TEXTO E A CONSTRUÇÃO DO SENTIDO Uma abordagem interacionista e não transparente (do funcionamento) da linguagem. Prof. Ms. Jefferson Barbosa-de-Souza (SEESP/UFMS)

Subi a porta e fechei a escada Subi a porta e fechei a escada. Tirei minhas orações e recitei meus sapatos. Desliguei a cama e deitei-me na luz Tudo porque Ele me deu um beijo de boa noite... (autor anônimo)

MITOS E CRENÇAS SOBRE A PRODUÇÃO DE TEXTOS: Só os gênios escrevem bons textos; 2) Os textos devem possuir elementos coesivos na superfície textual para funcionar; 3) A repetição é uma coisa típica da fala.

O QUE É ESCREVER? É uma atividade social; sempre que escrevemos socialmente escrevemos textos (Cf. Antunes 2005, p. 28-39): “Escrever é, como falar, uma atividade de interação, de intercâmbio verbal”: o que se busca através da escrita é interagir com o outro, trocar uma informação com alguém, dizer algo a alguém, sob algum pretexto. “Escrever, na perspectiva da interação, só pode ser uma atividade cooperativa”: é uma atividade em que dois sujeitos (autor e leitor) cooperam a fim de interpretar o sentido (o que está sendo dito). Daí a dificuldade encontrada por muitos estudantes quando não sabem ao certo para quem eles estão escrevendo. “Escrever, a outros e de forma interativa, é, pois, uma atividade contextualizada”: com propósitos e fins específicos, visando atingir um objetivo (o interlocutor).

O QUE É ESCREVER? 4. “Tal como falar, escrever é uma atividade necessariamente textual”: seja por textos falados (orais) ou escritos, ninguém se comunica através de frases soltas ou justapostas, desconectadas, soltas, sem unidade. 5. “ Escrever é uma atividade tematicamente orientada: isto é, em um texto sempre há uma ideia central, tópico ou tema global que se objetiva desenvolver, como também, um ponto de chegada para o qual cada segmento vai se orientando. “Não importa se estamos dissertando, contando uma história, fazendo um relatório, uma carta ou a descrição de um aparelho. Não importa. Há sempre um ponto em vista” (Antunes 2005, p. 32). Perdê-lo significa romper com a unidade temática e comprometer o processo de interação. 6. “Escrever é uma atividade intencionalmente definida”: ora, escreve-se para atingir um determinado fim, para cumprir um objetivo. Todo dizer está orientado para um fazer, agir, atuar (Searle, 1981).

O QUE É ESCREVER? 7. “Escrever é uma atividade que envolve, além de especificidades linguísticas, outras, pragmáticas”: significa dizer que se trata de uma atividade nterativa, contextualmente situada e funcionalmente definida; tem a ver com a situação e a intenção dos sujeitos na interação. 8. “Escrever é uma atividade que se manifesta em gêneros particulares de texto”: dito em outras palavras, cada texto possui uma peculiaridade tanto ao modo de iniciá-lo quanto fechá-lo. Existem diversos e diferentes modelos de texto. Há esquemas típicos para cada um desses textos; uns mais flexíveis e outros mais rígidos. 9. “Escrever é uma atividade que retoma outros textos”: remonta a outros dizeres. Nunca somos inteiramente originais, em nossa escrita há a presença de outras vozes, outros textos anteriores.

O QUE É ESCREVER? 10. “A escrita é uma atividade em relação de interdependência com a leitura”: ler é a contraparte do ato de escrever que, como tal, se complementam. “O que lemos foi escrito por alguém, e escrevemos para que outro leia. Não existe solidão nesses processos. Na verdade, só aparentemente estamos sós, quando escrevemos ou lemos. Há sempre alguém do outro lado. (Antunes 2005, p. 36)”

O QUE É TEXTO? Eis a questão...