H-T-P (House-Tree-Person) Técnica Projetiva de desenhos Profª Andréa
H-T-P (House-Tree-Person)
Descrição Geral Autor: John N. Buck em 1948. Editora: Vetor Inclui 2 fases: não verbal (desenho) não estruturada. Inquérito (estruturado) Uso em várias atividades clínicas (prognóstico e diagnóstico). Aplicação individual e coletiva
OBJETIVO Avaliar as principais características da personalidade. PÚBLICO-ALVO Crianças e adultos, com idade a partir dos 8 anos. APLICAÇÃO Individual, sem limite de tempo, sendo que a maioria das aplicações leva em média de 30 a 90 minutos. DESCRIÇÃO Estimula a projeção de elementos da personalidade e de áreas de conflito dentro da situação terapêutica, permitindo que eles sejam identificados com o propósito de avaliação e usados para o estabelecimento de comunicação terapêutica. O sujeito faz desenhos estabelecidos pelo aplicador à mão livre seguido de um inquérito relativo às associações do sujeito sobre os aspectos de cada desenho. A correção é realizada pela avaliação qualitativa de cada desenho. Existem estudos de validade e precisão. O teste é adaptado para o Brasil.
Administração do HTP Requer 30 a 90 minutos; Sala silenciosa e sem distrações; Adequada administração do rapport; Podem ser pedidos três desenhos e conduzido inquérito sobre cada um; Folha sulfite, lápis nº 2, borracha (acromáticos) Conjunto de crayons (mínimo 8 cores – vermelho, laranja, amarelo,verde, azul, violeta, marrom e preto).
Desenhos acromáticos Instrua o cliente, Exemplo: “Eu quero que você desenhe uma casa. Você pode desenhar o tipo de casa que quiser. Faça o melhor que puder. Você pode apagar o quanto quiser e pode levar o tempo que precisar. Apenas faça o melhor possível”. Anotar o tempo de latência (começar o desenho) e tempo para completar o desenho.
Anotações importantes Ordem dos detalhes desenhados; Duração das pausas e o detalhe específico desenhado quando a pausa ocorrer; Qualquer verbalização espontânea ou demonstração de emoção e o detalhe que estiver sendo desenhado quando essas ocorrerem;
Importante O próprio manual do HTP adverte que as informações oriundas do protocolo não devem ser analisadas isoladamente e devem ser combinadas com a história clínica do individuo e com dados oriundos de outras fontes (instrumentos padronizados, entrevistas e informações obtidas por diferentes informantes - Buck, 2003). É importante salientar que o objetivo da avaliação psicológica é compreender o indivíduo da melhor forma possível, sem rótulos ou preconceitos (Cunha, 2000; Tavares, 2003).
Importante O HTP não deve ser considerado como um instrumento único em um processo diagnóstico que vise avaliar aspectos da personalidade de um indivíduo. Assim, recomenda-se que o uso do HTP para indicação de caminhos no processo de investigação realizado a posteriori, discriminando características bizarras salientes e servindo como um complemento para corroborar informações advindas de fontes adicionais.
Inquérito posterior ao desenho Note que, no final é pedido ao sujeito para desenhar um sol e uma linha de base nos desenhos que não possuem esse detalhe. No manual inclui um questionário expandido com interpretações para cada desenho. O H-T-P tem caráter idiossincrático.
Interpretação Aspectos gerias do desenho Atitude – Disposição para rejeitar uma tarefa nova e, talvez, difícil. Tempo, latência e pausas – Fornece informações valiosas acerca dos significados dos objetos desenhados e de suas respectivas para o indivíduo. 2 a 30 minutos para serem completados. Rapidez: querem se livrar da tarefa desagradável e tempo excessivo relutância em produzir algo com significado emocional. Os obsessivos-compulsivos: elaboram meticulosamente os desenhos. Os maníacos também podem demorar devido a função dos detalhes irrelevantes desenhados. Se o indivíduo não desenhar dentro de 30 segundos após receber as instruções, o potencial para psicopatologia está presente (atraso sugere conflito). Pausas mais que 5 segundos em cada desenho, um conflito é fortemente sugerido, a parte desenhada pode representar a origem do conflito.
Capacidade critica e rasuras Alguns comentários referente a capacidade artística: “Nunca aprendi a desenhar” ou “Isto aqui está fora das proporções” são comuns. Representam autocrítica: Abandono de um objeto desenhado não completado; Apagar sem tentar redesenhar; Apagar e redesenhar várias vezes (meticulosidade) ou conflito em relação ao detalhe ou que representa para o indivíduo.
