Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
MIELOMA MÚLTIPLO.
Advertisements

Artrite reumatóide É uma doença auto-imune sistémica, caracterizada pela inflamação das articulações (artrite), e que pode levar a incapacitação funcional.
Encefalomielite Disseminada Aguda
Universidade Federal da Paraíba
Trombose Venosa Profunda
COMPLICAÇÕES NAS TRANSFUSÕES DE HEMOCOMPONENTES REAÇÃO TRANSFUSIONAL FEBRIL NÃO HEMOLÍTICA (1:200) Reação mais comum durante a transfusão Motivo:
Caso clínico 3  Identificação:
Caso clínico 2 Identificação:
ANEMIAS HEMOLÍTICAS.
Mariana Bruinje Cosentino
Febre sem sinais localizatórios
ESPLENOPATIAS CIRÚRGICAS. l Função hematopoética (produz hemácias e leucócitos) até o 5° mês de vida fetal l Destruição de hemácias envelhecidas (120.
IMUNODEFICIÊNCIA PRIMÁRIA: QUANDO SUSPEITAR?
CASO CLINICO: FEBRE REUMÁTICA
GLOMERULONEFRITE PÓS INFECCIOSA
CASO CLÍNICO Hospital Infantil João Paulo II 09/01/2013
Caso Clínico: Icterícia a esclarecer
Reunião Anatomoendoscópica
IV Simpósio da Sociedade de Gastroenterologia do Rio de Janeiro
Raquel Adriana M. Salinas S. Takeguma Orientador: Dr. Jefferson A. P. Pinheiro Brasília, 06 de dezembro de ARTIGO DE MONOGRAFIA.
Quadro Clínico Contágio do paciente pelo Parvovírus b19 por via aérea.
Influenza / Gripe → DIAGNÓSTICO ETIOLÓGICO (CID-10: J.09 a J.11)
FEBRE DE ORIGEM INDETERMINADA
Doença Inflmatória Intestinal
CASO CLÍNICO : Anemia Falciforme Ana Cláudia de Aquino Dantas
CASO CLÍNICO Neurologia infantil Doenças DESMINIELIZANTES
Caso Clínico.
PATOLOGIA DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
Saulo da Costa Pereira Fontoura
Caso Clínico: Convulsão Febril
VCM = 84 fl (VR= ) HCM = 32pg (VR=30-34)
Síndrome hemolítico-urêmica
Laboratório Clínico - Hematologia Leucemias
Caso Clínico Síndrome do Lactente Sibilante
CRISE FEBRIL Por Manuela Costa de Oliveira
PATOLOGIA DO SISTEMA HEMATOPOIÉTICO
Dor, Pancitopenia, Púrpura, Adenopatia Internato 2011 Pediatria – HRAS
Sociedade Paulista de Reumatologia Fórum de Debates
Caso clínico 1 Menina de 6 anos de idade é atendida no Posto de saúde com história de disúria e polaciúria há 2 dias. Nega febre. ISDA: obstipação; corrimento.
Caso clínico para a reunião da Sociedade Paulista de Reumatologia
Lupus Eritematoso Sistêmico e Síndrome Hemofagocítica
Apresentação:Rodolfo Squiabel Iamaguti, Túlio Bosi, Rafael Alvarez
Profª Caroline.
Leptospirose Definição: Bactéria do gênero Leptospira.
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
ANEMIA HEMOLÍTICA.
Saulo da Costa Pereira Fontoura R2 Clínica Médica
Caso Clínico 1 Diagnóstico Diferencial dos Derrames pleurais
Prof. Ana Veronica Mascarenhas
Karina Nascimento Costa
Hérica Barra de Souza Residente de Reumatologia do Hospital Heliópolis
Raíssa Gomes da Silva Serviço de Reumatologia do Hospital Heliópolis
Anemias Hemolíticas Auto-Imunes
LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA EM GATOS
ANEMIAS Prof. Michel Cukier FCM – HUPE - UERJ.
LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA EM GATOS
Caso clínico Saulo da Costa Pereira Fontoura Residente do Hospital Santa Isabel.
Leonardo Gebrim Costa Julho 2009 Internato em pediatria ESCS
HIV/AIDS Prof. Ana Veronica.
Curso Básico de Hematologia para Iniciantes.
Leucemia.
Doença Hemolítica do Recém-nascido
Elane Sousa - R1 Acupuntura Saulo Alencar – R1 Clínica Médica Joaquim e Rita - R2 Clínica Médica Maria – R3 Clínica Médica Dr. Clésio e Dr. Daniel Kitner-
Hemope Grupo: Gabriel Monteiro nº 32 Geórgia Linhares nº 33 Giselle Lisbôa nº 34 Isadora Nunes nº 35 Jordão Leite nº 36.
ID: F.A, 23 Anos, Casada, Secretária, Natural e residente em Caçador QP: “Dores em corpo e articulações” HDA: Paciente relata há 1 mês iniciar com dores.
LEUCEMIAS CRÔNICAS.
Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF
Transcrição da apresentação:

Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF Síndrome de Evans Caso clínico Larissa Dias R1 Hospital Regional da Asa Sul/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 20 de julho de 2010

Identificação Nome: Isabela Silva Beltrão Idade: 12 anos Peso: 31Kg Procedência: Valparaizo Natural: Brasília- DF

História da Doença Atual Paciente com história de dois episódios de dor em articulação de joelhos e cotovelos associado a quadro de anemia e equimoses de resolução espontânea há 2 anos. Procurou HRAS dia 15/05/10 por ter apresentado novo episódio de dor em articulação, seguida de palidez cutâneo mucosa importante, perda ponderal de 4 kg em um mês, história prévia de sangramento gengival há uma semana, sem queixas álgicas no momento da internação. Na admissão do PS apresentava-se em BEG, ativa, orientada, hidratada, hipocorada (+++/+4), eupneica, acianótica, afebril e anictérica. ACV e AR sem alteração. Abdome plano normotenso, indolor a palpação, s/VMG. Exames laboratoriais de entrada Ht 20 Hg 7 Plaq 15000 (os exames de entrada foram perdidos) radiografia de tórax sem alteração. Foi admitida na Ala B dia 16/05/10 para investigação do quadro bicitopenia

Antecedentes patológicos Anemia Dor articular em joelhos e cotovelos: relato de investigação passada com diagnóstico de “dor de crescimento”. Nega uso de medicações. Refere alergia a dipirona.

Antecedentes Familiares Sem história de doenças reumatológicas na família. História de neoplasias em avós paternos e tia paterna.

Exame físico BEG, hidratada, hipocorada (+++/4+), eupneica, acianótica, afebril. ACV: RCR em 2t BNF s/s AR: MV + s/ruído adventícios AB: plano, normotenso, indolor, s/VMG Extremidades: bem perfundidas, sem edema, presença de petéquias e equimoses. Orofaringe: mucosa hipocorada e sem ulceras, sem sinais de sangramento. SNC: Lúcida, cooperativa, sem sinais de irritação meningea, sem outras alterações.

Hipóteses diagnósticas Bicitopenia a/e Neoplasia (?) LES, doença reumatológica (?) Infecção (?) Anemia aplásica (?)

Evolução Na Ala B 17/05/2010 18/05/2010 20/05/2010 21/05/2010 24/05/2010 Um episódio de vômito pela manhã Vários episódios de vômitos, desorientação, calafrios. -Eletrólitos e hemocultura, iniciado ceftriaxoma Mielograma Novo episódio de desorientação e vômitos. -TC de crânio

Evolução Na Ala B 26/05/2010 27/05/2010 28/05/2010 30/05/2010 04/06/2010 Mielograma e TC de crânio. Parecer Reumatologia: anemia hemolítica auto-imune (?) neoplasia (?). Sem critérios para doença reumatológica Febre 38°, desorientação, dor abdominal difusa. Troca para cefepime e pesquisa de anticorpos irregulares. Início de tto. Queixa de ressecamento de mucosa oral e oftálmica. Parecer oftalmo (Sd de Sjogren ?) Alta para continuar tto e acompanhamento ambulatorial.

