Pauta. O mito da imprevisibilidade Rotina jornalística Planejamento de trabalho – busca: cumprimento de prazos industriais, redução de custos, eventualidade.

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1 Pauta

2 O mito da imprevisibilidade Rotina jornalística Planejamento de trabalho – busca: cumprimento de prazos industriais, redução de custos, eventualidade de ‘furos’ da concorrência possibilidade de atender satisfatoriamente à demanda informativa do público A pauta não se esgota na produção, mas dilata-se no decorrer do dia, nas transformações que a notícia vai sofrendo dentro das redações

3 “Dessa forma, além de ser mediação entre repórter e ocorrência, ela é um projeto em constante execução no encaminhamento dessa ocorrência rumo à notícia” (HENN, 1996,p.14) -Revistas foram precursoras (início sec.XX) tempo maior de produção, aprofundamento, necessidade de planejamento -A partir década de 50 chega aos diários -Generaliza-se na década de 70 (setoristas de esporte e política operam sem pauta)

4 Manual de Redação e Estilo de O Estado de São Paulo (1990) ‘pauta’ designa duas diferentes coisas: -o conjunto de assuntos que uma determinada editoria está cobrindo para a edição do jornal; -as indicações transmitidas aos repórteres, “não apenas para situá-lo sobre algum tema, mas, especialmente, para orientá-lo sobre os ângulos a explorar na notícia”.

5 Nilson Lage em “Reportagem: teoria e técnica da entrevista e pesquisa jornalística” ( 2001) fala em dois usos do termo : O planejamento da edição contido na pauta deve contemplar “a listagem de fatos a serem cobertos no noticiário e dos assuntos a serem abordados em reportagens, além de eventuais indicações logísticas e técnicas: ângulo de interesse, dimensão pretendida da matéria, recursos disponíveis para o trabalho, sugestões de fontes etc”. Cada um dos itens desse planejamento, quando atribuído aos repórteres, também receberá o nome de pauta.

6 Manual de Redação da Folha de S.Paulo (1984): pauta “é apenas o ponto de partida e não o de chegada” não deve ser vista como uma camisa-de-força que iniba a criatividade do repórter. Deve conter: a) um breve histórico dos acontecimentos que constituem objeto da reportagem; b) um roteiro de questões básicas que o repórter deverá responder; c) o enfoque pelo qual a Folha vê o tema; d) as indicações dos aspectos até então inexplorados do assunto

7 Manual de Redação e Estilo de O Globo (1994): a pauta muitas vezes é uma simples ordem de serviço indicando qual acontecimento cobrir ou quem entrevistar. Outras vezes, é uma proposta que indica possíveis fontes de informação e sugere formas de desenvolvimento da apuração. “Muitas pautas podem ser ditadas por certezas morais e convicções pessoais, levando o impulso inicial da apuração numa dada direção. Nada há de mal nisso. Mas quando os fatos aparecem à tona, eles é que mandam, até mesmo para decretar que não existe matéria a ser feita” (p.14) Na pauta está a memória e a imaginação do jornal

8 Pauteiro : experiência, contatos, fontes, criatividade (exemplo Correio Brasiliense) - recebe 20 a 30% de acréscimo no salário - Ronaldo Henn: é o primeiro gatekeeper Teoria da década de 50 Explica critério de escolha pela ação pessoal do jornalista abrindo ou fechando cancelas (portões) para permitir ou impedir a continuidade do trâmite da informação

9 As propostas de pautas vêm de fontes variadas: - sugestões dos próprios jornalistas, -consultas aos demais veículos noticiosos -sinopses das agências noticiosas - telefonemas de leitores às redações - releases encaminhados por assessorias de imprensa - empenho das fontes ou pressões das diretorias de empresas jornalísticas (neste caso resultam nas pautas rec – de recomendado – ou nas nqm, isto é, que devem ser cumpridas ‘nem que morra’)

