Valores em tempo de crise Carmen Migueles ADCE março 2009.

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Transcrição da apresentação:

Valores em tempo de crise Carmen Migueles ADCE março 2009

O que é o mercado? É um espaço físico ou virtual onde as trocas econômicas ocorrem. É constituído por uma série de regras (contra a adulteração, variação de pesos e medidas, qualidade mínima, etc.) e vários conjuntos de expectativas, sendo a principal delas a de que os seres humanos se comportam de forma racional do ponto de vista econômico e usam uma lógica de acumulação. É um espaço físico ou virtual onde as trocas econômicas ocorrem. É constituído por uma série de regras (contra a adulteração, variação de pesos e medidas, qualidade mínima, etc.) e vários conjuntos de expectativas, sendo a principal delas a de que os seres humanos se comportam de forma racional do ponto de vista econômico e usam uma lógica de acumulação. O mercado surge com o fim da idade média, por uma luta da burguesia industrial e comercial por uma ordem social e econômica que desse suporte à atividade empresarial. O mercado surge com o fim da idade média, por uma luta da burguesia industrial e comercial por uma ordem social e econômica que desse suporte à atividade empresarial.

Mercado O surgimento do “mercado”, junto com o processo de industrialização, capitalismo e revolução científica, aparece na história da humanidade como a libertação da razão, da liberdade em si e do progresso em relação às restrições irracionais da tradição. O surgimento do “mercado”, junto com o processo de industrialização, capitalismo e revolução científica, aparece na história da humanidade como a libertação da razão, da liberdade em si e do progresso em relação às restrições irracionais da tradição. Para o mercado funcionar, foi necessário criar novos princípios da ordem social, de integração (na produção) e coordenação de processos complexos de compra, venda, serviços e seguros. Para o mercado funcionar, foi necessário criar novos princípios da ordem social, de integração (na produção) e coordenação de processos complexos de compra, venda, serviços e seguros. As trocas, no mercado, tendiam a ser reprodução de certos padrões de relacionamento, estáveis e previsíveis no tempo. As trocas, no mercado, tendiam a ser reprodução de certos padrões de relacionamento, estáveis e previsíveis no tempo.

Valores fundantes do capitalismo: Liberdade (de iniciativa, de empreender e contra a opressão de outro ser humano) e igualdade (perante a lei) Liberdade (de iniciativa, de empreender e contra a opressão de outro ser humano) e igualdade (perante a lei) Autonomia Autonomia Racionalidade Racionalidade Uso responsável do livre arbítrio Uso responsável do livre arbítrio “self-reliance” “self-reliance” Valores cívicos, capacidade de sacrifício do prazer presente a favor de ganho futuro, trabalho duro, acumulação. Valores cívicos, capacidade de sacrifício do prazer presente a favor de ganho futuro, trabalho duro, acumulação. Os piores pecados: preguiça, imprevidência, irracionalidade e desperdício. Os piores pecados: preguiça, imprevidência, irracionalidade e desperdício. O trabalho antecede o prazer assim como a produção antecede ao consumo. O trabalho antecede o prazer assim como a produção antecede ao consumo.

