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ARISTÓTELES E A "FILOSOFIA PRIMEIRA"

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Apresentação em tema: "ARISTÓTELES E A "FILOSOFIA PRIMEIRA""— Transcrição da apresentação:

1 ARISTÓTELES E A "FILOSOFIA PRIMEIRA"
Prof. Helder Salvador

2 A "filosofia primeira" de Aristóteles deu à Metafísica o nome, como também o seu conteúdo e as estruturas fundamentais. Como a Lógica aristotélica, durante quase dois mil anos, era simplesmente considerada "a" lógica, do mesmo modo a metafísica aristotélica tornou-se "a" metafísica. Aristóteles, envolvido pela busca do "verdadeiro", enfrenta o repto de perquirir a ciência que explica como e por que o saber pode ser fundamentado.

3 Existe, segundo sua opinião, uma ciência que investiga o ser como ser e os atributos que lhe são próprios em virtude de sua natureza, Ora, esta ciência é diversa de todas as chamadas ciências particulares, pois nenhuma delas trata universalmente do ser como ser. Dividem-no, tomam uma parte e dessa estudam os atributos: é o que fazem, por exemplo, as ciências matemáticas.

4 Mas, como estamos procurando os primeiros princípios e as causas supremas, evidentemente deve haver algo a que eles pertençam como atributos essenciais. Se, pois, andavam em busca desses mesmos princípios aqueles filósofos que pesquisaram os elementos das coisas existentes, é necessário que esses sejam elementos essenciais e não acidentais do ser. Portanto, é do ser enquanto ser que também nós teremos de descobrir as primeiras causas. (cf. Aristóteles, Metafísica, IV 1003a (P. Alegre, Ed. Globo, 1969).

5 Esta ciência (epistéme), pela qual aspirava Aristóteles em toda a sua obra, expressa um "saber fundado", um saber ciente de que necessariamente "é sempre assim", já que conhece a razão (o porquê) daquilo que é conhecido, o seu fundamento (último), a sua "causa". "Estamos buscando os princípios e as causas das coisas que são, e - evidentemente - enquanto são" (Metafísica, VI, 1025b).

6 O lugar próprio da verdade (científica) é o "ser assim como é"
O lugar próprio da verdade (científica) é o "ser assim como é". O que quer dizer concretamente: "aquilo que é enquanto é" (on hê on, ens qua ens). E a ciência fundamental, a "filosofia primeira", deverá considerar "o que é enquanto é“. Tal filosofia será, impreterivelmente, uma ''filosofia do ser" (do "é assim''). Ela responde à necessidade de conhecer o verdadeiro, à radical necessidade de averiguar o "porquê" último.

7 "Poder-se-ia perguntar se a Filosofia Primeira é universal ou se trata de um gênero, isto é, de uma espécie de ser; pois nem mesmo as ciências matemáticas são todas iguais a esse respeito - tanto a Geometria e a Astronomia estudam uma espécie particular de ser, enquanto a Matemática universal se aplica igualmente a todos. A isto respondemos que, se não existe substância além das que são formadas pela Natureza, a Física será a ciência primeira; mas, se existe uma substância imóvel, a ciência que a estuda deve ser anterior, e essa será a Filosofia Primeira, universal no sentido de ser a primeira. E a ela competirá a consideração do ser enquanto ser-tanto da sua essência como dos atributos que lhe pertencem enquanto ser" (Metafísica VI , 1026a 25-30).

8 Aristóteles atribui à metafísica a finalidade de indagar:
a) sobre o ser enquanto ser, b) sobre as causas e princípios primeiros, c) sobre a substância, d) sobre Deus e a substância suprassensível.

9 a) As diferentes acepções de ser
"A ciência do filósofo trata do ser enquanto ser, universalmente e não de um ponto de vista particular. Ora, o ser tem muitos sentidos e não se entende num só" ...(Metafísica XI 1060b 30).

10 "Em vários sentidos se pode dizer que uma coisa 'é'
"Em vários sentidos se pode dizer que uma coisa 'é'. Num desses sentidos, 'ser' significa 'o que uma coisa é', ou uma essência; noutro, designa uma qualidade, uma quantidade ou algum atributo desse gênero. Embora 'ser' tenha todos esses sentidos, é evidente que o que primariamente ‘é’, é a essência, a substância da coisa" (Metafísica VII 1028a 10-15).

