TGI047 - Leitura e Formação do Leitor

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Transcrição da apresentação:

TGI047 - Leitura e Formação do Leitor Profa. Adriana Bogliolo Sirihal Duarte http://bogliolo.eci.ufmg.br/ufmg8.htm

Sociedade da Informação e as diferentes formas de Letramento Alfabetização versus letramento Letramento informacional Letramento digital Letramento visual Letramento crítico Letramento literário

Alfabetização versus Letramento A entrada do indivíduo no mundo da leitura/escrita ocorre simultaneamente por dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita críticas nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento.

Alfabetização versus Letramento No ensino da escrita e leitura, alfabetização e letramento são conceitos distintos, porém complementares. Se ao conceito de alfabetização estão associadas as capacidades de compreensão dos signos ou de decodificação da escrita, ao letramento associam-se as habilidades de interpretação, compreensão, análise e apreensão do significado.

Alfabetização versus Letramento Entende-se, portanto, que um indivíduo alfabetizado não é necessariamente letrado: ele é capaz de fazer a leitura de um texto, mas pode não ser capaz de recontar o texto lido, de analisá-lo, interpretá-lo ou agregá-lo ao seu repertório de conhecimentos prévios. No entanto, fique bem claro: impossível se chegar ao letramento sem passar pelo processo de alfabetização – a alfabetização é essencial ao letramento.

Alfabetização versus Letramento O verbo ler, do latim legere, tem vários significados: contar ou enumerar as letras colher (interpretação de texto) roubar (construir significado do texto à revelia do autor) Alfabetização Letramento

Letramento Informacional As expressões alfabetização informacional, letramento informacional, alfabetização em informação e letramento em informação vem sendo tratadas, na maioria das vezes, indistintamente, e apresentando o mesmo significado, como se fossem simplesmente diferentes traduções para information literacy.

Letramento Informacional Taparanoff, Suadein e Oliveira (2002), por exemplo, utilizam a terminologia alfabetização em informação: O objetivo da alfabetização em informação é criar aprendizes ao longo da vida, pessoas capazes de  encontrar, avaliar e usar a informação eficazmente para resolver problemas ou tomar decisões.  Uma pessoa alfabetizada em informação é aquela que reconhece a necessidade da informação; organiza-a para uma aplicação prática; integra a nova informação a um corpo de conhecimento existente;  usa a informação para solução de problemas e aprende a aprender.

Letramento Informacional Já Dudziak (2003, 2008) e Campello (2003, 2009) adotam as terminologias competência em informação, competência informacional e letramento informacional. Dudziak (2003) traduz um relatório da American Library Association (ALA) sobre information literacy da seguinte maneira: Para ser competente em informação, uma pessoa deve ser capaz de reconhecer quando uma informação é necessária e deve ter a habilidade de localizar, avaliar e usar efetivamente a informação... Resumindo, as pessoas competentes em informação são aquelas que aprenderam a aprender. (American Library Association – Presidential Committee on information literacy, 1998, p.1)

Letramento Digital ... não se trata apenas de ensinar a pessoa a codificar e decodificar a escrita, ou mesmo usar teclados, interfaces gráficas e programas de computador, mas de inserir-se em práticas sociais nas quais a escrita, mediada por computadores e outros dispositivos eletrônicos, tem um papel significativo. Logo, letramento digital seria a habilidade para construir sentido, capacidade para localizar, filtrar e avaliar criticamente informação eletrônica, estando essa em palavras, elementos pictóricos, sonoros ou qualquer outro (SILVA et al, 2005, p. 33).

Alfabetização versus Letramento

Letramento visual Letramento visual é a área de estudo que lida com o que pode ser visto e como se pode interpretar o que é visto. É abordado a partir de várias disciplinas que buscam: estudar os processos físicos envolvidos na percepção visual; usar a tecnologia para representar a imagem visual; desenvolver estratégias para interpretar e entender o que é visto.

Letramento visual Função representacional: indica o que nos está sendo mostrado, o que se supõe esteja “ali”, o que está acontecendo, ou quais relações estão sendo construídas entre os elementos apresentados. Função orientacional posiciona o espectador em relação à cena (ex. intimidade, distância, superioridade, subordinação, credibilidade, importância), estabelecendo algum tipo de orientação avaliativa do produtor/interprete em relação à cena propriamente dita (trágica, cômica, normal, surpreendente) e o faz também em função do espectador/leitor (ex. solidariedade, antagonismos, deferência, condescendência), bem como em relação a outros possíveis pontos de vista e imagens semelhantes da comunidade intertextual (opositor, aliado, complementaridade). Função organizacional ocorre quando a construção do significado cria um “sistema de relações que organizam o texto visual em elementos e regiões por meio de aspectos tais como cores e textura que interagem definindo partes e unindo-as dentro de uma rede de ecossistemas onde os objetos são vistos e usados.”

