DISCIPLINA: CARIOLOGIA I AULA TEÓRICA

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Avaliação das aulas TP Microbiologia Questões -TC 1.Quais são os vários biofilmes orais descritos na introdução? Biofilme das zonas interdentárias.
Advertisements

SEAC ESCOLA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Cárie Nome: Eduarda Bonetz Curso: Auxiliar Em Saúde Bucal Professor: Nilzo Machado Disciplina: Informática Aplicada Data:
Celine Perin Professor: Nilzo Machado Auxiliar em Saúde Bucal - EAD
Cárie Dentária O que é e como prevenir.
Grupo I (artigos I/II/III)
Baixa cariogenicidade trealose como substrato
FLUXOGRAMA DO CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA COM ÊNFASE EM BIOTECNOLOGIA – INTEGRAL – 46300/500 (2015) (2015) QFL1212 Química Analítica II (4T+4L+2A)
DOENÇAS ALIMENTARES Profª Adriana S. Nagahashi 2015.
Gênese e fertilidade do solo Profª Andréia Patricia Andrade.
Aula Aula – Teoria Atômica 2 Profa. Ana Maria Cardoso de Oliveira Bezerra Site: docente.ifrn.edu.br/anacardoso.
SAÚDE - conceitos algo difícil de definir não é concreto uma construção mental um artefacto ou construção lógica* “ uma palavra que expressa uma abstração.
CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DOS SERES. COMPONENTES INORGÂNICOS ÁGUA E SAIS MINERAIS ÁGUA E SAIS MINERAIS COMPONENTES ORGÂNICOS CARBOIDRATOS, LIPÍDIOS, PROTEÍNAS.
Origem e evolução dos seres vivos Há evidências científicas de que o nosso planeta surgiu há cerca de 4,6 bilhões De anos, a partir de aglomeração de poeira,
Módulo 4.: A composição química da célula 1. Os componentes químicos da célula Conteúdo celular possui: componentes inorgânicos e orgânicos. Componentes.
Disciplina de Ciências Professora Viviane. ORGANIZAÇÃO CELULAR Célula : É a menor estrutura de um ser vivo – a maioria só pode ser observada com auxílio.
ESTUDO TRANSVERSAL.
Aula 5. Teste de Hipóteses II. Capítulo 12, Bussab&Morettin “Estatística Básica” 7ª Edição.
BIOQUÍMICA CELULAR 1. TODA CÉLULA É COMPOSTA POR SUBSTÂNCIAS DIVERSAS. ESSES COMPONENTES QUÍMICOS PODEM SER DIVIDIVOS EM DOIS GRUPOS INORGÂNICOS CARBOIDRATOS.
Introdução a Pesquisa Científica
A Ciência e A Construção do Conhecimento Científico Anderson - Biologia.
Aula 3 – Oferta e Demanda.
Alimentação, Ambiente e Sustentabilidade
É constituído por um conjunto de órgãos, tecidos e células capazes de: Reconhecer os elementos próprios e estranhos ao organismo Desenvolver acções que.
Introdução à Parasitologia
Aulas Multimídias – Santa Cecília Profª Ana Gardênia.
Tipos de Pesquisa ObjetivosAplicações Vantagens e Desvantagens.
3. SELEÇÃO DE PRESTADOR DE SERVIÇOS LOGÍSTICOS 3
Ácido Ribonucleico RNA. Histórico 1869 – 1943: A descoberta - Ácidos orgânicos - Ribose Desoxiribose - DNA – animais RNA – leveduras 1944 – 1960: Era.
Frente 1B Aula 03 Pirâmides Ecológicas: Quantificando o ecossistema.
Comportamento Respondente
Alimentação , Ambiente e Sustentabilidade
1 Integrantes: Daliana A. Oliveira Hans Braunnier Aguiar Silva Isabela Luíza Batista Leite Disciplina: Microbiologia Orientadora: Juliana Calábria.
Modulo 5 : A Membrana Plasmática
A educação e O ensino Médio no Brasil Prática em ensino de química I Profa. Joana Andrade 2016.
Retomando o conceito de texto Disciplina: Língua Portuguesa e Literatura Brasileira I Professor: Marcel Matias.
ASPECTOS RENAIS DO IDOSO
Hábitos Saudáveis Para a saúde do organismo!!
FLUXOGRAMA DO CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA – INTEGRAL – 46300/300 - (2016) QFL1212 Química Analítica II (4T+4L+2A) LEGENDA: Requisito Forte: Exige aprovação.
OLIVEIRA, JANE S.; QUEIROZ SALETE L. Comunicação e Linguagem Científica: guia para estudantes de química, Campinas: Átomo, 2007, 109 p. Capítulo 4: LOCALIZANDO.
AULA 6 - Povo: traços característicos e distintivos
IMUNIDADE: capacidade de um organismo resistir a uma determinada doença ou infecção através de vários processos fisiológicos que lhes permitam distinguir.
Preservar e Recuperar o Meio Ambiente
Conceitos fundamentais em genética.
Microrganismos.
Teoria Geral de Sistemas
PESQUISA CIENTÍFICA -Aula 3- Prof. Alexandre Paiva da Silva Pombal – PB; Abril de 2013.
Angelica dos Santos Vianna defesadotrabalhador.blogspo...trabalhadores.jpg412 x k - jpg ANAMNESE OCUPACIONAL 21 de agosto.
Preservar e Recuperar o Meio Ambiente
OS ESTADOS FÍSICOS DA MATÉRIA
Profa. Claíde Abegg / Rosane Davoglio
Método para seu projeto Profa. Dra. Marina Moreira.
Tipos de pesquisa. Metodologia Tipo de Pesquisa Coleta de Dados.
Maria Izabel de Freitas Filhote defesadotrabalhador.blogspo...trabalhadores.jpg412 x k - jpg ANAMNESE OCUPACIONAL.
As medidas de promoção da saúde têm como objetivo prevenir e/ou minorar os efeitos das doenças De acordo com a OMS, promoção da saúde é o processo que.
ESTABELECIMENTO DA IDADE DENTÁRIA PELO MÉTODO DE DEMIRJIAN EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES INFECTADOS PELO HIV. PEROTTA, M.*; GLEISER, R. Disciplina de Odontopediatria.
Pesquisa Científica “É um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer.
Universidade Federal do Espírito Santo Programa de Pós-Graduação em Psicologia Processos de Desenvolvimento DESENVOLVIMENTO HUMANO E IMPEDIMENTOS DE ORIGEM.
Curso de Jornalismo Investigativo: uma capacitação para organizações e ativistas locais Análise e filtro de dados: oficina prática Apresentação baseada.
Propriedades Gerais das Bactérias I
Imunidade Natural.
Elaboração de Projeto de Pesquisa
INTERAÇÃO ALÉLICAS E NÃO ALÉLICAS
Clostridium perfringens
O CÂNCER BUCAL.
1 SISTEMÁTICA DIVERSIDADE DE CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO.
DISCIPLINA: CARIOLOGIA I MICROBIOTA DA CAVIDADE ORAL ASPECTOS MICROBIOLÓGICOS DO BIOFILME DENTAL (PLACA DENTAL)   Profa. Lourdes Botelho Garcia Departamento.
Instituto técnico Lugenda TMG
Transcrição da apresentação:

