DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE MÉDICOS

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Transcrição da apresentação:

DEPENDÊNCIA QUÍMICA ENTRE MÉDICOS UNI AD Prof. Dr. Ronaldo Laranjeira UNIAD - EPM Setembro de 2.002

INTRODUÇÃO: CONCEITOS GERAIS A dependência do álcool é pouco diagnosticada. Walsh, R. A; 1995 O foco dos profissionais está nas complicações físicas. Galanter, M; 1998 O tempo médio para diagnóstico é 5 anos para álcool. Clarck , W. D; 1981 Há falta de treinamento nas escolas médicas. UNI AD

Impedimentos na realização do diagnóstico Cognitivo Atitudes Comunicação Conceitual U N I A D Clark, W D , 1981

Situação Atual UNI AD Pouca ênfase no ensino (Walsh, R. A; 1995) Não existe consenso sobre o currículo mínimo nesta área Treinamento pode melhorar habilidade e atitude (Walsh, R. A; 1995); (Chapel, J. N; e col, 1997) UNI AD

Relação entre Problemas e Uso de Álcool II I Dependência III UNI AD

NOÇÃO DE ESPECTRO Casos graves Casos leves UNI AD

PONTOS CHAVE Dependência Química entre médicos tem a mesma prevalência da população geral Para Benzodiazepínicos e opióides a freqüência é maior (Emergência, Anestesiologia e Psiquiatria) UNI AD

PONTOS CHAVE UNI AD Identificação é geralmente mais difícil O prognóstico, uma vez em tratamento, é melhor Programas específicos para Assistência podem melhorar o engajamento e a manutenção no tratamento. UNI AD

O PROBLEMA DA DEPENDÊNCIA ENTRE MÉDICOS “Todos os médicos devem estar atentos e serem capazes de observar, detectar e alertar acerca de mudanças na conduta, performance ou saúde que possam indicar problemas relacionados ao uso de álcool e outras drogas em si e em seus colegas e informar caso haja risco à saúde da população” UNI AD British Medical Association

O PROBLEMA DA DEPENDÊNCIA ENTRE MÉDICOS Cerca de 2/3 dos casos encaminhados ao General Medical Council são relacionados a problemas com álcool e drogas Um em cada 15 médicos apresenta problemas atuais com álcool e drogas Em geral há dificuldade em aceitar o papel de paciente (Vaillant, 1970, Brooke, 1993, Talbott, 1987) UNI AD

O PROBLEMA DA DEPENDÊNCIA ENTRE MÉDICOS Quando comparados à população geral o desempenho no tratamento é melhor: 95% de recuperação após 2 anos (Michigan’s Physicians Recovery Network – Skuter, 1990) 76% após um ano (Kliner – 1980) 73,9% após 2 anos (Georgia Impaired Physicians Programm) UNI AD

EPIDEMIOLOGIA UNI AD GERAL Mesmos índices da população geral (Brewster, 1986) Menores índices se comparado com outras ocupações (Anthony, 1992, Stinson, 1992) Maiores índices de uso com: Benzodiazepínicos Opióides prescritos (Gallegos, 1988, Hughes, 1992) UNI AD

EPIDEMIOLOGIA UNI AD Maior Freqüência Menor Freqüência POR ESPECIALIDADE Maior Freqüência Medicina de Emergência Psiquiatria Anestesiologia Menor Freqüência G.O. Patologia Radiologia Pediatria UNI AD

PADRÕES DE USO UNI AD Razões Recreacional Melhora do desempenho Auto Medicação Isolamento e Negligência Emocional Sobrecarga de trabalho (15 horas semanais a mais que as outras profissões) (LAN Martins) UNI AD

PADRÕES DE USO UNI AD Razões Prazer “Mágica Química” Perda do tabu em relação a seringas Acesso a drogas controladas (Winick, 1980) Sensação de controle por “saber o que está fazendo” UNI AD

PESQUISA EPM – 2001 UNI AD

206 MÉDICOS - ESPECIALIDADES UNI AD

SUBSTÂNCIAS MAIS CONSUMIDAS UNI AD

DIGNÓSTICOS COMORBIDOS UNI AD

Quem decidiu pelo tratamento? UNI AD

PORQUE A DEMORA NA DETECÇÃO? Poucos controles formais Independência “Negação Maligna” “Eu posso cuidar de mim mesmo” “Conhecimento é protetor” Medo das conseqüências “Conspiração do Silêncio” UNI AD