Letramento visual

Letramento visual / crítico “A foto traz a seguinte manchete: “Policiais mantêm patrulhamento na favela da Rocinha, no Rio”. Mostra dois policiais em um momento de distração, como se esse comportamento fosse contínuo e generalizado dos policiais. Essa é a tendenciosidade da foto, que foi tirada por uma mulher e geralmente as mulheres desaprovam esse tipo de ação dos homens. No Brasil, em geral, os policiais têm uma imagem desgastada, desacreditada, e a foto parece reforçar essa imagem, sendo veiculada na Internet e, portanto, com penetração mundial”. (Carliane Nery, aluna da disciplina Inglês Instrumental, UnB, 2004/1, matrícula 04/13062)

Letramento Crítico No que diz respeito à leitura, dentro de um conceito amplo de letramento crítico (Lankzheer & Knobel, 2003; Cope & Kalantzis, 2000), é cada dia mais evidente que precisamos preparar nossos alunos para construir significados que vão além do simplesmente denotativo (decodificar). De fato, do aluno será exigido também ler o conotativo (interpretar); ler o dito, mas saber perceber o valor do que foi omitido, apontar motivos (avaliar), perceber intenções (fazer inferências) e, tirar conclusões acerca do que foi lido, com a clara intenção de atuar sobre situações, visando à sua transformação, tanto em meio monomodal (texto linear tradicional) quanto e cada vez mais no meio multimodal (hipertexto, por exemplo).

Letramento Crítico Morrell (2002) define letramento crítico como a habilidade não somente de ler e escrever, mas também de avaliar textos a fim de entender a relação entre poder e dominação que subjaz e inspira esses textos (Hull, 1993). A pessoa criticamente letrada pode entender o significado socialmente construído embutido nos textos, como também os contextos político e econômico nos quais os textos estão inseridos. Em última instância, o letramento crítico pode levar a uma visão de mundo emancipadora e até a uma ação social transformadora.

Letramento Crítico Outra definição de leitura crítica inclui a avaliação da autenticidade e validade do texto (tradicional ou eletrônico), bem como a formulação de opinião acerca dele. Ao lidar com questões controversas, é essencial que o leitor seja capaz de se posicionar criticamente. O leitor deve entender o significado implícito como também o explícito; deve avaliar a fonte de onde o texto provém; deve diferenciar fatos relevantes de irrelevantes, saber fazer previsão e antecipar fatos, testar hipóteses acerca do que lê; deve ser capaz de diferenciar tratamentos marcados pela tendenciosidade e preconceito; e, finalmente, deve julgar, em suas conclusões, se o autor privilegiou todos os fatos apresentados (Bond, G.L. & Wagner, E.B. 1966; Spache, G.D. 1964).

Letramento Literário No Brasil, as Orientações Curriculares definem o letramento como “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”. O Letramento Literário seria visto, então, como estado ou condição de quem não apenas é capaz de ler poesia ou drama, mas dele se apropria efetivamente por meio da experiência estética (colhe e rouba). Todavia, a trajetória de formação do leitor de literatura na escola sempre privilegiou o fragmento literário, o recorte feito por alguém, não o livro. Os fragmentos literários, a maioria presente em livros didáticos, tiram da escola o livro, que congrega autor e obra, sociedade, cultura e mundo representado.

Letramento Literário Rildo Cosson defende que o processo de letramento literário é diferente da leitura literária por fruição, na verdade, esta depende daquela. Para ele, a literatura deve ser ensinada na escola: “[...] devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização.” (COSSON, 2009, p. 23)

4 etapas para se alcançar o letramento literário A motivação: consiste na preparação do aluno para que ele “entre” no texto. Normalmente, essa etapa se dá de forma lúdica, com uma temática relacionada ao texto literário que será lido e tem como objetivo principal incitar a leitura proposta. A introdução: apresentação do autor e da obra. A leitura do texto em si: deve ter um acompanhamento do professor. Cosson chama esse acompanhamento de “intervalos” no qual há a possibilidade de aferição da leitura, assim como solução de algumas dificuldades relacionadas à compreensão de vocabulário ou mesmo de partes do texto. Tal sugestão é de fundamental importância para que o aluno não perca o interesse ao longo da leitura. A interpretação: se dá em dois momentos, um interior e outro exterior. O momento interior compreende a decifração, é chamado de “encontro do leitor com a obra” e não pode ser de forma alguma substituído por algum tipo de intermediação como resumo do livro, filmes, minisséries. Já o momento exterior é a “materialização da interpretação como ato de construção de sentido em uma determinada comunidade” (Cosson, 2009, p. 65).

Letramento literário: para quê? Sugestão de leitura: Reportagem de capa da Veja, edição 2217 de 18 de maio de 2011: Conexão entre leitura e sucesso profissional “Ler é indispensável para aqueles que querem se expressar bem”.

Letramento literário: para quê? “A leitura é uma experiência singular. Como toda experiência, implica riscos, para o leitor e para aqueles que o rodeiam. O leitor vai ao deserto, fica diante de si mesmo; as palavras podem jogá-lo para fora de si mesmo, desalojá-lo de suas certezas, de seus pertencimentos” “Os livros roubam um tempo do mundo, mas eles podem devolvê-lo, tranformado e engrandecido, ao leitor”. (Michèle Petit, Os jovens e a leitura, Quarto encontro, o papel do mediador, p. 147-148)

Referências COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2009. OLIVEIRA, Sara. Texto visual e leitura crítica: o dito, o omitido, o sugerido. Linguagem & Ensino, Vol. 9, No. 1, 2006 (15-39). SIRIHAL DUARTE, Adriana Bogliolo. Inclusão Digital e Competência Informacional: Estudo de usuários da informação digital. In:Anais do X Enancib: Responsabilidade social da Ciência da Informação (out./2009: João Pessoa, PB) / Gustavo Henrique de Araujo Freire (Org.) João Pessoa: Ideia/Editora Universitária, 2009. 500 CD-ROM ISBN 978-85-7539-494-6. WALTY, Ivete Lara Camargos. Os sentidos da leitura. Presença Pedagógica, julho/agosto, 1995.