11 Já se percebe que "ser" é uma palavra e uma realidade analógica
Já se percebe que "ser" é uma palavra e uma realidade analógica. Seus diferentes significados implicam um ponto de referência unitário, comum: a substância.

12 Uma rápida análise semântica da palavra "ser" mostra que o "é assim" pode ser dito de modos diferentes: 1º - No caso principal, quando se trata de um saber científico (necessário e fundado), ser significa aquilo que o sujeito (do juízo) é em si mesmo (a sua "essência"), aquilo que a ele pertence necessariamente: dizendo "é", enuncia-se a verdade profunda do ser de quem se fala. Este é o "ser-por-essência" (per se).

13 2º - Podem ser verdadeiros também os juízos que não se fundam sobre a essência, que não têm nada de necessário nem de demonstrável, mas que se mostram "verdadeiros de fato". Este é o "ser-por-acidente" (per accidens).

14 3º - "Ser" e "o que é" significam igualmente que algumas coisas "são" em potência e outras em ato. "Pois tanto do que tem a potencialidade de ver como do que efetivamente vê dizemos que é 'vidente'; e, do mesmo modo, dizemos que 'sabe' quer o que pode efetivar o seu conhecimento, quer o que o está efetivando; e tanto do que já se encontra em repouso como do que pode repousar dizemos que repousa"." É denominado de "ser-em-potência" (in potentia).

15 4º - Por outro lado, "ser" e "é" significam que uma proposição é verdadeira, e "não ser", que ela não é verdadeira, mas falsa - é isso tanto no caso da afirmativa como da negativa." O verbo ser, nesta acepção, tem uma função puramente lógica. Servindo para expressar uma negação, jamais pode significar uma existência ou um ser. A sua função é a de ligar ("cópula") o predicado ao sujeito (essere copulae).

16 A "analogia do ser" deve ser compreendida dentro desta perspectiva ontológica. As análises precedentes mostram que o "ser" se diz de modo mais ou menos próprio. Isto quer indicar que não existem diferentes "graus" de ser (como em Platão), mas diferentes "modos" de ser, de existir, realmente. Isto é, o que existe per se o "é" num modo diferente daquele que é per accidens.

17 Assim, o termo "ser" não é unívoco, nem equívoco
Assim, o termo "ser" não é unívoco, nem equívoco. E, apenas, empregado num sentido "análogo", segundo às diferentes significações que possam existir numa determinada relação de seres. No plano ontológico, a palavra "ser" se refere em modo próprio ao "ser por essência" (ousia) e, em modo derivado, através da relação deste com os outros.

18 b) As categorias A "substância", enunciada pelo sujeito do juizo, e os seus "acidentes", afirmados pelos predicados, são também modos diferentes de ser: "em si mesmo" (in se) ou "em outro" (in alio). As modalidades de 'ser em si' são exatamente as indicadas pelas figuras de predicação, pois os sentidos de 'ser' são em número igual ao dessas figuras.

19 Por conseguinte, como alguns predicados indicam o que é o sujeito, outros a sua qualidade, outros a quantidade, outros a relação, outros a atividade ou passividade, outros ainda o 'onde' ou o 'quando', 'ser' tem um significado correspondente a cada uma destas categorias.

20 As "categorias" designam os modos de ser da "ousia"
As "categorias" designam os modos de ser da "ousia". Estes se deduzem novamente de um fato linguístico - do modo pelo qual se enuncia "aquilo que é", dado que o juízo é sempre composto de um sujeito e predicados. O sujeito expressa aquilo que é propriamente, a "ousia" como tal, a substância: o que sustém (substat) todo o ser; ou o que é em si mesmo (ens in se).

21 Quanto aos predicados, Aristóteles distingue nove aspectos, sob os quais pode ser considerado o ser enquanto tal de um sujeito (ou nove maneiras de ser da substância): quantidade (quanto), qualidade (como), relação, lugar (onde), tempo (quando), posição, ter (provido de que coisa), atividade e passividade (paixão). Estas maneiras de ser não existem "em si mesmas", mas somente "em outro" (entia in alio), com mais precisão, na substância.