DISCIPLINA: CARIOLOGIA I AULA TEÓRICA Aspectos microbiológicos da cárie dental Profa. Lourdes Botelho Garcia Departamento de Ciências Básicas da Saúde

Microbiologia da Cárie I. CÁRIE. 1. Definição. 2. Incidência. II. TEORIAS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Química-Parasitária (Miller, 1890). 2. Proteolítica (Gottlieb, 1944). 3. Quelante - Proteolítica (Martin et al., 1954; Schatz & Martin, 1955). III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial. 2. Hipótese da placa específica. 3. Bactérias cariogênicas: (a) Streptococcus; (b) Lactobacillus; (c) Actinomyces. 4. Dinâmica da lesão de cárie  IV. TRANSMISSIBILIDADE.  

CÁRIE Conceito: A cárie é atualmente reconhecida como uma doença infecto-contagiosa, que resulta em uma perda localizada de miligramas de minerais dos dentes afetados, causadas por ácidos orgânicos provenientes da fermentação microbiana de carboidratos da dieta. Esta doença tem um caráter multifatorial e é, usualmente, crônica. A cárie dentária é uma doença infecciosa e é causada por bactérias que aderem aos dentes, formando uma fina camada chamada de placa bacteriana. A placa bacteriana produz ácidos, que vão destruindo os dentes em um processo muito lento. A cárie começa com a descalcificação da estrutura dentária, caracterizada primeiro por uma mancha branca e depois por uma lesão. Esta lesão pode se aprofundar se a cárie não for detida, até atingir a polpa, provocando inflamação e dor. Em fases mais avançadas, a cárie pode levar à perda do dente por sua destruição completa.

