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PublicouCarlos de Sousa Ribas Alterado mais de 9 anos atrás
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“Entre o mérito e a sorte...” “Pro dia nascer feliz” COSTA, Marcio & KOSLINSKI, Mariane. Entre o Mérito e a sorte: escola, presente e futuro na visão de estudantes do ensino fundamental do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Educação, Jan./Abr. 2006, Vol.11, no.31, p.133-154. Pro dia nascer feliz. Documentário (2006). Direção, roteiro e edição de João Jardim (88 minutos).
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Autores Mariane Campelo Koslinski: Graduação em Sociologia - London School Of Economics (1995), Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2000) e Doutorado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora da UFRJ. Marcio da Costa: Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (1982), Mestrado em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1992) e Doutorado em Sociologia pelo IUPERJ (1998). Professor associado da Universidade Federal do Rio de Janeiro. João Jardim: Cineasta brasileiro. Formou-se em jornalismo pela Faculdade da Cidade e estudou Cinema na Universidade de Nova York. Primeiro longa metragem: Janela da Alma, ganhou 11 prêmios nacionais e internacionais e levou mais de 140 mil pessoas aos cinemas em 2001. Pro Dia Nascer Feliz, seu segundo longa, é um documentário sobre as adversas situações que o adolescente brasileiro enfrenta dentro da escola. Seu último filme foi “Os últimos dias de Getúlio” (2013).
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COSTA, Marcio & KOSLINSKI, Mariane. Entre o Mérito e a sorte: escola, presente e futuro na visão de estudantes do ensino fundamental do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Educação, Jan./Abr. 2006, Vol.11, no.31, p.133-154. Questões e apontamentos iniciais Que fatores levam ao processo social de esvaziamento do significado do espaço escolar? - Problemas: indisciplina, desinteresse, violência. - Contexto de “forte redução na mobilidade social” - Contexto de Trajetória regressiva do prestígio da instituição escolar Até que ponto fatores extraescolares podem ser responsáveis por menores expectativas escolares e de futuro? Hipótese dos autores: Experiências de escolarização percorridas pelos alunos, suas vivências no âmbito intra-escolar, jogam papel bastante relevante na atitude de maior ou menor valorização conferida à escola e, portanto, no comportamento mais ou menos “construtivo” diante da instituição escolar desenvolvido pelos estudantes.
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Valor atribuído à educação escolar e aspectos a que este pode estar associado Postman (1996): esvaziamento do significado da escola Dubet (2001): aspectos identitários dos jovens. Novas conformações mais “abertas” de identidades relativizariam atitudes mais reverentes diante da escola e de outras instituições fundamentais da sociedade moderna; Brasil: estudos na interface “jovens e educação” → Marília Pontes Sposito e Juarez Dayrell.
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Aspirações educacionais e expectativas futuras: um breve histórico da literatura Estrutural-funcionalismo: estudos pretendiam servir de subsídio para reformas educacionais que promovessem maior eficiência das escolas, e vinham como resposta a críticas sobre desigualdade de oportunidade educacional entre classes. Tentava-se calcular as chances de alcançar vários estágios no processo educacional para crianças de diferentes origens de classe. -Clark (1961) e Turner (1961): normas de mobilidade do sistema educacional norte-americano → competição prolongada e mecanismos para “esfriar” aspirações – que serviriam para legitimar o sistema social ou evitar revoltas contra este. Aspirações educacionais e as teorias da reprodução: abordagens no campo da sociologia da educação passam a considerar a escola como reprodutora de desigualdades (Bowles, 1977; Collins, 1977; Bourdieu, 1977). - Bourdieu (1977): escola tende a reproduzir a estrutura de capital cultural entre as classes e a reforçar as desigualdades sociais iniciais, já que mede ou premia o capital cultural previamente adquirido no âmbito familiar.
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Novas abordagens para o papel da escola - Estudos na tradição da etnometodologia e do interacionismo simbólico apontam para a capacidade de procedimentos escolares – tais como as percepções dos administradores e dos professores da escola – de moldarem as aspirações dos alunos. Fogem de explicações que privilegiam fatores relacionados à habilidade, recursos sociais e culturais, ou fatores relacionados às classes sociais dos alunos para explicar suas aspirações ocupacionais e educacionais. - Cicourel e Kitsuse (1977): como certas deliberações rotineiras de aconselhamento nas escolas estão relacionadas a decisões em relação à entrada ou não no ensino superior, à escolha de universidades de maior ou menor prestígio e à escolha de carreiras pelos alunos. Eles defendem o argumento de que o progresso dos alunos na transição para o ensino superior é contingente às interpretações e julgamentos do pessoal da escola, tendo em vista a biografia, a aparência, a conduta, a classe social e o tipo social do aluno, bem como sua habilidade e sua performance escolar. - Rist (1977): mecanismos pelos quais os professores atribuem certas expectativas aos alunos, e como essas são operacionalizadas dentro da sala de aula, constituindo uma profecia auto-realizada (rotulação).