22 As dez categorias são os gêneros supremos de tudo o que é ou pode ser
As dez categorias são os gêneros supremos de tudo o que é ou pode ser. Contudo, o elenco das categorias de acidente, por ser estabelecido de modo empírico, não é necessário nem exaustivo. Como a "substância" é o objeto principal do estudo da metafísica aristotélica, outras questões a ela se vinculam: 1) Cada ser real (que existe ou pode existir) é composto de forma [morphê], mediante a qual é "tal" ser, e de matéria (hyle) pela qual é "este" ser.

23 Reconhece-se, de fato, um ser por aquilo que é segundo o seu aspecto exterior, peculiar, sempre o mesmo, por aquilo que possui em comum com os outros seres da mesma espécie. A sua forma específica é um conjunto estrutura do de traços característicos que forma um "todo", superior e diverso da soma ou união de suas partes.

24 Indo mais a fundo, constata-se que este ser determinado possui um "princípio interno de unidade", em virtude do qual este se apresenta sempre com o seu aspecto específico: é um gato, não se assemelha apenas a um gato. Para os viventes, é o seu "princípio vital" [psychê] ou entelecheia. Dessa maneira, a forma é o princípio que determina e atualiza a matéria. Constitui a essência de cada coisa. Define o que a coisa é, pertencendo-lhe como constitutivo intrinseco.

25 A matéria, por sua vez, é o princípio constitutivo da realidade sensível. Funciona como "substrato" para a forma. Neste sentido, é potencialidade indeterminada. Tem a possibilidade de ser atualizada, de receber uma forma.

26 O composto de matéria e de forma é, por Aristóteles, chamado de "synolon". Só o "synolon" é considerado substância a título pleno, por integrar a "substancialidade" do princípio material como a do formal." O que existe verdadeiramente, portanto, não é apenas a forma ou a matéria, mas o todo, o concreto; só que é assim como é, em virtude da forma. Certamente, se pode dizer: é a forma que configura o ser. A matéria, como tal, apreendida em si mesma, não é nada (nem isso nem aquilo): é um "puro poder-ser" (potentia pura).

27 2) Tudo o que devém, enquanto tal, é composto de potência (um poder-ser real, determinado pelo ato) e de ato (o ser efetivamente). Analogicamente, a matéria está em potência em relação à forma, e a substância em relação aos seus acidentes."

28 Falar de potência e de ato, relacionados ao devir, movimento (kinesis), traz à tona algumas implicações: 1º) Para que ocorra o devir, é preciso, antes de tudo, perceber que o que devém, mesmo sofrendo transformações, permanece a mesma coisa. Do contrário, não seria este ser que de vérn, mas uma substituição de um ser por outro. É necessário, então, que exista em cada devir um substrato (hypokeimenon). 2º) Todo devir se desenvolve a partir de dois termos: o inicial e o final (semente-árvore, ignorância-saber etc.). O primeiro é caracterizado pela falta (stérêsis: privação) daquilo que se "encontra" (héxis: ter) no termo final: uma perfeição, um "ser-efetivamente-assim" . 3º) O devir se desenvolve de maneira ordenada, numa única direção. No termo inicial do devir, encontra-se um "poder-ser" determinado, algo que pode passar ao ato, pois a ele está ordenado. "E porque tudo que vem a ser move-se em direção a um princípio, isto é, um fim (aquilo para que existe um ser é o seu fim, e o devir se dirige ao fim); ora, o ato é o fim, e a potência existe em vista desse fim". É a partir do ato que se define o poder-ser ou a potência: “o ato é anterior não só à potência como também a qualquer princípio de mudança”.

29 4º) Tudo o que devém é composto de ato e potência, que se dão simultaneamente. Não existe a sucessão isolada dos termos: primeiro, ocorre a potência; depois, o ato. A sucessão é progressiva. O "poder-ser" permanece o mesmo, sendo, paulatinamente, atualizado. 5º) Por esta razão, aquilo que devém não se encontra no termo inicial nem no termo final de sua mudança; apenas se situa entre ambos os termos, pois o que está em devir já está atualizado mas ainda se atualizará. A cada momento do devir, encarna a situação ontológica de termo final e de termo inicial. Esta ideia facilita a compreensão da definição aristotélica de devir: "é o ato de um ser em potência, enquanto ainda está em potência".

