Profa. Dra. Ana Elizabete Silva

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
Genética do Câncer Caracterização das células tumorais, sob o ponto de vista celular: Crescimento descontrolado, tanto pelo aumento do sinais de crescimento,
Advertisements

Porto Alegre, 27 de outubro de 2009
Polipose Adenomatosa Familiar Aline Fornari Rafaela de V. Ortigara.
Ciclo Celular Rafaela de Vargas Ortigara Disciplina de Genética Humana
DOMINÂNCIA E RECESSIVIDADE
Ponto de Checagem do Fuso Mitótico (Mitotic Spindle Checkpoint)
DOMINÂNCIA Vs recessividade
Dominância X Recessividade
EPIGENÉTICA E CÂNCER Roberta H. Lahude Thayse A. Crestani.
Fernanda Duarte Plentz Disciplina de Genética Humana Agosto de 2004
Amplificação Gênica na Carcinogênese
Disciplina de Genética e Evolução Monitora: Suélen Merlo
Ciclo Celular Rafaela de Vargas Ortigara Disciplina de Genética Humana
CICLO CELULAR Janine Azevedo dos Santos Disciplina de Genetica Humana
Eduardo Montagner Dias 04/Abril/2005
Camila Trevisan Biomedicina/2008
Bases moleculares do câncer
Transdução de Sinais Definição Características
DNA Replicação EVENTOS MOLECULARES NO CRESCIMENTO CELULAR Ligação ligante (fator de crescimento) -receptor ê Ativação do receptor do fator de.
Crescimento celular CESCAGE - Centro de Ensino Superior dos Campos Gerais.
Vias de sinalização que controlam a atividade gênica
Vias de sinalização que controlam a atividade gênica
BIOLOGIA E IMUNOLOGIA DOS TUMORES.
FOS.
CONCEITOS EM PATOLOGIA
Classificação Hormonal Unidade 6 – Sistema Endócrino
UBA VII – Genética Molecular Genética Molecular e Humana
CICLO CELULAR.
CICLO CELULAR E CARCINOGÊNESE
Genômica do Câncer Karine Begnini, MSc..
Ciclo Celular e Mitose.
Claudia Vieira Juliana Tompai Leonardo de Oliveira Camargos
CÂNCER Aspectos Gerais
Comunicações celulares por meio de sinais químicos
Temo.
Alterações do material genético
Alterações do material genético
Grupo: Maria de Fátima, Marilda, Michele, Priscilla, Rafaela
Revisões da aula anterior
Mutações Profª Cassia.
GENÉTICA II Profa. Dra. Ana Elizabete Silva
Genética e câncer.
Neoplasia.
Oncogenes e Câncer Agradecimentos: Profa. Dra. Aline Maria da Silva
BASES MOLECULARES DAS DOENÇAS HUMANAS
Prof.Doutor José Cabeda
CÂNCER Aspectos básicos Israel Gomy HCFMRP-USP.
DOENÇAS MULTIFATORIAIS
Ciclo celular “Onde surge uma célula, existia uma célula prévia, exatamente como os animais só surgem de animais e as plantas de plantas” Rudolf Virchow,
Ciclo Celular e Controle do Ciclo Celular
Biologia 12 Unidade 2 – Património Genético Magda Charrua 2011/2012 Biologia 12º ano1.
Câncer.
Lucas Monteiro Galotti de Souza Pedro Ribeiro Rafael Pegoraro
Alterações do material genético
Síndrome de Li-Fraumeni Bernardo Bottino.
FENÔMENOS GENÉTICOS E EPIGENÉTICOS NO CÂNCER COLO-RETAL
ONCOGENÉTICA.
Imunidade a Vírus e Tumores. Características gerais dos vírus  Os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios.  Utilizam a célula (organelas) para.
Bases moleculares da transformação maligna
A HERANÇA MULTIFATORIAL E A GENÉTICA DO CÂNCER
Resposta Imune contra o Câncer Câncer é um termo genérico, que compreende em torno de 200 doenças, cujas células causadoras partilham algumas características.
AGENTES MUTAGÉNICOS Escola Sec. du Bocage 2014/2015.
Organização do Material Genético nos Procariontes e Eucariontes
O Tratamento de Doenças Genéticas
Ciclo Celular.
Imunidade a Vírus e Tumores
GENES SUPRESSORES DE TUMOR
Transcrição da apresentação:

Profa. Dra. Ana Elizabete Silva BASE GENÉTICA DO CÂNCER Profa. Dra. Ana Elizabete Silva

