OS CAMINHOS DA INDISCIPLINA

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Transcrição da apresentação:

OS CAMINHOS DA INDISCIPLINA Palestra proferida para a Secretaria Municipal de Educação Prof. Cristina Pinho Março 2012

O QUE FAZER? INDISCIPLINA O que é? Qual a origem? Quais os comportamentos do ‘aluno indisciplinado’? O QUE FAZER?

INDISCIPLINA Um primeiro passo para reverter essa ordem de coisas talvez seja repensar nossos posicionamentos, rever algumas supostas verdades que acabam sendo armadilhas que não conseguem alterar os rumos e os efeitos do nosso trabalho cotidiano examinar os argumentos que sustentam tais hipóteses

A PRIMEIRA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "DESRESPEITADOR" Premissa: "o aluno de hoje em dia é menos respeitador do que o aluno de antes, e que, na verdade, a escola atual teria se tornado muito permissiva, em comparação ao rigor e à qualidade daquela educação de antigamente"

A SEGUNDA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "SEM LIMITES" Premissa: "as crianças de hoje em dia não têm limites, não reconhecem a autoridade, não respeitam as regras, e a responsabilidade por isso é dos pais, que teriam se tornado muito permissivos"

A TERCEIRA HIPÓTESE EXPLICATIVA: O ALUNO "DESINTERESSADO" Premissa: “para os alunos, a sala de aula não é tão atrativa quanto os outros meios de comunicação, e particularmente o apelo da televisão. Por isso, a falta de interesse e a apatia em relação à escola. A saída, então, seria ela se modernizar com o uso, por exemplo, de recursos didáticos mais atraentes e assuntos mais atuais”

Qual tem sido o teor de nosso envolvimento com essa profissão? Temos nos posicionado mais como agentes moralizadores ou como professores em sala de aula? Temos nos queixado das famílias mais do que deveríamos ou, ao contrário, temos nos dedicado com mais afinco ainda ao nosso campo de trabalho? Temos encarado os alunos, como filhos desregrados, frutos de famílias desagregadas, ou como alunos inquietos, frutos de uma escola pouco desafiadora intelectualmente? Enfim, indisciplina é uma resposta ao fora ou ao dentro da sala de aula?

A disciplina escolar é um dos produtos ou efeitos do trabalho cotidiano de sala de aula Os grandes problemas que enfrentamos hoje evocam, na maioria das vezes, o "para quê escola?". Acreditamos, portanto, que grande parte dos nossos dilemas de todo dia exija um encaminhamento de natureza essencialmente éticos, e não metodológica, curricular ou burocrática.

Qual a relevância e o sentido do estudo, do conhecimento Qual a relevância e o sentido do estudo, do conhecimento? No quê isso me transforma? E qual é meu ganho, de fato, com isso? Temos conseguido responder essas perguntas quando direcionadas a nós mesmos? Qual a relevância e o sentido da escola, do ensinar e do aprender para nós, professores? Escola realmente faz diferença na vida das pessoas?

AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE A compreensão do aluno-problema como um porta-voz das relações estabelecidas em sala de aula. O aluno-problema não é necessariamente portador de um "distúrbio" individual e de véspera, mesmo porque o mesmo aluno "deficitário" com certo professor pode ser bastante produtivo com outro. Temos que admitir, a todo custo, que o suposto obstáculo que ele apresenta revela um problema comum, sempre da relação. Vamos investigá-lo, interpretando-o como um sinal dos acontecimentos de sala de aula. Escuta: eis uma prática intransferível!

AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE Des-idealização do perfil de aluno. Ou seja, abandonemos a imagem do aluno ideal, de como ele deveria ser, quais hábitos deveria ter, e conjuguemos nosso material humano concreto, os recursos humanos disponíveis. O aluno, tal como ele é, é aquele que carece (apenas) de nós e de quem nós carecemos, em termos profissionais.

AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE Fidelidade ao contrato pedagógico. É obrigatório que não abramos mão, sob hipótese alguma, do escopo de nossa ação, do objeto de nosso trabalho, que é apenas um: o conhecimento. É imprescindível que tenhamos clareza de nossa tarefa em sala de aula para que o aluno possa ter clareza também da dele. A ação do aluno é espelho da ação do professor. Portanto, se há fracasso, o fracasso é de todos; e o mesmo com relação ao sucesso escolar.

AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE A experimentação de novas estratégias de trabalho. Precisamos tomar o nosso ofício como um campo privilegiado de aprendizagem, de investigação de novas possibilidades de atuação profissional. Sala de aula é laboratório pedagógico, sempre! Não é o aluno que não se encaixa no que nós oferecemos; somos nós que, de certa forma, não nos adequamos às suas possibilidades. Precisamos, então, reinventar os métodos, reinventar os conteúdos, reinventar nossa relação com eles, para que se possa, enfim, preservar o escopo ético do trabalho pedagógico.

AS CINCO REGRAS ÉTICAS DO TRABALHO DOCENTE A ideia de que os valores básicos que devem presidir nossa ação em sala de aula: a competência e o prazer. Quando podemos exercer esse ofício extraordinário que é a docência com competência e prazer, isso se traduz também na maneira com que o aluno exercita o seu lugar.

REFERÊNCIA AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Rev. Fac. Educ. ,  São Paulo,  v. 24,  n. 2, 1998 .  Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200011&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 08  Ago  2008.