30 c) O sentido de "causa" A possibilidade real do devir depende, todavia, ainda de outro fator que Aristóteles chama causa (aitiai). "Causa significa: (1) aquilo de que, como material imanente, provém o ser de uma coisa; p. ex., o bronze é a causa da estátua e a prata, da taça, e do mesmo modo todas as classes que incluem estas. (2) A forma ou modelo, isto é, a definição da essência, e as classes que incluem esta ( ... ); bem como as partes incluídas na definição. (3) Aquilo de que origina a mutação ou a quietação; p. ex., o conselheiro é causa da ação e o pai causa do filho; e, de modo geral, o autor é causa da coisa realizada e o agente modiíicador, causa da alteração. (4) O fim, isto é, aquilo que a existência de uma coisa tem em mira; p. ex., a saúde é causa do passeio. Efetivamente, à pergunta 'por que é que a gente passeia?' respondemos 'para ter saúde', e ao falar assim julgamos ter apontado a causa. O mesmo vale para todos os meios que se interpõem antes do fim, quando alguma outra coisa deu início ao processo, como, p. ex., a dieta, a purgação, as drogas ou os instrumentos intervêm antes de ser lograda a saúde; pois todos a têm em mira, embora difiram uns dos outros pelo fato de alguns serem instrumentos e outros serem ações".

31 Segundo a reflexão acima transcrita, Aristóteles estabelece a existência de quatro causas:
1) No ser que devém, estão presentes, de modo necessário, duas causas "internas": o elemento que muda (a causa formal e o que permanece (a causa material). O elemento material, por exemplo, o lenho do qual é feita a mesa, a cadeira etc, recebe através do processo formativo variadas formas. 2) Fora do ser que devém, agem, ainda, as "causas externas", que impulsionam o termo final do devir à sua realização. Por exemplo, o artista "realiza mediante a sua atividade" (causa eficiente) a "ideia preconcebida" do que realmente quer produzir (causa final). A realização da causa final só é possível sob a influência de uma causa eficiente e externa.

32 No caso dos viventes, a perfeição final já se encontra predeterminada na própria "entélécheia". Esta tem um cunho eminentemente "teleológico". Em conformidade com a natureza da "mudança" que se produz, estas causas apresentam outras conotações: - A "ousia", embora permanecendo a mesma, pode sofrer uma mudança "acidental", receber novos predicados. - Pode também ser destruída ou constituída. Este processo é designado por Aristóteles de "geração" e "corrupção". - Na suposição de que os "elementos" possam ser destruídos ou transformados em outros, restaria apenas como "causa material" um substrato universal, absolutamente indeterminado: a matéria prima (prôtê hylê) incorruptível e eterna, em oposição à "matéria segunda", os elementos já formados. - O devir requer necessariamente a existência de uma causa externa, enunciada pelo princípio: "tudo aquilo que se move (devém) é movido por alguma coisa" ("quidquid movetur,ab alio movetur“).

33 d) A substância suprassensível
Na busca das "causas externas" do devir, ocorre ir ao encontro da causa primeira, por si mesma, não causada, sendo, por conseguinte, imutável, enquanto ato puro. Chega-se assim à existência de uma substância suprassensível.

34 Se todas as substâncias fossem corruptíveis, não existiria no mundo nada de incorruptível. Contudo, segundo a argumentação aristotélica, o tempo é eterno, pelo fato de que não é gerado e nem se corrompe. O movimento o é também, em função do que o tempo por ele é definido. Em vista disso, a eternidade de um postula a do outro. Desse modo, o Deus aristotélico é descoberto a partir do raciocínio, deduzido sistematicamente do princípio do movimento. O Primeiro Motor é a causa direta ou indireta de todo movimento, entendido, é claro, como causa final.

35 Para que o raciocínio encontre um fundamento, não se pode proceder na especulação de forma indefinida. É necessário deter-se e admitir a existência de uma apropriada causa "primeira" (ou "última") de todo movimento. Suposto que é verdadeiramente a "primeira", não pode estar sujeita a nenhum movimento. Deve ser imóvel. Se eterno é o movimento eterna é a sua causa. Sendo imóvel, é causa absoluta de tudo o que é móvel.

36 Enquanto imutável, o Primeiro Motor é "ato puro"
Enquanto imutável, o Primeiro Motor é "ato puro". Está privado de potencialidade, uma vez que a "potência" concentra um poder-ser-mutável. E, por ser o pensamento a atividade mais nobre, Ele é puro pensamento que não tem outro objeto senão o próprio pensamento. É definido como "puro pensamento que pensa em si mesmo" (noêsis noêseos).

