UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge1/19 Aula 8 A empresa multinacional hoje CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo:

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Transcrição da apresentação:

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge1/19 Aula 8 A empresa multinacional hoje CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 Cap. 3

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge2/19

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge3/19 Definiçõesdemultinacionais e seuslimites A primeira definição amplamente utilizada foi a de R. Vernon, para quem uma multinacional seria uma grande companhia com filiais industriais em, pelo menos, seis países. Sob pressão dos principais países de origem dessas companhias, que, encabeçados pelos EUA procuravam dificultar o estudo desses grandes grupos, diluindo-os num mar de médias ou pequenas empresas, esse limite foi reduzido a dois países e, depois, a um só. Em menos de quinze anos, a fisionomia e algumas das modalidades de funcionamento das multinacionais mudaram profundamente. Hoje, a estratégia que tende a predominar é aquela definida por Charles-Albert Michalet como “tecno-financeira”, que será abordada mais adiante.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge4/19 Para Michalet, a companhia multinacional é “uma empresa (ou um grupo), em geral de grande porte, que, a partir de uma base nacional, implantou no exterior várias filiais em vários países, seguindo uma estratégia e uma organização concebidas em escala mundial”[grifos nossos]: 1.Estratégias de aprovisionamento 2.Estratégias de mercado 3.Estratégias de “produção racionalizada”

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge5/19 As estratégias de aprovisionamento são características das multinacionais do setor primário, especializadas na integração vertical a partir de recursos minerais, energéticos ou agrícolas situados nos antigos países coloniais ou semicoloniais, depois chamados de Terceiro Mundo. As estratégias de mercado têm a ver com o estabelecimento de “filiais intermediárias”, num enfoque “multidoméstico”, segundo Porter. As estratégias de “produção racionalizada” pressupõem uma produção integrada internacionalmente, mediante o estabelecimento de filiais “montadoras”.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge6/19 A amplitudedaconstituiçãodasmultinacionais como grupo Segundo F. Morin, um grupo caracteriza “um conjunto formado por uma matriz (geralmente holding do grupo) e as filiais controladas por ela. A matriz é, portanto, em primeiro lugar, um centro de decisão financeiro, ao passo que as firmas sob seu controle, na maioria das vezes, não passam de empresas que exploram alguma atividade. Assim, o papel essencial da matriz é a permanente arbitragem das participações financeiras que detém, em função da rentabilidade dos capitais envolvidos. É a função de arbitragem da matriz que confere caráter financeiro ao grupo.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge7/19 E surge umaquartaestratégia:a estratégia tecno-financeira e asmultinacionais “novoestilo” “Uma forma de internacionalização baseada nos ativos intangíveis da companhia, no seu capital humano”. E, segundo Michalet, “a estratégia tecno-financeira é resultado de uma evolução das atividades das companhias no exterior, passando da produção material direta para o fornecimento de serviços. A base de sua competitividade está alicerçada na definição de um know-how e na P&D. (...) sua nova força reside em sua capacidade de montar ‘operações complexas’, [que] irão exigir a combinação de operadores vindos de horizontes muito diferentes: empresas industriais, firmas de engenharia, bancos internacionais, organismos multilaterais de financiamento”.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge8/19 As multinacionais “novo estilo” seriam “o sistema nervoso central de um conjunto mais amplo de atividades interdependentes mas gerenciadas menos formalmente, cuja função primordial consiste em fazer progredir a estratégia concorrencial global e a posição da organização que está no âmago (core organization). (...) O objetivo, mais do que nunca, é o lucro, ao qual se soma, em combinações variáveis de um capitalismo “nacional” para outro, o objetivo de crescer e durar. Com efeito, no quadro da mundialização financeira, o rendimento financeiro dos ativos é vigiado pelos detentores de carteiras de ações, e tanto mais de perto, na medida em que estes são, cada vez mais freqüentemente, grandes investidores institucionais (fundos de pensão, grupos de seguros gerindo carteiras de ativos importantes etc.), e que têm a possibilidade de comparar tal rendimento com o de ativos financeiros puros.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge9/19 As “novasformas deinvestimento”(NFI) As NFIs são definidas por contraposição ao investimento direto, que comporta, como vimos, um aporte de capital monetário (seja em capitais transferidos a partir do exterior, seja levantados no mercado financeiro do país receptor). As NFIs garantem a uma companhia uma fração do capital e o direito de conhecer a conduta de outra companhia, sendo que o operador/parceiro estrangeiro não fornece nenhum aporte em capital, mas somente em ativos imateriais.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge10/19 As “novasformas deinvestimento”(NFI)(continuação) As NFIs originam, seja uma participação minoritária, seja um empresa comum (a chamada joint-venture), reconhecendo à multinacional a propriedade de uma fração do capital, um direito de participação nos lucros e um direito de acompanhar a conduta de um parceiro menos poderoso, com base num aporte sob forma de ativos imateriais. Entre estes, incluem-se o know-how de gestão, as licenças de tecnologia (em geral superadas pelas mudanças tecnológicas), bem como o franchising e o leasing, muitas vezes empregados nos serviços. Exemplo: acesso a mercados, proporcionado pela Shell, a Exxon, a Mobil etc. à SABIC, braço industrial da Arábia Saudita.

