SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO: origem e desenvolvimento Drª Gisele Masson Departamento de Educação Universidade Estadual de Ponta Grossa
ORIGEM DA SOCIOLOGIA Surge no contexto histórico da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da sociedade capitalista. “A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso.” (MARTINS, 1994, p.11)
ORIGEM DA SOCIOLOGIA As transformações que ocorreram no século XVIII representam um marco importante para a história do pensamento ocidental e para o surgimento da sociologia.
ORIGEM DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO Os estudos sociológicos da educação se situam, originalmente, na primeira metade do século XX. Foi a partir dos anos 1940 e principalmente nos anos 1950 e 1960 que a sociologia da educação se constituiu como campo de pesquisa específico. (FERREIRA, 2006)
ORIGEM A sociologia da educação nasce como disciplina autônoma na Europa – influência das ideias de Émile Durkheim. Maior projeção com status de área de conhecimento na Educação. 1950 1960 Karl Mannheim Talcott Parsons
Propõe que a sociologia sirva de embasamento teórico para educadores e KARL MANNHEIM Propõe que a sociologia sirva de embasamento teórico para educadores e educandos. Defende a formulação de projetos educacionais que ampliassem o horizonte do homem, que superassem as divisões em blocos políticos. Contribuiu para que a Sociologia da Educação se constituísse como um campo específico de estudos. Propõe a “educação sadia” com a contribuição da coletividade no processo educacional.
Define a educação a partir de dois aspectos centrais: como espaço de socialização, com valores, normas e saberes que asseguram a integração social; como instância de seleção social que deve contemplar, dentro da ordem e da harmonia, uma divisão do trabalho cada vez mais complexa. Positivista/Funcionalista TALCOTT PARSONS
A educação é um importante fator de coesão social. Para ele, a educação consiste numa socialização metódica das novas gerações. A educação é um importante fator de coesão social. ÉMILE DURKHEIM
DESENVOLVIMENTO 1º MOMENTO - Até a década de 1960: A educação é concebida como fator de democratização e distribuição de renda – caráter funcionalista. A educação é reconhecida como instância de modernização social. (FERREIRA, 2006)
DESENVOLVIMENTO 1º MOMENTO - Até a década de 1960: Até ao final dos anos 50, os responsáveis políticos, quer americanos quer ingleses, afirmam-se empenhados em promover o acesso à escola de camadas populacionais cada vez mais vastas, com o argumento de que desta forma se construiria a sociedade livre, igual e fraterna que o liberalismo há muito vinha prometendo. (MÓNICA, 1977)
DESENVOLVIMENTO O enfoque funcionalista apresentava duas variantes: 1ª - Teoria técnico-funcional: o papel da educação era dar respostas às necessidades crescentes de formação técnica e científica. 2ª - Teoria do capital humano: relaciona educação com investimento econômico e produtividade. A educação é vista como investimento e aspecto fundamental para o desenvolvimento da economia. (FERREIRA, 2006)
DESENVOLVIMENTO 2º MOMENTO – Décadas de 1960 e 1970 A educação passou a ser vista como um instrumento de manutenção do poder e das desigualdades sociais porque não estava atendendo as expectativas em relação aos seus efeitos sociais de democratização e modernização. Surge um desencantamento em relação à educação por não garantir o desenvolvimento econômico, a estabilidade e a distribuição da riqueza. (FERREIRA, 2006)
DESENVOLVIMENTO 2º MOMENTO – Décadas de 1960 e 1970 Sociólogos da educação passam a analisar as razões do fracasso das políticas educacionais baseadas no slogan da igualdade de oportunidades, tendo reconhecido que os planos liberais falharam por terem escamoteado a questão da relação escola-estrutura social, atribuindo à primeira um poder para reformar a sociedade de que ela obviamente carecia. (MÓNICA, 1977)
DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento econômico atinge seu limite no fim da década de 1960 e no começo de 1970, período que será marcado por profundas crises (crise do petróleo, crise econômica, superprodução). A obra marxiana serve de base à sociologia crítica da educação. Crítica ao modelo funcionalista. A nova Sociologia da Educação (NSE) enfoca a problematização do saber e a crítica às metodologias quantitativas. Críticos reprodutivistas denunciam a educação como mecanismo de reprodução das desigualdades sociais. (FERREIRA, 2006)
FASE RECENTE Modelos interpretativos de inspiração interacionista, fenomenológica ou etnometodológica. Abordagem pós-moderna que contesta os fundamentos da sociologia crítica da educação. Tendência em priorizar análises voltadas para o interior da escola na busca das particularidades e especificidades. Período menos marcado por uma concepção predominante.
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL O Brasil possui desigualdades históricas desde a colonização, escravismo, vida política sem participação da maioria, período ditatorial e lento processo de amadurecimento político. Tais características são importantes para o entendimento do campo de estudo da Sociologia no Brasil. A disciplina Sociologia começou a ser ministrada no Ensino Médio e em algumas faculdades no início do século XX e mais tarde nos cursos de formação de professores. (DEMETERCO, 2009)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL O Positivismo dominava a cena intelectual neste período. O contexto histórico é marcado pelo colapso do modelo agroexportador, por uma crescente urbanização, pela industrialização e por uma certa desordem social.(DEMETERCO, 2009)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL É por meio da faculdades de Pedagogia, após 1930, que a Sociologia da Educação passa a fazer parte do currículo regular, como foi o caso da Faculdade de Educação da Universidade do Distrito Federal (1937), com Anísio Teixeira. É a partir de 1932 que o ensino de Sociologia é incentivado como forma de preparar as novas gerações para a realidade do país. Entretanto, foi somente no final da década de 1940 que a Sociologia se institucionalizou como um campo específico de conhecimento. (DEMETERCO, 2009)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Nos anos 1950-1960, no auge do processo de industrialização baseado na substituição das importações, do avanço do nacionalismo e do populismo, formam-se os primeiros sociólogos. É estabelecida uma relação entre educação e desenvolvimento. Alguns cientistas sociais da USP, nos anos 1960, começam a se interessar pelo tema educação. (DEMETERCO, 2009)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Após o Golpe Militar de 1964, a disciplina é suspensa das escolas e universidades e muitos pesquisadores são afastados do seu trabalho e alguns são expulsos do país. A década de 1970 é marcada por estudos quantitativos sobre administração escolar, mas temas como evasão, reprovação e rendimento escolar são pouco considerados. Havia um certo pessimismo em relação ao papel transformador da educação. (DEMETERCO, 2009)
A SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL Surgem estudos críticos denunciando o quanto o sistema educacional estava a serviço do poder econômico e político. Com a abertura política na década de 1980, consolidam-se os estudos marxistas e os questionamentos sobre o caráter ideológico da educação. (DEMETERCO, 2009)
REFERÊNCIAS DEMETERCO, S. M. da S. Sociologia da Educação. 2. ed. Curitiba: IESDE, 2009. FERREIRA, R. A. Sociologia da Educação: uma análise de suas origens e desenvolvimento a partir de um enfoque da Sociologia do Conhecimento. Revista Lusófona de Educação, n.7 p.105-120, 2006. MARTINS, C. B. O que é sociologia? 38. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994. MÓNICA, M. F. Correntes e controvérsias em sociologia da educação. Análise Social, v. XIII, n. 52, p. 989-1001, 1977.