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Prática de agrupamento por habilidade, que consiste na divisão de alunos de acordo com performances acadêmicas - Críticas à segregação por características sociais, econômicas, de raça e de etnia (Gamorran et al., 1995) e ao reforço das diferenças. - Professores designados aos agrupamentos de baixa performance apresentam menor motivação e, frequentemente, são os mais inexperientes. - Prática de tracking nos EUA, Oakes e Guiton (1995): seleção realizada pelas escolas pretendia ser neutra mas não era. - Taiwan: contexto mais homogêneo. Efeitos do tracking praticado em Taiwan é encorajar o desenvolvimento de forte aspiração acadêmica entre alunos que são postos em grupos/classes de alta habilidade, e diminuir as aspirações daqueles que são designados às classes de menor habilidade. Entretanto, esse resultado não implica aumento de desigualdades sociais. Berends (1995): expectativas educacionais futuras representam apenas uma das dimensões de um conceito mais amplo.
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Brasil: peculiaridades em relação às práticas de tracking e agrupamento por habilidades GRUPOS FOCAIS - 3 Escolas públicas da cidade do Rio de Janeiro; - 2 Escolas Privadas do Rio de Janeiro; - 15 grupos focais, - Cada grupo com 10 participantes, metade meninos e metade meninas. Nas escolas públicas, divisão dos grupos focais em alunos pertencentes a turmas 01 (compostas por alunos cujas trajetórias escolares são fluidas e nas quais a relação idade-série se aproxima da relação esperada) e em alunos das turmas 02, 03 ou regular noturno (cujas trajetórias são mais acidentadas e nas quais há maior incidência de distorção idade-série)
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Escola A: pública, má reputação e fica situada numa região próxima ao centro da cidade, recebendo alunos também de bairros mais afastados. Escola B: pública, média reputação, fica numa área valorizada da orla marítima, com alta concentração de classe média alta. As Escolas A e B recebem uma população razoavelmente diversificada – moradores “do asfalto” e de favelas, oriundos de famílias em geral empobrecidas, mas com padrões culturais bem distintos. Escola C: pública, boa reputação, fica na zona oeste, zona bastante afastada do centro da cidade, numa região com alguns traços rurais, alunado um pouco mais homogêneo, pobre. Escola D: privada, de reputação inferior. Escola E: privada, de melhor reputação, ficam num bairro próximo ao centro, mas caracteristicamente habitado por uma classe média baixa, um bairro marcado pela decadência econômica.
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A percepção dos alunos em relação às escolas e às turmas - Variam entre as diferentes escolas e numa mesma escola entre as diferentes turmas. - Alunos do período noturno e vespertino apresentam visões mais negativas de suas escolas. - Separação de turmas de acordo com as habilidades dos alunos exerce um impacto na motivação e empenho dos professores e, consequentemente, aumenta a diferença de performance entre as turmas. - Escolas particulares: visão positiva da escola, mas com críticas quando comparadas a outras. - Escola E: “visão mais crítica da escola”. Elogios às regras, disciplina e rigidez e críticas às condições materiais e ao currículo.
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Expectativas de escolarização e de carreira Visões negativas da escola → menores aspirações de escolaridade e carreiras mais indefinidas. Reputação das escolas e os procedimentos internos por elas adotados estão associados e, de alguma forma, podem estar influenciando as expectativas futuras dos alunos. Alunos de escolas particulares não têm planos de trabalhar enquanto estudam. Associação entre a experiência escolar dos alunos, e/ou a atitude em direção à escola que frequentam, e a importância que atribuem à escola de forma mais abrangente. -Alunos que frequentam escolas de menor prestígio e turmas “mais velhas” tendem a ver a escola meramente como instrumento para conseguir ou manter um emprego e demonstram certo desinteresse pela educação escolar, ou, até mesmo, duvidam de seus efeitos benéficos; -- Alunos de turmas “mais novas”: funções da escola diversificadas e, como nas escolas privadas, sua importância primordial parece ser proporcionar uma possibilidade de “melhorar de vida” ou de alcançar a carreira escolhida.
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Conclusões Alunos que apresentam visões negativas em relação aos estabelecimentos em que estudam, tendem a apresentar menores aspirações de escolaridade e carreiras mais indefinidas, se comparados com os alunos das turmas 02 e 03 da Escola C, de maior reputação, mesmo que essa última escola esteja localizada em uma das regiões mais pobres do município Opinião sobre a importância da educação escolar para alcançar um bom trabalho ou seguir a carreira desejada parece variar de acordo com a experiência escolar dos alunos, além de variar de acordo com sua expectativa futura de carreira. Escolas privadas: tendência de aspirações de escolarização mais elevadas.
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Conclusões Estudo apresenta um quadro consideravelmente complexo, em que se cruzam os fortes condicionamentos socioeconômicos com elementos importantes da dimensão cultural, como a localização nas áreas geográficas de uma “cidade partida” e, destacadamente, a própria trajetória escolar dos entrevistados. Experiência escolar pregressa é um elemento mais importante que o esperado, na inclinação dos entrevistados em relação ao papel da escola em suas vidas. Em escola periférica há aspirações por maior escolaridade e definição de carreiras (Explicação sociológica, entorno da escola onde a droga e o tráfico não representam uma ameaça).