Comentários Necessidade de estruturar uma situação indicativa de insegurança ou necessidade compulsiva de compensar uma ideia; Verbalizações também podem ser indicativo de conteúdos reprimidos; Emoções enquanto estão desenhando, presumivelmente expressão de sentimentos reprimidos;
Características gerais do desenho Proporção: Revelam os valores atribuídos pelo , indivíduos aos objetos, situações e pessoas. Pequena: sentimento de inadequação, tendência de se afastar do ambiente ou rejeição. Grande: Hostilidade e um ambiente restrito, tensão, irritabilidade, visão egocêntrica da importância do próprio individuo.
Perspectiva Indica capacidade do individuo para compreender e reagir com sucesso a aspectos mais complexos, mais abstratos e mais exigentes da vida. Localização horizontal: Esquerda – Impulsividade, busca satisfação imediata, preocupação com o passado Direita – Comportamento estável, regidamente controlado, de estar propenso a adiar a satisfação das suas necessidades. Prefere satisfações intelectuais a emocionais, preocupação com o futuro, preocupa-se com a opinião do outro.
Perspectiva Localização vertical na página (abaixo do ponto médio da folha) Sentimentos de insegurança, inadequação, opressão, e desses sentimentos produzirem Depressão no humor e tendem a buscar satisfação mais na realidade que na fantasia. (acima do ponto médio da folha) Sentimentos de sentir lutando por objetivos inatingíveis, busca satisfação na intelectualização ou na fantasia da realidade. Localização central – Indivíduo rígido para compensar a ansiedade e insegurança.
Mudança na posição da folha Tendências agressivas e/ou negativista podem mostrar rejeição à sugestão, recusando-se a aceitar a página na posição apresentada. Quadrante da página: Quadrante da regressão Indivíduos que não atingiram a sua maturidade conceitual. Passividade, reserva e inibição Contato ativo com a realidade e projetos para o futuro Regressão, conflitos, fixação em estágios mais primitivos Quadrante incomum Um desenho nunca é colocado inteiro dentro dele Revela impulsividade, teimosia, predominância de desejos instintos
Desenho cortado pelo papel: Margens da página Desenho cortado pelo papel: Relutância em desenhar a parte em questão, por causa das associações desagradáveis; Quanto mais pra baixo maior a probabilidade de a regressão estar sendo usada como uma estratégia para manter a integridade da personalidade; Indivíduos com ações explosivas; Fixação no passado e medo do futuro; Podem indicar lesões orgânicas; Depressão e tendência de se comportar de maneira concreta e desprovida de imaginação.
Distancia aparente em relação ao observador – revela forte necessidade de manter o self afastado e inacessível. Posição – Ausência de profundidade revela um estilo rígido e intransigente, que compensa sentimentos de inadequação e insegurança. Perfil completo – indica forte tendências oposicionistas e de afastamento, são produzidos em estados paranoicos. Transparências - Falha na função critica e personalidade rompida por fatores funcionais, orgânicos ou ambos. Movimento – Representa prazer ou desprazer.
Detalhes Essenciais (mínimo) – sugere retraimento, depressão e/ou conflito na área representada . Uso excessivo de detalhes – preocupação exagerada com o que pode ser representado ou simbolizado. Não essenciais – Bom contato com a realidade e uma interação sensível e equilibrada com ambiente. Irrelevantes – (Excesso) – ansiedade e forte necessidade de afastamento. Indivíduos em estado maníaco geralmente desenham um grande número de detalhes irrelevantes, incluem palavras, comentários e títulos.
Traços Com avanços e recuos: emotividade, ansiedade, falta de confiança em sí, sugere Transtorno de ansiedade. Interrompidos e mudando de direção: incerteza, angustia, falta de opinião própria, agressividade controlada e oposição, sugere Transtorno de ansiedade. Apagados: Dissimulação da agressividade, medo de revelar problemas, inibição, timidez, sentimento de insignificância. Sugere Depressão. Trêmulos: insegurança, medo, fadiga extrema e sensibilidade excessiva, sugere doenças cerebrais, alcoolismo, intoxicação por drogas, farmacos. Sugere Transtorno Depressivo. Pontilhados ou denteados: agressividade, hostilidade e dissimulação, sugere transtorno de conduta e personalidade antissocial. Peludos: personalidade primitiva, comuns em pessoas que agem mais pelo instinto do que pela razão. Confusão nos traços: Sugere Esquizofrenia.
Detalhes Bizarros: São raros, indicam que indivíduos tem contato com a realidade gravemente comprometido e a presença de psicopatologia. Sombreamento do detalhe: saudáveis quando produzidos de forma leve e com poucos rabiscos, indicam sensibilidade ao ambiente. Se for reforçado representa ansiedade. Sequencia do detalhe – Repetição indicam patologia potencial.
