Wordney Carvalho Camarço Médico Psiquiatra Clínico e Forense

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Transcrição da apresentação:

O poder das drogas no corpo humano, na família e na violência doméstica Wordney Carvalho Camarço Médico Psiquiatra Clínico e Forense 22/06/2011

Sendo a dependência química uma síndrome multifatorial, pode-se prever alguns conjuntos de fatores envolvidos no seu desenvolvimento:

Aspectos genéticos e neurobiológicos

Comorbidades Psiquiátricas

A estrutura psicológica do indivíduo e seus recursos de defesa para o manejo de emoções e situações desestabilizadoras RESILIÊNCIA

RESILIÊNCIA

Oferta e disponibilidade das drogas

O tipo de substância

VIA DE ADMINISTRAÇÃO ESCOLHIDA

Histórico familiar e suas disfunções

A presença de hereditariedade

Existem evidências para dois padrões de transmissão hereditária: “(...) Um específico para cada dependência e outro geral para todas, numa síntese que parece ser o melhor resumo dos estudos de famílias, onde a transmissão hereditária deva ocorrer dentro de um espectro que, num extremo, acarrete uma vulnerabilidade geral para qualquer dependência e, no outro, proporcione condições para que uma forma específica de dependência se desenvolva.” Merikangas e cols. (1998)

Vulnerabilidade Genética Comum TDAH Gagueira Tiques TOC Transtorno de Conduta (crianças) Mania TAG Abuso de Álcool

Estresse

Eventos traumáticos de vida

Violência Doméstica Qualquer tipo de abuso físico, sexual e emocional perpetrado por um parceiro contra o outro, em um relacionamento íntimo passado ou atual. Em um sentido mais amplo, a violência doméstica refere-se também ao abuso de crianças e idosos no ambiente doméstico.

O problema é subnotificado, mas afeta potencialmente de 10 a 15% de mulheres nos EUA; Os dados sobre prevalência variam muito, dependendo das definições e da metodologia utilizadas; Em populações selecionadas, a prevalência de violência grave varia entre 0,3 e 4% (estimativa ao longo da vida de 9%) e de violência total varia de 8 a 17% (as estimativas ao longo da vida variam de 8 a 22%); Os comportamentos dos perpetradores de violência doméstica se parecem com os dos dependentes de substâncias:

Perda de controle; Manutenção do comportamento apesar das conseqüências adversas (danos físicos e impacto nas relações familiares); Perda de muito tempo; Culpabilização dos outros; Negação; Minimização; Ciclo de progressivo aumento; Momentos de contrição e promessas de mudança.

Tanto mulheres como homens consideram uma vítima intoxicada mais responsável que o perpetrador da violência intoxicado; Culturalmente, mulheres com dependência química são consideradas como mais disponíveis sexualmente, levando à noção de que a agressão sexual contra elas é aceitável; O uso de substâncias psicoativas (pelo perpetrador, pela vítima ou ambos) está envolvido em até 92% dos episódios notificados de violência doméstica; O álcool freqüentemente atua como desinibidor, facilitando a violência; O uso de álcool parece estar envolvido em até 50% dos casos de agressão sexual; Homens casados violentos possuem índices mais altos de alcoolismo em comparação àqueles não violentos; Estudos relatam índices de alcoolismo de 67% a 93% entre maridos que espancam suas esposas.

A Associação Médica Americana relata que o estupro representa 54% dos casos de violência marital ; Formas mais sutis de violência doméstica: Dicussões sobre assuntos financeiros (o usuário de substâncias pega dinheiro do cônjuge ou desvia dinheiro que poderia ser utilizado para pagar contas domésticas para comprar drogas). O álcool e outras drogas são geralmente utilizados por mulheres para auto-medicar a dor decorrente de situações de violência doméstica e trauma; Mulheres feridas por um parceiro masculino possuem uma probabilidade duas a três vezes maior de abusarem de álcool e de terem usado cocaína; Mulheres em tratamento por transtorno por uso de substâncias achavam que a violência contra elas estava associada ao baixo status social, percepção de maior disponibilidade sexual, uso de substâncias por seus parceiros, sua própria agressividade verbal quando sob influência do crack e do álcool e conflitos relacionados à procura e à divisão de drogas;

Violência doméstica contra mulheres grávidas: Maior uso perinatal de substâncias; Maior probabilidade de parto prematuro, atenção pré-natal deficiente e recém-nascidos de baixo peso; Maior utilização dos serviços de saúde. Abuso infantil: Forte associação entre abuso sexual e físico na infância em mulheres e o posterior desenvolvimento de problemas de uso de substâncias psicoativas; A relação entre abuso físico e sexual na infância e o desenvolvimento de problemas de uso de substâncias em mulheres é mediado pela morbidade psiquiátrica, incluindo ansiedade, particularmente o transtorno de estresse pós-traumático e depressão; Homens que abusam de suas esposas podem também abusar de seus filhos;

Crianças que experimentam abandono dos cuidados pelos pais têm também maior risco de desenvolverem problemas de uso de substância, desta forma perpetuando um continuamente crescente ciclo de violência/abandono; Maior probabilidade de parto prematuro, atenção pré-natal deficiente e recém-nascidos de baixo peso; Maior utilização dos serviços de saúde. Rastreamento: Os profissionais de saúde não se sentem à vontade para perguntar às mulheres sobre violência doméstica e problemas com substância psicoativas e as pacientes não se sentem confortáveis em relatá-los: Experiências dolorosas; Vergonha; Estigma; Sentimentos de culpa (acham que provocaram a violência).

Tanto as pacientes como os profissionais podem sentir que não vale a pena levantar tais assuntos, pois ambos sentem-se impotentes para resolver a situação e temem criar ainda mais dificuldades; A avaliação da violência doméstica pode ser, inclusive, mais problemática do que a avaliação de transtornos por uso de substâncias psicoativas; Os profissionais de saúde podem relutar em perguntar sobre violência a uma mulher em tratamento por um transtorno por uso de substâncias psicoativas, pois estão preocupados com o fato de que a memória de tais eventos dolorosos durante as fases iniciais da recuperação irá precipitar o recomeço do abuso de substâncias; No entanto, a não-identificação da vitimização nessa população pode estar associada a um pior desfecho do tratamento; Problemas de saúde relacionados: depressão, insônia e ansiedade, dor pélvica crônica,infecções urinárias de repetição e DST’s;

As perguntas sobre violência doméstica passada e atual deve ser parte da história levantada em mulheres com problemas de uso de substâncias; É importante assegurar privacidade e a segurança da vítima, tanto para protegê-la como para obter informações confiáveis; Essa avaliação deve ser realizada longe do agressor potencial e a vítima deve ser informada de que seu parceiro não terá acesso às informações;

CURIOSIDADE