Exames Complementares Hemogramas Data: HG HT Reticulócitos PLAQ LEUC 18/08 7,06 21,4 - 11.600 4470 (33/01/53/04/08) 19/08 6,52 19,5 23% 20.000 4970 (64/02/23/06/04) 23/05 6,58 20,9 36% 16.000 6110 (60/02/34/03/01) 27/08 5,65 17 46% 15.000 2600 (40/06/50/02/02)

Exames Complementares Eletrólitos e Bioquímica sanguíneos Eletrólitos Data: Na+ K+ Cl+ 18/05 142 4,1 109 Bioquímica Data TGO TGP UR CR 18/05 61 29 33 0,6 BT BD BI Fal 1,6 0,2 1,4 288 LDH C3 C4 1986 17,4 91,8 27/05 TAP 75% INR 1,2

Outros exames solicitados: 17/05/10 TORCHS Fundação sem reagente 17/05/10 CMV e EBV Lacen não realiza 17/05/10 Alfa- glicoproteina Fundação não realiza mucoproteina, p-ANCA, ASCA 17/05/10 Sangue oculto nas fezes Negativo 17/05/10 EPF Negativo 17/05/10 Hepatite A,B,C HIV, HTL NR dengue,Parvovirus B19

17/05/10 anti-DNA, anti-SM, Anti-ro Fundação não realiza 17/05/10 TSH, T4 livre 5,7 e 1,1 18/05/10 Eletroforese de Hg Hb AA2 / resistência osmótica 0,36% 18/05/10 FAN Fundação não realiza 18/05/10 Coombs direto e indireto Negativo 18/05/10 Tipo sanguíneo O – 20/05/10 Mielograma Amostra diluída 24/05/10 Mielograma Amostra diluída 26/05/10 Mielograma Diluído, 3 series, hiperplasia eritróide e megacariocitose 28/05/10 Teste do acido Negativo 28/05/10 Pesquisa de anticorpos irregulares POSITIVO!!!

Exames de imagem: 26/05/10 Tomografia de Crânio – sem alteração 18/05/10 Radiografia de tórax – sem alteração 27/05/10 Radiografia de tórax -- sem alteração 31/05/10 US de abdome – pequena a moderada hepatomegalia

Diagnóstico Síndrome de Evans !!!! Anemia hemolítica + plaquetopenia Anticorpos irregulares positivo ( realizada no hemocentro através de método enzimático, porem o Coombs permaneceu negativo, quando foi feita fenotipagem eritrocitária foi encontrado C grande, a paciente nunca realizou transfusão sanguínea), megacariocitose e hiperplasia eritróide. Exclusão de neoplasia e doença reumatológica.

Tratamento Pulsoterapia com metilprednisolona com 2 mg/kg/dia por 5 dias. Paciente recebeu alta dia 04/06 com prednisolona 3 cp de 20 mg pela manhã e retorno ambulatorial para 07/06. Exames na Saida: Ht 16,8 Hg 5,66 Plaq 42.000 Leu 10.800 Exames no retorno: Hg 9,5 e Plaq 120.000

Sindrome de Evans Evans e colaboradores: 1951 Anemia hemolítica autoimune Coombs positivo + trombocitopenia imunologicamente mediada. Desordem de imuno-regulação. Auto anticorpos afetam diferentes antígenos nos eritrócitos e plaquetas, que seriam os responsáveis por episódios isolados de anemia e trombocitopenia

Fisiopatologia Auto anticorpos contra antígenos específicos de eritrócitos, plaquetas e neutrófilos Wang: Diminuição de IgG, IgM,IgA Citopenia: relação com anormalidades em células T. Diminuição de T-helper aumento de T- supressor

Gene FAS (CD95) papel crucial na apoptose dos linfócitos Gene FAS (CD95) papel crucial na apoptose dos linfócitos. Acumulo de linfócitos maduros levando a doenças autoimunes em ratos. Defeito na apoptose de linf leva a severas síndromes linf. proliferativas autoimunes em humanos. Savasan: + 50% evidência de hiperatividade linfóide Teachey: 58% síndrome linfoproliferativa auto imune

Freqüência USA: Doença incomun porem não é rara. Frequência exata é desconhecida. Ocorrência familiar é rara. Pirofsky: incidência de AHAI 1/80000. Cruzou dados com 1064 casos de trombocitopenia autoimune infantil apenas 9 casos também tinham AHAI. Pui: 7 casos de Evans em 164 de TCPAI e 15 casos em AHAI Habibi: 10 casos em 40 crianças com AHAI prolongada com trombocitopenia.

