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PublicouMicaela Fogo Alterado mais de 10 anos atrás
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INTERPRETANDO ERROS EM TRADUÇÃO Candace Séguinot As vezes ocorre eu reler alguma tradução depois de tê-la entregue ao cliente e então ocorre: uma solução elegante para um problema de tradução, óbvio agora, mas não óbvio naquele momento. Ela lembra da história que seus colegas lhe contaram sobre um famoso e respeitado intérprete. Ele estava interpretando em uma reunião sobre provimento de serviços públicos. Em determinado momento, alguém trouxe à luz a questão da autoridade para os serviços públicos de lavanderia na bacia dos iates.
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Esses serviços tinham uma manutenção precária, o falante lamentou; os marinheiros mal o podiam usar, preferindo o moon out ao longo da lateral dos barcos. Ao ouvir essa expressão, o intérprete arregalou os olhos e ofereceu uma tradução totalmente sem sentido em francês: et ils préfèrent faire de La lune par- dessus leurs voiliers. Ela diz gostar de compartilhar essa história porque a faz sentir-se melhor e também porque ilustra muitos pontos sobre erros. Antes de tudo, mesmo excelentes tradutores e intérpretes cometem erros tremendos. Segundo, alguns erros são inevitáveis considerando o fato de que tradutores e intérpretes têm inevitavelmente algumas lacunas/falhas (gaps) com respeito ao conhecimento do vocabulário, falhas que nem sempre podem ser suprimidas na hora exata. Terceiro, avaliar a natureza do erro é um exercício menos interessante que interpretar a fonte do erro.
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. Erros obviamente nos dizem algo sobre a qualidade de uma tradução, mas eles também são as janelas do processo de tradução em si mesmo. A análise de diferentes deslizes tem sido usada na lingüística para dar evidencias sobe a organização das gramáticas mentais (cita Cutler 1982 e Fromkin 1980) e para postular gramáticas intermediárias de interlíngua no aprendiz de língua. Da mesma maneira, os erros de tradução nos dão dois tipos de informação: indicações sobre como as informações lingüísticas devem ser organizadas no cérebro e a possibilidade de acompanhar o desenvolvimento do processo no treinamento da tradução.
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ERROS EM TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO Devemos pensar primeiro se os erros revelam alguma diferença entre traduzir e interpretar. Wolfgang Lörscher (1987) cita em seu artigo sobre teóricos da tradução: o conceito de expectativas de estrutura nas traduções, enquanto se referir a um problema de tradução, é largamente construído por separar SL formas de seu significado. Tal separação foi descrita por Seleskovitch ( 1976 e 1978) em conexão com o processo de interpretação e também no processo de tradução. Marianne Lederer (1981) sugeriu que os problemas de interferência causados pelo trabalho em duas línguas é o mesmo em tradução e interpretação. Ainda, os aspectos pragmáticos da tradução e da interpretação são diferentes: o tradutor tem a oportunidade de poder revisar o seu trabalho; por outro lado, é alvo de constrangimentos quando o texto meta é publicado lado a lado com o original.
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Não é tão obvio, em outras palavras, que as estratégias utilizadas na prática de leitura e tradução sejam idênticas às utilizadas nas atividades de audição e comunicação e que os erros específicos ao uso das estratégias sejam os mesmos. É necessário distinguir o que as pessoas deveriam fazer e o que elas fazem de fato. Independentemente de uma tradução ser boa pelo fato da pessoa traduzir ou interpretar, o princípio fundamental da pesquisa empírica é saber se as pessoas o fazem de uma maneira pré-concebida (given way). O objetivo desta pesquisa é descobrir o procedimento.
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Com essa perspectiva, o tradutor profissional deve desenvolver estratégias diferentes do intérprete. Marianne Lerderer em sua pesquisa descreve que o intérprete codifica e depois interpreta. Já o tradutor faz o caminho inverso, interpreta para depois codificar. Séguinot percebeu em sua pesquisa que os erros cometidos no início de uma sentença não são os mesmos cometidos no final dela. O tradutor aproxima-se mais do texto escrito no final. Tal fato está relacionado com o constrangimento da memória curta: quando a memória começa a se perder, o tradutor começa a transcodificar.
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A ORGANIZAÇÃO E O ACESSO À INFORMAÇÃO O fato acima mostra que a habilidade de traduzir não é meramente desenvolver conexões entre as estruturas de duas línguas diferentes. A probabilidade de interferência da língua materna pode variar de acordo com o posicionamento dos itens e informações na sentença. Tal interferência da língua fonte/materna é espontânea. Jiry Lévi (1965) parte do princípio de que o tradutor tende a escolher um termo geral porque é o que vem à sua cabeça primeiro. As observações aos estudantes e tradutores não profissionais remetem à outra hipótese: Krings (1986) repara que os estudantes com pouca experiência em tradução recorrem à estratégia de fazer associações interlinguísticas fixadas (pré-existentes?).
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O DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES DE TRADUÇÃO Os estudantes usam diferentes estratégias tradutórias? Eles podem aprender a usar estratégias profissionais na escola ou isso é desenvolvido com a prática? Seguinot coletou informações por 5 anos de estudantes do curso de tradução. Ela dava artigos de revistas em inglês e francês, pedindo a eles que traduzissem, mantendo o sentido do texto original. Os estudantes tinham uma hora e meia pra realizar o exercício e era permitido o uso de dicionários. Dos 151 estudantes analisados, havia diferentes perfis: quase profissionais, bons tradutores e aqueles que não conseguiram completar o teste.
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Os estudantes que fizeram traduções pobres mostraram erros de gramática na língua materna inglesa (concordância verbo-nominal) e francesa (pretérito perfeito e infinitivo). Tais fatos serviram para apontar que os estudantes estavam com problemas com as palavras e morfemas, ou seja, um vocabulário limitado e habilidades tradutórias vinculadas à transcodificação de palavras. Séguinot coloca um trecho de texto traduzido do francês para o inglês e sublinha o aparecimento de palavras não previstas para aquela tradução; palavras que sobravam. Ela afirma que tal estratégia seria uma maneira de simplificar o significado, algo já descrito por Lörsche.
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Séguinot percebeu que muitos estudantes trabalharam na questão da memória tradutória, desenvolvendo-a ao longo das sentenças, mas o inesperado também ocorreu pois alguns pioraram. Os estudantes anglófonos apresentaram mais erros de vocabulário já que são influenciados pela língua de origem; já os francófonos erraram na concordância. Ela afirma que os estudantes são frutos dos cursos de línguas, e é normal que eles, inicialmente, usem formas mais apropriadas de tradução porque no final do curso, já entraram em contato com as diversas facetas do texto, sentindo-se assim mais a vontade para trabalhar com os mesmos.
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Finaliza comentando que os alunos vão apresentando variações de erros conforme vão adquirindo habilidades tradutórias. Afirma que tal fato é encorajador pois significa que a reflexão que as universidades propõe estão ganhando campo. Há poucos indícios de que a posição da informação altere a tipologia do erro cometido pelos alunos; na verdade tal distinção é mais facilmente encontrada em tradutores profissionais devido ao ritmo que precisam manter para dar conta do volume de trabalho.
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