Mesa-Redonda: As encruzilhadas do Fantástico: um passeio pelo Gótico, Realismo Mágico e Ficção Científica SEGREGAÇÃO, PERSEGUIÇÃO E ELIMINAÇÃO: O ESPAÇO.

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Transcrição da apresentação:

Mesa-Redonda: As encruzilhadas do Fantástico: um passeio pelo Gótico, Realismo Mágico e Ficção Científica SEGREGAÇÃO, PERSEGUIÇÃO E ELIMINAÇÃO: O ESPAÇO SOCIAL DO NEGRO NA FICÇÃO CIENTÍFICA AFRO-AMERICANA Alexander Meireles da Silva Professor Adjunto do Departamento de Letras do CAC/UFG

Objetivo Baseado na análise do romance Black No More (1931), de George S. Schuyler e dos contos “The Space Traders” (1992), de Derrick Bell e “Separation anxiety” (2000), de Evie Shockley, este trabalho pretende demonstrar que escritores afro-americanos vem abordando a questão da alteridade desde as primeiras décadas do século vinte usando as convenções da ficção científica para expor e debater a experiência negra dentro da América contemporânea.

O lugar da ficção científica A ficção científica é um tipo de narrativa baseada em “alguma inovação na ciência ou tecnologia, ou pseudociência ou pseudotecnologia” (AMIS, 1961, p.14). A análise da Ficção científica como uma das modalidades do Fantástico ao lado da Fantasia, do Gótico e do Realismo Mágico, traz a tona a complexa tarefa de se definir os limites desta literatura.

O discurso da ficção científica Nas três primeiras décadas do século vinte nos Estados Unidos da América a ficção científica se disseminou como uma vertente romanesca ideologicamente conservadora, algo representado pelos seus protagonistas, tais como Flash Gordon e Buck Rogers. Como resultado ela perpetuou um discurso discriminatório em relação a diversos grupos por questões de etnia, raça, gênero, posicionamento político ou ideológico.

O negro na ficção científica Até a década de sessenta a representação da negritude na ficção científica norte-americana perpetuou estereótipos vigentes desde o século dezenove em relação ao comportamento social e sexual do negro. Tais idéias encontram seu exemplo na figura do alienígena, como o do filme Alien (1979) (ROBERTS, 2000, p. 119).

O negro na ficção científica Visando modificar este quadro, desde os anos sessenta e setenta, críticos como bell hooks, Marleen S. Barr e Sheere R. Thomas vem resgatando o trabalho de escritores afro-americanos na área da ficção científica e promovendo um debate sobre a apropriação desta literatura pelo negro. Este trabalho usará como suporte teórico principal o artigo de bell hooks “Eating the Other: Desire and Resistance” (1992).

Black No More (1931), de George S. Schuyler Em 1934, um médico afro-americano inventa um procedimento cirurgico que torna as pessoas negras em brancos nórdicos em todos os aspectos. A Black No More Incorporated, se torna um negócio altamente lucrativo e a mudança afeta a sociedade americana pela paranóia instalada com a ausência de fornteiras claras de cor.

“The Space Traders” (1992), de Derrick Bell Em um futuro no qual a economia dos Estados Unidos está a beira do colapso em virtude da exploração desenfreada de seus recursos naturais uma nave extraterrestre chega ao nosso planeta e seus ocupantes oferecem uma tecnologia revolucionária capaz de salvar o país caso o governo norte-americano entregue aos extraterrestres toda a população negra. Após um complexo debate sobre o espaço do negro na sociedade dos Estados Unidos, os negros são forçados pelo governo a embarcarem na nave.

“Separation anxiety” (2000) de Evie Shockley Em um hipotético futuro, a população negra dos Estados Unidos da América vive em comunidades fechadas, em total isolamento do mundo exterior visando a conservação da cultura afro-americana. Nesta micro-sociedade, uma professora de dança reflete sobre os exageros do governo norte-americano em catalogar todos os aspectos da vida dos afro-americanos e a esterilidade da sua arte em virtude da falta de contato com outras culturas.

Análise das obras Nas três obras analisadas o negro é coisificado dentro da estrutura da economia capitalista. De fato, por trás do discurso da celebração da diferença, da inclusão e da tolerância existe a noção de que a alteridade se tornou uma commodity a serviço da lógica capitalista e da fantasia da ideologia branca em estabelecer contato com o outro, com a noção do primitivo.

Análise das obras Black No More – A assimilação capitalista do negro pelo branco se desloca para a assimilação do branco pelo negro, satirizando o valor atribuído a noção de raça vigente no período. “The Space Traders” – Reencenando o tráfego negreiro do período da escravidão européia, o conto coloca o afro-americano como moeda de troca em um escambo planetário expondo sua condição de mercadoria na América de fim de século. “Separation anxiety” – Extrapolando a preocupação contemporânea com a valorização da diferença, a negritude se torna um bem cultural de alto valor que deve ser preservada a custa dos próprios negros.

Referências CLUTE, John. Science fiction: the illustrated encyclopedia. London: Dorling Kindersley, 1995. FURTADO, Filipe. A construção do fantástico na narrativa. Lisboa: Horizonte, 1980. GARCIA, Flavio, BATISTA, Angélica Maria Santana. Dos fantásticos ao Fantástico: um percurso por teorias do gênero. In: SILVA, José Pereira (Ed.). Revista SOLETRAS. n.10. São Gonçalo: FFP/UERJ, 2005. Disponível em http://www.filologia.org.br/soletras/10/11.htm hooks, bell. Eating the other: desire and resistance. In: Black looks: race and representation. Boston: South End Press, 1992. ROBERTS, Adam. Science fiction. London: Routledge, 2000. (The New Critical Idiom). THOMAS, Sheree R. (Ed.). Dark matter: a century of speculative fiction from the African diaspora. New York: Warner Books, 2000.

www.ensinosuper.com prof.alexms@gmail.com