37 Para concluir, verificamos que a reflexão aristotélica nos ajuda a compreender que o fundamento metafísico do saber não tem necessidade de ser projetado para além do dado da experiência. Não requer a ideação de um mundo transcendente, constituído de essências imutáveis. A realidade concreta é a sua fonte inesgotável.

38 O saber metafísico é apreendido não só pela via do arrebatamento estético, mas através da análise racional disciplinada e laboriosa. A metafísica é, por isso, um saber "reflexivo", um saber do saber.

39 Aristóteles, ainda, nos abre o caminho para perceber a Importância do Significado da categoria "ser", pois a sua análise rigorosa das estruturas metafísicas basilares (Substância-acidente, matéria-forma, potência-ato) funda o conhecimento da realidade vinculado ao ato de ser, pela razão de que "sendo", a realidade por nós é conhecida.

40 Dessa forma, tudo "o que é" tem em si mesmo uma dimensão metafísica, a ser desvendada pelo discurso racional. Tal discurso também nos leva a reconhecer, para além do mundo, a existência de uma causa primeira, de um fundamento último.

41 Reassumindo

42 A divisão das ciências Aristóteles dividiu as ciências em três ramos:
1) as ciências teoréticas, que procuram o saber pelo saber e que consistem na metafísica, na física (em que é incorporada também a psicologia) e na matemática; 2) as ciências práticas, que usam o saber com a finalidade da perfeição moral: a ética e a política; 3) as ciências poiéticas, isto é, que tendem à produção de determinadas coisas.

43 Definição da metafísica
A metafísica é a principal das ciências teoréticas, as quais, por sua vez, são as ciências mais elevadas. A metafísica, portanto, toca uma espécie de primado absoluto. Aristóteles dá quatro definições dela: 1) ela indaga as causas, os princípios supremos (e neste sentido se pode chamar de etiologia); 2) indaga o ser enquanto ser (e, portanto pode chamar-se de ontologia); 3) indaga a substância (e por isso pode chamar-se ousiologia, uma vez que em grego substância se diz ousia); 4) indaga Deus e a substância supra-sensível (e, portanto Aristóteles a chama expressamente de teologia).

44 As quatro causas Quanto ao que se refere à pesquisa das causas e dos princípios primeiros, o Estagirita formulou a teoria, que se tornou célebre, das quatro causas: 1) a causa formal (a que confere a forma, e, portanto a natureza e a essência de cada realidade singular); 2) a causa material (ou seja, o "aquilo de que" é composta toda realidade sensível); 3) a causa eficiente (aquilo que produz geração, movimento ou transfor­mação); 4) a causa final (ou seja, o escopo, o "aquilo a que" toda coisa tende).

45 A doutrina do ser e os quatro significados do ser
Na pesquisa em torno do SER Aristóteles retoma a temática debatida pelos Eleáticos e a resolve, refutando a tese da univocidade do ser (ou seja, a tese de que existe um só tipo de ser em sentido absoluto, que se opõe ao não-ser em sentido absoluto).

46 A tese aristotélica é que o ser tem múltiplos significados, em vários níveis, que se reduzem aos quatro seguintes: a) o ser em si (segundo a substância e as categorias); b) o ser como ato e potência; c) o ser corno acidente; d) o ser como verdadeiro (e o não-ser como falso).

47 - As categorias (que são 10: substância, qualidade, quantidade, relação, ação, paixão, onde, quando, ter, jazer) constituem os gêneros supremos do ser. Isto sig­nifica que aquilo que é chamado de ser ou é substância, ou é qualidade, ou outra categoria.

48 - Potência e ato são dois significados não definíveis em abstrato, mas "de­ monstráveis" por meio de exemplos ou de uma experiência direta. Por exemplo, vidente é aquele que neste momento vê (vidente em ato), mas também aquele que tem olhos sãos, mas neste momento os fechou, e não está vendo: este é vi­dente porque pode ver, e neste sentido é em potência.

49 - O ser acidental é aquele que se apresenta de modo casual e fortuito, e que, portanto, não é nem sempre nem no mais das vezes, mas apenas às vezes.

50 - O ser como verdadeiro se tem quando a mente reúne coisas que na realidade estão de fato reunidas, ou desune coisas que na realidade estão desunidas.

51 Do ser como acidente não existe ciência, pois a ciência existe apenas da necessária e não da casual.
Do ser como verdadeira ocupa-se a lógica. A metafísica se ocupa dos primeiros dois grupos de significados.

