Impacto das Doenças Virais Emergentes sobre o Pulmão Ricardo Luiz de Melo Martins Serviço de Pneumologia/HUB-UnB IX Curso Nacional de Atualização em Pneumologia, RJ
Definição de Viroses Emergentes Doenças infecciosas com incidência aumentada nas últimas 2 décadas ou que tendem a aumentar no futuro. OU Doenças novas causadas por vírus nunca antes descritos ou por mutação de um vírus já existente.
Algumas causas para emergência e reemergência de doenças virais Mobilidade humana Hábitos alimentares Devastação de florestas Crescimento de cidades limítrofes à áreas de florestas Mutação de agentes
Mobilidade humana, devastação de florestas ou cidades limítrofes à florestas Hantavírus
Hantaviroses: formas clínicas Febre hemorrágica com síndrome renal Síndrome pulmonar
Hantavírus: agente etiológico e reservatórios Vírus RNA da família Bunyaviridae, gênero hantavírus Roedores silvestres, cuja infecção pelo hantavírus é aparentemente não letal
Hantavírus: modo de transmissão Inalação de aerossóis a partir de secreções de roedores. Raramente através da água ou de alimentos contaminados, escoriações cutâneas, mordeduras de roedores e contato do vírus com mucosas.
Hantavírus: síndrome pulmonar, fase prodrômica Manifestação aguda em pacientes do sexo masculino, idade média de 34 anos, residente em área rural e agricultor: Febre Mialgia Dor abdominal Dor lombar Sintomas gastro-intestinais
Hantavírus: fase cardio-pulmonar Febre Dispnéia Taquipnéia Taquicardia Tosse seca Hipotensão Edema pulmonar não cardiogênico
Hantavírus: complicações Insuficiência respiratória aguda Choque circulatório Taxa de letalidade: 47%
Hantavírus: diagnóstico laboratorial Hemoconcentração Trombocitopenia Pesquisa de anticorpos IgM ou soroconversão para anticorpos IgG(aumento 4x ou mais) Imunohistoquímica de tecidos + PCR +
Hantavírus: manifestação radiológica Infiltrado intersticial bilateral com ou sem derrame pleural, o qual pode ser uni ou bilateral
Hantavírus: tratamento Pacientes internados em UTI Medidas de suporte: oxigenação, ventilação assistida, uso de expansores plasmáticos(evitar sobrecarga hídrica), correção dos distúrbios ácido-básicos. Isolamento do paciente em condições de proteção de barreiras
Hantavírus no Brasil Região Sul São Paulo Minas Gerais Mato Grosso Distrito Federal Relato de casos: Goiás, sul do Pará, Rio Grande do Norte e Bahia
Mutação de Agentes Virais, especialmente do grupo RNA 1. Surgimento de um novo vírus 2. Introdução no homem de um vírus existente em outra espécie 3. Disseminação de um vírus a partir uma pequena população humana ou animal via mecanismo 1 ou 2
Vírus Influenza A Dr. Markus Eikman, Institute of Virology, Mainburg, Alemanha, www.biografix.de
Vírus Influenza: características Genoma RNA de fita simples Subdivididos em A, B e C Vírus A podem causar epidemias e pandemias. Susceptível à variações antigênicas. Vírus B são capazes de produzir surtos. Sofrem menos variações antigênicas. Vírus C têm pouca importância na patogenia da gripe. Antigenicamente estáveis.
Vírus Influenza tipo A: características Ampla faixa de hospedeiros naturais Genoma viral segmentado Subtipos determinados por 2 glicoproteínas: Hemaglutinina (H) e Neuraminidase (N)
Vírus Influenza: variações antigênicas Drift: processo de evolução dentro de um mesmo subtipo. Um novo subtipo pode passar de uma espécie a outra. Ex: aves e mamíferos. Shift: troca de genes entre diferentes subtipos, os quais são potencialmente pandêmicos. Pouca identidade antigênica entre subtipos
Influenza Aviária Humana Alguns aspectos da doença descritos na literatura
Modo de Transmissão Contato próximo com animais doentes ou mortos. Exposição à secreções de animais contaminados. Fonte: OMS, 2008
Apresentação Clínica Febre acima de 38º.C Cefaléia Mal-estar Mialgia Dor de garganta Casos Graves: insuficiência Tosse respiratória 5 dias após os Rinite sintomas iniciais. Conjuntivite Manifestações gastrointestinais Fonte: OMS, 2008
Complicações Clínicas mais Comuns Insuficiência Respiratória Aguda Pneumonia (viral ou bacteriana) Falência de múltiplos órgãos Agravo da doença de base. Ex. DPOC Encefalite Síndrome de Reye Septicemia sem bacteremia documentada Obs: mortalidade parece decorrer de pneumonia viral. Fonte: OMS, 2008
Diagnóstico Diferencial Resfriado comum Faringite Laringotraqueobronquite Pneumonia
Quadro Laboratorial Leucopenia Linfopenia* Trombocitopenia Aumento das enzimas hepáticas Aumento das escórias nitrogenadas Hiperglicemia * aparente marcador para formas graves da doença Fonte: OMS, 2008
Exames de Imagem Pulmonar Infiltrado localizado multifocal ou difuso Infiltrado intersticial Consolidação lobular ou segmentar com broncograma aéreo Pneumotórax, visto nos submetidos à ventilação mecânica Derrame pleural é incomum Fonte: OMS, 2008
Diagnóstico Laboratorial 1. Aspirado do nasofaringe ou orofaringe recolhido com o auxílio de um coletor descartável; 2. Imunofluorescência Indireta/cultivo celular ou em ovos embrionados; 3. Caracterização antigênica e genética pelo teste de inibição da hemaglutinação e técnicas de biologia molecular, respectivamente. Fonte: OMS, 2008
Atendimento a Caso Possível de Influenza Aviária História de contato com aves ou pássaros domésticos e/ou História de viagem recente a países com circulação de influenza aviária, associado a Febre > 38oC acompanhada de pelo menos um sintoma respiratório e outro sistêmico Fonte: MS, 2008
Atendimento a Caso Provável de Influenza Aviária Pacientes hospitalizados com pneumonia associada à SARA, ou Presença de outra doença respiratória grave sem diagnóstico de certeza, e História de viagem recente, no mínimo 10 dias antes do início dos sintomas, a países com circulação de influenza aviária Fonte: MS, 2008
Gripe Aviária: tratamento Inibidores de Neuraminidase: Zanamivir e Oseltamivir
Inibidores da Neuraminidase Inibem a molécula de neuraminidase, indispensável para a liberação de vírus recém formados das células infectadas Eficazes para a profilaxia pós exposição Dose indicada do Oseltamivir: 75 mg, 2 x ao dia, durante 5 dias Uso restrito a adoção de política governamental
Perspectivas de novos fármacos para o tratamento da influenza Peramivir Ribavarina Interferon alfa Fludase Neugene G00101 Fontes: OMS, 2005 e Scientific American, 2006
Emprego de vacina para a gripe aviária Apesar da tecnologia disponível, é necessário aguardar uma definição gênica do vírus para que se possa produzir a vacina
Notificação de Casos de Gripe Aviária em 2008 PAÍS CHINA EGITO INDONÉSIA VIETNÃ TOTAL TOTAL ÓBITOS 3 3 6 3 15 12 5 5 29 23 FONTE: OMS, 15/4/8
Campanha Nacional de Vacinação: 26 de abril a 9 de maio
Viroses Emergentes: linhas de atuação Vigilância epidemiológica Pesquisa aplicada Medidas de prevenção e controle Infra-estrutura