorre a conversão da angústia para o corpo, manifesta por sintomas físicos que afetam o funcionamento motor voluntário ou sensorial (“sintomas pseudoneurológicos”: paralisias, alterações na marcha, cegueira, tontura, perda da sensibilidade etc.). • Geralmente começa entre o final da infância e início da idade adulta. • Os sintomas surgem, geralmente, em situações de estresse extremo e duram algumas semanas. • É duas vezes mais comum em mulheres que em homens. São raros (acometem, no máximo, 5 em cada 1000 pessoas).

72 Características da conversão:
SINTOMAS HISTÉRICOS ≠ SINTOMAS CLÍNICOS (PSICOGÊNESE) (ORGANOGÊNESE) Características da conversão: é um fenômeno transitório, vivenciado, muitas vezes, com “indiferença” pela pessoa acometida (la belle indifférence des histeriques); ausência de lesão orgânica; os sintomas corporais não seguem as leis biológicas (anatômicas ou fisiológicas); a região somática afetada pelo sintoma conversivo corresponde à parte do corpo outrora afetada pelo “trauma” psíquico (“complacência somática” – S. Freud).

73 2. Transtorno de somatização (Síndrome de Briquet)
• os pacientes sofrem inúmeros problemas físicos duradouros (mais de 2 anos), com pouca ou nenhuma base orgânica; • apresentam queixam múltiplas que incluem 4 sintomas de dores (cabeça, peito etc.), 2 sintomas gastrintestinais (náuseas, diarréia etc.), 1 sintoma sexual (dificuldades eréteis e menstruais etc.) e 1 sintoma neurológico (visão dupla, paralisia etc.) – OBS: são comuns sensações cutâneas anormais (erupções ou manchas, coceiras, queimação etc.); • muitas vezes estes pacientes descrevem seus sintomas em termos dramáticos e exagerados (componente histriônico); a maioria deles também se sente ansiosa e/ou deprimida;

74 Transtorno de somatização (cont.)
• é muito mais comum em ♀s (0,2 a 2%) que em ♂s (menos de 0,2%) – dados dos EUA; • costuma começar entre a adolescência e a idade adulta; • persiste por muito mais tempo que o transtorno de conversão, geralmente por muitos anos; • a ênfase está nos sintomas em si e em seus efeitos individuais; o paciente pede tratamento para eliminar os sintomas; pode resultar em abuso ou dependência da medicação (geralmente sedativos e analgésicos).

75 3. Transtorno da dor psicogênica (ou doloroso)
• diferentemente dos transtornos de conversão e de somatização, nos quais os pacientes podem também sofrer dor, neste transtorno, a dor é o elemento principal (sintoma-chave); • a queixa predominante é de dor persistente, grave e angustiante, a qual não pode ser explicada por um processo fisiológico ou por um transtorno físico – nesse caso, fatores psicológicos exercem um papel central no início, na gravidade ou na continuação da dor; • é razoavelmente comum, sendo mais prevalente nas ♀s que nos ♂s, podendo começar em qualquer idade; • muitas vezes, ele se desenvolve depois de um acidente ou durante uma doença que causaram dor genuína.

76 TRANSTORNOS SOMATOFORMES DE PREOCUPAÇÃO
Hipocondria • os pacientes hipocondríacos interpretam de modo não-realista seus sintomas corporais ocasionais (tosse, dor, transpiração etc.) como sinais de doenças graves; • diferencia-se do transtorno de somatização na medida em que a preocupação com os sintomas corporais (e a ansiedade resultante desta preocupação excessiva) prepondera sobre os próprios sintomas corporais; • nesse caso, a ênfase recai sobre a suposta doença subjacente e as suas conseqüências futuras;

77 Hipocondria (cont.) • o paciente tende a pedir investigações (exames clínicos) para determinar ou confirmar a natureza da suposta doença subjacente; • diferentemente do somatizador poliqueixoso, o hipocondríaco preocupa-se com apenas um ou dois supostos transtornos físicos. • começa geralmente no início da idade adulta (raramente começam após os 50 anos); • sua prevalência é igual em ♀s e em ♂s; • acomete de 1 a 5% da população (EUA).

