Mobilidade, Aprendizagem de Línguas e Valorização

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Transcrição da apresentação:

Mobilidade, Aprendizagem de Línguas e Valorização João Costa FCSH – Universidade Nova de Lisboa

Sumário Reconhecimento da diversidade linguística. Consciência linguística como fator promotor de aprendizagem de línguas. Mobilidade como fator de promoção da tolerância linguística. Mobilidade com fator de promoção da aprendizagem de línguas. Conhecimento de línguas como fator de valorização pessoal e profissional. Implicações para gestão da mobilidade.

Outline Language diversity: - Becoming aware of language variation - Becoming aware of language status - Becoming aware of what we (do not) know about language(s) Linguistic tolerance: - Respecting language rights - Identification of differences - Setting goals for dealing with differences

Questão prévia Alguns riscos quando conhecemos alguém que não fala a nossa língua: - “Não falam bem” - “Não são capazes de falar” - “A maneira de falarem reflete uma forma diferente de pensar” - “É impossível ensiná-los…” - “A nossa língua é mais complexa...”

Questão prévia Todas estas atitudes refletem POUCO CONHECIMENTO SOBRE LÍNGUAS DO MUNDO POUCA TOLERÂNCIA RELATIVAMENTE A OUTRAS LÍNGUAS

Diversidade Linguística (I) Línguas no mundo (na aceção política) : “Contagem” otimista: +/- 6000 línguas (Wurm, 2001; Comrie, Matthews, Polinsky, orgs., 2003) 11 destas línguas são faladas por 70% da população mundial De acordo com um relatório recente da UNESCO, cerco de 2500 línguas estão em vias de extinção.

Diversidade Linguística (II) Conclusão (óbvia): - A nossa língua é apenas uma num conjunto vastíssimo!

Diversidade Linguística(III) Línguas naturais são como outras entidades na natureza… Variação legítima com Limites.

O que significa haver variação linguística? As línguas variam: - Porque são diferentes - Porque mudam - Porque as usamos em contextos diferenciados.

Algumas diferenças entre línguas As línguas diferenciam-se em alguns aspetos óbvios: Léxico – o conjunto de palavras de cada língua é diferente DOG PERRO HOND CHIEN

Algumas diferenças entre línguas As línguas distinguem-se em aspetos óbvios Fonologia – o conjunto de sons é diferente: E.g. 5 vogais em espanhol 14 vogais em português europeu Cliques em várias línguas Bantu Distinção tense-lax em inglês

Algumas diferenças entre línguas As línguas diferem em aspetos menos conhecidos: Morfologia – os processos para formar novas palavras são diferentes Janela de três sílabas para acento nas línguas românicas Compostos aparentemente ilimitados em alemão e.g. Donaudampfschiffahrtsgesellschaftskapitänsmütze o chapéu do capitão da Companhia Danube Steamboat Shipping Nem todas as línguas marcam género.

Algumas diferenças entre línguas As línguas diferem em aspetos menos conhecidos: - Sintaxe: a ordem de palavras é diferente Italiano – SVO Alemão – V2 Turco – SOV Interrogativas em português europeu – o que V S Interrogativas em português brasileiro – o que S V O sujeito pode ser nulo? Sim – Espanhol, italiano, português Não – Alemão, francês, inglês Depende do contexto sintático – Caboverdiano, Hebreu, Mandarim

Algumas diferenças entre línguas Línguas diferem em aspetos menos óbvios: - Semântica: expressão dos significados Valores associados ao presente do indicativo… Uso de quantificadores (e.g. everybody not…)

Algumas diferenças entre línguas As línguas diferem em aspetos menos conhecidos: - Convenções de escrita: Vírgula antes de e/and em inglês e português Dimensão dos períodos em texto académico - Convenções no uso da língua: Formas de tratamento (o pronome “tu” em línguas românicas) Como interagir em conversas regulares… estratégias de toma de palavra.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA É UM PRODUTO DA NATUREZA! Diversidade é normal Nem todas as diferenças existem. Alguns padrões não existem. Há universais linguísticos e impossibilidades universais. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA É UM PRODUTO DA NATUREZA!

Porquê falar de diversidade? Desenvolver consciência sobre diversidade linguística torna-nos conscientes de alguns factos: Aprendizagem das línguas podem depender de características das línguas nativas dos aprendentes; Há especificidades das línguas que se aprendem que requerem atenção especial. Há aspetos universais da língua que não requerem atenção especial.

A diversidade dentro de cada língua Há variação intralinguística… Caso mais evidente: mudança. Marcas que hoje conhecemos em algumas línguas já foram comuns noutras. Alguns exemplos: E.g. Inglês foi língua OV Português teve pronomes como en e y em francês Mudança linguística é catastrófica (Lightfoot 1999)

A diversidade dentro de cada língua Variação dialetal: a hegemonia linguística não existe. Não temos (ainda) consciência de todos os traços da variação dialetal.

Variação intralinguística Variação socioletal: a língua difere em função de grupos e de registo utilizado em diferentes contextos sociais e situacionais. A variante padrão é arbitrária e não correponde necessariamente ao que é ouvido mais frequentemente (e.g. “estar” em português)

Da diversidade à tolerância Reconhecimento da diversidade é fundamental para desenvolvimento de atitude de respeito e tolerância face à variação. O que se entende por tolerância linguística? - Aceitar que a nossa língua não é a única; - Respeitas as dificuldades linguísticas de outras, com atitue que promova o uso continuado das línguas; - Estimular o uso de outras línguas; - Desenvolver CONSCIÊNCIA linguística para mais eficiente aprendizagem.

Tolerância e Mobilidade Mobilidade é contexto por excelência para aprendizagem de línguas: - Imersão é um método bastante eficiente para a aprendizagem de línguas (Cummins 1998, i.a.); - É possível obter performance nativa mesmo em contexto de aprendizagem tardia (Whyte e Genesee 1996).

Mobilidade como fator de Valorização Se mobilidade potencia consciência linguística; Se consciência linguística promove aprendizagens mais eficientes; Se mobilidade coloca estudantes em contexto de imersão; Se imersão promove aprendizagem; → Mobilidade potencia aprendizagem mais eficiente.

Mobilidade como fator de Valorização Multilinguismo reconhecido como trunfo pela Comissão Europeia (2002, 2008): - para promoção individual; - para definição de perfil do europeu; - para valorização intercultural; - para promoção económica. Conhecimento linguístico altamente valorizado se extravasar as fronteiras do espaço europeu, o que implica mapas linguísticos mais apurados.

Implicações para gestão da mobilidade Reconhecimento de níveis diferentes de proficiência linguística em diferentes perfis. Necessidade de diversificação do treino linguístico e das metodologias de ensino. Reconhecimento de que proficiência académica é altamente sofisticada, requerendo intervenção específica e tolerância.

Implicações para gestão da mobilidade Instituições também devem tornar-se espaços multilingues; Circulação de conhecimento requer estabelecimento de línguas de comunicação; Internacionalização do conhecimento implica reconhecimento da realidade linguística; Promoção de língua através de outra língua pode potenciar mobilidade e conhecimento linguístico.

Conclusão Inserir video