BCH - BPP - GOVERNO, BUROCRACIA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

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Transcrição da apresentação:

BCH - BPP - GOVERNO, BUROCRACIA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 as Agências Reguladoras, que fazem parte da administração pública indireta, fiscalizam a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada, são responsáveis pela regulação de setores específicos da economia. São dois tipos: as que exercem típico poder de polícia, com imposição de limitações administrativas, fiscalização e repressão; e as que regulam e controlam as atividades que constituem objeto de concessão, permissão ou autorização de serviço público ou de concessão para exploração de bem público. Atualmente existem nove agências reguladoras, mas nem todas realizam atividades de fiscalização.

 A proliferação de agências reguladoras e executivas em diversos países levou ao fenômeno da “agencificação”, trazendo novos desafios à democracia ao criar domínios controlados por burocracias técnicas com pouca ou nenhuma responsabilização pública.  As agências reguladoras brasileiras, surgiram num contexto de mudança e de reforma do Estado brasileiro, com as privatizações e instalação de órgãos em novos formatos institucionais. Durante a reforma do Estado realizada durante o governo Fernando Henrique.  As primeiras ações voltadas de maneira sistemática em busca de profissionalização da burocracia brasileira foram dadas na década de 1930 pelo varguismo. No entanto, em vez da instauração de um sistema meritocrático para todo o aparato estatal e de instrumentos democráticos de controle das estruturas burocráticas, foi criado um modelo híbrido e muitas vezes contraditório, no qual conviviam o clientelismo, arranjos de corporativismo estatal e o insulamento de setores da burocracia em relação aos conflitos políticos. A responsabilização da administração pública perante os cidadãos era pouco significativa.

 Na década de 1960, o Estado brasileiro passou pelo regime militar, que levou, em termos de administração pública, a um maior insulamento da burocracia em relação a qualquer tipo de accountability, ao mesmo tempo em que ocorreu uma grande expansão da intervenção estatal. Uma visão tecnocrática de atuação estatal, bem como criaram-se fortes relações entre a burocracia com setores privados sem que houvesse transparência nesse arranjo.  A burocracia se preparou para exercer o seu papel em um Estado intervencionista, centralizador e com uma ideologia própria, encontrando condições para desenvolver um comportamento autônomo em relação aos atores sociais.  O fim do regime militar, na década de 1980, trouxe de volta ao debate a democratização do Estado e de seu aparelho burocrático.

 CF 88, do ponto de vista da burocracia, o princípio do mérito tornou-se, pelo menos constitucionalmente, universal. Além do mais, formas de accountability horizontal e vertical fortaleceram-se, e a ação burocrática é, geralmente, mais transparente que nos períodos anteriores. Todavia, os legados do corporativismo e do insulamento continuaram influenciando o comportamento da burocracia e seu relacionamento com o sistema político e com a sociedade.  O mandato FHC, o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado previu atividades que não fossem consideradas essenciais deveriam ser repassadas à iniciativa privada e reguladas pelo Estado, ao mesmo tempo em que se implantaria a “administração pública gerencial”. Nessa lógica destacavam-se a criação de agências autônomas, divididas em reguladoras e executivas.  Participação de usuários; a utilização de contratos de gestão como forma de responsabilização por resultados; adoção de mecanismos de controle social nos serviços locais e o aumento da transparência na implementação das ações do governo, possibilitando seu acompanhamento e avaliação.

 Todavia, não houve processo coordenado de mudança do aparelho estatal, da reforma regulatória e das privatizações que gerasse uma concepção explícita da natureza e da operacionalização do Estado regulador. Cada área específica já estava discutindo a privatização e a regulação, e pouco dialogava com o Mare nesse sentido. Isso acabou por tornar o processo fragmentado, sendo fortemente conduzido pelas concepções dos ministérios e pela burocracia de cada setor, e não por uma diretriz orientadora geral, o que impactou o formato e o funcionamento das agências criadas.  A criação do modelo regulador anos FHC pode ser dividida em três gerações:

 Na primeira (1996 e 1997), estão as agências reguladoras relacionadas com a privatização e a quebra do monopólio do Estado naqueles setores, englobando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). O formato institucional, com diretores escolhidos pelo presidente, aprovados pelo Senado e gozando de mandato fixo eram elementos fundamentais para a credibilidade dos investidores em uma estabilidade das regras. A preocupação maior, nesses casos, era econômica: além da obtenção de recursos para pagamento da dívida pública, o argumento essencial relacionava-se à ausência de recursos governamentais para investimentos nesses setores.