Qualidade da linha Fortes – revelam tensão e em todo desenho indicam problemas orgânicos.or Forte no contorno – individuo está lutando para manter a integridade do ego e pode estar desconfortavelmente consciente do fato. Forte na linha do solo – contato com a realidade e tendência de reprimir a satisfação na fantasia. Sentimentos de ansiedade nos relacionamentos.
Qualidade da linha Traçados extremamente leves: sentimentos de inadequação, indecisão, derrota e medo. Podem indicar também depressão generalizada e ansiedade. Traçados interrompidos: indecisão e rigidez interna. Traçados interrompidos nunca unidas: falha incipiente do funcionamento do ego. Rabiscado: deteriorização orgânica.
CASA
Chaminé (grande): Indica preocupações sexuais e possível exibicionismo; (pequena) falta de calor no lar; (homens) pode revelar dúvidas a respeito da sua masculinidade. Caminho: (largo) tentativa de ocultar um desejo de se manter distante com uma amabilidade aparente, mas superficial; (longo e sinuoso) reserva nas relações interpessoais. Telhado e as paredes: representam forma rudimentar, o ego do indivíduo (ênfase) “contenção” ou seja esforço consciente para manter o controle. Casa como autoretrato: produzida por esquizofrênicos. Fechadura e/ou dobradiça: sensibilidade defensiva. Ênfase maçaneta/porta: preocupação fálica. Fumaça: tensão interna. Cortinas e venezianas: ansiedade. Chuva e neve: sentimento de estar submetido a pressões ambientais e opressivas.
Parede: integração e controle dos impulsos, indica forças ou fraqueza do ego. Igreja: culpa, sensação de não ser bom o bastante. Prisão: culpa, necessidade de liberdade e conflitos. Castelos: imersão na fantasia. Prédios: sensação de falta de espaço, necessidade de liberdade ou acolhimento. Casa dois andares: cerceamento, aprisionamento ou desejo de contato sexual.
Porta: passagem entre interior e exterior simboliza o contato, o relacionamento e a interação com o meio ambiente. (Fechada) autodefesa e/ou defesa com o mundo. (Aberta) acessibilidade. Janela: É o meio de interação com o meio ambiente, aberta simboliza receptividade. Telha ou telhado: simboliza área ocupada pela fantasia e pensamentos, impulsos e as tentativas de controle. Cercas: necessidade de proteção, comportamento defensivo e insegurança. Florzinhas: imaturidade afetiva e ambição. Sol: (esquerdo) lado materno, representa a mãe; (direito) representa o pai.
ÁRVORE
Copa: é o campo da expressão da árvore, simboliza a vida intelectual, as fantasias e a área da criatividade. Só contornada: vázio da alma. Flores: simboliza a produção, a fantasia, a preocupação com aparência, beleza e estética. Tronco: simboliza a força interior, o sentimento de poder e de sustentação do ego, fornece dados sobre o desenvolvimento emocional e integração da personalidade. Raiz: simboliza o inconsciente, as forças instintivas e contato com a realidade. Sem raiz: pessoa autosuficiente. Negrito: medo de perder a objetividade e realidade. Folhas: contato com o ambiente. Frutos: simbolizam o produto, o rendimento, a perpetuação, o desejo de realização, de compreender problemas da vida e criação. Galhos ou ramos: simbolizam “os braços da árvore”, a capacidade para obter satisfação no meio ambiente.
Natal: sugere narcisismo bem desenvolvido, tendência regressivas e uma forte necessidade de cuidado e proteção. Nigg’s: tendência oposicionista e personalidade rígida. Ninho/passarinho: necessidade de proteção. Árvore sobre a qual paira uma ave de rapina ou sob a qual urina um cão: sentimentos de culpa, sensação de destruição, degradação, profunda desvalorização e baixa autoestima. Árvore em que homem ameaça destruí-la a golpes de machado: sentimento de mutilação física, terror, pânico; (homem) simboliza a figura paterna ou de maior autoridade. Árvores copa de coração/trevo: falta de autenticidade, mascaramento ou dissimulação.
Árvore apresentada como morta: expressão simbólica dos sentimentos de pressão, inadequação e sofrimentos e de declarar se sente pressão (self) ou ambiente. Raiz/galhos mortos: perda do controle para buscar o bem-estar. Tronco: depressão e desesperança. Em arco: cansaço, fadiga, introspecção ou culpa. Linha do solo: equilíbrio entre consciente e ics; (ausência) falta de firmeza, estado mais primitivo com reduzida capacidade de objetivação. Linha cheia de vegetação: insegurança, dramatização, dificuldade na área afetiva.