INCIDÊNCIA Atinge alto grau nas populações civilizadas Exemplos: Esquimós e aldeias de tribos africanas separadas da população não há cárie Na segunda guerra mundial, devido a privação de açúcares, verificou-se uma incidência muito menor de cárie na Europa Normalmente não ocorre em animais

 III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial.

Cárie = 4 fatores de importância na etiologia  III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial. Cárie = 4 fatores de importância na etiologia 1. SUBSTRATO Dieta cariosa “sacarose”

Cárie = 4 fatores de importância na etiologia  III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial. Cárie = 4 fatores de importância na etiologia 2. HOSPEDEIRO Fluxo salivar xerostomia presença de dente capacidade tampão da saliva fatores antibacterianos de origem glandular: Lisozima; imunoglobulina; sist. peroxidase

Cárie = 4 fatores de importância na etiologia  III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial. Cárie = 4 fatores de importância na etiologia 3. TEMPO Formação e amadurecimento da placa

4. MICRORGANISMO Bactérias  III. CONCEITOS ATUAIS DA ETIOLOGIA DA CÁRIE. 1. Cárie - doença multifatorial. Cárie = 4 fatores de importância na etiologia 4. MICRORGANISMO Bactérias

4. MICRORGANISMO existir na placa em grande número CARACTERÍSTICAS DO MICRORGANISMO CARIOGÊNICO existir na placa em grande número Possuir vantagens seletivas Não ser antagonizado pela microbiota Ser bastante acidogênico (produzir ácido) Ser bastante acidúrico (sobreviver em meio ácido) Ser encontrado na lesão

Resultados dos Experimentos sobre Cárie Os resultados das experiências com ratos gnotobióticos mostram que: Nenhuma lesão de cárie se desenvolve na ausência de microrganismos. Lesões de cárie só se desenvolvem em animais alimentados com uma dieta que contenha carboidratos fermentáveis. Os microrganismos capazes de provocar lesões de cárie metabolizam os açúcares, originando ácidos. Nem todos os microrganismos produtores de ácidos provocam cárie.

Resultados dos Experimentos sobre Cárie Os resultados dos estudos experimentais com Hamster e primatas convencionais podem ser resumidos da seguinte maneira: 1. Animais convencionais têm uma microbiota indígena, o que dificulta a fixação de microrganismos que não pertençam a ela.

Resultados dos Experimentos sobre Cárie 2. Os microrganismos que provocam cárie em animais convencionais são Streptococcus mutans, algumas amostras de Streptococcus salivarius, Actinomyces viscosus, Lactobacillus fermentum, Lactobacillus salivarius e Streptococcus sanguis. Estes microrganismos são acidogênicos e capazes de competir com êxito com os membros da microbiota indígena, estabelecendo-se nos dentes.

Resultados dos Experimentos sobre Cárie 3. A propriedade de induzir cárie é variável. As amostras de Streptococcus mutans são quase sempre cariogênicas, outros microrganismos são muito mais variáveis em sua cariogenicidade.

Comprovações de microrganismos cariogênicos Animais gnotobióticos CONCLUSÃO A maioria dos microrganismos presentes na cavidade oral não são cariogênicos

Placa específica nos diferentes tipos de carie TIPO DE CÁRIE MICRORGANISMOS Streptococcus mutans * * * Streptococcus sanguis * SULCO E FISSURA Outros estreptococos * Lactobacilus spp. * * * Actinomyces spp ? SUPERFÍCIE LISA Streptococcus salivarius ? Actinomyces viscosus * * * SUPERFÍCIE RADICULAR A. Naeslündii * * * Outro bastonetes filamentosus * * * Streptococcus mutans * * Streptococcus sanguis ? Lactobacillus spp. * * * Actinomyces naeslündii * * * CÁRIE DENTINA A. viscosus * * Outros bastonetes filamentosos * * * Streptococcus mutans ? * * * muito significante ; * * significante ; ? Pode ser significante

Estreptococos orais Independente da idade, da placa e da dieta, os microrganismos predominantes são cocos Gram-positivos de gênero Streptococcus que constituem 50% do total de UFC de microrganismos recuperados da placa jovem

