Hiperplasia Fibroepitelial Mamária em Felinos Profa. Dra. Maria Anete Lallo
Sinonímia: hiperplasia fibroadenomatosa hipertrofia mamária felina adenofibrona ou fibroadenoma fibroadenomatose É uma proliferação benigna, rápida, anormal e não-neoplásica dos ductos mamários e do tecido conjuntivo periductal de gatas.
Classificação segundo a Organização Mundial de Saúde Tumores malignos Carcinoma não-infiltrativo (in situ) Carcinoma túbulo-papilífero Carcinoma sólido Carcinoma cribiforme Carcinoma de células escamosas Carcinoma mucinoso Carcinossarcoma Carcinoma ou sarcoma em tumor benigno Tumores benignos Adenoma Fibroadenoma Tumor misto benigno Papiloma ductal
Tumores não-classificados Hiperplasia mamária/ displasia Hiperplasia ductal Hiperplasia lobular Hiperplasia epitelial Adenose Alterações fibroadenomatose (hipertrofia mamária felina, hipertrofia fibroepitelial) Cistos Ectasia ductal Fibrose focal (fibroesclerose)
Incidência Jovens Fêmeas no início da gestação Fêmeas no estro com menos de 2 anos de idade Fêmeas no início da gestação Fêmeas no estro Fêmeas castradas e machos inteiros ou castrados que receberam tratamento com progestinas Rara em cães
Souza et al. (2002) estudaram 638 materiais provenientes de necropsias e biópsias de gatos na Universidade Federal de Santa Maria. 5 (0,16%) apresentaram hiperplasia fibroepitelial mamária. Crescimento progressivo de todas as glândulas mamárias. Gatas jovens (10 meses a 8 anos).
Etiologia Desconhecida Hormônio-dependente Progestágenos endógenos ou exógenos Acetato de megestrol Apenas 1/3 dos gatos com diagnóstico de hiperplasia mamária apresentam altos níveis de progestina no soro.
Desenvolvimento fisiológico da glândula mamária O máximo desenvolvimento mamário requer um sinergismo entre os hormônios de: Hipófise – GH, FSH, LH e prolactina Ovários - esteróides progestágenos e estrógenos Adrenais – esteróides
A proliferação dos ductos mamários e do estroma depende da progesterona. Receptores esteroidais localizados no núcleo da células do tecido mamário reconhecem a progesterona e o estrógeno. Técnicas imunoistoquímicas podem identificar e diferenciar tais receptores.
Usos do Acetato de megestrol Para suprimir ou retardar o ciclo estral Para a ceratopatia eosinofílica proliferativa Para tratar alguns distúrbios de comportamento Como estimulante do apetite
Efeitos colaterais em gatos Supressão adrenocortical iatrogênica Diabetes mellitus transitória Hepatotoxicidade Hiperplasia endometrial cística Neoplasia e hipertrofia da glândula mamária
Seu uso causa supressão do eixo hormonal adrenocortical após duas a 4 semanas de tratamento (5 mg/kg , SID, 14 dias). Interromper abruptamente o seu uso não é indicado. Hiperinsulinemia
Esta terapia está claramente associada à hiperplasia fibroepitelial em gatos, machos ou fêmeas, com mais de 8 anos de idade. Os estudos com marcadores de receptores nucleares de esteróides revelam presença de receptores de progesterona em 100% dos casos e 50% de encontro dos receptores de estrógenos.
A interação da progesterona endógena ou sintética com os receptores estimula a produção de GH no local (hormônio autócrino), induzindo a proliferação do epitélio e do estroma mamário.
Sinais e sintomas Condição benigna com aspecto de maligna Aumento localizado ou generalizado das glândulas mamárias, com consistência macia Hiperemia das mamas Aumento de temperatura local Áreas ulceradas e necróticas Perda de peso
Sinais e sintomas Anorexia Desidratação Dor Relutância para andar Linfoadenopatia regional Febre
Diagnóstico História clínica predisposição etária fase do ciclo estral provável gestação uso de progestinas Apresentação clínica – muito característica aumento mamário difuso edema hiperemia das mamas aumento de temperatura local áreas ulceradas e necróticas perda de peso
Exame histopatológico: Leucocitose Exame histopatológico: Proliferação do epitélio ductal mamário e das células mioepiteliais periglandulares Edema pronunciado Aumento do tecido conjuntivo ao redor da glândula mamária Ultra-sonografia Aumento homogêneo do tecido mamário e das estruturas glandulares
Tratamento Remissão espontânea tem sido relatada. Remoção da fonte de progesterona: OSH Interrupção da terapia com progestágenos até a regressão do tecido mamário (gradativa) Mastectomia total Antagonstas das progestinas
Cirúrgico OSH e Mastectomia total ou parcial Recomendada para animais intactos É uma terapêutica irreversível quanto à fertilidade do animal Alta morbidade no pós-operatório Deiscência de pontos e necrose
Terapêutica médica Uso de antagonistas de progesterona em gatos intactos ou castrados. 7 gatos com hiperplasia mamária foram tratados com aglepristona (Alizim), 10 mg/kg, SC, SID por 4 a 5 dias. 5 dias após o início do tratamento, houve redução das glândulas mamárias e alteração da consistência de firma para macia
A biópsia, 7 dias após o início da tratamento, revelou colapso dos ductos e redução do número de células epiteliais. Foram necessárias 3 a 4 semanas para a completa involução das mamas. 1 dos 7 gatos estudados apresentou recorrência da hiperplasia 16 dias após o início do tratamento. Nenhum efeito colateral foi observado nos animais tratados.
Efeitos colaterais Abortamento na gatas gestantes Em uma fêmea idosa (13 anos de idade), observou-se recidiva da hipertrofia mamária 13 dias após o término do tratamento.
Foram marcados pela imuno-histoquímica os receptores esteroidais nas glândulas mamárias de gatas tratadas com aglepristona: Média de receptores para progesterona antes do tratamento – 78,2% Média de receptores para progesterona depois do tratamento – 80,4% Não houve diferença estatisticamente significante.
O tratamento com antagonistas da progesterona não reduz o número de receptores nucleares para a progesterona. Caso tenha sido administrada progesterona de depósito, a hiperplasia pode recidivar.
Conclusões Acomete preferencialmente gatas intactas jovens, na primeira gestação. Pode ser auto-limitante. Aumento generalizado das glândulas mamárias que evolui para áreas de necrose. Tratamento indicado - OSH e mastectomia ou aglepristona.