Caso Clínico: Apendicite Escola Superior de Ciências da Saúde Internato Pediatria-HRAS Bruno A. Rodrigues Coordenação: Luciana Sugai www.paulomargotto.com.br 27/5/2008
Identificação: Paciente de 3 anos de idade,sexo masculino,mulato,natural de Goiânia,residente no Gama-DF há 3 anos Queixa Principal: “Dor abdominal há 2 semanas” HDA: Paciente esteve internado na enfermaria da pediatria do HRG,entrada no dia 11/05/08, com quadro dor abdominal difusa e intensa, associada a náuseas e diarréia líquida,sem sangue e/ou muco e febre de + ou – 39 °C. Na internação iniciou uso de Rocefin e amicacina, mãe refere que foi informada de que o filho estava com sinusite e infecção intestinal. Relata que a diarréia começou após início do uso dos antibióticos.
Realizou USG de abdome total (14/05/08): Foi relatado: -Aparente aumento de ecogenicidade de parênquima renal bilateralmente que pode estar relacionado à nefropatia aguda; -Discreta distensão líquida de alças intestinais,sobretudo à direita; -Bile espessa ou microcálculos na vesícula biliar No HRG o paciente não apresentou melhora, persistindo a febre e dor abdominal,sem diarréia. Foi transferido para HRAS.
Paciente deu entrada na emergência do HRAS dia 16/05/08 com quadro de “Dor abdominal há 2 semanas” Exame Físico de admissão:Estado geral do paciente não descrito ACV: Normal AR:Normal Abdome: Doloroso, tenso, com irritação peritonial, sem massas palpáveis. CD: Solicitado: -RX abdominal: Normal -USG abdominal: Não se identificou o apêndice; Ausência de líquido livre intra abdominal Vesícula biliar contraída
Hemograma: Leuc:9500 (seg. 56%, Bast. 01%, Linf. 26%, Mono 16%, Eos. 01%) Ht : 27,6% Hg: 9,3g/dl VCM: 84,2 fl HCM:28,4 pg CHCM: 33,7 g/dl Plaq. 315 EAS: normal
Dia 17/05/08 Quadro mantido, fazendo uso de amicacina, metronidazol e ampicilina Realizado apendicectomia: Encontrado:Apêndice hiperemiado, edemaciado, sem necrose, bloqueado,grande quantidade de fibrina. Bridas com fibrina em jejuno e íleocecal
Dia 19/05/08 Paciente apresenta-se com melhora da dor abdominal,fezes pastosas,hipocorado +/4+ e edema 2+/4+ em MMII HC:Leuc: 18400 (Seg. 74%, Bast. 02% linf. 22% mono. 02%) Hg: 7,1g/dl Ht:20,7% VCM: 85,2 fl HCM: 30,9 pg CHCM: 35,3g/dl Plaq:620000 Uréia: 53 mg% Creatinina: 1,2 Na:128; K:4,9, Cl: 110 CD: redução da hidratação
Dia 20/05/08 Quadro mantido:Dor abdominal, abdome distendido, edema em MMII (+/4+), sem febre Cd: Suspenso amicacina, metronidazol e ampicilina , iniciado UNASYN Dia 22/05/08 HC:Leuc.19400 (Seg. 52%, Bast. 2%, Linf. 34%, Mono. 8%, Eos. 1%, Meta. 2%, Miel. 1%) Hg: 7,2 g/dl Ht 20,4% VCM: 87,7fl HCM: 30,9pg CHCM:35,3 g/dl Plaq. 785000
Dia 23/05/08 D3 de UNASYN Com queixa de dor abdominal. Paciente Hipocorado (2+/4+), BEG, hidratado, sem febre, taquicárdico FC: 230 bpm Edema em MMII (2+/4+), sem cacifo USG abdome Pequena quantidade de líquido livre intra abdominal, dispersa com um ou mais bolsões ( vol. 3,1 ml) Não foi identificado hematoma ou abscesso Fígado, baço, pâncreas, Ves.biliar, aort. Sem alterações Cd: aguardando parecer da hematologia
Apendicite aguda Bruno Alves Rodrigues
Considerações gerais A apendicite aguda constitui a principal causa de cirurgia abdominal na criança Idade superior a 2 anos Portadores de dor abdominal Estima-se 1 em cada 15 pessoas desenvolverá em alguma época da vida
Anatomia O apêndice origina-se à esquerda e dorsalmente,cerca de 2,5 cm abaixo da válvula ileocecal. As tênias do cólon convergem abaixo do apêndice. Pode estar fixado atrás do ceco ou livre e móvel
Fisiopatologia Obstrução da luz proximal em 70% dos caso Redução do suprimento sanguíneo Infecção bacteriana na parede Distensão da luz por pus Evolução é variável: Geralmente em 24h
Anatomopatologia Fase catarral Fase flegmosa Fase gangrenada Restrito à mucosa e submucosa Fase flegmosa Todas as camadas do apêndice Fase gangrenada Vascularização e redução do fluxo Fase perfurada Relacionado ao aumento da morbidade e mortalidade
Quadro clínico Dor abdominal difusa e mal localizada (fase inicial ) Náuseas Vômitos Febre Dor periumbilical / epigástrica ,fossa ilíaca direita Dor precede o vômito
Diagnóstico Difícil e de maior gravidade (gastroenterocolite aguda, verminoses, ITU, hepatites, calculose urinária, pneumonia lobar direita, colecistite aguda, pancreatite aguda, torção de testículo intrabdominal)
Diagnóstico História clínica Exame físico Idade Exame físico Exames complementares (laboratoriais e de imagem)
Diagnóstico Exame físico Dor localizada á palpação de FID Hipersensibilidade na FID Distensão abdominal Taquicardia ( >100 bpm ) Temp. Retal – temp. Axilar > 1°C ( sinal de Lenander) Descompressão dolorosa (sinal de Blumberg)
Diagnóstico Laboratório Hemograma: EAS: Leucocitose (15000) Neutrófilos > 75% EAS: Normal Alterações (Retrocecal / pélvica)
Diagnóstico Estudos de imagem Raio-X do abdome (AP e Perfil de pé e AP deitado) Raio-X do tórax (afastar processos parênquimatosos do pulmão) USG, TC, RM, se necessário
Diagnóstico diferencial da dor abdominal aguda
Complicações Perfuração Peritonite Abscesso apendicular
Tratamento Hidratação Atibioticoterapia Gentamicina (3-5mg/Kg/dia, em 3 doses) ou amicacina (15mg/Kg/dia, em 2 doses) + Metronidazol (7,5mg/Kg/dia, em 4 doses) Ampicilina (200-400mg/Kg/dia) + gentamicina +Clindamicina (40mg/Kg/dia, em 4 doses
Tratamento Cirúrgico Complicações pós-tratamento Infecção da ferida Abscesso intraabdominal Aderências levando à obstrução fecal
Consultem: Caso Clínico: Apendicite neonatal Autor(es): Viniccius Santana Pereira, Carlos Alberto Moreno Zaconeta, Andersen O Rocha Fernandes, Karinne Cardoso Muniz, Cleber Marinho, Paulo R. Margotto
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Ddo Bruno Alves