10 Repetição é um grande problema da pauta O conceito de habitus, desenvolvido por Pierre Bourdieu, ajuda a explicar Habitus designa uma maneira de ser, um estado habitual, uma predisposição, uma inclinação. As práticas sociais, no geral, encontram-se ajustadas às chances objetivas de suas realizações. Nos cálculos científicos, as probabilidades são construídas de maneira metódica, com base em experiências controladas e regras definidas. A avaliação subjetiva de uma ação determinada faz intervir todo um corpo de sabedoria semiformal, ditados, lugares comuns, preconceitos etc

11 Todo agir social é classificado levando em consideração um repertório valorativo de comportamentos construídos por meio de observações anteriores. Cada agente, tenha ou não consciência desse fato, é produtor e reprodutor de sentido objetivo, num processo contínuo de onde suas ações são fruto de práticas socialmente aceitas, ao mesmo tempo em que influencia as práticas futuras. O agente social é um ‘individual coletivo’ e um ‘coletivo individualizado’

12 Nas redações, os valores-notícia usados para identificar os acontecimentos que serão transformados em matérias fazem parte do habitus da comunidade jornalística Raramente há divergências a respeito de sua aplicação. Compreendem um conjunto de regras, utilizadas de forma bastante homogênea pelos profissionais, para rotinizar sua atividade Integram os chamados critérios de noticiabilidade.

13 Noticiabilidade é todo e qualquer fator potencialmente capaz de interferir no processo de produção da notícia: -as características do próprio fato, -os julgamentos pessoais do jornalista, -a cultura profissional da categoria (seu habitus), -condições favoráveis ou limitadoras da empresa, -qualidade do material, -relação com as fontes e com o público, -fatores éticos -circunstâncias históricas, políticas, econômicas e sociais. (Gislene Silva)

14 Valores-notícia: (Mauro Wolf e Nelson Traquina) -operam de maneira complementar, -atuam nas diversas etapas do trabalho jornalístico (pauta, apuração, edição...); - devem ser fáceis e rapidamente aplicáveis; -não necessitar ampla reflexão; -ser flexíveis para adaptar-se à infinita variedade de acontecimentos; -ser relacionáveis e comparáveis, pois a construção de uma notícia depende sempre das outros acontecimentos noticiáveis igualmente disponíveis.

15 Macro-valores-notícia: (Gislene Silva) atualidade (novidade), importância, (interesse público) interesse, (interesse do público) negativismo, imprevisibilidade, coletividade repercussão Critérios de noticiabilidade do RJTV (Alfredo Vizeu) Ser factual / Ter boas imagens / Novidades Coisas inusitadas / Personagens Despertar o interesse do público Atingir o maior número de pessoas

16 Proposta de tabela de valores-notícia para operacionalizar análises de acontecimentos noticiáveis / noticiados Impacto Número de pessoas envolvidas(no fato) Número de pessoas afetadas (pelo fato) Grandes quantias (dinheiro) Surpresa Inesperado Polêmica Controvérsia Escândalo

17 Proeminência Notoriedade Celebridade Posição hierárquica Elite(indivíduo, instituição, país) Sucesso / Herói Conflito Guerra Rivalidade Disputa Briga Greve Reivindicação

18 Proximidade Geográfica Cultural Tragédia / Drama Catástrofe Acidente Risco de morte e Morte Violência / Crime Suspense Emoção Interesse humano Raridade Incomum Original Inusitado

19 Governo / Justiça Julgamentos Denúncias Investigações Apreensões Decisões judiciais Crimes Governo Interesse nacional Decisões e medidas Inaugurações Eleições Viagens Pronunciamentos

20 Entretenimento / Curiosidade Aventura Divertimento Esporte Comemoração Conhecimento / Cultura Descobertas/ Invenções Pesquisas Progresso Atividades e valores culturais Religião

21 Pauta – Exercício - Assunto (tema da reportagem) - Enfoque (ponto de vista original e onde pretende chegar na informação dos leitores) - Fontes (variadas e identificadas) -Sugestões de fotos ou outras imagens (gráficos, tabelas, ilustrações...) -Sugestões de perguntas (para as variadas fontes) -Informações preliminares sobre o assunto