CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS Laboratório associado Economia como Engenharia Social? Políticas Públicas e Re(construção) dos Mercados João Rodrigues

Tornar a ‘liberdade simples e natural’ de Adam Smith compatível com as necessidades de uma sociedade humana era tarefa assaz complicada (...) A introdução dos ‘mercados livres’, longe de abolir a necessidade de controlo, regulamentação e intervenção, incrementou enormemente o seu alcance. Karl Polanyi, The Great Transformation, 1944, p. 146

Agenda de investigação Avaliar o papel da ciência económica no processo de re(construção) dos mercados: Economia como engenharia social; Identificar as principais questões políticas e morais sobre os mercados; Superar as dicotomias do discurso económico convencional no campo das políticas públicas.

A Economia como engenharia social Participação no processo de construção de mercados: o economista como ideólogo e como engenheiro de mercados; Exemplo: a “hipótese dos mercados eficientes” inspirou e legitimou os processos de liberalização financeira, a proliferação de novos instrumentos e mercados e a sua “regulação ligeira”.

A hipótese da instabilidade financeira A instabilidade e a crise são indissociáveis das épocas e das variedades do capitalismo em que mercados financeiros liberalizados e sobredimensionados comandam o processo económico – financiarização; Implicações: importância da reconstrução do sistema financeiro – de um maior controlo público do crédito à taxação das transacções financeiras.

Que interesses são reconhecidos e privilegiados pelos poderes públicos? Quem tem liberdade e quem está exposto a essa liberdade? Quem tem poder para transferir custos sociais? Quais os impactos morais e motivacionais das diferentes configurações dos mercados? Questões de economia política e moral

Implicações para as políticas públicas Reconhecer que a política pública é orientada por ideias e determina as fundações institucionais da economia: “acção colectiva que controla, liberta e expande a acção individual” (Commons, 1931: 649); Superar dicotomias: “mercados livres” ou “falhas de mercado”, “rigidez” ou “flexibilidade”, “intervencionismo” ou sua recusa; Pluralismo institucional no campo da provisão.

Algumas publicações (2009), “Economics as Social Engineering – Questioning the Performativity Thesis”, Cambridge Journal of Economics, 33, (em co-autoria com Ana Santos); (2008), “Boundaries, Values and the Contested Nature of Market Expansion”, New Political Economy, 13: 3, ; (2004), “Endogenous Preferences and Embededdness: A Reappraisal of Karl Polanyi”, Journal of Economic Issues, 38: 1,