 A segunda (1999/2000) está mais relacionada à busca de melhor eficiência e modernização do aparelho de Estado. Eram setores mais competitivos nos quais buscava-se resguardar o interesse dos cidadãos em relação a determinados setores de mercado já existentes — situação diferente da anterior, quando se estava repassando atividades estatais para a iniciativa privada.  Duas agências fazem parte dessa geração: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ambas ligadas ao Ministério da Saúde. O modelo de agências reguladoras começou a ser utilizado devido às dificuldades para a implementação das agências executivas previstas no plano diretor.

 A terceira geração (2001/02) apresenta uma grande mistura de finalidades e áreas de atuação. Aqui, apenas a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) e a Agência Nacional dos Transportes Aquaviários (Antaq) podem ser consideradas de natureza reguladora, pelo tipo de atividades desenvolvidas. Outros casos, como a Agência Nacional de Águas (ANA) e a Agência Nacional do Cinema (Ancine), mostram a perda do referencial de regulação de mercados.  Com base em referências internacionais, copiavam-se simplesmente instituições em contextos e problemas muito diferentes.  Em setembro de 2005, governo Lula, tem-se a criação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).  A busca de flexibilidade administrativa além da existente na estrutura do serviço público; dar incentivos aos reguladores para que eles se especializem e diminuam as incertezas dos resultados de cada setor; transferindo parcialmente à agência a culpa por medidas politicamente impopulares em determinado setor; e por fim a necessidade de credibilidade regulatória, ou seja, a estabilidade das regras, resguardando- as de ações oportunistas de políticos eleitos.

 Diversidade de órgãos que atuam em áreas e com tipos de regulação distintos:  regulação econômica — que se refere a preços, tarifas, condições de entrada e saída em mercados  Regulação social relativa a temas como saúde e segurança.  Uma burocracia completamente autônoma, como todo poder auto- referenciado, traz riscos à sociedade e à democracia.  A accountability é um conceito mais amplo, que inclui a existência de condições para os cidadãos participarem da definição e avaliação das políticas públicas, premiando ou punindo os responsáveis. Nessas condições deve constar a disponibilidade de informações sobre a atuação dos governos e seus resultados, bem como a existência de instituições que permitam contestar as ações do poder público.

 Dentro de um sistema político presidencialista como o brasileiro, com a divisão institucional de poderes, controle e accountability devem ser forçosamente baseados na interação entre os diversos atores, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, inclui-se a sociedade civil que, em um contexto de regulação, pode ser dividida entre os grupos econômicos regulados e os grupos sociais não- econômicos, que, têm obtido destaque no Estado regulador.  Em uma linha direta a sociedade civil monitora os políticos, que monitoram as agências e estas, por sua vez, regulam as empresas. O Judiciário permite que um ator interfira diretamente em outro, como os consumidores nas empresas. Os consumidores e grupos da sociedade civil sofrem efeitos das empresas e informam tanto ao regulador quanto aos políticos desses resultados. Grupos econômicos e sociais atuam diretamente sobre a agência. Executivo e Legislativo atuam um sobre o outro.  Ver quadro comparativos

 Dentro de um sistema político presidencialista como o brasileiro, com a divisão institucional de poderes, controle e accountability devem ser forçosamente baseados na interação entre os diversos atores, os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, inclui-se a sociedade civil que, em um contexto de regulação, pode ser dividida entre os grupos econômicos regulados e os grupos sociais não- econômicos, que, têm obtido destaque no Estado regulador.  Em uma linha direta a sociedade civil monitora os políticos, que monitoram as agências e estas, por sua vez, regulam as empresas. O Judiciário permite que um ator interfira diretamente em outro, como os consumidores nas empresas. Os consumidores e grupos da sociedade civil sofrem efeitos das empresas e informam tanto ao regulador quanto aos políticos desses resultados. Grupos econômicos e sociais atuam diretamente sobre a agência. Executivo e Legislativo atuam um sobre o outro.  Ver quadro comparativos