Idade atribuída à árvore Idade próxima à do indivíduo: bom nível de maturidade psicossexual. Idade aquém a idade do sujeito: imaturidade ou vivencias traumáticas. Idade muito além da idade do sujeito: vivencias depressivas e inadequadas para a idade e/ou com necessidade de crescer logo.
PESSOA
Símbolos desenhados - Pessoa
Símbolos desenhados - Pessoa
Símbolos desenhados - Pessoa
Símbolos desenhados - Pessoa Desenho só da cabeça: censura ao próprio corpo ou sexual. Em alguns casos pode indicar valorização exagerada da própria inteligência ou refúgio na fantasia. Desenho apenas da cabeça e tórax: censura na área genital, forte preocupação sexual e desajustamento em relação ao corpo. Dificuldades para desenhar braços e pernas visíveis: inabilidade para estabelecer contatos sociais espontâneos e para avaliar corretamente suas próprias potencialidades.
Chapéu sobre os cabelos: status social, (muito enfeitado) necessidade de proteção, sensação de impotência. Chapéu cobrindo toda a testa: desconfiança. Chapéu sem outras roupas: regressão. Capacete: repressão e/ou controle das fantasias. Barba/ bigode: virilidade e vitalidade sexual ou dúvida acerca da masculinidade e atração ao sexo oposto. Ênfase: necessidade de dominância mais social que sexual e sentimentos de impotência. Costeleta: fantasia de poder sexual.
Olhos: simboliza o contato com o mundo exterior, a percepção da realidade, a discriminação do ambiente e o controle. Nariz: simboliza a sexualidade. Boca: nutrição, a comunicação, a afetividade e a agressão. Queixo: simboliza autoridade, autoafirmação, determinação e sensibilidade. Pescoço: simboliza os impulsos. Colarinho e gravata: status social e/ou sexualidade. Camisa, paletó,blusa ou camiseta: proteção. Seios: simboliza proteção, maternidade, sensualidade e segurança. Roupas e acessórios: necessidade de proteção, pudor e socialização. Dedos: Afeto ou agressividade.
Anéis nos dedos: aliança, comunhão e status social. Quadril e nádegas: zona de expressão de conflitos. Genital: sexualidade Sobrancelhas: sensibilidade, arrogância ou autoritarismo. Cabeça: controle do corpo, fantasia, intelectualidade. Barba/bigode: luta pela virilidade. Rosto: contato com a realidade, interação com o meio, comunicação. Cabelos: vitalidade, força, virilidade, sensualidade e sexualidade. Unhas: agressividade, autoproteção e sedução.
Ombros: força, poder, autoridade, autoafirmação. Tórax: postura, altivez, prepotência e agressividade. Braços: Força, doação, agressividade e interação com o mundo. Mãos: afetividade ou agressividade. Cintura: simboliza área de controle do impulso sexual. Pernas: contato com o ambiente. Sapato e meias: status social e/ou sexualidade. Dedos dos pés: contato com a realidade, as atitudes de se por na vida, a adaptabilidade e a sexualidade.
Joias e pinturas: desejo de afirmação social, sexual. Meias e luvas: símbolo sexual, sentimento de culpa, menos valia, fantasia de realização sexual e necessidade de status social. Cachimbo, cigarro, diplomas, armas, bengala, guarda-chuva: símbolos fálicos luta pela virilidade. Objetos na mão (livros,jornais,pacotes,flores,bolsa,pasta, etc.): necessidade de contato e apoio.
Acréscimo de outra figura: solidão, necessidade de companhia afetiva real ou sensação de incompetência (comum em crianças criadas em instituições ou em famílias grandes com privação cultural).
Referências BUCK, J. H-T-P: casa-árvore-pessoa - técnica projetiva de desenho: manual e guia de interpretação. São Paulo: Vetor, 2003. FORMIGA, Nilton Soares and MELLO, Ivana.Testes psicológicos e técnicas projetivas: uma integração para um desenvolvimento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicol. cienc. prof. [online]. 2000, vol.20, n.2, pp. 12-19. ISSN 1414-9893. http://dx.doi.org/10.1590/S1414- 98932000000200004. SILVA, Maria de Fátima Xavier da e DE VILLEMOR-AMARAL, Anna Elisa.A auto-estima no CAT-A e HTP: estudo de evidência de validade. Aval. psicol. [online]. 2006, vol.5, n.2, pp. 205-215. ISSN 2175-3431 . VILLEMOR-AMARAL, Anna Elisa de and PASQUALINI-CASADO, Lílian.A cientificidade das técnicas projetivas em debate. Psico-USF (Impr.) [online]. 2006, vol.11, n.2, pp. 185-193. ISSN 1413- 8271. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712006000200007. Sisto, F. F. (2005). Desenho da figura humana: Escala sisto. São Paulo: Vetor.