Estapas da Proliferação Celular: de tamanho:verificar a replicação DNA G2 Estapas da Proliferação Celular: Estímulo mitogênico: ligação do fator de crescimento-receptor Ativação do receptor de fator de crescimento  ativa proteínas transdutoras de sinal Transmissão do sinal pelas proteínas de transdução de sinal  para o núcleo de tamanho: crescimento da célula antes da replicação G1 Ciclo celular normal e pontos de checagem: -os eventos do ciclo celular ocorrem em uma ordem fixa -Deve ativar enzimas no tempo correto e desativá-las logo após o término do processo -deve assegurar que cada estágio do ciclo tenha terminado antes de iniciar o próximo Indução e ativação de fatores de transcrição  iniciam trasncrição DNA Progressão G1-S  divisão celular

Caminhos da célula durante a divisão celular

Controle do Ciclo Celular Ciclinas: varia de concentração de maneira cíclica durante o ciclo celular (↑ intérfase e ↓ mitose) → não possuem atividade enzimática por si. -função: ativar as Cdk Ciclina A-Cdk2 Ciclina A Cdk4 Proteíno-quinases: ativadas ciclicamente → fosforilação → transferência de um grupo fosfato do ATP → aa na proteína alvo (treonina, serina) Cdk2 Ciclina D Quinases dependentes de ciclinas: (Cdk) → são ativadas após fosforilação pelas ciclinas → conduzem o ciclo celular pela fosforilação de proteínas alvo para progressão das células no ciclo celular Ciclina D-Cdk4 Regulação das CDK pela degradação das ciclinas

Controle do Ciclo Celular Proteínas Inibidoras de Cdk: -se algum estágio do ciclo celular for retardado o sistema controle atrasa a ativação do estágio seguinte → ação de proteínas que podem parar o ciclo celular nos pontos de checagem → inibidores de Cdk) bloqueiam a montagem ou atividade dos complexos de Ciclina-Cdk -famílias Cip/Kip: p21, p27 e p57 e INK4/ARF : p16 e p14 -Ponto de checagem G1: regulado pela proteína p53 → estimula a transcrição de um gene responsável por uma proteína inibidora de Cdk → p21 → liga-se ao complexo ciclina-Cdk de fase S → bloqueando sua ação Como a p53 bloqueia o Ciclo Celular

Controle do Ciclo Celular Decisões no Ponto de Checagem G1: -Parar ou Continuar divisão: diferente da pausa em G1-S para acertos da célula como reparo -a célula pode progredir para completar um outro ciclo celular -pode parar temporariamente até atingir condições corretas -ou retirar-se do ciclo totalmente e entrar em G0 (dias , semanas ou anos): Ex.: células nervosas e músculo esquelético não sofrem divisão → entram em G0 → desaparecimento de Cdk e ciclinas -células hepáticas: sofrem divisão uma vez a cada 1-2 anos -células epiteliais do intestino: dividem-se mais de 2 vezes por dia -Após G1: avança ciclo celular rápido: 12-24horas

Proliferação Celular: Fatores de Crescimento Ligam-se a receptores específicos da membrana celular → estimulam o crescimento e divisão celular Proliferação Celular: controlada, cada célula sofre divisão apenas quando necessário → crescimento ou reposição Sinal químico estimulador → Fator de Crescimento Exemplos: PDGF: fator de crescimentos de plaquetas FGF: fator de crescimento de fibroblastos EGF: fator de crescimento epidérmico HGF: fator de crescimento de hepatócitos

Proliferação Celular Estimulada pelos Fatores de Crescimento

Proliferação Celular Normal x Descontrolada (Oncogene)

BASE MOLECULAR DO CÂNCER

Desregulação do ciclo celular Base Genética do Câncer Oncogenes Genes supressores de tumor - Genes de reparo do DNA Mutações gênicas Câncer Desregulação do ciclo celular Proliferação celular descontrolada

MUTAÇÕES GÊNICAS E CÂNCER A- Genes que controlam o ciclo celular e apoptose: Proto-oncogenes : ativação do ciclo celular  proliferação celular Genes supressores: bloqueio do ciclo celular: perda de função B- Genes de reparo do DNA:  mutações em genes celulares (oncogenes e genes supressores)  INSTABILIDADE GENÔMICA