78 2. Transtorno Dismórfico Corporal (ou Dismorfofobia)
• há uma preocupação excessiva com alguma imperfeição imaginária ou mínima com relação à própria aparência (ex: rugas, espinhas, excesso de pêlos faciais, peso, rosto inchado, nariz, boca, queixo ou sobrancelhas malformados, aparência dos pés, das mãos, dos seios, do pênis, maus odores provenientes de suor, dos órgãos genitais etc.); • os pacientes com este transtorno recorrem a vários subterfúgios para esconder seus supostos defeitos, inclusive recorrendo à cirurgia plástica; • 30% dos sujeitos com este transtorno restringem-se às suas casas e 17% já tentaram o suicídio; • começa geralmente na adolescência; • acomete até 2% da população (EUA); • sua prevalência é igual em ♀s e ♂s.

79 Segundo a concepção psicopatológica, baseada na patologia geral e na escola jaspersiana, os cursos crônicos dos transtornos mentais são: PROCESSO: quando há ruptura do desenvolvimento existencial (biográfico) e surgimento de um evento novo, que produz alteração permanente da vida psíquica (personalidade). Refere-se à alteração patológica irreversível que surge sem clara relação ou nexo causal com a personalidade pré-mórbida, de forma não-compreensível (natureza endógena – supostamente neurobiológica). Ex: processos demenciais (orgânicos), processos esquizofrênicos (psíquicos).

80 DESENVOLVIMENTO PSICOPATOLÓGICO : refere-se ao desenvolvimento psicologicamente anormal e compreensível de uma personalidade, como no caso das personalidades depressivas (distímicas), oligofrênicas, psicopáticas ou neuróticas; não há ruptura da personalidade. “São critérios biográficos do processo: o aparecimento da novidade em espaço de tempo curto, temporalmente localizável, a concomitância de sintomas conhecidos variados a esse tempo, a ausência de causa desencadeadora ou de vivência suficientemente baseada. Falamos, ao contrário, em desenvolvimento de uma personalidade, desde que possamos compreender, no conjunto das categorias biográficas, o que veio a acontecer, pressupondo a normalidade biológica do evento básico.” (Jaspers, 1985, p. 847)

81 Os cursos agudos dos transtornos mentais são:
REAÇÃO: pressupõe sempre um fator desencadeante externo (vivência), responsável pela deflagração do transtorno mental de forma compreensível e relacionado às características da personalidade do sujeito (ex: reações depressivas, paranóides etc.); não há ruptura da personalidade. “As reações autênticas, cujo conteúdo tem conexão compreensível com a vivência, que não se dariam sem a vivência; e cujo curso depende da vivência e de suas conexões. [...] existe a tendência posterior ao reconhecimento claro da doença, ficando o paciente em condições de encará-la como algo completamente alheio.” (Jaspers, 1985, p. 460)

82 FASE: refere-se, particularmente, aos períodos de depressão e
FASE: refere-se, particularmente, aos períodos de depressão e (hipo)mania das psicoses afetivas: depressão cíclica e transtornos bipolares. Surge de forma incompreensível, tendo um caráter endógeno. Implica ruptura reversível da personalidade, já que quase sempre há restitutio ad integrum. SURTO: é uma ocorrência aguda, que se instala de forma repentina, não-compreensível psicologicamente, fazendo eclodir uma doença de base endógena. No campo dos transtornos mentais, o surto restringe-se à esquizofrenia. Caracteriza-se por produzir seqüelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à esfera cognitiva do sujeito (ex: surto hebefrênico, catatônico, paranóide etc.).

