Direito da concorrência

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Transcrição da apresentação:

Direito da concorrência Patrícia Regina Pinheiro Sampaio Aula 27

Funções das autoridades de defesa da concorrência Função preventiva: análise de atos de concentração Função repressiva: fiscalização e sanção dos ilícitos anticoncorrenciais (as “condutas”) Função de advocacia da concorrência

Função repressiva Condutas restritivas horizontais “As práticas restritivas horizontais consistem na tentativa de reduzir ou eliminar a concorrência no mercado, seja estabelecendo acordos entre concorrentes no mesmo mercado relevante com respeito a preços ou outras condições, seja praticando preços predatórios.” Condutas restritivas verticais “As práticas restritivas verticais são restrições impostas por produtores/ofertantes de bens ou serviços em determinado mercado (‘de origem’) sobre mercados relacionados verticalmente – a ‘montante’ ou a ‘jusante’ – ao longo da cadeia produtiva (mercado ‘alvo’). Fonte: Definições constantes do anexo I à Res. CADE 20/99

Função preventiva (os atos de concentração) Horizontais Verticais Conglomerados

Por que defender a livre concorrência?

“As pessoas da mesma área de negócios raramente se encontram, mesmo para entretenimento e diversão, mas [quando se encontram] a conversa sempre termina em conspiração contra o público ou em algum esquema para aumentar preços.” Adam Smith, apud Rodas, J & Oliveira, G. Direito e economia da concorrência, p. 40

Algumas respostas da economia Alguns riscos associados aos monopólios: restrição no volume produzido aumento de preços acomodação gerencial redução dos níveis ou negligência nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento Stiglitz e Walsh, Introdução à microeconomia, pp. 223 a 225

As respostas do direito positivo brasileiro Art. 170, IV, CF/88 “A ordem econômica, fundada a valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) IV – livre concorrência;”

Constituição de 1988 Repressão ao abuso do poder econômico - art.173, §4º, CF/88 “A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros”. Lei nº 8.884/94 “Transforma o Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE em autarquia, dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica e dá outras providências.”

O Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica (vinculado ao Ministério da Justiça) SDE – Secretaria de Direito Econômico / MJ SEAE – Secretaria de Acompanhamento Econômico / MF

O CADE Autarquia => por força da Lei nº 8.884/94 Conselho composto por 6 Conselheiros e 1 Presidente Idade mínima: 30 anos Notório saber jurídico ou econômico Conselheiros com mandato de dois anos, permitida 1 recondução Nomeados pelo Presidente, após sabatina no Senado Decisões colegiadas em sessões públicas Presidente tem “voto de qualidade”

Lei 8.884/94 CADE decide sobre atos de concentração e ocorrência de condutas anticompetitivas: Art. 50. As decisões do CADE não comportam revisão no âmbito do Poder Executivo, promovendo-se, de imediato, sua execução e comunicando-se, em seguida, ao Ministério Público, para as demais medidas legais cabíveis no âmbito de suas atribuições.

A SDE Secretaria do Ministério da Justiça DPDE – Departamento de Proteção e Defesa Econômica DPDC – Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor Função investigativa e de instrução processual

A SEAE Secretaria do Ministério da Fazenda Auxilia na instrução dos processos administrativos e dos atos de concentração Vem desenvolvendo função de advocacia da concorrência => ex. pareceres em projetos de atos normativos das agências reguladoras

Quem é o titular dos bens jurídicos protegidos pela Lei nº 8.884/94? Art. 1º, parágrafo único, L. 8.884/94 “A coletividade é a titular dos bens jurídicos protegidos por esta lei”

Quem pode cometer infração contra a Ordem Econômica? “Art. 15. Esta lei aplica-se às pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou privado, bem como a quaisquer associações de entidades ou pessoas, constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente, com ou sem personalidade jurídica, mesmo que exerçam atividade sob regime de monopólio legal.”

Responsabilidade por infração à ordem econômica “Art. 16. As diversas formas de infração da ordem econômica implicam a responsabilidade da empresa e a responsabilidade individual de seus dirigentes ou administradores, solidariamente.” “Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica.”

Infração da ordem econômica Objetiva - Art. 20, Lei nº 8.884/94 “Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados: I – limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; II – dominar mercado relevante de bens ou serviços; III – aumentar arbitrariamente os lucros; IV – exercer de forma abusiva posição dominante.”

Lei 8.884/94 Art. 20. (...) § 1º A conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores não caracteriza o ilícito previsto no inciso II.   § 2º Ocorre posição dominante quando uma empresa ou grupo de empresas controla parcela substancial de mercado relevante, como fornecedor, intermediário, adquirente ou financiador de um produto, serviço ou tecnologia a ele relativa.      § 3º A posição dominante a que se refere o parágrafo anterior é presumida quando a empresa ou grupo de empresas controla 20% (vinte por cento) de mercado relevante, podendo este percentual ser alterado pelo Cade para setores específicos da economia

Lei 8.884/94 Art. 21. As seguintes condutas, além de outras, na medida em que configurem hipótese prevista no art. 20 e seus incisos, caracterizam infração da ordem econômica; I - fixar ou praticar, em acordo com concorrente, sob qualquer forma, preços e condições de venda de bens ou de prestação de serviços; II - obter ou influenciar a adoção de conduta comercial uniforme ou concertada entre concorrentes; III - dividir os mercados de serviços ou produtos, acabados ou semi-acabados, ou as fontes de abastecimento de matérias-primas ou produtos intermediários; IV - limitar ou impedir o acesso de novas empresas ao mercado; (...) XIII - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, dentro das condições de pagamento normais aos usos e costumes comerciais; (...);

Lei 8.884/94 – Atos de concentração Art. 54. Os atos, sob qualquer forma manifestados, que possam limitar ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência, ou resultar na dominação de mercados relevantes de bens ou serviços, deverão ser submetidos à apreciação do Cade. (...) § 3o Incluem-se nos atos de que trata o caput aqueles que visem a qualquer forma de concentração econômica, seja através de fusão ou incorporação de empresas, constituição de sociedade para exercer o controle de empresas ou qualquer forma de agrupamento societário, que implique participação de empresa ou grupo de empresas resultante em vinte por cento de um mercado relevante, ou em que qualquer dos participantes tenha registrado faturamento bruto anual no último balanço equivalente a R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais).

Lei 8.884/94 Art. 54. (...) § 7º A eficácia dos atos de que trata este artigo condiciona-se à sua aprovação, caso em que retroagirá à data de sua realização; não tendo sido apreciados pelo Cade no prazo estabelecido no parágrafo anterior, serão automaticamente considerados aprovados. § 9º Se os atos especificados neste artigo não forem realizados sob condição suspensiva ou deles já tiverem decorrido efeitos perante terceiros, inclusive de natureza fiscal, o Plenário do Cade, se concluir pela sua não aprovação, determinará as providências cabíveis no sentido de que sejam desconstituídos, total ou parcialmente, seja através de distrato, cisão desociedade, venda de ativos, cessação parcial de atividades ou qualquer outro ato ou providência que elimine os efeitos nocivos à ordem econômica, independentemente da responsabilidade civil por perdas e danos eventualmente causados a terceiros.