A narrativa fantástica

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Categorias da Narrativa Trabalho realizado por: Irina Marques nº4.
Advertisements

PROPOSTA: FORMAÇÃO SALAS DE LEITURA MEDIADORA: RENATA AMATTO TEMA-CENTRAL: TRIAGEM DE OBRAS POR ANO SUB-TEMAS:ANÁLISE DOS CONTEÚDOS DE CADA ANO E DAS OBRAS.
Conto psicológico No conto psicológico, é comum as reflexões e os dilemas serem provocados por fatos triviais, corriqueiros, aparentemente sem importância.
A LINGUAGEM É UMA FORMA OU UM PROCESSO DE INTERAÇÃO.
Texto narrativo É um relato de um acontecimento ou uma série de acontecimentos, reais ou imaginários; Exemplos de textos narrativos: conto, novela, romance,
Definições: 1. Na época primitiva a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades;
Unidade 3 Produção de textos no meio acadêmico e profissional
ALTERIDADE Alter, do latim, se colocar no lugar do outro na relação interpessoal, com consideração, valorização, identificação e dialogar com o outro.
gênero textual _ poesia
CRÔNICA A CRÔNICA É UM GÊNERO DISCURSIVO QUE TEM COMO MATÉRIA-PRIMA A REALIDADE, O COTIDIANO, MAS NÃO É MERA REPRODUÇÃO DO REAL. O CRONISTA SE INSPIRA.
O que é real e o que é imaginário? Minha percepção de mundo!
LER É DIVERTIDO, ESCREVER É MÁGICO!
Texto, gênero e discurso
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
Exercício da solitude 16 DE SETEMBRO DE 2017
Exercício da solitude 16 DE SETEMBRO DE 2017
MITOS E CRENÇAS.
PISA 2015 AVALIAÇÃO DE LEITURA BRASIL
Objetivo da disciplina
PSICOLOGIA OU AS PSICOLOGIAS
O Sim.
REVISÃO DE FILOSOFIA: 3º ano AV2 – 3º BIMESTRE
O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou:
Gestaltismo ..
Leitura ( Luiz Antônio Marcuschi)
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO Prof.ª Rita Haddad
TÓPICOS INTERDISCIPLINARES Aula 5
O Romantismo Thomas Jones, O Bardo (1774)..
Na Idade antiga e média, a metafísica, se referindo ao mundo das ideias de Platão na antiguidade, ou cristão medieval, se atrelava a um mundo EXTERNO.
LITERATURA BRASILEIRA I
CONTO E CRÔNICA.
Desenvolvimento de parágrafo por Específico e Comparação
A história do lápis   O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E.
O VALOR DO QUEBRANTAMENTO
E onde está o fio da meada?
#portuguêsélindo #portnaveia
A Vida Dentro do Coração
A história do lápis   O menino olhava a avó escrevendo uma carta. A certa altura, perguntou: Você está escrevendo uma história que aconteceu conosco? E.
Texto narrativo.
A DIVERSIDADE CULTURAL
PRÁTICA DE PESQUISA EM HISTÓRIA Aula 4 – A derrocada dos macro modelos e a proposta do giro linguístico.
HISTÓRIA, CRÍTICA, TEORIA
As primeiras manifestações religiosas.
Psicologia Social: uma reflexão. Prof. Ms. Gerson Heidrich
Funções da Linguagem Profª Suzete
Introdução à Computação
Seminário de gêneros textuais Resenha e Ensaio Aluno: Fabricio Gabriel de Aráujo Aluno: Pbo Aluno: Fabricio Gabriel de Aráujo Aluno: Pbo.
Filosofia da Educação Primeiras Reflexões.
SANTA LUZIA DISCIPLINAS: CIÊNCIAS E REDAÇÃO 8º ANO – E. F.
Gestão da Logística de Distribuição
9.º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II ( A,B,D)
VERBOS Verbos – são palavras variáveis que exprimem acções, estados ou processos, representados no tempo.
Profª Jhéssica N. R de Araújo
 A História do Lápis.
CLIQUE PARA AVANÇAR OS SLIDES
9º ANO ENSINO FUNDAMENTAL II ( A,B,D)
Conteúdo Gênero textual
Linguagem e Fenomenologia
Feedback! ISAÍAS HUBER.
I – inTrodução à linguística:
Texto argumentativo: artigo de opinião
TRAÇOS DE LITERARIEDADE. Conotação Exploração da pontencialidade das palavras Palavras polivatentes Aberto a varias interpretações.
Conto Maravi lhoso Será o que é? Vamos descobrir, juntos?
AS RELAÇÕES ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE Marx, Durkheim,Weber, Norbert Elias e Pierre Bourdieu.
A CONCEPÇÃO DE HOBBES (no século XVII), segundo a qual, em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e em luta permanente, vigorando a guerra.
O S GREGOS PRÉ - SOCRÁTICOS E A INVESTIGAÇÃO DA ALMA.
Qual é a função de um texto literário?
Características e contexto histórico. CONTEXTO HISTÓRICO  Como escola literária, as bases do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio foram.
LINGUÍSTICA APLICADA 28 July Tanto a linguagem verbal como a visual permitem construir representações de mundo (função de representação), atribuir.
Transcrição da apresentação:

A narrativa fantástica Tzvetan Todorov

A especificidade do fantástico No mundo que reconhecemos como normal o acontecimento inexplicável pela normalidade das leis. A dúvida: realidade ou sonho? Verdade ou ilusão? O fantástico é o tempo da dúvida.

O efeito fantástico Quem hesita? O personagem... E o leitor previsto pelo texto. “O fantástico implica pois uma integração do leitor no mundo das personagens; define-se pela percepção ambígua que o leitor tem dos acontecimentos narrados; esse leitor se identifica com a personagem”. (p. 150)

O leitor real O leitor e a interpretação do texto: “Para se manter, o fantástico implica pois não só a existência de um acontecimento estranho, que provoca uma hesitação no leitor e no herói, mas também um certo modo de ler, que se pode definir negativamente: ele não deve ser nem poético nem alegórico.” (p.151)

As três condições do fantástico 1- “é preciso que o texto obrigue o leitor a considerar o mundo das personagens como um mundo de pessoas vivas e a hesitar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos evocados.” 2- “essa hesitação deve ser igualmente sentida por uma personagem; desse modo, o papel do leitor é, por assim dizer, confiado a uma personagem e ao mesmo tempo a hesitação se acha representada e se torna um dos temas da obra. 3- “é importante que o leitor adote uma certa atitude com relação ao texto: ele recusará tanto a interpretação alegórica quanto a interpretação ‘poética’”. (p. 151)

Dos modos do fantástico Relação entre o real e o ilusório Relação entre o real e a imaginação

Os gêneros vizinhos ao fantástico Estranho puro Fantástico- estranho Fantástico-maravilhoso Maravilhoso puro

Por que o fantástico? Função social: O sobrenatural e os temas tabu “A função do sobrenatural é subtrair o texto à ação da lei e, por esse meio, transgredi-la.” (p.161)

Por que o fantástico? Função literária: “toda narrativa é movimento entre dois equilíbrios semelhantes mas não idênticos.” (p.162) Qual o lugar do sobrenatural nisso? Romper o equilíbrio ou o desequilíbrio Ou seja: as funções social e literária do sobrenatural se sobrepõem: transgressão à lei estabelecida.

A função não do sobrenatural, mas do fantástico O fantástico subsiste entre o final do XVIII e o XIX. Por que não mais? As categorias da condição do fantástico A categoria do real é base do fantástico O paradoxo da literatura: “é ao mesmo tempo real e irreal; por isso, contesta o próprio conceito de real. De maneira mais geral, a literatura contesta toda dicotomia desse gênero” (p.165)

A função não do sobrenatural, mas do fantástico “A literatura existe pelas palavras; mas sua vocação dialética é dizer mais do que a linguagem diz, ultrapassar as divisões verbais. (...) Mas, se assim é, essa variedade da literatura que se funda sobre divisões linguísticas como a do real e do irreal não seria literatura.” (p. 165)

A ambiguidade do fantástico “por um lado, ela representa a quintessência da literatura, na medida em que o questionamento do limite entre real e irreal, próprio de toda literatura, é seu centro explícito. Por outro lado, entretanto, ela não é mais que uma propedêutica da literatura: combatendo a metafísica da linguagem cotidiana, ela lhe dá vida; ela deve partir da linguagem, mesmo se for para recusá-la. Ora, a literatura, no sentido próprio, começa para além da oposição entre real e irreal.”

A ambiguidade do fantástico O fantástico como má consciência do positivista século XIX. Hoje: o que se entende por realidade é algo pacífico e externo a nós? Kafka