83 CRISE ou ATAQUE: caracteriza-se, geralmente, pelo
CRISE ou ATAQUE: caracteriza-se, geralmente, pelo surgimento e término abruptos, durando segundos ou minutos, raramente horas (ex: crises epiléticas, crises histéricas, ataques de pânico etc.). EPISÓDIO: geralmente, tem a duração de dias até semanas. Na prática, é comum utilizar-se esse termo de forma inespecífica, quando não se tem condições de precisar a natureza do fenômeno mórbido (ex: episódio depressivo).

84 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
Elemento central: humor triste. Outros elementos: 1) psíquica (auto-desvalorização, anedonia, fadiga, déficit da atenção, memória e dificuldade para tomar decisões, apatia, desesperança). 2) esfera instintiva e neurovegetativa (insônia ou hipersonia, perda de apetite, diminuição da libido). 3) alterações ideativas (ideação negativa, pessimismo, arrependimento e culpa, ruminações de mágoas, idéias de morte, plano de atos suicidas). 4) psicomotoras (permanecer na cama, lentificação psicomotora, estupor, mutismo, negativismo). 5) sintomas psicóticos (idéias delirantes de cunho negativo, ruína ou miséria, culpa, negação de órgãos e delírio de inexistência) e alucinações.

85 Mais comum em pessoas separadas, solteiras e viúvas.
Mais comum nas mulheres. Mais comum em pessoas que moram sozinhas ou vivenciam violência, desemprego, perda de entes queridos, estresse crônico e falta de suporte social. Em pacientes internados por doenças clínicas (22 a 33%). 50 a 80% dos pacientes que receberam tratamento para depressão podem apresentar outro episódio de depressão. Inicia-se entre 20 a 44 anos.

86 1. Depressão endógena → trata-se de um “processo” depressivo (K
1. Depressão endógena → trata-se de um “processo” depressivo (K. Jaspers). Também conhecida como depressão “psicótica”, “maior”, “vital”, melancólica” etc. Fases de depressão endógena ocorrem no transtorno depressivo recorrente grave, com e sem sintomas psicóticos (CID-10) / transtorno depressivo maior (DSM-IV) (antiga “depressão unipolar”) e nos transtornos bipolares (antiga “psicose maníaco-depressiva”). • Segundo a OMS, o transtorno depressivo maior afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, sendo a primeira causa de incapacidade para o trabalho entre todos os problemas de saúde e a quarta causa de ônus social. • Alguns autores (ex: Jaspers) associam-na a fatores neurobiológicos (não-compreensíveis psicologicamente).

87 Depressão endógena (cont.)
• Caracteriza-se por uma vivência de insuficiência radical (tristeza vital). Durante a fase depressiva, é praticamente impossível estabelecer vínculos terapêuticos adequados com o paciente devido à ausência de investimentos afetivos de sua parte; o paciente não tenta convencer o entrevistador de sua infelicidade e sofrimento. • A hipotimia e a inibição psicomotora (que pode chegar ao estupor) tendem a predominar no quadro clínico.

88 2. Depressão reativa → trata-se de uma “reação” depressiva (K
2. Depressão reativa → trata-se de uma “reação” depressiva (K. Jaspers) a algum fator desencadeante externo na vida do indivíduo, relacionado à perda. • Os episódios depressivos reativos são psicologicamente compreensíveis, no sentido de se poder estabelecer nexos causais entre um evento estressor ambiental e os sintomas depressivos; não há quebra da biografia do sujeito. Tais episódios subdividem-se em leves, moderados e graves. • A ansiedade é um elemento sempre presente nesse caso (inquietação psicomotora: o paciente não pára quieto, insone, irritado, anda de um lado para o outro, desespera-se). • Vivência de insuficiência narcísica (há, mesmo que implicitamente, um pedido de ajuda endereçado ao outro). Mais responsivo aos tratamentos psicoterápicos.