Por que os Médicos demoram a procurar atendimento? O SABER das implicações assustadoras e fatídicas de seus sintomas (uso errôneo do seu próprio conhecimento) leva a negar sua significação ou a depreciá-los o maior tempo possível. O ORGULHO PROFISSIONAL faz com que o Médico julgue que deveria estar apto a dignosticar sua prórpia enfermidade e dela tratar. UNI AD

“CONSPIRACÃO DO SILÊNCIO” Família, colegas e o médico não rompem o silêncio acerca do problema por: Medo de perder a reputação Aspectos Financeiros Medo de acusar o colega sem ter provas UNI AD

“CONSPIRACÃO DO SILÊNCIO” Família, colegas e o médico não rompem o silêncio acerca do problema por: Preocupação e temores em relação ao tratamento Medo e Intimidação “Orgulho Profissional” UNI AD

TRATAMENTO UNI AD BOAS NOTÍCIAS!!! Dados Variáveis Maioria dos estudos mostra melhores resultados que a população geral 70-80% “sucesso” pouca correlação com a substância pouca correlação com a especialidade UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Objetivos Abstinência Aceitação do Conceito de Abuso/Dependência Identificação de problemas, fatores de risco para recaídas. UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Objetivos Seguimento a longo prazo Abordagens não medicamentosas para lidar com os problemas (reduzir otimismo farmacológico) UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Peças Chaves para o Sucesso Duração do tratamento Programas de Tratamentos para Médicos Envolvimento Familiar UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Peças Chaves para o Sucesso Uso de screening urinários: Um estudo comparou o uso de screening urinários sendo que aqueles que foram monitorados tiveram melhor desempenho (96% versus 64% - Shore, 1987) Contrato de contingência UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Peças Chaves para o Sucesso Envolvimento em Terapia Efetiva 12-Passos TCC/Prevenção de Recaídas Medicamentoso Entrevista Motivacional Network Therapy Abordagens Combinadas UNI AD

TRATAMENTOS Armadilhas “Paciente Especial” Discussão intelectual Solicitar Opinião Conhecimento Médico Não orientar a Família Troca de Papéis Super-identificação UNI AD

TRATAMENTO UNI AD Tratamento Ambulatorial Internação É o melhor setting pois nesta abordagem as mudanças biológicas ocorrem ao mesmo tempo das psicológicas Internação Deve ser reservada para situações críticas e de preferência em Unidades Gerais para preservar a reputação do colega médico, driblando resistências ao tratamento. (Talbott, Farley) UNI AD

“RE-ENTRADA” UNI AD A maioria volta a exercer a Medicina Mudança de Especialidade (“Re-entrada”) Restrições nas Prescrições Alterar a Jornada de trabalho e de plantões Especialização em Dependência UNI AD

COMO TRATAR PACIENTE-MÉDICO? 1. Realizar a anamnese do paciente-médico, incluindo detalhes até sobre auto-medicação; 2. Anotar, à parte, o diagnóstico oferecido; 3. Examinar o paciente-médico em ótimas circunstâncias; UNI AD

COMO TRATAR PACIENTE-MÉDICO? 4. Falar com familiares para acrescentar detalhes, reforçar explicações sobre a conduta; 5. Verificar se ele comparece às consultas; 6. Estar presente para oferecer subsídios para uma 2a. Opinião; UNI AD

COMO TRATAR PACIENTE-MÉDICO? 7. Desencorajar quaisquer desvios de procedimentos para proteger o paciente-médico 8. Informar ao colega sobre as características, possibilidades terapêuticas e desdobramentos da doença; 9. Perceber e mitigar suas inquietações, esclarecendo as dúvidas e as interpretações distorcidas do colega; UNI AD

COMO TRATAR PACIENTE-MÉDICO? 10. Ressaltar os benefícios da adesão; 11. Esclarecer como prever, detectar e tratar as emergências, até receber o atendimento de um colega; 12. Orientar o colega para que evite autodiagnóstico e automedicação. UNI AD

Programa Ajuda Médico Dependente Convênio CRM-SP e UNIAD R$ 30.000 por um ano 1 linha telefônica 24 horas 1 psiquiatra e 1 secretária Rede de 20-30 profissionais espalhados pelo estado de São Paulo Começo MAIO-2002