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge11/19

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge12/19 A concentração econômica e as grandes dimensões da “hierarquia” não são, de modo algum, culpa das companhias, e sim unicamente dos mercados, cujas “falhas” obrigam as empresas a internalizar certas transações, depois de terem absorvido as companhias com as quais estavam negociando, ou a criar novas unidades de produção para organizar as transações dentro do seu próprio mercado “interno”, privado. M. Casson listou os obstáculos mais comuns ao comércio internacional, ligados à imperfeição dos mercados, e portanto geradores de custos de transação. São eles: Custos de transação e internalização

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge13/19 a falta de contato entre o comprador e o vendedor e a ignorância de seus desejos; a falta de acordo quanto aos preços; a falta de confiança na adequação das mercadorias às especificidades inicialmente estabelecidas; a necessidade de deslocar as mercadorias; a existência de tarifas aduaneiras; a existência de taxação dos ganhos criados pela transação a existência de controles de preços e cotas; a falta de confiança na devolução em caso de não-pagamento. Custos de transação e internalização (continuação)

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge14/19 Alguns autores são levados a fazer da internalização a contrapartida necessária, de forma inevitável, da multinacionalização. Para Michalet, “a luta contra os custos de transação gera as multinacionais”, de maneira quase natural. Essa luta permite justificar a preferência pelo investimento direto, em contraposição à exportação ou à venda de licenças. A realização desse objetivo não apenas leva as companhias a criarem filiais em vários paises no exterior, mas também as obriga a ligá-las muito estreitamente, sob controle único, para dominar a internalização internacional dos custos de transação. Custos de transação e internalização (continuação)

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge15/19 A internalização leva à formação de situações que proporcionam a apropriação de rendas. É o que acontece especialmente com a tecnologia, o que explica, segundo Michalet, por que “a maioria dos adeptos dessa teoria conferem grande importância à sua aplicação à tecnologia”. Ele observa que “a tecnologia é definida como um bem coletivo. Seu consumo não reduz sua disponibilidade; o fato de que um indivíduo tenha acesso a ela implica que todos os outros indivíduos também podem ter. A natureza desses bens os coloca fora do campo da economia, pois são a negação da escassez. Sendo o seu custo marginal nulo, o preço também deveria ser nulo. Ainda sobre a internalização...

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge16/19 “Eis aí uma situação nada atraente para a companhia privada que produziu aquele conhecimento e que, assim, estaria impossibilitada de valorizá-lo. É nesse ponto que a teoria da internalização encontra nova oportunidade de se mostrar útil. O efeito, açambarcar a tecnologia e o know-how que a acompanha, será realizado mediante a criação de um mercado interno da companhia. Junto com isso, a vantagem tecnológica que essa companhia detém não irá mais se diluir no mercado livre. A internalização realiza a metamorfose de um bem intangível – um determinado saber, por exemplo, em um elemento patrimonial”. Ainda sobre a internalização...

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge17/19 Tabela 3 Vantagens ligadas à multinacionalização e opções de localização Vantagens específicas da companhia Vantagens decorrentes da internalização Variáveis que afetam as opções de localização (positiva ou negativamente) A. Vantagens próprias, em sentido estrito: Propriedade de tecnologiaPropriedade de tecnologia Dotações específicas (pessoal, capitais, organização etc.)Dotações específicas (pessoal, capitais, organização etc.) Economias de transação na aquisição dos insumos (inclusive tecnologia).Economias de transação na aquisição dos insumos (inclusive tecnologia). Redução da incertezaRedução da incerteza Maior proteção da tecnologiaMaior proteção da tecnologia Acesso às sinergias próprias das atividades interdependentesAcesso às sinergias próprias das atividades interdependentes Controle da validade e das iniciativasControle da validade e das iniciativas Possibilidade de evitar ou de explorar medidas governamentais (especialmente fiscais)Possibilidade de evitar ou de explorar medidas governamentais (especialmente fiscais) Possibilidade de praticar manipulação dos preços de transferência, fixação de preços predatórios etc.Possibilidade de praticar manipulação dos preços de transferência, fixação de preços predatórios etc. Recursos específicos do paísRecursos específicos do país Qualidade e preço dos insumosQualidade e preço dos insumos Qualidade das infraestruturas e externalidades (P&D etc.)Qualidade das infraestruturas e externalidades (P&D etc.) Custos de transporte e de comunicaçãoCustos de transporte e de comunicação Distância psicológica (língua, cultura etc.)Distância psicológica (língua, cultura etc.) Política comercial (barreiras tarifárias e não- tarifárias, contingenciamento)Política comercial (barreiras tarifárias e não- tarifárias, contingenciamento) Ameaças protecionistasAmeaças protecionistas Política industrial, tecnológica, social.Política industrial, tecnológica, social. Subvenções e incentivos para atrair as companhias.Subvenções e incentivos para atrair as companhias. B. Vantagens ligadas à organização como grupo: Economias de escala, economias de envergadura. Poder de mercado como comprador e como vendedor. Acesso aos mercados (de fatores e de produtos). Multinacionalização anterior Conhecimento do mercado mundial Aprendizagem da gestão internacional Capacidade de explorar as diferenças entre países Aprendizagem de gestão de riscos

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge18/19

UNIP Ambiente Econômico Global Prof. Fauzi Timaco Jorge19/19 Aula 9 Concentração de capital e operações descentralizadas; empresas-rede CHESNAIS, François. A mundialização do capital. São Paulo: Xamã, 1996 Cap. 4