Bases Epistemológicas da Ciência Moderna Profa. Dra. Luciana Zaterka

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Transcrição da apresentação:

Bases Epistemológicas da Ciência Moderna Profa. Dra. Luciana Zaterka luciana.zaterka@ufabc.edu.br

Racionalismo e Empirismo A questão do sujeito do conhecimento

F. Bacon  Experimentação “[...] da mesma maneira que na vida política o caráter de cada um, sua secreta disposição de ânimo e sentimentos melhor se patenteiam em ocasiões de perturbação que em outras, assim também os segredos da natureza melhor se revelam quando esta é submetida aos tormentos (vexationes) das artes que quando deixada no seu curso natural” (Novum Organum).

VERDADE: FILHA DO TEMPO E NÃO FILHA DA AUTORIDADE Método experimental (tormento/vexationes das artes); Saber cooperativo/laboratórios; Saber transmissível; Novas Instituições VERDADE: FILHA DO TEMPO E NÃO FILHA DA AUTORIDADE

Método  “aplicar a razão à experiência”. organizar e controlar os dados recebidos da experiência sensível, graças a procedimentos adequados de observação e de experimentação; 2. organizar e controlar os resultados observacionais e experimentais para chegar a conhecimentos novos ou à formulação de novas hipóteses; 3. desenvolver procedimentos adequados para a aplicação prática dos resultados teóricos, pois para ele o ‘homem é ministro da natureza’ e, se souber conhecê-la, ou obedecê-la poderá comandá-la.

Descartes e Bacon - Bacon: a experimentação, os sentidos, a observação têm um lugar central na aquisição do conhecimento. No limite, a ciência começa por meio da observação e da experimentação e esses dados serão sistematizados pela razão.

Racionalismo e Empirismo Descartes: aplica predominantemente o intelecto e a razão para adquirir o conhecimento. Platão e Descartes diferentemente de Aristóteles e Bacon, afastam a experiência sensível do conhecimento verdadeiro, que é puramente intelectual. Aristóteles e Bacon consideram que o conhecimento se realiza por graus contínuos, partindo da sensação e chegando às ideias. Racionalismo e Empirismo

Racionalismo a fonte do conhecimento verdadeiro é a razão operando por si mesma, sem o auxílio da experiência sensível e controlando a própria experiência sensível.

Empirismo a fonte de todo e qualquer conhecimento é a experiência sensível, responsável pelas ideias da razão e controlando o trabalho da própria razão.

Reflexão Filosófica Essas diferenças, porém, não impedem que haja um elemento comum a todos os filósofos a partir da modernidade, qual seja, tomar o entendimento humano como objeto da investigação filosófica. Tornar o entendimento objeto para si próprio, tornar o sujeito do conhecimento objeto de conhecimento para si mesmo é a grande tarefa que a modernidade filosófica inaugura, ao desenvolver a teoria do conhecimento.

A consciência, o sujeito A consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento desse conhecimento (reflexão).

Ponto de vista psicológico: é o eu, um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. vivências: pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia, assim como o que se passa em nosso interior.

Do ponto de vista ético e moral: a consciência é a espontaneidade livre e racional, para escolher, deliberar e agir conforme à liberdade, aos direitos alheios e ao dever. Pessoa: vontade livre e responsabilidade

Do ponto de vista político: cidadão Esfera Pública A consciência moral (a pessoa) e a consciência política (o cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do eu e os valores e as instituições de sua sociedade ou de sua cultura.

Sujeito do Conhecimento Do ponto de vista da teoria do conhecimento: a consciência é uma atividade sensível e intelectual dotada do poder de análise, síntese e representação. É o sujeito. Reconhece-se como diferente dos objetos, cria e descobre significações, institui sentidos, elabora conceitos, ideias, juízos e teorias. É dotado de capacidade para conhecer-se a si mesmo no ato do conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo, manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É o entendimento propriamente dito.

A consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento forma-se como atividade de análise e síntese, de representação e de significação voltadas para a explicação, descrição e interpretação da realidade e das outras três esferas da vida consciente (vida psíquica, moral e política), isto é, da posição do mundo natural e cultural e de si mesma como objetos de conhecimento. Apoia-se em métodos de conhecer e busca a verdade ou o verdadeiro. É o aspecto intelectual e teórico da consciência.

Subjetividade - consciência passiva: aquela na qual temos uma vaga e uma confusa percepção de nós mesmos e do que se passa à nossa volta; - consciência vivida, mas não reflexiva: é nossa consciência efetiva, que tem a peculiaridade de ser egocêntrica, isto é, de perceber os outros e as coisas apenas a partir de nossos sentimentos com relação a eles; - consciência ativa e reflexiva: aquela que reconhece a diferença entre o interior e o exterior, entre si e os outros, entre si e as coisas. Esse grau de consciência é o que permite a existência da consciência em suas quatro modalidades, isto é, eu, pessoa, cidadão e sujeito.

Fenomenologia  Consciência intencional ou intencionalidade Toda consciência é sempre consciência de alguma coisa

O sujeito do conhecimento é aquele que reflete sobre as relações entre atos e significações e conhece a estrutura formada por eles (a percepção, a imaginação, a memória, a linguagem, o pensamento).

Sensação e Percepção Para os empiristas, a sensação e a percepção dependem das coisas exteriores, isto é, são causadas por estímulos externos que agem sobre nossos sentidos e sobre o nosso sistema nervoso, recebendo uma resposta que parte de nosso cérebro, volta a percorrer nosso sistema nervoso e chega aos nossos sentidos sob a forma de uma sensação (uma cor, um sabor, um odor), ou de uma associação de sensações numa percepção (vejo um objeto vermelho, sinto o sabor de uma carne, sinto o cheiro da rosa, etc.).

Sensação e Percepção Para os racionalistas, a sensação e a percepção dependem do sujeito do conhecimento e a coisa exterior é apenas a ocasião para que tenhamos a sensação ou a percepção. Nesse caso, o sujeito é ativo e a coisa externa é passiva, ou seja, sentir e perceber são fenômenos que dependem da capacidade do sujeito para decompor um objeto em suas qualidades simples (a sensação) e de recompor o objeto como um todo, dando-lhe organização e interpretação (a percepção).

Figura e Fundo