89 3. Distimia → trata-se de um “desenvolvimento” depressivo (K. Jaspers)
3. Distimia → trata-se de um “desenvolvimento” depressivo (K. Jaspers). São as chamadas “personalidades depressivas ou melancólicas”. Tais personalidades apresentam-se sob um fundo psíquico de depressão crônica de intensidade leve e duradoura (os sintomas devem permanecer por mais de 2 anos). • Caracteriza-se por baixa auto-estima, aumento da fadiga, desânimo, anedonia, dificuldades de concentração e de tomada de decisão, mau-humor crônico, irritabilidade e pessimismo. Não chega a constituir propriamente uma depressão clínica (episódio/fase depressivo/a). • Diferentemente da fase depressiva endógena e dos episódios depressivos reativos, não há ruptura súbita do equilíbrio afetivo; os sintomas da distimia permanecem como um fundo vivencial.

90 4. Depressões secundárias → associam-se às: • patologias orgânicas (ex: hiper e hipotireoidismo, hipo e hiperparatireoidismo, lúpus, Parkinson, AVCs etc.); • outras patologias mentais (ex: depressão pós-esquizofrênica); • uso abusivo de substâncias psicoativas (ex: álcool, cocaína, anfetaminas etc.).

91 Dalgalarrondo (2000) assinala outra importante síndrome depressiva: 5
Dalgalarrondo (2000) assinala outra importante síndrome depressiva: 5. Depressão atípica → aos sintomas depressivos, acrescentam-se o aumento do apetite e do sono, sensações do corpo pesado, sensibilidade exacerbada à rejeição, melhora do humor com acontecimentos positivos (e vice-versa), fobias e aspecto histriônico (teatralidade, sugestionabilidade etc.) associados.

92 OBS: não confundir tristeza com depressão.
LUTO → tristeza normal relacionada à perda de algum objeto afetivamente investido pelo sujeito; no luto “é o mundo externo que se torna pobre e vazio” (Freud, ESB, v. XIV). DEPRESSÃO → tristeza patológica relacionada à perda de algum objeto afetivamente investido pelo sujeito (este último “cai” junto com o objeto perdido); na depressão “é o próprio ego que se torna pobre e vazio” (Freud, ESB, v. XIV) – daí seus sintomas típicos: diminuição da auto-estima (auto-recriminação/auto-envilecimento/expectativa de punição) e empobrecimento do eu.

93 TRANSTORNOS MANÍACOS Sintoma central: euforia, exaltação do humor.
Deve estar presente a aceleração de todas as funções psíquicas (taquipsiquismo), apresentando agitação motora. Aumento da auto-estima; elação (engrandecimento do eu); insônia; logorréia; fuga de idéias; hipervigilância; irritabilidade; heteroagressividade; desinibição social e sexual; compras exageradas; delírios de grandeza; alucinações; labilidade afetiva.

94 1. Mania Os sintomas citados aparecem de forma muito acentuada. 2. Hipomania Sujeito mais disposto que o normal, fala muito mas sem fuga de idéias, sem limites. Pouco sono, excessivo nas atividades diárias. Sem disfunção social.

95 TRANSTORNOS AFETIVOS 1. Transtorno Depressivo Recorrente Grave [CID] / Transtorno Depressivo Maior [DSM] (antiga “Depressão Unipolar”) • Diagnostica-se este transtorno quando o sujeito apresenta, durante sua vida, várias fases depressivas (depressão endógena), não intercaladas com fases maníacas. • As fases depressivas, geralmente, duram entre 2 e 12 semanas.

96 2. Transtornos Bipolares (antiga “Psicose Maníaco-Depressiva”)
Tipo I: fases depressivas, intercaladas com períodos de normalidade e de fases maníacas bem caracterizadas. Tipo II: fases depressivas, intercaladas com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas. Ciclador rápido → paciente que apresenta mais de 4 fases bem distintas de depressão e (hipo)mania, num período de 1 ano. 3. Transtorno Ciclotímico (ou Ciclotimia) Pacientes que apresentam ao longo da vida freqüentes períodos de leves sintomas depressivos, seguidos de períodos de hipomania. Isto ocorre sem que o indivíduo apresente um episódio completo de mania ou depressão.

