Diadococinesia em crianças com e sem gagueira do desenvolvimento

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Transcrição da apresentação:

Diadococinesia em crianças com e sem gagueira do desenvolvimento Fonoaudióloga Mestranda Ana Paula Ritto Profa. Dra. Claudia Regina Furquim de Andrade Laboratório de Investigação Fonoaudiológica em Fluência, Funções da Face e Disfagia (LIF-FFFD) Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) 2012

INTRODUÇÃO Gagueira Gagueira: Desenvolvimental (80%) Rupturas involuntárias do fluxo da fala: repetições de sons e de sílabas, prolongamentos de sons, bloqueios, pausas extensas, intrusões nas palavras (sons ou segmentos fonológicos não pertinentes). (Andrade, 2004) Gagueira Desenvolvimental (80%) Adquirida (20%) Neurogênica Psicogênica

INTRODUÇÃO Gagueira do desenvolvimento: Início na infância (em geral, entre 18 meses e sete anos, podendo ocorrer até os 12 anos), durante a fase de aquisição e desenvolvimento da linguagem, Distúrbio crônico, mesmo que apresente períodos cíclicos de fluência. Esse subtipo é encontrado em cerca de 80% do total dos casos de gagueira identificados na infância, e a prevalência é de 20%. Distúrbio de base genética que, em sua evolução, pode acarretar impactos psicológicos e mau ajustamento social, em decorrência de fatores pessoais e ambientais. Distúrbio na habilidade do falante em produzir a fala suave  rompimento da seqüência motora da palavra. Ruptura na programação dos movimentos musculares envolvidos na produção dos sons e sílabas (padrão motor). (Andrade, 2004; Van Riper, 1982; Ambrose e Yairi, 1999; Yairi, Ambrose e Niermann , 1993; Fesenfeld et al., 2000)

INTRODUÇÃO Fala fluente: Coordenação entre a demanda do ambiente, as informações lingüísticas, e as ações motoras (ajustes respiratórios, laríngeos e articulatórios). Refinamento no controle motor da fala: A produção de movimentos rápidos e suaves envolve programas motores que são recuperados da memória e adaptados a uma situação particular. Programas motores generalizados: os movimentos nunca são produzidos exatamente da mesma forma, mas características essenciais são mantidas. Coordenação de múltiplos sistemas: (Sassi e Andrade, 2004) Respiratório Psíquico Linguístico

INTRODUÇÃO Processamento neuromuscular pode ser avaliado pelas evidências do comportamento muscular que contribuem para a produção normal da fala. Se algum desses traços estiver comprometido  sistema motor será afetado de forma negativa. A natureza e o grau do defeito promovem informações importantes : A força e o tônus muscular indicam a capacitação para contração. A velocidade do movimento indica a capacidade de variação das estruturas envolvidas e suas possibilidades de seqüencializações. A extensão do movimento indica como os articuladores se modificam durante o curso do movimento. A precisão e a estabilidade do movimento indicam a coordenação entre força, velocidade, extensão, direção e temporalização. (Freed, 2000)

INTRODUÇÃO Diadococinesia: habilidade para realizar repetições rápidas de padrões simples de contrações musculares opostas. Avaliar a integração e maturação neuromotora. Esta medida pode ser relacionada ao nível de controle do falante sobre o sistema motor de produção de fala. (Huinck et al., 2001) A velocidade articulatória (o quão rápido o indivíduo produz as sílabas) seria um indicador do sistema motor da fala. (Conture, 2000) Repetição de sílabas: /pa/, /ta/ ou /ka/; Junção de sílabas diferentes: /pataka/

INTRODUÇÃO Análise acústica: Mede a acústica da onda sonora vocal. Acústica é registrada em um gráfico tridimensional (espectograma). Correlatos acústicos e fisiológicos (comportamentos vocais isolados e em fala encadeada). (Behlau et al, 2005)

INTRODUÇÃO Objetivos dos estudos Estudar os valores de diadococinesia da fala de crianças fluentes e com gagueira. Compreender melhor o controle motor da fala.

MÉTODO Participantes 45 crianças: entre 4 anos e 12 anos e 11 meses GI - 25 crianças: 16 masc. e 9 fem. Diagnóstico de gagueira (LIF-FFFD). GII - 20 crianças: 11 masc. e 9 fem. - Sem queixa de gagueira, - Fluência dentro dos padrões de normalidade (LIF-FFFD). - Sem antecedentes familiares para gagueira recuperada ou persistente.

MÉTODO Procedimentos Diadococinesia alternada: Emissão da sílaba pa (/papapapapa.../) ininterruptamente, o mais rápido possível sem perder a precisão articulatória, durante 15 segundos. Três repetições. Diadococinesia sequencial: Emissão da sequência /pataka/ ininterruptamente, o mais rápido possível sem perder a precisão articulatória, durante 15 segundos. Três repetições. (Sassi e Andrade, 2004).

Duração da sílaba consoante-vogal Período médio entre as sílabas MÉTODO Procedimentos Para cada amostra de fala executável da diadococinesia, foram realizadas as seguintes medidas manuais: Duração da sílaba consoante-vogal GI = GII Período médio entre as sílabas Pico de Intensidade Para análise das amostras de fala foi utilizado o programa Praat 4.2 de uso livre.

(Andrade, Queiróz e Sassi, 2010) DISCUSSÃO Na comparação entre os grupos a análise inferencial não revelou diferença estatisticamente significativa para nenhuma das variáveis. Não há consenso nos estudos já realizados sobre a habilidade de diadococinesia em crianças com gagueira. Riley e Riley (1979)Alta porcentagem de crianças com gagueira apresentou dificuldades motoras orais. Andrade et al. (2010)diferença significativa entre os dois grupos, onde as crianças fluentes apresentaram maior habilidade do que as crianças gagas. Em outras pesquisas (Wolk et al. 1993; Yaruss et al. 1995), com metodologias subjetivas, não houve diferença. Não existe compatibilidade entre os achados da ativação elétrica muscular e parâmetros acústicos quando avaliada a habilidade de diadococinesia em crianças fluentes e gagas. (Andrade, Queiróz e Sassi, 2010)

CONCLUSÃO Resultados do estudo: Semelhança entre as variáveis analisadas nos dois grupos Sem diferença estatisticamente significante. Difere dos encontrados em alguns outros estudos, apesar de pouco ter se estudado sobre esse assunto. Investigar parâmetros diferentes: Pesquisas continuam a ser realizadas: Análise do erro (inserção, omissão, vozeamento, localização, inversão, perseveração); Estudos com adultos.

Fga. Ana Paula Ritto Mestranda em Ciências da Reabilitação Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional Faculdade de Medicina Universidade de São Paulo E-mail: ana.ritto@usp.br