USP 2013 Márcia Cançado (UFMG)

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Transcrição da apresentação:

USP 2013 Márcia Cançado (UFMG) 2º. Seminário de Programas de Pós-graduação da Área de Letras e Linguística: identidades, convergências e perspectivas USP 2013 Márcia Cançado (UFMG)

Três perguntas básicas 1. Por quê a semântica e a pragmática devem constar da grade curricular de programas de pós-graduação em Linguística? 2. O que estudar em Semântica e Pragmática? 3. Como esse estudo pode ser incentivado, efetivamente, nos programas de pós-graduaçao em Linguística?

Vertentes de estudo sobre o significado 1. Semânticas Referenciais: relação expressão linguística X mundo: Teorias de Semântica Formal (lógica como linguagem)

Vertentes de estudo sobre o significado 2. Semânticas Lexicais ou Representacionais: relação da língua com a representação mental – Teoria de semântica componencial, semântica gerativa, interface semântica e sintaxe, semânticas cognitivas...). Podem ou não usar linguagens mais formais, como decomposição em predicados primitivos e a própria lógica.

Vertentes de estudo sobre o significado 3. Pragmática: relação do sentido com o uso: Teorias de Atos de Fala, Máximas de Grice, Implicaturas Conversacionais, Estrutura Informacional etc (em alguns casos, lógica como linguagem)

Vertentes de estudo sobre o significado Teorias de Semântica discursiva; relação do sentido com o discurso. Teorias de Semântica Argumentativa, Teoria da Enunciação etc (tema a ser debatido pela outra mesa)

Qual seria a teoria obrigatória? Com tantas teorias, então qual delas deve ser estudada? Qual delas seria obrigatória para a formação de um aluno de pós-graduação em Linguística?

Conceitos básicos Considero que existem conceitos básicos que abrangem todas essas teorias que todos alunos de Letras devem ter: aqueles que vão ser professores de ensino fundamental e médio, aqueles que vão ser professores de língua estrangeira, aqueles que vão trabalhar com tradução e, evidentemente, aqueles que vão trabalhar com ensino superior e pesquisa. E, ainda mais, alunos de comunicação, filosofia, direito.

Conceitos básicos Semântica referencial (grosso modo): Distinção entre sentido literal (semântica) e uso da língua (pragmática) Referência e sentido Acarretamento e pressuposição Ambiguidades Paráfrases Contradições Anáforas e dêixis Tempo, aspecto gramatical e modalidade

Conceitos básicos Semântica lexical ou representacional: - Relações lexicais - Papéis temáticos - Estruturas argumentais - Aspecto lexical - Protótipos - Metáforas - Espaços mentais

Conceitos básicos Pragmática: - Distinção entre pragmática e semântica - Dêixis - Implicaturas conversacionais e pressuposições - Atos de fala - Estrutura informacional

Aplicação desses conceitos em outras áreas Minhas perguntas são: - Como um tradutor pode falar de tradução se não entende o que são implicaturas ou ambiguidades? ou mesmo metáforas? - Como um professor de línguas pode falar de estrutura de verbos se não entende que existem estruturas argumentais que alternam e apresentam propriedades específicas, em todas as línguas? - Como pode um professor de português falar sobre o que o texto diz, sugere ou ultrapassa sem fazer a distinção entre acarretamentos, pressuposições e implicaturas? Ou mesmo saber a distinção entre uma dêixis e anáforas, quando da interpretação de um texto? Ou não distinguir entre aspecto, tempo e modalidade, na hora de ensinar o sistema verbal de uma língua? Ou entender as metáforas?...

Relevância da Semântica e Pragmática como disciplina curricular A importância de um estudo sistemático sobre o significado e da relevância de a semântica e a pragmática serem disciplinas indispensáveis em programas de pós-graduação e graduação em Letras e Linguística.

Conteúdo de graduação Curso de Introdução à Semântica na graduação, sem focar em uma teoria (como nos manuais de semântica); mas essa não é a nossa realidade brasileira.

Aluno de pós-graduação do Brasil Qual é o tipo de aluno que chega na pós-graduação em linguística? Acredito que, na maioria das universidades do Brasil, o alunado de pós-graduação em linguística tem uma formação bastante heterogênea: poucos são os cursos de graduação que abordam, ou têm em seus currículos disciplinas que tratem dessas noções que apontei.

Qual o aluno de pós-graduação que queremos? Queremos doutores com formações mais amplas, mais qualificados, mais bem formados de uma maneira geral, que serão capazes de sair dali e passar para frente conhecimento, além do conhecimento da sua pesquisa, pelo Brasil afora? Ou alunos com formações bem específicas, de pouco interesse para um curso de Letras, em geral?

Possibilidades Na realidade brasileira, esses cursos introdutórios poderiam ser de oferta obrigatória na pós, por um grupo de linguistas, não necessariamente semanticistas ou pragmaticistas, pois não os temos em número suficiente.

Possibilidades Mais cursos sobre introduções a teorias específicas, para formar pesquisadores nas áreas, seguindo a vocação dos semanticistas da universidade.  Na ausência de semanticistas (o que não é raro), cursos oferecidos por professores visitantes. 

Inserção internacional Todas as grandes universidades que oferecem programas de pós-graduação em Linguística têm semântica como disciplina obrigatória e como área de pesquisa. 

Situação no Brasil Região Norte: 8 programas -> 2 programas têm semântica e/ou pragmática   Região Centro-Oeste: 10 programas -> 2 programas têm semântica e/ou pragmática Região Nordeste: 17 programas -> 8 programas têm semântica e/ou pragmática Região Sudeste: 33 programas -> 12 programas têm semântica e/ou pragmática Região Sul: 20 programas -> 4 programas têm semântica e/ou pragmática 

Situação no Brasil - Fica claro, que a semântica/pragmática ainda não é inserida como uma formação básica de pós-graduandos em linguística no Brasil. - Parece-me, salvo engano, que fora a USP e a UFPR, não temos realmente grupo de professores que trabalham com semântica.

Situação na UFMG No curso de graduação em Letras da UFMG, eu acredito que o aluno sai com uma formação razoável em semântica/pragmática, se ele quiser, pois algumas das disciplinas são dadas como tópicos. Na pós-graduação, entre um corpo docente de 60 professores da pós-graduação, só eu me declaro semanticista. Não que outros professores não trabalhem com questões semânticas, mas não assumem como área de trabalho a semântica. E a oferta de semântica na pós não é constante.

Atitudes Com o apoio da CAPES, por exemplo, divulgar, não impor, mas mostrar a relevância de se ter na grade curricular as disciplinas semântica e pragmática, e propormos uma disciplina básica em cada curso; isso já poderia ser um começo. Nós, semanticistas, podemos ajudar na elaboração do material, programa etc Também, propormos a oferta de semântica por professores externos às universidades, em mini-cursos etc. Com esse incentivo, os alunos podem se interessar mais pela área e aí começaremos a formar mais semanticistas no Brasil.

Obrigada pela atenção!