CLASSES DE GENES ASSOCIADOS COM O CÂNCER

Décadas 70-80: estudo citogenético em tumores sólidos  identificação de cromossomos e regiões cromossômicas  diferentes alterações Perda: deleção monossomia Ganho: duplicação, amplificação trissomia, poliploidia Relocação: translocação inversão inserção t(9;22): LMC t(8;14): Linfoma de Burkitt t(11;22): sarcoma de Ewing t(3;8): adenoma pleomorfo

CULTURA CELULAR E BANDA G

LESÕES RETARDAM PROGRESSÃO DO CICLO CELULAR Reparo do DNA Bloqueio do ciclo celular (Checkpoint) Danos DNA Apoptose Identifica lesão no DNA Proteína ATM Sinal p/ p53 → Ativar Genes Reparo DNA

Esquema geral para mecanismos de oncogênese: -pela ativação de proto-oncogene, -mutação ou perda de genes supressores tumorais, -ativação de genes anti-apoptóticos ou perda de genes pró-apoptóticos

O QUE SÃO ONCOGENES? Proto-oncogene: genes promotores do crescimento e diferenciação celulares  contraparte normal de um oncogene (sem mutação). Mutação Dominante  Ganho de função Oncogene: genes mutados cuja expressão alterada estimula a proliferação celular de forma anormal.

Quais são as funções dos produtos dos oncogenes? componentes da maquinaria que coordenam o ciclo celular: estimulam a proliferação celular: fatores de crescimento receptores transdutores de sinais fatores de transcrição

Oncogenes frequentemente alteram a função das vias dos fatores de crescimento Fatores de crescimento: super produção  crescimento continuado. Ex.: TGF-a, PDGF, HGF, FGF Receptores: mutação ou amplificação de genes que codificam receptores aumenta a sinalização. Ex.: ErbB-1,2, c-MET Transdução de sinal: mutações em genes que codificam mensageiros secundários. Ex.: Ras, Raf, ABL  induz ativação constitutiva e promove o crescimento. Fatores de transcrição : mutação induz ativação constante de genes imediatos e crescimento celular. Ex.: Jun, Fos, c-MYC

COMO OS ONCOGENES TORNAM-SE ATIVADOS E CAUSAM CÂNCER EM CÉLULAS HUMANAS? Mutação de Ponto: proteína estrutural e funcionalmente aberrante Aberrações Cromossômicas (Rearranjos Cromossômicos): proteína quimérica ou expressão elevada Amplificação Gênica: super expressão de proteína estruturalmente normal Inserção de DNA viral: inserção de oncogenes-virais

MUTAÇÃO DE PONTO: ONCOGENE H-RAS Mutação do aminoácido 12: glicina  valina (câncer bexiga, mama, cólon) Causa mudança na conformação da proteína ras que não pode converter GTP  GDP, que permanece ativado induzindo a proliferação celular  progressão para o câncer GDP Ras inativa GTP Ras ativa x Oncoproteína bloqueada: sinal permanece ligado – ativa continuamente a quinase seguinte

MODELO DE AÇÃO DO GENE RAS

REARRANJOS CROMOSSÔMICOS Espressão desregulada de proto-oncogenes Translocação cromossômica: Leucemia mielóide crônica: t(9;22)(q34;q11)  proteína quimérica (truncada) abl/bcr  atividade de quinase aumentada

REARRANJOS CROMOSSÔMICOS Linfoma de Burkitt: t(8;14): gene c-myc é ativado  expressado em níveis elevados  contribue para o câncer

AMPLIFICAÇÃO Aumento do número de cópias (dezenas-centenas de vezes) de oncogenes (erros de replicação do DNA): c-Myc, Her-2/Neu, CCND1 Double minutes (DM): DNA circular extracromossômico Regiões Homogeneamente Coradas (HSR): intracromossômico

GENES SUPRESSORES DE TUMOR Regulam negativamente o crescimento celular e desenvolvimento do tumor: quando mutados ou deletados o controle do ciclo celular é perdido. Padrão Recessivo  Perda de Função Experimentos com fusão celular: células normais x células tumorais  células tumorais híbridas voltam ao estado normal.

