Ciência, Tecnologia e Sociedade: Aula 5

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Transcrição da apresentação:

Ciência, Tecnologia e Sociedade: Aula 5 Origens do anti-diferenciacionismo: Thomas Kuhn Professor Adalberto Azevedo Santo André/São Bernardo do Campo, 16/10/2014

Kuhn e as rupturas na sociologia da ciência Antecedente do “Programa Forte” da sociologia da ciência, que faz uma leitura relativista (tema da aula 7) Autor de encruzilhada: entre a sociologia da ciência diferenciacionista e não-diferenciacionista Consideração das influências sociais sobre a natureza do conhecimento científico e sobre a dinâmica de funcionamento da ciência: transformação de crenças sociais reformula as teorias científicas Contudo, a ênfase está nos preconceitos científicos, não se considerando tão importantes influências extra-científicas

Kuhn e as rupturas na sociologia da ciência

Kuhn e as rupturas na sociologia da ciência Nova concepção: Ciência não progride por acumulação, mas por rupturas de visões de mundo, sendo por isso descontínua (não depende de critérios internos de validação) Ciência ocorre em um contexto sócio-cognitivo: paradigma

Paradigma científico e ciência normal Paradigma: quadro disciplinar institucionalizado com um conjunto de noções, procedimentos de pesquisa, modelos de trabalho científico que orientam as questões de pesquisa, os procedimentos para resolvê-los e os resultados esperados Ciência Normal (paradigmática): maneira mais comum de fazer ciência, visa resolver problemas “permitidos” por métodos, instrumentos e axiomas delimitados pelo paradigma. Orientada em direção a certos resultados, desconhecendo-se apenas os pormenores do conteúdo e do processo para atingi-los Ciência “madura”, fundamentos/princípios bem estabelecidos: grande capacidade de perceber anomalias, e propor avanços no paradigma (resultados aceitáveis). Ciência pré-paradigmática: indefinição de conceitos e métodos Oposição à ideia da ciência como uma sucessão de revoluções, crítica e aberta a novas ideias (visão normativa)

O modelo de evolução da ciência de Kuhn Paradigma (consensual) Ciência Normal Solução de problemas, refinamento do paradigma Problemas não resolvidos pela ciência normal (anomalias), crise, questionamento do paradigma, Disputa entre propostas de paradigmas, teorias pré-paradigmáticas, revolução científica Estabelecimento do novo paradigma

O modelo de evolução da ciência de Kuhn Incomensurabilidade dos paradigmas: para Kuhn, o novo paradigma não se comunica com o anterior (diferentes pressupostos conceituais e comunidades perceptivas) Desacordo sobre os problemas a resolver, ou sobre as normas que presidem sua solução Necessidade de um “conversão” para estabelecer a comunicação (não depende da lógica ou do empirismo): resistência ao novo é inevitável e legítima Risco de interpretação relativista: não quer dizer que todo argumento tem igual valor (argumentos empíricos/teóricos são os mais importantes na evolução da ciência) E as influências exteriores à ciência? Anti-diferenciacionismo

O modelo de evolução da ciência de Kuhn Ponto de partida para responder a questões não respondidas satisfatoriamente pela sociologia Mertoniana, como: Por que às vezes os cientistas se comportam como se estivessem mais interessados em atrasar o progresso científico? Por que algumas teorias não são aceitas no momento de sua descoberta, sendo recuperadas posteriormente? Questões que colocam em questão a capacidade da comunidade científica funcionar de acordo com os valores defendidos por Merton, aderentes ao capitalismo liberal Nova situação (anos 60): capitalismo monopolista de Estado, socialismo de Estado, megapesquisas, influência cada vez maior dos interesses privados

O modelo de evolução da ciência de Kuhn Modelo descritivo, não normativo (sem prescrição de conduta) Semelhança da C&T com outras atividades sociais: ocorre em um sistema social que utiliza preconceitos (paradigma) para controlar/direcionar as atividades de seus membros Problema 1: qual o grau de ruptura que caracteriza uma revolução científica (substituição total ou em parte do conhecimento acumulado)? E a coexistência dos paradigmas? (p. ex., a física quântica teve efeito na mecânica dos fluidos?) Problema 2: Foco na teoria, mas e o papel da instrumentação (verificação empírica) na mudança científica, p. ex., o microscópio? E as descobertas acidentais, que nada têm a ver com o experimento (e resultados esperados) que as geraram?

Thomas Kuhn: os paradigmas científicos Paradigma científico: uma maneira particular de questionar a natureza e de lidar com seus fenômenos (teorias, pressupostos, problemas importantes, métodos, aparelhagem, resultados aceitáveis), procedimentos experimentais, aparelhagem, que permitem o trabalho científico direcionado Característicos da comunidade científica (não de indivíduos): origem no treinamento científico (educação científica difunde o que uma comunidade científica atingiu em termos de desenvolvimento teórico/experimental) Investigação rotineira (paradigmática): mais criativa e eficiente, por permitir a investigação direcionada, aprofundada e apoiada por aparelhagem especializada (Inspiração X Transpiração) Convicções fortes (preconceitos) anteriores à investigação: frequentemente precondições para o sucesso das ciências Preconceito e resistência ao novo: freios ao progresso da ciência ou condições para sua continuidade e vitalidade?

Thomas Kuhn: os paradigmas científicos Mudanças de paradigmas são raras: cientistas desenvolvem trabalhos orientados pelo paradigma Esforços para adequar o paradigma à natureza, tornando-o mais preciso e explicando fenômenos que desafiam o paradigma Inclui o desenvolvimento de tecnologias de teste que auxiliem as explicações Resultados pré-concebidos: cientista não é um explorador ou descobridor de novas teorias. Finalidade do trabalho não é chegar ao desconhecido, mas provar algo que já se conhece

Thomas Kuhn: os paradigmas científicos Fenômenos nao adequados em muitos casos são explicados por hipóteses ad hoc (traduçao: para esta finalidade), que evitam seu falseamento e a substituição do paradigma Exemplo da formulação de uma hipótese ad hoc: 1. Aplica-se um tratamento a uma população de doentes (um chá de ervas medicinais que na teoria possui princípios ativos terapêuticos). 2. Observa-se variação de resultados (sucesso ou não no tratamento). 3. Explica-se o sucesso ou insucesso do tratamento adicionando às hipóteses sobre o poder curador das ervas outras hipóteses: estado mental do paciente (confiança no tratamento), ou mesmo sobre características físicas particulares (como faixas de peso) Hipóteses ad hoc são bastante utilizadas, mas seu uso abusivo é considerado má ciência

Vídeos relacionados ao assunto: Da Relatividade ao Big Bang (A Saga do Prêmio Nobel) (França, 1996) (https://www.youtube.com/watch?v=psyySZb1gyU) Einstein- muito além da relatividade (Parte 01) (EUA, 2010) (http://www.dailymotion.com/video/x12zd17_einstein-muito-alem-da-relatividade-parte-1-documentario-legendado_tech)