Estreptococos orais Streptococcus mutans (do grupo mutans) Classificação sorológica - Mistura da classificação baseada na proteína M de Lancefield x novo padrão Zinner e Jablon = + tarde Bratthall atualmente Perch e col. Sorogrupos de a,b,c,d,e,f,g,h (8) Mais descritos no mundo S.mutans C e F (90% das pessoas que possuem S. mutans ) Variabilidade antigênica = dificuldade de vacina

Propriedades que o tornam o principal agente causador da carie dental Estreptococos orais Streptococcus mutans (do grupo mutans) Propriedades que o tornam o principal agente causador da carie dental Sintetiza polissacarídeos insolúveis É formador homofermentativo de ácido lático Coloniza superfícies lisas É o mais acidúrico do estreptococos

Estreptococos orais Streptococcus mutans (do grupo mutans) Frutose = levana ou frutana solúvel sacarose Glicose = dextrana ou glucana Forma coloidal , viscosa em água = Insolúvel

Estreptococos orais Outros estreptococos S. salivarius = habitat natural= dorso da língua baixo potencial cariogênico S.mitis = habitat = bochecha, lábios, sup.ventral da língua

Lactobacilos Representam 1% dos microrganismos da microbiota oral Mais comuns = Lactobacillus casey e L. fermentum CARACTERÍSTICAS 1. Desde Miller os Lactobacilos são envolvidos no processo cariogênico; 2. São muito acidogênicos e acidúricos porém o pH não cai muito pois estão em pequeno número 3. NÃO tem capacidade de aderir em superfícies lisas

Lactobacilos CARACTERÍSTICAS 4. O aumento de Lactobacilos nas lesões cariosas não o caracteriza como causador porém podem ser contribuintes secundários ou as condições da placa favorecem a sua instalação SÃO MAIS CONSEQÜÊNCIA DO QUE CAUSA Quando os Lactobacilos produziram cárie em animais gnotobióticos estas eram restritas as regiões do sulco oclusal

Actinomyces Bastonetes e filamentos Gram positivos Actinomyces viscosus (2 sorotipos) Placa em jovens e adultos Actinomyces naeslündii (4 sorotipos) Placa em crianças e jovens CARACTERÍSTICAS Principal grupo da microbiota sub-gengival Principal grupo associado a cárie de raiz 50% na placa supra-gengival em crianças Forma placa – adere ao aço Recoloniza com facilidade o dente limpo A. viscosus = gengivite

Transmissibilidade da cárie 1960, Keys   Fêmea de hamster albino + penicilina + dieta cariogênica  ausência de cáries. Descendentes da fêmea acima + dieta cariogênica  ausência de cáries. Descendentes de animais cárie-inativos + cárie ativos + dieta cariogênica  cáries. Descendentes de cáries-inativos + fezes de animais cárie-ativos + dieta cariogênica  cáries

Transmissibilidade da cárie 1960, Keys   CONCLUSÃO: A cárie é uma doença infecciosa e transmissível para hamster e para o rato e a suscetibilidade depende da interação simultânea de três fatores: microbiota, dieta e hospedeiro.

Conceitos atuais

POTENCIAL PATOGÊNICO DO BIOFILME DENTAL BIOFILME DENTÁRIO Placa dental Placa bacteriana Microrganismos cariogênicos Streptococcus mutans, Lactobacillus casei, Actinomyces Microrganismos periodontopatogênicos F. nucleatum, P. gingivalis, P. intermedia, A. actinomicetencomitans, B. forshytus, T. denticola Fatores de agressão Enzimas, LPS, leucotoxina, metabólitos, antígenos, fatores de quimiotaxia Metabolismo acidogênico Ácido láctico Desmineralização Esmalte/dentina Cemento radicular Resposta inflamatória Destruição epitélio e tecido conjuntivo Reabsorção óssea Gengivite Doença periodontal Cárie de esmalte/dentina Cárie de raiz

Bibliografia recomendada: (1) Cardoso Jorge, A.O. Microbiologia Bucal. 2a edição, Santos Livraria Editora, São Paulo, 1998. (2) Uzeda, M. Microbiologia Oral. MEDSi Editora Médica e Científica Ltda, Rio de Janeiro, 2002. (3) Smmonds, R.S., Tompkins, G.R., George, R.J. Dental caries and the microbial ecology of dental plaque: a review of recent advances. New Zeland Dental Journal 96:44-49, 2000.