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Conclusões Os estudos referentes à estratificação escolar a partir de critérios de prestígio e trajetória pregressa fornecem referências interessantes para nossas reflexões sobre o valor da escola. Contrariando a uma tendência hipersociológica de estabelecer destinos escolares e sociais como inextricavelmente amarrados por pertencimentos socioeconômicos, parece que a experiência de escolarização fornece elementos relevantes para compreensão dos padrões de “adesão” ao universo escolar e, por conseguinte, aos esquemas mais abrangentes de inserção social.
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Pro dia nascer feliz Realizado entre 2004 e 2005 Documentário sobre a educação brasileira a partir do interior da escola, das salas de aula e dos seus sujeitos: aluno/as, professores e diretores. Nas palavras do diretor, trata-se de um documentário investigativo que mostra que não existem padrões de escolas, mas realidades complexas que envolvem alunos, professores e sistemas públicos e privados de educação.
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Acompanha 6 realidades Manari PE - Valéria: adolescente de Manari, aluna de um curso de ensino médio profissionalizante/ magistério; - D. Nene, diretora da escola Dias Lima, de Inajá; - Profª Denise: professora da escola de Inajá. Duque de Caxias - Colégio Estadual Guadalajara - Deivison Douglas (16 anos) - Profª Helenita - Profª Edlane: Núcleo de Cultura da Escola
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Itaquaquecetuba – SP - Profª Celsa: Fanzine - Profª Fátima: diretora da escola - Profª Suzana - Aluno Ronaldo - Aluna Keila do Fanzine
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São Paulo – Alto de Pinheiros - Colégio Santa Cruz - Profª Antonieta - Aluna Thaís (recuperação) - Aluna Ciça (bom desempenho) São Paulo – Zona Sul - Escola Estadual Levi Carneiro - Profª Suzana (diretora da escola) - Alunas Rita, Ivaneide e Viviane
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Instituição não nomeada - Instituição sócio-educacional para atendimento de adolescentes autores de atos infracionais - Jovem que cometeu homicídio. - Jovens que cometeram infrações.
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Uma narrativa tramada por Sentidos Vivências no interior (ou fora) da escola que constroem um sentido para a vida dos adolescentes: Poesia; Banda; Fanzine; Vestibular.
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“eu deveria ter uma péssima impressão da vida, senão fosse a paixão que tenho pela arte de viver... Meu acalanto é a melodia do vento sobre a minha janela, a minha certeza é a de que sempre que olhar pro céu terei as estrelas, protagonizando um belo espetáculo e que, ao anoitecer, terei um singelo luar e no despontar de um novo dia terei novas esperanças... E no palco da vida terei uma plateia exclusiva para me aplaudir em meio às contradições impostas pelo destino” Valéria Fagundes
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Estilos de documentários Modo Poético: Retiram do mundo histórico sua matéria-prima, mas a transformam de maneiras diferente. Começou juntamente no contexto do modernismo, como uma maneira de representar a realidade em fragmentos, impressões subjetivas, atos incoerentes e ações vagas. Modo Expositivo: Agrupa fragmentos do mundo histórico em uma perspectiva retórica e argumentativa. Dirige-se diretamente ao espectador, através de legendas e de narração. Esses filmes adotam o comentário com voz de Deus (voz over) – o orador é ouvido, mas jamais visto (objetividade e autoridade do narrador). Modo Observativo: Neste modo, “olhamos para dentro da vida no momento em que ela é vivida. Os atores sociais interagem uns com os outros, ignorando os cineastas”. É como se a câmera não estivesse presente. Tem pretensão de neutralidade e naturalidade. Transmitem a ideia de realidade. Não há narradores nem entrevistas.
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Estilos de Documentário Modo Participativo: Prevê a intervenção do cineasta em cena, para dar a sensação de como é estar em determinada situação. Evidencia que a câmera interfere na realidade dos fatos. Pode-se ver e ouvir o cineasta em ação. Recusa a voz de Deus para privilegiar a interação de pessoas, em carne e osso, no momento e local dos fatos. Modo reflexivo: questiona o próprio modo como o documentário atua e intervém na realidade. Negando a premissa da capacidade da câmera de representação fiel da realidade, o modo reflexivo estimula a consciência do espectador a respeito do modo de se fazer documentários. Modo performático: dá ênfase às características subjetivas das experiências de vida e dos relatos/depoimentos de personagens. Há uma combinação entre acontecimentos reais e imaginários, conduzindo o espectador de maneira emocional, e não por argumentos lógicos ou científicos.
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Proposta de criação A partir das trajetórias de escolarização dos integrantes do grupo (autobiografias) e da apropriação de temas que perpassaram as discussões da disciplina, escolher uma questão, elaborar um pequeno roteiro (aberto: temas, ideias, perguntas, coisas que podem aparecer ) e criar um documentário de alguns minutos (até 5 minutos). Exemplo: escolher um integrante para protagonizar, um integrante para fazer questões e outros para comentarem passagens de suas própria escolarização.
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