A Pastoral Urbana possui um caráter urgente e inevitável e só levando a sério esse trabalho é que seremos efetivamente fiéis ao espírito de Aparecida.
Do que estamos falando, quando nos referimos a Pastoral Urbana?
Existe sim a identificação entre urbano e cidade.
Em lugar de uma relação de exclusão ou de oposição entre cidade, de um lado, e campo ou zona rural, de outro, melhor será falar em graduação nos níveis de incidência da urbanização.
Falar de urbanização significa falar de certo tipo de hierarquia de valores, de um determinado modo de se conceberem as relações fundantes de toda a existência humana, de uma visão de mundo, de um conteúdo à vida e a todas as suas implicações, inclusive as implicações religiosas.
O mundo urbano, para dizer em termos concisos, é o mundo da pluralidade, da diversidade, da individualidade e da mobilidade.
Os ambientes pré-urbanos são monolíticos. E podem também ser ambiente estritamente centrípetos.
Quanto mais urbano for um ambiente, a tendência passa a ser exatamente oposta. Pluralidade, diversidade, individualidade e mobilidade levam a querer não mais aceitar o que é transmitido, “só” porque foi vivido pelas gerações anteriores, mas a escolher, mesmo que as escolhas sejam as mais estranhas. É preciso sempre fazer escolhas.
O documento de Aparecida, no n. 39, toca na ferida exposta pelo mundo urbano: “nossas tradições culturais já não se transmitem de uma geração à outra com a mesma fluidez que no passado. Isso afeta, inclusive, esse núcleo mais profundo de cada cultura, constituído pela experiência religiosa, (...) alcançando inclusive a própria família que, como lugar do diálogo e da solidariedade inter-geracional, havia sido um dos veículos mais importantes da transmissão da fé”.
O problema central da Pastoral Urbana hoje – não o único! – porém o que exige de nós atenção mais urgente é o da transmissão da fé