52 A teoria substância As categorias se referem todas à primeira, ou seja, à substância, e a pres­supõem (e com efeito não existe qualidade a não ser da substância; e o mesmo se diga sobre a quantidade e de todas as outras categorias). É, portanto, evidente que o estudo da substancia é fundamental da para a metafísica.

53 O que é a substância em geral?
Aristóteles formulou tam­bém neste caso, assim como para o ser, uma resposta plurifacética: substância pode ser considerada, mas apenas em sentido bastante impróprio, a matéria (como queriam os Naturalistas); mas em particular e no mais alto grau a forma (ou seja, a essência de determinada realidade); e também a sinolo (isto é, a união de matéria e forma, ou seja, os entes singulares individuais).

54 Matéria e forma, potência e ato
Para ilustrar a relação entre a matéria e a forma, a potência e o ato, Aristóteles recorre ao exemplo da estátua de bronze. Na estátua de bronze é fácil distinguir a matéria (por exemplo, o bronze) da forma (por exemplo, o deus Hermes).

55 Não é difícil ligar a matéria à potência: e, com efeito, o bronze teria tido a pos­sibilidade, ou seja, a potência, de assumir qualquer forma, e, portanto, também a do deus Hermes. A forma se liga ao contrário ao ato, dado que a estátua resulta perfeita em função da atuação da forma (e em tal sentido o ato se diz também enteléquia, que significa atuação).

56 Nesta perspectiva também se capta o maior valor do ato em relação à potência e, portanto, da forma em relação à matéria: com efeito, é a potência que se realiza no ato, e não vice-versa, assim como é a matéria que se realiza na forma.

57 A substância divina supra-sensível
O problema de fundo da metafísica é o seguinte: existem apenas substân­cias sensíveis, ou também substâncias supra- sensíveis? A resposta de Aristóteles é que as substâncias supra-sensí­veis eternas existem, enquanto sem a eterna não poderia sub­sistir nem mesmo o devir.

58 Na demonstração ele parte da análise do tempo e do movimento
Na demonstração ele parte da análise do tempo e do movimento. O tempo - e, portanto, também o movimento do qual é a medida é eterno (com efeito, não pode existir um momen­to de origem do tempo, porque de outro modo deveríamos admitir um "antes" daquele momento, mas isso seria por sua vez um tempo; nem pode existir um fim do tempo, porque posteriormente a tal fim deveria existir um "depois", que tam­bém é tempo). Contudo, se é assim, deve também existir uma causa adequada ao efeito, isto é, uma causa eterna, como um princípio da qual eternamente deriva o tempo-movimento.

59 E como deve ser esta causa eterna?
Deve ser imóvel, porque, se; a causa fosse móvel, requereria outra causa e esta ainda outra, ao infinito. Além disso, para ser eterna e imóvel, não deve ter nenhuma potencialidade (de outro modo poderia também não passar para o ato), isto é, nenhuma matéria; e, portanto, será pura forma, ou seja, pura forma imaterial (e, portanto, supra-sensível).

60 Contudo, como é possível que uma realidade mova permanecendo imóvel?
O Motor Imóvel move como o objeto de amor move o amante. O Motor Imóvel, portanto, é a causa final do mundo, e o efeito do movimento que produz, o produz justamente atraindo o primeiro céu por causa de sua perfeição.

61 Problemas concernentes à substancia supra-sensível
A realidade mais perfeita é o ser vivo, e em particular o ser vivo inteligente. E o Motor Imóvel é inteligência e vida. E, justamente por causa de sua perfeição, O Motor Imóvel não pode pensar a não ser a coisa mais perfeita, e, portanto, a si mesmo. Portanto, O Motor Imóvel é "pensamento de pensamento".

62 Como era impossível reduzir à unidade os vários movimen­tos das esferas celestes que, segundo as contagens de Aristóteles inspiradas na astronomia de seu tempo, deveriam presumivel­mente ser 55, ele entregou ao Motor Imóvel (causa do movi­ mento do céu das estrelas fixas) outras 55 Inteligências motoras prepostas aos outros céus. Estas Inteligências divinas são independentes do Mo­tor Imóvel e de natureza análoga, mas são não apenas inferiores a ele, mas tam­bém uma inferior à outra em escala hierárquica.


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