Sofrimento Psíquico e Trabalho

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Transcrição da apresentação:

Sofrimento Psíquico e Trabalho Profa. Dra Terezinha Martins dos Santos Souza Professora Adjunta IESC/UFRJ

TRABALHO

Satisfação material das necessidades dos seres humanos: Interação com a natureza, transformando matérias naturais em produtos que atendam suas necessidades Transformação realizada através da atividade do TRABALHO

Atividades animais: determinadas geneticamente - relação imediata entre o animal e seu meio ambiente

Trabalho rompe com o padrão natural da atividade: 1) não se opera com uma atuação imediata sobre a matéria natural, exige instrumentos

2) não se realiza cumprindo determinações genéticas, passa a exigir habilidade e conhecimentos (que se adquirem inicialmente por repetição e experimentação e se transmitem mediante aprendizado

3) o trabalho não atende a um elenco limitado e invariável de necessidade, nem as satisfaz de uma forma fixa-desenvolvimento de novas necessidades

Essas características do trabalho não são próprias das atividades da natureza, representam um novo tipo de atividade, Que diferencia e distancia seus praticantes da natureza

Trabalho (Marx): “Atividade orientada a um fim, para produzir valores de uso, apropriação do natural para satisfazer necessidades humanas condição universal do metabolismo entre ser humano e natureza, condição natural eterna da vida humana, comum a todas as suas formas sociais”

O trabalho é atividade mediada entre sujeito e objeto, mediada por um instrumento

A criação de instrumentos de trabalho coloca para o sujeito o problema dos fins e dos meios e o problema das escolhas

Estes dois problemas determinam, para sua efetivação, componentes especiais

O fim é antecipado idealmente, antes de efetivar a atividade, ela é prefigurada Não importa a realização ou não, importa que a atividade tem como ponto de partida uma intencionalidade prévia, ou Trabalho como atividade projetada, teleologicamente direcionada, conduzida a partir de um fim proposto pelo sujeito

A prefiguração é indispensável, mas não realiza o trabalho É preciso objetivar a esta prefiguração

A realização do trabalho se dá quando a matéria natural, pela ação material do sujeito, é transformada

1) no plano subjetivo (a prefiguração ocorre no plano do sujeito) O trabalho implica um movimento indissociável em dois planos: 1) no plano subjetivo (a prefiguração ocorre no plano do sujeito) 2)   no plano objetivo (que resulta na transformação material da natureza)

O trabalho requer e propicia a constituição de um tipo de linguagem A linguagem articulada Que além de aprendida, é condição para a aprendizagem

Por meio da linguagem articulada, o sujeito do trabalho expressa as suas representações sobre o mundo que o cerca

O trabalho é sempre atividade coletiva Exige coletivização de conhecimentos Mas também convencer ou obrigar outros á realização de atividades Organizar e distribuir tarefas, estabelecer ritmos etc

O caráter coletivo do trabalho não se deve a um instinto natural Mas expressa um tipo de vinculação entre membros da espécie que não obedece a puros determinismos orgânicos-naturais

Esse caráter coletivo é que se denominará social

O trabalho não altera apenas a matéria natural pela ação dos sujeitos (...)

Implica mais que a relação/interação sociedade/natureza Implica uma interação no marco da própria sociedade Afetando seus sujeitos e a sua organização

O trabalho, através do qual o sujeito transforma a natureza (na medida que é uma transformação que se realiza materialmente, trata-se de uma alteração prática) que transforma também seu sujeito

Foi através do trabalho que, em um salto de qualidade, surgiu, de um grupo de primatas, (...) (...) Os primeiros grupos humanos: o ser social

SOFRIMENTO PSÍQUICO E TRABALHO As relações sociais determinantes, baseadas na propriedade capitalista e no assalariamento da força de trabalho, geram as condições para que a atividade humana (o trabalho) aliene ao invés de humanizar.

A vivência destas relações produz uma alienação que se expressa em três níveis. o ser humano está alienado da natureza o ser humano está alienado de si mesmo o ser humano está alienado da sua espécie.

1-vivendo relações onde ele próprio se coisifica, onde o produto de seu trabalho lhe é algo estranho e que não lhe pertence, a natureza se distancia e se fetichiza (se atribui poder sobrenatural e se presta culto).

ao viver o trabalho alienado o ser humano se aliena da sua própria relação com a natureza, pois é através do trabalho que o ser humano se relaciona com a natureza, a humaniza e assim pode compreende-la.

2- O ser humano se aliena de sua própria atividade. o trabalho se transforma, deixa de ser a ação própria da vida para converter-se num ‘meio de vida’. o trabalhador trabalha para o outro, contrafeito, o trabalho não gera prazer, é a atividade imposta que gera sofrimento e aflição.

Alienando-se da atividade que o humaniza, o ser humano se aliena de si próprio (auto-alienação).

3 – Alienando-se de si próprio como ser humano, tornando-se coisa (o trabalho não me torna um ser humano, mas é algo que eu vendo para viver), o indivíduo se afasta do vínculo que o une à espécie.

Ao invés do trabalho se tornar o elo do indivíduo com a humanidade, a produção social da vida, metamorfoseia-se num meio individual de garantir a própria sobrevivência particular.

A materialidade destas relações que produzem a alienação são expressas no universo das idéias como ideologia (as relações materiais concebidas como idéias)

a alienação(alheamento) significa que o ser humano não se vivencia como agente ativo de seu controle sobre o mundo, mas que o mundo (a natureza, os outros e ele mesmo) permanece alheio ou estranho a ele.

Eles (a natureza etc) ficam acima e contra eles (humanos) como objetos, mesmo os objetos criados por ele mesmo.

Alienar-se é vivenciar o mundo e a si mesmo passivamente, receptivamente, como o sujeito separado do objeto.

Para Marx, o trabalho é o relacionamento ativo do ser humano com a natureza, a criação de um mundo novo, incluindo a criação do próprio ser humano.

A atividade intelectual, como a manual ou artística sempre é trabalho.

Com a propriedade privada e a divisão de trabalho, o trabalho perde sua característica de expressão do poder do ser humano.

O trabalho e seus produtos assumem uma existência à parte do ser humano, de sua vontade e de seu planejamento.

O trabalho humano é alienado porque o trabalhar deixou de fazer parte da natureza do trabalhador.

COMO ele não se realiza em seu trabalho mas nega-se a si mesmo, tem uma impressão de sofrimento em vez de bem-estar, não desenvolve livremente suas energias mentais e físicas mas fica fisicamente exaurido e mentalmente aviltado.