Profª Drª Simone Bortoliero

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Jovens Investigadores: que Futuro?
Advertisements

Os Princípios Teórico-Metodológicos e a Prática Pedagógica
Profª Simone Cabral Marinho dos Santos
Maria Regina de Carvalho Teixeira de Oliveira
Educação Politécnica EPSJV/FIOCRUZ
Avaliação Institucional - relevância e usos na EAD
Orientação Educacional
Universidade de Aveiro
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS INTELIGÊNCIA COLETIVA, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, TECNOLOGIAS E ACESSO À INFORMAÇÃO CONCLUSÃO Desde o surgimento das organizações,
CONTAG Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
Prof. João Carlos Gomes Presidente da Associação Brasileira dos Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (ABRUEM) O COMPROMISSO DA UNIVERSIDADE.
O Sinaes na perspectiva das Instituições Públicas e Privadas
EDUCAÇÃO PARA AS RELACÕES ÉTNICO-RACIAIS:
O que é o EduCampo O Instituto de Educação do Campo e Desenvolvimento Territorial Sustentável – ou simplesmente EduCampo –, 
Avaliação Institucional na Universidade de Caxias do Sul
PRÊMIO MERCOSUL PARA CIÊNCIA E TECNOLOGIA – Edição 2013 Tema: Educação para a Ciência Proposta Brasileira de Linhas de Pesquisa XLVIII RECyT - Reunião.
CCI / UFPA - Análise de Desafios e Oportunidade
Fabiano André Vergani
Uma nova metodologia para uma nova escola
REDE DE ENSINO MÉDIO TÉCNICO
PERGUNTA-SE As escolas dão a devida atenção aos CONSELHOS DE CLASSE?
Mayara Reinert Gelamo Orientadora: Tatiana Comiotto Menestrina
Mayara Reinert Gelamo Orientadora: Tatiana Comiotto Menestrina
Curso de Pedagogia-Gestão e Tecnologia Educacional
Talentos para Inovação
Lei de diretrizes e bases da educação nacional
ENSINO MÉDIO POLITÉCNICO ENSINO MÉDIO-CURSO NORMAL
Samara Pereira Docente FSA/Assistente Social do IFPI
Semana do Bibliotecário Março – 2010 Carreiras impulsionadas: o que move o profissional bibliotecário? Simone da Rocha Weitzel Docente/DEPB/CCH/UNIRIO.
Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Educação UFES Ano 2004.
Metodologia Científica
PENSANDO A FORMAÇÃO DE FORMADORES NA UFMS
III ENCONTRO DE COORDENADORES INSTITUCIONAIS DO PIBID
METODOLOGIAS DA ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
Necessidades Especiais, Docência e Tecnologias
ALUNOS: ALANDIONE AP. DA SILVA ELZA RIBEIRO BUENO MARCIA BORGES.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA “Democratização da Gestão e Qualidade Social da Educação” Dr. Luiz F. Dourado -UFG Brasília,
3a. OFICINA DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA Desenvolvimento de Atividades de Educação Corporativa e Sistemas de Informação Profa. ELEONORA JORGE RICARDO Universidade.
III ENCONTRO DE COORDENADORES INSTITUCIONAIS DO PIBID TEMA “GESTÃO DO PROGRAMA, ADMINISTRAÇÃO DAS BOLSAS E RELAÇÃO INSTITUCIONAL”. Maio/2013- Brasília,
Escola de Formação e Desenvolvimento Profissional de Educadores.
A Educação Matemática como Campo Profissional e Científico
Pedagogia- Gestão e Tecnologia Educacional
Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Departamento de Política em EAD- DPEAD Programas do DPEAD.
A INCLUSÃO DIGITAL NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE AÇAILÂNDIA:
UNIMINAS Curso de Pedagogia-Gestão e Tecnologia Educacional Aluno: Polyana Vieira Mota de Faria Profª: Gilca Vilarinho Setembro/2005.
Perguntas de Modelação
José Augusto Chaves Guimarães UNESP – Marília Recife
Política Educacional Brasileira
Aula 11 – Ensino Fundamental II 9ª Série/Fase
Gestão 2009/2011 Encontro Regional Norte de Secretários e Dirigentes Municipais da área de Ciência, Tecnologia e Inovação I Seminário Intermunicipal de.
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Ministério da Educação
UNIMINAS Curso de Pedagogia - Gestão e Tecnologia Educacional Aluna: Ângela Cristina da Silva Prof ª: Gilca Vilarinho 3º Período G 1.
PLANO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO PNPG
Uma Escola do Tamanho do Brasil
Universidade Federal do Rio Grande do Norte CONTROLE NA VISÃO DAS UNIDADES GESTORAS PROF. SEVERINO CESÁRIO DE LIMA, MSc. Chefe da Auditoria Interna - UFRN.
UNIMINAS Curso de Pedagogia Gestão e Tecnologia Educacional Aluna: Ingrid S. David Prof. Gilca Vilarinho Setembro-2005.