Mortalidade/ Morbidade Crônica, recidivante e pode ser fatal. Seguimento de 42 pcts (4 e 18,9 anos) por 3 anos: 7% morreram 48% doença ativa e estavam em tto 12 % persistiram com doença sem tto 33% sem evidência de doença por 1,5 meses a 5 anos. Mathew: 60% trombocitopenia recidivante. 31% anemia hemolítica recorrente episódios variam de 1-8 15% neutropenia recidivante

Raça e Sexo 42 pcts 29 brancos 7 negros 6 outras raças Evans aparentemente sem preferência por sexo AHAI: crianças sexo masc 1,4:1, adultos preferência por sexo feminino.

Idade Arquivo de “North American pediatrics hematologists”. Media de diagnóstico 7,7 anos (0,2 a 26,6). Pode indicar que a doença esteja sendo subdiagnosticada até que ocorra o segundo episódio de citopenia que ocorre usualmente meses ou anos após a primeira crise.

História clínica 76% trombocitopenia 67% anemia 24% neutropenia 14% pancitopenia Diagnóstico de exclusão

Causas Desconhecida Desordens associadas: LES, doenças reumatológicas, linfonodomegalia crônica, hipogamaglobulinemia, deficiência de IgA História de 01 diagnóstico em criança com DM tipo 1, em criança após transplante de medula óssea autólogo em Hodgkin recidivante e em criança com doença celíaca. Relação com vacinação (?)

Diagnósticos diferenciais LES Deficiência de IgA Imunodeficiência congênita e adquirida Púrpura trombocitopenica idiopática Síndrome hemolítico urêmica Síndrome Kassabach-Merritt Hiperesplenismo Doença de Rosai Dorfman

Exames laboratoriais HC com reticulócitos Bilirrubinas Coombs Dosagem de imunoglobulinas FAN, anti-DNA, anti-RO Dosagem de linfócitos T periféricos Mielograma

Achados histológicos Megacariócitos: níveis normais ou elevados confirmam que a trombocitopenia está sendo causada por destruição na corrente sanguínea. Mielograma: pode revelar hiperplasia eritróide ou hipoplasica se o quadro predominante for de AHAI.

Tratamento Prednisolona 1-2 mg/kg/dia de 12/12 ou 8/8 horas. Imunoglobulina intravenosa 1-2 g/kg/dia por 1 a 2 dias Agentes imunomoduladores (ciclosporina, danazol, azatioprina, ciclofosfamida, vincristina) Rituximab (medicamento usado no tto de linfoma não hodking refratário) Esplenectomia Transplante de medula óssea.

Acompanhamento Seguimento semanal : os valores do hematócrito se normalizem. Depois de retornar ao normal seguimento de 2-4 semanas Seguimentos mais rígidos devem ser indicados em pacientes com sinais clínicos e laboratoriais de recorrência.

Complicações Hemorragias (29% dos pacientes) Pneumonia, sepse, meningite, osteomielite, abscessos. (neutropenia)

Prognóstico Períodos de remição e exacerbação Recorrência é comum Em pacientes seguidos por 3-8 anos a mortalidade foi de 7-36% Causas de morte: hemorragia ou sepse.

Obrigada!!!! Bibliografia: http://emedicine.medscape.com/article/955266-print (Evans Sydrome; Prasad Mathew; University of New Mexico; Nov 2009) http://adc.bmj.com/content/77/3/245.full (the spctrum of Evan´s syndrome; Süreyya Savasan, Indira Warrier, Yaddanapudi Ravindranath; Children´s Hospital of Michigan; junho 1997)