Teresa Cristina B. M.Passos Proata OBESIDADE : Aspectos Psíquicos.

Slides:



Advertisements
Apresentações semelhantes
DEPENDÊNCIA DO ÁLCOOL.
Advertisements

Teorias do Desenvolvimento
ESTRESSE NO TRABALHO É um conjunto de reações físicas, químicas e mentais de uma pessoa a estímulos ou estressores no ambiente; é uma condição dinâmica,
EMOÇÃO NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL
A importância do leite materno nos primeiros seis meses de vida.
Distúrbios Alimentares
Classificação dos Transtornos Mentais
Nutrição e Atividade Física na Adolescência
Os progressos da psicanálise
PARTICIPAÇÃO DO PSICÓLOGO NA CIRURGIA BARIÁTRICA PARTICIPAÇÃO DO PSICÓLOGO NA CIRURGIA BARIÁTRICA.
SAÚDE É um estado caracterizado pela integridade anatômica, fisiológica e psicológica; pela capacidade de desempenhar pessoalmente funções familiares,
Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia
RELAÇÕES PRECOCES.
CLASSES DE COMPORTAMENTO E APRENDIZAGEM
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Fases do Desenvolvimento Psicossexual
CAPÍTULO 3 - O DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL
Seminário 4 – Unidade I.
Estrutura de personalidade em Freud
Mecanismos de Defesa Keli Steffler.
ESTRESSE Conjunto de reações do organismo às
Prof. Mariana Giannecchini Ferrari. As forças no sentido da vida, da integração da personalidade e da independência são tremendamente fortes, e com condições.
Características da criança: perspectivas teóricas
Definição As compulsões, comportamentos compulsivos ou aditivos são hábitos aprendidos e seguidos por alguma gratificação emocional, normalmente um alívio.
DISTÚRBIOS ALIMENTARES
Atividade Física x Stresse : o matador silencioso
Doença Mental Definição Médica
O Peso da Obesidade. O Peso da Obesidade Milhares lutam contra: Doenças cardíacas; Cânceres; Doenças respiratórias; e Diabetes.
VIVÊNCIA PROFISSIONAL I
TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE BORDERLINE: UMA VISÃO PSICANALÍTICA
Questões envolvendo autoconceito, auto-estima e gênero
PSICOTERAPIA PSICODINAMICA Grupos
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM
Alimentação Saudável e Combate ao Tabagismo
CONCEPÇÃO DO APARELHO PSIQUICO E TÉCNICA PSICANALÍTICA EM FREUD
Psicopatologia da Inteligência
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
2-) FATORES DE RISCO PARA SD. METABÓLICA Juliana Luisa F. de A. Fruet
Psicóloga especialista em Psicoterapia de Orientação Analítica
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE NUTRIÇÃO DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO SOCIAL DISCIPLINA: NUTRIÇÃO MATERNO-INFANTIL IV PROFª: ENILCE DE OLIVEIRA.
E.E.E.M Dr Jose Mariano de Freitas Beck - CIEP
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS Vínculos iniciais e desenvolvimento infantil: abordagem teórica em situação de nascimento de risco * Dienifer Ghedin,
Nutrição e Atividade Física na Adolescência
Mecanismos de defesa Sandra Silva.
Transtornos Alimentares
ACONSELHAMENTO PSICOLÓGICO Profª Dra. GILCINÉIA SANTOS
O processo de INTROJEÇÃO
Psicanálise- Sigmund Freud
Disciplina Técnicas Projetivas
OBJETOS E FENÔMENOS TRANSICIONAIS
Sofrimento no trabalho
Desdobramentos da teoria psicanalitica
O PAPEL DO BRINQUEDO NO DESENVOLVIMENTO
Ciências Naturais – 9.o ano
Prof.ª Dra. Teresa Cristina Barbo Siqueira
Interpretação do Trabalho Mental
PROJETO SONHO MEU SAÚDE
DIABETES CEEJA JEANETE MARTINS Coordenadora: Adriana Vitorino Rossi
Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev Uma contribuição à teoria do desenvolvimento infantil Aléxis N. Leontiev.
TRANSTORNOS AFETIVOS Alterações na regulação do humor, comportamento e afeto que vão além das flutuações normais que muitas pessoas apresentam.
INTERPRETAÇÃO H.T.P. casa – árvore - pessoa
CONCEITOS EM ELABORAÇÃO JOANA DE JESUS DE ANDRADE.
 Uma alimentação saudável deve ser baseada em práticas alimentares que assumam a significação social e cultural dos alimentos como fundamento básico.
Transcrição da apresentação:

Teresa Cristina B. M.Passos Proata OBESIDADE : Aspectos Psíquicos

Definição  A obesidade é classificada em graus:  I.M.C entre , obesidade grau I; I.M.C.entre , obesidade grau II I.M.C. é de 40.0 ou superior, obesidade grau III, severa ou mórbida.

Obesidade como Doença -Definida como condição clínica associada à riscos de enfarte, diabetes,câncer. -Do ponto de vista fisiológico,perder peso é um processo simples: balancear a ingestão calórica ao gasto energético. -“Cura”: controle sobre a ingestão de alimentos calóricos (ex: cirurgias de controle de obesidade,centros de regulação de fome e saciedade) -Enfoque sobre as quantias ingeridas e suas qualidades calóricas e nutricionais.