Boas Vindas! Profª: Quelen 2015.
Aluna: Tatiane Paula Moraes Profª: Gilca Vilarinho Setembro/2005 UNIMINAS Curso de Pedagogia Gestão e Tecnologia Educacional.
Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica
3.ª Conferência do FORGES – Fórum da Gestão do Ensino Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa Arabela Campos Oliven Universidade Federal do.
3ª Conferência FORGES Política e Gestão da Educação Superior nos Países e Regiões de Língua Portuguesa Universidade Federal de Pernambuco, BRASIL | 4,

PIBID DIVERSIDADE 1. O Edital: 066/2013- CAPES: –O objeto deste edital é a seleção de projetos institucionais que visem ao aperfeiçoamento da formação.
A PESQUISA COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO Ana Paula Palheta PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO.
MATERIAIS E MÉTODOS: Nossa investigação tem como foco a situação da Filosofia no contexto da escola pública de ensino médio de Santa Maria. Buscamos saber.
GOBBI, Maria Cristina. Panorama da produção do conhecimento em comunicação no Brasil. Brasília: IPEA, 2010, p
1 Ciência e Tecnologia para a sociedade: um casamento difícil Simon Schwartzman Seminário Rio além do petróleo: conhecimento e desenvolvimento 12 de junho.
Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social 3ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 16 a 18 de novembro de 2005 Brasília.
Transcrição da apresentação:

"Desafios de uma prática regional de Jornalismo Científico e Popularização da Ciência e Tecnologia” Profª Drª Simone Bortoliero Associação Brasileira de Jornalismo Cientifico Universidade Federal da Bahia Doutora em Comunicação Cientifica e Tecnológica (UMESP) Pós- Doutorado em Midia, Meio Ambiente e Energia (Unicamp) 2008

Políticas Públicas /Educação Cientifica Criação de espaços de divulgação cientifica; Formação de professores de Ciências comprometidos com uma ciência cidadã e com uma tecnologia que leve justiça social. Cuidados com ensino fundamental e médio; Formação crítica para leitura de mídia pelos jovens nas escolas; Produção de materiais realizados pelos jovens. Porque tem muita coisa ruim na TV e na Internet e os jovens precisam saber opinar e escolher sobre o que é bom e ruim no campo da C&T (Educação para Mídia)

Jornalistas Formação de Jornalistas na Graduação (com caráter investigativo e crítico); Investimento na Formação de Pesquisadores nas diferentes regiões (com mestrado e doutorado); Na Bahia por exemplo duas frentes se consolidaram nos últimos anos - Pós em Cultura e Sociedade e Pós em Ensino , Filosofia e História das Ciências, ambas na UFBA com as linhas de pesquisa Cultura e Ciência , Divulgação Cientifica, Percepção Pública da Ciência e da Tecnologia.

Produção regional de qualidade em C&T Produção de materiais audiovisuais realizados por professores de ciências da rede pública (hoje estamos usando o Youtube) – através do oferecimento de oficinas de Comunicação para a Educação Científica, feita por jornalistas; Parceria entre as instituições públicas e privadas na criação de cursos de capacitação para as assessorias de comunicação das instituições e órgãos de pesquisa; Criação de Centros e Núcleos de Jornalismo Científico e Divulgação Cientifica nas diferentes regiões com o objetivo de favorecer um Jornalismo Cientifico para a Educação Cientifica; Agências de noticias on line no campo de C&T; Investimentos em projetos multidisciplinares e criação de redes de pesquisa no campo do jornalismo cientifico.

Críticas ao atual modelo/o ideal Uma informação que nos impõe o uso de tecnologias sem justiça social; Informações sobre pesquisas oriundas do eixo Rio-SP; Uma divulgação cientifica pouco comprometida com o desenvolvimento humano e social das regiões brasileiras; Necessidade de uma visão multidisciplinar ao olharmos os fenômenos científicos; Desafios na formação dos jornalistas e de divulgadores científicos no século XXI (formação multidisciplinar) Defesa de um jornalismo investigativo no campo da ciência e da tecnologia. Ou seja, deveremos dar conta de uma formação critica com relação a temas de Ciência, Tecnologia e Inovação e se estamos veiculando pesquisas nas diferentes regiões que estão contribuindo para a melhoria da qualidade de vida na terra. Modelo de comunicação unidirecional entre jornalistas e cientistas; Mito da ciência como verdade absoluta;

Popularização da C&TI (via jornalismo) Projetos de criação de Centros de Ciências reunindo jornalistas, pesquisadores e bolsistas de ensino médio e graduação (iniciação cientifica); Incentivo a projetos de bolsas para jornalismo científico, via instituições de pesquisas nos estados brasileiros (única possibilidade de pesquisa e de produção na área de popularização via diferentes mídias); Exemplo: Projeto Jovens Repórteres Científicos são espaços para a experimentação de metodologias de comunicação que podem contribuir com a formação de uma cultura científica entre jovens de áreas urbanas e ruraiis;; É necessário dentro das Universidades um esforço de co-produção de equipes multidisciplinares que pensem em políticas de popularização da ciência e tecnologia para fora de seus muros; Parcerias inter-institucionais entre laboratórios (citar UFBA, como LabTV da FACOM e Instituto de Biologia e institucionais (secretarias, universidades, ong”s); Convencimento dos pesquisadores/ programas nos canais universitários/luta por satélites/ agências on line como ciência press, comciência.