97 TRANSTORNOS PSICÓTICOS
1. ESQUIZOFRENIA • Aproximadamente 1% da população é afetada pela esquizofrenia. • Equivalente em ambos sexos (17 a 27 anos homens e 17 a 37 anos nas mulheres). • Sintomas de Primeira Ordem de Kurt Schneider: percepção delirante; alucinação com vozes de comando; eco do pensamento; roubo do pensamento; difusão do pensamento; vivência de influência. Existe um perda da relação eu-mundo, imposição do que vem de fora.

98 Esquizofrenia (cont.) • Sintomas positivos: alucinação, delírios, comportamento bizarro, agitação psicomotora, neologismos. • Sintomas negativos: distanciamento afetivo, retração social, empobrecimento da fluência verbal, diminuição da vontade, autonegligência, lentificação psicomotora.

99 Curso da Esquizofrenia: • trata-se de uma doença crônica (tende à cronicidade e à deterioração da personalidade); • evolui por surtos (produz seqüelas irreversíveis, danos à personalidade e/ou à esfera cognitiva do indivíduo); • perto de ¼ dos pacientes têm apenas um surto e se recupera quase que integralmente; • metade de todos os pacientes esquizofrênicos apresenta uma sucessão de surtos, ao longo de vários anos, intercalados com fases de relativa normalidade; • os sintomas negativos tendem a surgir tardiamente no curso da doença, agravando-se com sua progressão.

100 Subtipos de esquizofrenia
Forma paranóide: idéias delirantes de cunho persecutório. Forma catatônica: alterações motoras, hipertonia, flexibilidade cerácea, negativismo, mutismo. Forma hebefrênica: pensamento desorganizado, comportamento bizarro, afeto pueril. Forma residual: predominância dos sintomas negativos, tendo sido precedido por sintomas positivos; Forma simples: sem sintomas característicos, observa-se um lento empobrecimento psíquico, comportamental, embotamento afetivo e distanciamento social.

101 TIPO I: predomínio de sintomas positivos
TIPO II: predomínio de sintomas negativos Geralmente, os esquizofrênicos tipo I têm um ajustamento melhor antes do transtorno, início mais tardio dos sintomas e maior possibilidade de melhora, respondendo melhor aos antipsicóticos que os do tipo II. ESQUIZOFRENIA

102 2. Paranóia (transtorno delirante)
Caracteriza-se por delírios sistematizados (encistado ou cristalizado), não-bizarros, com preservação da personalidade e da cognição. Diferentemente da esquizofrenia, não há déficits nas esferas da afetividade nem da vontade. Ocorre, geralmente, após os 35 anos.

103 “Esta singular afecção, na qual a autofilia e as idéias persecutórias se desenvolvem insidiosamente, sem que a vontade ou a afetividade sejam afetadas, chama-se ‘paranóia’. Nessa doença instala-se um ‘sistema’ produzido ao mesmo tempo por um delírio e por um modo de interpretar todos os fatos em função desse delírio. Estabelece-se uma maneira de enxergar o mundo bem peculiar que o doente adapta a cada fato que lhe acomete. A evolução é essencialmente crônica e lenta. Os pacientes começam apresentando suspeitas, as quais, dentro em breve, transformam-se em certeza para, finalmente, darem lugar a uma convicção inabalável. As idéias delirantes se juntam aos fatos que são submetidos a uma interpretação patológica. Nunca se constata alucinações sensoriais, a não ser a título excepcional; mas, de vez em quando, percebem-se erros de memória. Como os doentes não atraem muita atenção, sua afecção pode se prolongar por vários anos passando despercebida e eles raramente são vistos nos asilos. Eles estão, no mais, em condições de exercer uma profissão que lhes permita viver” (Kraepelin, 1984, p. 186).