Identidade Sujeito do iluminismo: contínuo e idêntico a ele mesmo ao longo de sua existência. Totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e ação. Conceito individualista. Ética do caráter. Sujeito do iluminismo: contínuo e idêntico a ele mesmo ao longo de sua existência. Totalmente centrado, unificado, dotado das capacidades de razão, de consciência e ação. Conceito individualista. Ética do caráter. Sujeito sociológico: formado na relação com os outros, que mediam para o sujeito valores, sentidos e símbolos por meio da cultura. Concepção interativa da identidade e do eu. O sujeito ainda tem um “eu” real, mas este é formado e modificado no contato com cultura e outras identidades. A identidade costura o sujeito à estrutura. Dissolução da ética e da responsabilidade do indivíduo. Sujeito sociológico: formado na relação com os outros, que mediam para o sujeito valores, sentidos e símbolos por meio da cultura. Concepção interativa da identidade e do eu. O sujeito ainda tem um “eu” real, mas este é formado e modificado no contato com cultura e outras identidades. A identidade costura o sujeito à estrutura. Dissolução da ética e da responsabilidade do indivíduo. Sujeito pós-moderno: O sujeito assume identidades diferentes, que não são unificadas em um “eu” coerente. Identidade é uma cômoda história sobre nós mesmos: uma narrativa do eu. A medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados com a multiplicidade de identidades possíveis. O fim da ética? O que vale é o prazer? Sujeito pós-moderno: O sujeito assume identidades diferentes, que não são unificadas em um “eu” coerente. Identidade é uma cômoda história sobre nós mesmos: uma narrativa do eu. A medida em que os sistemas de significação e representação cultural se multiplicam, somos confrontados com a multiplicidade de identidades possíveis. O fim da ética? O que vale é o prazer?

NÍVEL SOCIAL: MUDANÇAS DE PARADIGMA Banalização do Sagrado e a “sacralização” do profano. Em termos psicanalíticos: a mudança de Édipo para Narciso Surgimento da geração Y substituindo a geração X A tecnologia como apêndices da mente: a memória externa. Sociedade do Consumo:Ter vs. Ser e as novas formas de hedonismo. Sociedade do Espetáculo:O grande espetáculo da mídia em sua casa; não necessariamente uma realidade, mas um show; a democratização da informação. Quebra da referência familiar pai – mãe – filhos. Enfraquecimento do Estado-Nação pela Globalização e pela crítica ao próprio Estado como instituição.

Dissolução de valores Nas empresas: o sentido de honra, de obrigação moral, de veracidade da informação e outros laços tais como nas antigas guildas medievais se dissolvem. A noção de responsabilidade social (que ainda não é valor no Brasil) não substitui esses antigos códigos. Nas empresas: o sentido de honra, de obrigação moral, de veracidade da informação e outros laços tais como nas antigas guildas medievais se dissolvem. A noção de responsabilidade social (que ainda não é valor no Brasil) não substitui esses antigos códigos. Por parte do consumidor: egoísmo hedonista, consumismo, descaso com a natureza e com a sustentabilidade de suas próprias práticas. Por parte do consumidor: egoísmo hedonista, consumismo, descaso com a natureza e com a sustentabilidade de suas próprias práticas.

Hedonismo e foco no presente O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva O que se leva dessa vida é a vida que a gente leva Poupar para que se caixão não tem gaveta? Poupar para que se caixão não tem gaveta? Fonte: pára-choques de caminhão Fonte: pára-choques de caminhão

Qual é a nossa responsabilidade face a esses dilemas contemporâneos? Quem é o homem/ a mulher de bem? Quem é o homem/ a mulher de bem? Quais é o seu papel no mundo atual? Quais é o seu papel no mundo atual? Quem são os responsáveis pela reflexão sobre valores? Quem são os responsáveis pela reflexão sobre valores? O que precisamos para colocar nossos ideais em prática? O que precisamos para colocar nossos ideais em prática?

Dificuldades que temos: Reconhecer a inconclusão do ser humano. Reconhecer a inconclusão do ser humano. Reconhecer que o ser humano desvela-se para si mesmo e para o outro conforme confronta-se com os dilemas da vida. Reconhecer que o ser humano desvela-se para si mesmo e para o outro conforme confronta-se com os dilemas da vida. Karl Marx: “dado que o homem é formado pelas circunstâncias, precisamos formar as circunstâncias humanamente”. Podemos usar essa noção fora da lógica do pensamento do autor? Karl Marx: “dado que o homem é formado pelas circunstâncias, precisamos formar as circunstâncias humanamente”. Podemos usar essa noção fora da lógica do pensamento do autor?