Obesidade como Doença  Alimentar-se torna-se ato extremamente complexo e fonte de ansiedade.  Alimento transformado em suposta equação matemática: número de calorias, porcentagem de gordura, proporção de carboidratos.  Ganha novos nomes a partir de seus elementos constituintes: fibras, proteínas, lipídeos. Distancia-se da capacidade de compreensão (atributos de sabor e satisfação)

Obesidade e Epidemia -Malogro no controle da atual ‘epidemia’ de obesidade e aumento dos Transtornos Alimentares. -Enfoque simplista da obesidade por desconsiderar os aspectos subjetivos da alimentação e do corpo.

Comer por Fome?  Mito dietético: “ Comer apenas quando tem fome.”  Alimentação é ato complexo regulado por diversos fatores.  Fome pode ser definida como sinal biológico da necessidade de energia para a manutenção das funções vitais. A sua regulação se dá por mecanismos biológicos, notadamente por centros que enviam percepções de fome e de saciedade.  Entretanto, a “fome” pode ocorrer mesmo na existência de reservas energéticas suficientes; o ser humano é capaz de comer sem fome.

Obesidade e Regulação do Comer  O ser humano, no entanto, vai desenvolvendo uma série mais ampla de mecanismos reguladores da ingestão de alimentos, da qual fazem parte o olfato, a visão, o paladar e os afetos.  O prazer associado à alimentação estimula a repetição do comer  o objeto passa a ser ‘a comida e suas qualidades’, dentre as quais valores afetivos e simbólicos a ela atribuídos.  o prazer vai participar da dinâmica dos mecanismos reguladores da alimentação e interfere não apenas na quantia mas principalmente no que está sendo ingerido.

Reguladores da Ingestão Alimentar  a demanda alimentar vai estar sujeita também a reguladores não biológicos, tornando impossível seguir a regra “comer apenas quando com fome”.

Oralidade  É fácil observar que uma criança pequena, durante uma fase inicial de seu desenvolvimento, tem como principal fonte de gratificação na vida a amamentação.

 Quando consegue acesso aos objetos que lhe interessam, quase automaticamente os leva à boca – é a forma de conhecimento e apropriação do mundo.  É a fase oral do desenvolvimento, primeira etapa da organização libidinal que se apóia sobre o padrão alimentar e que tem por órgão privilegiado a boca

 O modelo de relacionamento com os objetos de interesse nessa fase se dá inicialmente pela incorporação: fantasia de apropriação do objeto e suas qualidades colocando-o dentro de si (do corpo) de forma concreta.  o objeto da oralidade não permanece sendo apenas o alimento propriamente dito, mas sim qualquer objeto com o qual a pessoa se relacione dessa forma, relação esta que pode se dar fora da fase oral.

 Sandler e Dare (1970) sublinham que esse conceito de oralidade ilustra a passagem de uma necessidade fisiológica para uma demanda instintual.  O modelo de relacionamento com os objetos e com o mundo da fase oral constitui a base da formação das identificações do indivíduo.

 Desse modo, a incorporação do objeto é a primeira forma de identificação com ele; nesta, o entendimento entre o de dentro, interno e o de fora, externo, é dado pelo limite corporal: identificar-se com o objeto é tê-lo, concretamente, dentro do corpo.  Um exemplo desse processo é a narrativa sobre tribos primitivas que, ao reconhecerem um inimigo derrotado como valoroso, poderiam comê-lo não por seu sabor, mas como forma de se apoderar de suas qualidades admiradas.

Alimentação como mecanismo de Negação  Falhas nos processos identificatórios com figuras cuidadoras, falhas estas preenchidas por meio de fantasias de incorporação oral e não por introjeções podem estar na base da alimentação compulsiva. Assim, o alívio para estados internos desagradáveis pode ser tentado de forma concreta e não por meio da elaboração psíquica.  esse processo em nada modifica psiquicamente o indivíduo, perpetuando a dependência do objeto e a necessidade constante de novas incorporações, em um padrão compulsivo.  Nega a perda ou falta e protege contra a depressão

 Hilde Bruch: Obesidade infantil associada a sentimentos de rejeição mascarados por superproteção e super-alimentação dos filhos. Obesidade com início na adolescência associada a distúrbios emocionais e de personalidade graves (proximidade com psicose) Obesidade reativa mais característica de obesidade adulta e precipitada por algum evento traumático. Relações primárias marcadas pela dificuldades da figura materna em discriminar entre os diversos estados afetivos do bebê, interpretados sempre como fome- criação de um padrão levado para a vida adulta.

 McDougall (1994) : situa a gênese das soluções psicossomáticas e aditivas na relação da díade mãe-bebê, quando esta não propicia a formação de representações internas capazes de lidar com estados de sobrecarga de estímulos.  Uma mãe que esteja excessivamente presente ou excessivamente ausente perde sua condição de ‘suficientemente boa’ e não permite que seu bebê a represente internamente.  Ocorre então uma falha representacional nas identificações com figuras cuidadoras que ocasionam os atos-sintoma em ocasiões de tensão.  ato-sintoma: atuações cuja finalidade é a rápida dispersão da dor psíquica quando sua intensidade ultrapassa a capacidade de elaboração da pessoa; são presentes em pacientes considerados psicossomáticos e nas adições ao álcool, tabaco, narcóticos ou comida (McDougall,1998).

 Pierre Marty : ‘pensamento operatório’, desenvolvido pela psicossomática psicanalítica do grupo de Paris.  O pensamento operatório, característico de pacientes psicossomáticos: pensamento utilitário, pragmático, voltado para aspectos reais, acompanhado por limitações na vida de fantasia e na produção de sonhos.  O pensamento operatório é um aspecto que revela um grau pobre de mentalizações, ou seja, da qualidade e quantidade das representações psíquicas.  Obesos são considerados muitas vezes como pacientes psicossomáticos.

Caso Clinico