104 PRINCIPAIS TRANSTORNOS DO CAMPO DAS PERVERSÕES
PARAFILIAS (Transtornos Sexuais [DSM] ou Transtornos de preferência sexual [CID]): Fetichismo Travestismo fetichista ≠ Transexualismo Frotteurismo Exibicionismo Voyerismo Pedofilia Masoquismo sexual Sadismo sexual Parafilias Sem Outra Especificação (PSOE): zoofilia, necrofilia etc.

105 PSICOPATIA/SOCIOPATIA (Transtorno da personalidade anti-social)
Segundo as descrições de H. Cleckley, em The Mask of Sanity (“A Máscara da Sanidade” ), as principais características do psicopata são agrupadas em dezesseis itens: 1 – Aparência sedutora e boa inteligência 2 – Ausência de delírios e de outras alterações patológicas do pensamento 3 – Ausência de “nervosidade” ou manifestações psiconeuróticas 4 – Não confiabilidade 5 – Desprezo para com a verdade e insinceridade 6 – Falta de remorso ou culpa 7 – Conduta anti-social não motivada pelas contingências

106 8 – Julgamento pobre e falha em aprender através da experiência
9 – Egocentrismo patológico e incapacidade para amar 10 – Pobreza geral na maioria das reações afetivas 11 – Perda específica de insight (compreensão interna) 12 – Não reatividade afetiva nas relações interpessoais em geral 13 – Comportamento extravagante e inconveniente, algumas vezes sob a ação de bebidas, outras não 14 – Suicídio raramente praticado 15 – Vida sexual impessoal, trivial e mal integrada 16 – Falha em seguir qualquer plano de vida (Cleckley, 1988, p ).

107 “(...) em nossa profissão, sem dúvida alguma, é muito melhor conhecer bem a obra de Sófocles, Eurípedes, Shakespeare, Dostoievsky e Machado, do que decorar síndromes, códigos e listas. O que vemos realmente todos os dias em nossos consultórios e enfermarias são frustrados Édipos, Orestes e Electras, ou prosaicos Hamlets, Karamazovs e Bentinhos, e não as siglas vazias do DSM-IV” (Bastos, 2000, p. 79).

108 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSOCIAÇÃO PSIQUIÁTRICA AMERICANA (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Quarta Edição – Revista (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed, 2002 BARLOW, D. H. & DURAND, V. M. Psicopatologia: uma abordagem integrada. São Paulo: Cengage Learning, 2008. BASTOS, C. L. Manual do Exame Psíquico. Uma introdução prática à psicopatologia. (2ª ed.) Rio de Janeiro: Revinter, 2000. CLECKLEY, H. M. (1941) The Mask of Sanity — An Attempt to Clarify Some Issues About the So-Called Psychopathic Personality. Fifth Edition. Augusta, Georgia: Emily S. Cleckley, p. COMER, R. J. Psicologia do Comportamento Especial. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003. CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2008.

109 DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000. FRANCO, R. F. Psiquiatria: diagnóstico e tratamento. Disponível em (acessado em 07/07/07). FREUD, S. (1917) “Luto e Melancolia”. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, v. XIV. JASPERS, K. (1913) Psicopatologia Geral: psicologia compreensiva, explicativa e fenomenologia. Rio de Janeiro/São Paulo: Livraria Atheneu, vols. KAPLAN, H. I. et. al. Compêndio de Psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 1997. KRAEPELIN, E. (1905) Introduction à la psychiatrie clinique. Paris: Navarin Editeur, 1984. PAIM, I. Curso de psicopatologia. 11 ed. rev. e ampl. São Paulo: EPU, 1993. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

110 SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu
SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo: Companhia das Letras, SCHREBER, D. P. (1903) Memórias de um doente dos nervos. São Paulo: Paz e Terra, 1995.


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