Comunicando a Ciência & Tecnologia de forma regional Cada região tem contrastes sociais, econômicos e diferentes culturas; Eu gostaria de lembrar que nossa formação cientifica está baseada numa ciência eurocêntrica, branca e masculina que moldou todo o sistema de educação cientifica do povo brasileiro nas últimas décadas. E a partir do meu estado, a Bahia, local que escolhi para trabalhar como professora e pesquisadora, fui percebendo como essa realidade implicou na baixa auto-estima dos afrodescentes no que se refere a escolha por carreiras de Ciência e Tecnologia;

Formação da Cultura Cientifica As concepções do racismo científico disseminados nos meios acadêmicos a partir do século XIX; Na sociedade brasileira atual, ainda há concepções que norteiam o senso comum da população brasileira. A história do branco civilizado, do negro mais afeito ao trabalho brutal e do “selvagem” indolente indígena, persiste e tem moldado gerações, contribuindo para consolidar relações sociais de subalternidade em que a pirâmide socioeconômica dos segmentos étnicos reflete o papel do fator racial em nossa organização social. É o que venho percebendo em meus estudos de pós doutorado sobre a produção de biocombustíveis e o trabalho escravo nos canaviais de São Paulo.

Cultura Cientifica Essa faceta político-ideológico contida na história do desenvolvimento da ciência no Brasil não pode ser desprezada quando temos como meta um Jornalismo Cientifico comprometido com a popularização desse saber, sobretudo para os segmentos excluídos como os afrodescendentes e indígenas, os quais foram objetos dessa ciência e por conseguinte tiveram sua auto-imagem depreciada em prol de esquemas classificatórios que os colocavam nas escalas mais inferiores em termos intelectuais. E no sul, como estão questões semelhantes? Os jovens independente de cor, religião, classe social estão tendo acesso ao conhecimento cientifico através de projetos de popularização, de que forma e quais são estes espaços.

Qual o papel do pesquisador na divulgação cientifica Os pesquisadores preocupados com a divulgação científica devem se perguntar inicialmente a quem pertence o conhecimento? Se fizermos esta pergunta entenderemos que a ciência é um fenômeno cultural e está intimamente ligada às outras manifestações culturais. Portanto, algumas comunidades detém, socialmente, o menor prestígio, isto é , acabam resistindo a menos códigos. Assim, devemos compreender que a validação de saberes populares pela academia é acompanhada de transferência deles para classes de maior poder econômico, com a usurpação daqueles que os produziram e detinham. Ex: patrimônio genético. Patentes de plantas medicinais. Prestar contas do investimento da pesquisa; Melhorar a qualidade de vida das populações; Democratizar o acesso ao conhecimento cientifico, entre outros.

Qual o papel do jornalista cientifico? Cobrar políticas públicas que favoreçam uma melhor qualificação de nossos professores de ensino de ciências. Não é possível que um comerciante dê aulas de química, física, biologia, matemática, português, historia ou geografia no interior da Bahia. Pq senão é impossível falar de jornalismo cientifico para a maioria; Devemos levar em consideração os estudos sobre percepção pública da ciência entre jovens , professores, donas de casa, etc...verificando níveis de alfabetização cientifica e além disso conhecer as diferentes culturas espalhadas pelo Brasil. A tarefa não é fácil, mas é de jornalistas e cientistas, professores e pesquisadores.... A comunicação é um processo de interlocução. De diálogo. A ciência é uma questão social e portanto a comunicação é indispensável; Entender que o discurso do cientista é uma representação de suas formas de observação e que a verdade da ciência é provisória. O currículo lattes não pode ser fonte única de consulta de nossos jornalistas nas redações. Devemos questionar as formas de publicação, o modelo competitivo, a divisão das verbas e o investimento em pesquisas.... Atuar como jornalistas investigativos – falar da história das ciências, das tecnologias com justiça social, dos métodos científicos, das disputas e lobbys no congresso nacional, dos investimentos em uma determinada linha de pesquisa e não em outra, falar das políticas públicas federais, estaduais e municipais na área de C&TI. Fazer C&T é uma atividade humana, com implicações diretas nas atividades sócio-econômicas e políticas de um país.

Agradecimentos A Diretoria da Associação Brasileira de Jornalismo Cientifico agradece o convite para a participação neste 2º Encontro de Ciência e Tecnologia do Paraná, evento organizado pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI), com apoio e estrutura da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná (Unicentro). Obrigada Simone Bortoliero (ABJC) bortolie@gmail.com bortolie@ufba.br