Neuropsicoses de defesa

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Transcrição da apresentação:

Neuropsicoses de defesa Tentativa de formulação de uma teoria da histeria adquirida, de muitas fobias e obsessões e de certas psicoses alucintórias

Bibliografia FREUD , S. (1914). As neuropsicoses de defesa. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. III. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp. 49-72. FREUD , S. (1914). Obsessões e fobias. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. III. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp. 73- 88. FREUD , S. (1914). A etiologia da histeria. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. III. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp. 5185-215. FREUD , S. (1914). A disposição da neurose obsessiva: Uma contribuição ao problema da escolha da neuroses. In: ___. Edição Standard das Obras Completas de Sigmund Freud, Vol. Xii. Rio de Janeiro: Imago, 1996, pp. 335- 349. LAPLANCHE, J., PONTALIS, J-B. Histeria (cf todos os verbetes sobre histeria) .In: Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins e Fontes, 2001, pp. 211-217. ROUDINESCO. E., PLON, M. Histeria. In: Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998, pp. 337-342. GIROLA, R. “O funcionamento psíquico em Freud”. In: A Psicanálise cura? : Uma introdução á Teoria psicanalítica. São Paulo: Idéias & Letras 2004, pp. 35-60. KAHTUNI, H.C, SANCHES, G. Divisão horizontal e vertical da personalidade. In: Dicionário do pensamento de S. Ferenczi. São Paulo: Campus, 2009, pp. 128- 130.

A importância clínica da questão Esta é uma das questões que nos permitem mergulhar nos primórdios da psicanálise e perceber o método de indagação de Freud diante da “doença” a partir da complexidade do funcionamento mental. Mais uma vez, estamos diante de uma teoria “científica” que vai se formando em diálogo com a experiência clínica. Neste sentido percebemos a preocupação com a busca de dados objetivos, apesar da extrema complexidade subjetiva do dado clinico, que leva à dificuldade de “fechar” a indagação com definições claras e distintas (tentação sempre presente no analista, como alerta Bion). A passagem da neurologia à psicologia marca a preocupação em desligar a “doença mental” das teorias médicas de hereditariedade e degeneração dominantes na época, para isso F deverá “mapear o funcionamento psíquico” em sentido dinâmico e topológico.

O conflito mental e sua origem À base da doença mental existe “uma divisão da consciência, [conflito] acompanhada da formação de grupos psíquicos separados” (complexos). Teorias sobre a origem do conflito teoria da origem primária e constitucional , que F contesta (hereditariedade ou degeneração) (Janet); teoria da origem secundária, adquirida: Histeria hipnóide (Breuer) sucessivamente abandonada por F. Hisperia de defesa: “a divisão do conteúdo da consciência resulta de um ato voluntário do paciente” (Freud) Histeria de retenção: “falta de reação aos estímulos traumáticos” (Freud, mais tarde abandonada). A divisão da consciência pode se manifestar em pacientes constitucionalmente sãos por “uma ocorrência de incompatibilidade em sua vida representativa”: o eu é confrontado com uma experiência, sentimento, representação aflitivos. Isto exclui hereditariedade ou degeneração , embora exista uma disposição patológica (cf destino da neurose).

O trajeto do sintoma neurótico Diante de uma situação conflitiva o traço mnémico (representação) e o afeto não podem ser erradicados.. A catexia (carga excitatória) é retirada da representação ao retirar-lhe o afeto. A soma de excitação desvinculada da representação enfraquecida tem que ser utilizada de alguma outra forma.

A conversão histérica Conversão: na histeria, a representação incompatível é tornada inócua pela transformação de sua soma de excitação em alguma coisa somática. A conversão pode ser total ou parcial. Ela opera ao longo da linha de inervação motora ou sensorial relacionada com a experiência traumática. O traço mnémico não é porém dissolvido (fica no id), daí a possibilidade de se remontar até ele através da análise em busca da ab-reação.

Histeria e método catártico O método catártico consiste em promover deliberadamente a recondução da excitação da esfera somática para a psíquica, promovendo assim a resolução da contradição, através da atividade de pensamento e da descarga da excitação por meio da fala (ab-reação). A característica da histeria não é a divisão da consciência, mas a capacidade de conversão: uma aptidão psicofísica para transpor enormes somas de excitação para a inervação somática.

A substituição obsessiva Quando, por uma predisposição individual neurótica, o afeto retirado da representação conflitiva. permanece na esfera psíquica sem seguir pela inervação somática, liga-se a outras representações que não são incompatíveis em si mesmas, e graças a essa “falsa ligação”, tais representações se transformam em representações obsessivas. .F faz uma clara alusão à vida sexual como fonte primária das representação aflitivas (cf. A etiologia da histeria). A obsessão representa um substituto ou sucedâneo da representação sexual incompatível, tendo tomado seu lugar na consciência.

A neurose obsessiva: características Na neurose obsessiva uma defesa perpétua vai-se erigindo contra representações sexuais que reemergem continuamente (aspecto compulsivo e repetitivo). O eu leva menos vantagem escolhendo a transposição do afeto como método de defesa do que escolhendo a conversão histérica da excitação psíquica em inervação somática. Neste tipo de neurose a cura representa o processo inverso: reconduzir para as representações sexuais o que foi substituído por representações sucedâneas.

A defesa alucinatória da psicose Há uma defesa muito mais poderosa e bem- sucedida. Nela, o eu rejeita a representação (enquanto na neurose histérica e obsessiva ela fica na consciência enfraquecida ou isolada) e o afeto. Confusão alucinatória: o eu rechaça a representação incompatível através da fuga para a psicose. O eu rompe com a representação incompatível inseparavelmente ligada a um fragmento da realidade, de modo que o eu também se desliga, total ou parcialmente, da realidade. (cf. a noção ferencziana de cisão vertical e horizontal da personalidade)

Neuroses mistas / conceito de catexia F conclui dizendo que as três forma podem se encontrar reunidas em uma única pessoa sob forma de neuroses mistas. Catexia: nas funções mentais, deve-se distinguir algo — uma carga de afeto ou soma de excitação — que possui todas as características de uma quantidade passível de aumento, diminuição, deslocamento e descarga, e que se espalha sobre os traços mnêmicos das representações como uma carga elétrica espalhada pela superfície de um corpo.

Neurose obsessiva Estado emocional: culpa, dúvida, raiva e angústia. Duas possibilidades: 1. O estado emocional permanece inalterado, mas a representação original incompatível foi substituída por uma representação substituta. 2. . A representação original incompatível foi substituída por por atos ou impulsos que serviram originalmente como medidas de alívio ou como procedimentos protetores, associados a um estado emocional inadequado. Causa: A substituição é fruto de uma predisposição mental herdada Motivo: pode ser considerado como um ato de defesa (Abwehr) do ego contra a representação incompatível.

Fobias Estado emocional angústia, medo. 1 Fobias comuns: medo exagerado de coisas que todos temem. 2. Fobia contingentes: medo de coisas que comunmente não inspiram medo (ataques de pânico). À diferença da obsessão, na fobia não encontramos uma representação inadmissível, mas apenas um ataque de angústia (faz parte da neurose de angústia). A neurose de angústia tem uma origem sexual, mas não se prende a representações extraídas da vida sexual (não é psíquico) Causa : é a acumulação de tensão sexual produzida pela abstinência ou pela excitação sexual não consumada É frequentemente combinada com a obsessão.