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A dimensão utópica do ser humano.
“...imaginar a vida como ela nunca foi”. (Fernando Pessoa)
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Utopia: a origem do termo.
Esse termo foi tecido por Thomas Morus ( ), político inglês do século XVI, em sua obra Utopia (1516).
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A ilha de Utopia. Na obra de Thomas Morus, Utopia significa um lugar ideal, no qual habitam os “utopianos”. Utopia é uma proposta de reforma humanista: nobreza da virtude no lugar da nobreza da linhagem; um cristianismo mais simples e racional, livre e sem abusos sociais.
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Uma dupla vertente. Denúncia e anúncio.
Denúncia dos males sociais e anúncio de uma nova sociedade, na qual o dinheiro e a hierarquia serão suplantados pelos valores éticos, pela virtude, pela igualdade de distribuição e pela fartura para todos.
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A etimologia do termo utopia.
Não + Lugar = traduz a dimensão de impossibilidade de realização, algo de caráter fantástico, irreal, ideal. Bom + Lugar = explicita o aspecto de finalidade, a conquista de uma realidade boa e gratificante, melhor que a presente.
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O que não é utopia... Não é uma fantasia ou ficção irrealizável;
Não significa mero exercício de pensamento que constrói situações inatingíveis; Não é tampouco mero exercício mental de um cientista social, distante da realidade.
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O surgimento das utopias.
As utopias surgem em momentos de crise ou transição social, de agonia da história. Nascem de uma indisposição e de uma revolta contra uma determinada realidade. No Brasil: “Terra sem males” e o movimento de “Canudos” ( ).
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A estrutura do termo Utopia.
Não se situa na oposição entre verdadeiro e falso. Opõe-se ao conhecido e existente, à mesmice, como uma realidade nova. O pensamento utópico recorre à imaginação para explorar as possibilidades virtualmente existentes e ainda não desenvolvidas.
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A dimensão utópica supõe:
Que a realidade não se esgote no imediato; que o pensamento utópico não seja uma simples análise do presente, mas prospectivo para o futuro. Que o pensamento utópico queira “traduzir aspirações íntimas que brotam, não da racionalidade científica, mas do afetivo, da tensão que habita o desejo”.
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A estrutura utópica do ser humano.
Memória (passado) e desejo (futuro): estar para além do gozo do presente. “O passado é como um texto escrito de múltiplos sentidos. A memória o atualiza ao lhe dar novo significado. Sob esse aspecto, ela é produtora de sentido”.
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O desejo... Arranca o ser humano do presente para projetá-lo à frente, impulsiona-o para um futuro que ainda não existe, mas que o ser humano gera e cria no desejo. Permite ao ser humano sonhar com novas e melhores situações de vida.
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A partir da fantasia e da imaginação, o ser humano pode pensar e imaginar um futuro diferente.
Por isso, o ser humano não pode ser definido somente como um ser racional, uma vez que é também dotado de imaginação criadora.
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Por isso... O ser humano está sempre aberto a um novo nunca definitivo, sempre penúltimo. ... Vivemos a defasagem entre a finitude de nossas ações e a amplitude de nossos desejos e esperanças. Extinguir, pois, do ser humano a capacidade utópica e desumanizá-lo.
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Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
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Rui Barbosa: “A esperança é o mais tenaz dos sentimentos humanos: o náufrago, o condenado, o moribundo aferram-se-lhe convulsivamente aos últimos rebentos ressequidos”.
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