Funções Bioquímicas dos Genes Supressores de Tumor Produção de moléculas de superfície: proteínas transmembranas transmissão de sinais negativos inibição por contato: DCC (inibição por contato) Moléculas que regulam a transdução de sinais: enzimas que impedem a fosforilação das proteínas da membrana relacionadas com a emissão de sinais para o núcleo: NF1 (inativa ras) Moléculas que regulam a transcrição nuclear: p53 e RB

RETINOBLASTOMA – RB – 13q14 Primeiro gene supressor de tumor descoberto  tumor de retina Atuam recessivamente: ambas as cópias devem ser perdidas para a perda da função celular Teoria de Knudson: “Dois Eventos de Mutação” primeiro alelo herdado com mutação (1o. Evento) alelo normal perdido ou mutado na infância (2o. Evento) células da retina Perda de Heterozigose (LOH): perda do alelo (frequentemente por deleção ou monossomia) RB: controla a entrada do ciclo celular  regula o ponto de restrição G1 S

Ação do produto do gene RB1:

Hipótese de dois Eventos Mutacionais

Tumor maligno de retina Incidência: 1:20.000

GENE TP53 – GUARDIÃO DO GENOMA TP53 : (17p13) segundo principal gene supressor de tumor descoberto Mutado em ~ 50 % dos tumores humanos Mutagênese aumentada: quando a célula perde TP53 ela também perde o controle do ciclo celular que é necessário para reparo do DNA lesado  aumento de células com mutações Perda da apoptose: importante ativador da morte celular programada  muitas células falham em entrar em apoptose em resposta a lesões no DNA.

p53 E ESTABILIDADE GENÔMICA Ativação da transcrição REPARO DO DNA lesão do DNA Bloqueio em G1 célula normal APOPTOSE

PAPEL DO TP53 E INTEGRIDADE DO GENOMA

Atuação da p53 no ciclo celular mutação herdada do TP53 : Síndrome de Li-Fraumeni (sarcomas, osteossarcomas, tumores de mama, cérebro, córtex adrenal e leucemia).

CÂNCER HEREDITÁRIO CAUSADO POR MUTAÇÕES EM GENES SUPRESSORES Polipose adenomatosa do cólon (FAP): APC (5q21) Câncer hereditário cólon não-poliposo (HNPCC): MSH2, MLH1 (2p16, 3p21) Câncer de mama e ovário: BRCA1 (17q21) Câncer de mama de início precoce: BRCA2 (13q12) Síndrome de Li-Fraumeni: TP53 (17p13) Retinoblastoma: RB1 (13q14) Ataxia telangiectasia: ATM (11q22) Tumor de Wilms: tumor renal – WT1 (11p13) Mutação da linhagem germinativa 5-10% tumores sólidos Tumores múltiplos e bilaterais Início precoce

CÂNCER DE MAMA 20% mulheres até 50 anos e ~10% até 80 anos Prevalência (EUA): 180.000 casos novos/ano e 46.000 óbitos/ano 5-10% - forma hereditária da doença Início precoce (pré-menopausa) e bilateral Associado a risco elevado de câncer de ovário metade: mutações em BRCA1 (17q21) e BRCA2 (13q12-13) BRCA1 e BRCA2 –proteínas nucleares abundantes na fase S do ciclo celular: reparo de quebras duplas (reparo recombinacional) BRCA1 ou BRCA2 defeituosos – desenvolvimento de câncer de mama ou ovário

O Câncer desenvolve por evolução clonal Desenvolve de uma única célula alterada (cerca de 10 ou mais mutações → seleção) Iniciação: alteração genética de uma célula (mutação)  vantagem de crescimento ou sobrevivência Promoção do tumor: agentes como hormônios ou trauma, ou mudanças que aumentam a evolução clonal, estimulam o crescimento celular. Evolução Clonal: base para o desenvolvimento do câncer (anos). Evolução continuada de mais células malignas que crescem ou sobrevivem melhor  desenvolvimento e progressão tumoral. Progressão tumoral: desenvolvimento do câncer requer pequenos múltiplos passos (mutação e seleção). Cada passo confere a célula uma vantagem adicional de sobrevivência ou crescimento (necessidade reduzida para fatores de crescimento ou resistência a apoptose)

Câncer de Cólon desenvolve por progressão de múltiplos passos Iniciação: pode ser causada por carcinógenos da dieta (nitrosaminas)  mutação de APC células iniciadas  vantagem proIiferativa: uma via de fator de crescimento pode ser constantemente ligada por mutação no gene K-Ras  células crescem sobre as vizinhas (hiperplasia  adenoma) Mutações adicionais  seleção de células com vantagem proliferativa e de sobrevivência: inativação do gene TP53  permite uma taxa mais rápida de mutagênese (adenoma inicial  adenoma tardio) Outra mutação converte adenoma em carcinoma: mutação na produção de proteases  invasão de outros tecidos. Ex. -18 (DCC), -17 e outros cromossomos APC K-Ras TP53, DCC