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Paracoccidioidomicose
Caso Clínico 9 Relação Parasita-Hospedeiro Prof. Reynaldo Quagliato 12/10/2009
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História Clínica - Paciente do sexo feminino, 25 anos Queixa e duração : Lesões avermelhadas na face, predominantemente, tronco e membros, há 2 meses Outros sinais: - febre baixa de até 38,5ºC; - nódulos cervicais e axilares Suspeita: Forma aguda/subaguda: Linfadenomegalia: nódulos cervicais e axilares manifestações digestivas Hepatoesplenomegalia: fígado e baço palpáveis envolvimento ósteo-articular lesões cutâneas: Lesões avermelhadas na face Ausência de comprometimento pulmonar: não menciona
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Exame Físico Lesões eritemato-crostosas, de aspecto sarcoídeo, nas regiões malares, fronte e antebraço; Lesões pápulo-eritematosas, com o centro deprimido, no tronco e membros inferiores.
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Exame Físico Cadeias ganglionares linfáticas aumentadas, predominantes na região cervical lateral, bilateral; Fígado palpável a 4 cm do rebordo costal direito; Baço palpável a 3 cm do rebordo costal esquerdo.
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Exames complementares
RX de tórax normal; Biópsia da lesão do antebraço revelou presença do fungo Paracoccidioides braziliensis. Rx de tórax normal: Descarta lesão pulmonar Diagnóstico diferencial Tuberculose, histoplasmose (?), pneumocistoose (?) Biópsia = confirmação diagnóstica -> visualização e reconhecimento do agente
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Paracoccidioidomicose ou blastomicose sul-americana
Diagnóstico: Paracoccidioidomicose ou blastomicose sul-americana Rever nome: blastomicose sul-americana
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Histórico A doença também é conhecida como micose de Lutz-Splendore-Almeida Lutz descreveu pela primeira vez no Brasil, em 1908; Splendore (1912) estudou a doença e caracterizou o agente como um novo tipo de fungo; E Almeida (1930) denominou-o de Paracoccidioides brasiliensis. O termo Paracoccidioidomicose foi padronizado em 1971 em Medellin, Colômbia. Alfonso Splendore Adolpho Lutz
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Epidemiologia Pico de incidência : 10-19 anos de idade;
Áreas endêmicas: América Latina, com maior prevalência na América do Sul alta umidade, vegetação rica, temperaturas moderadas e solo ácido. Ex: Florestas indígenas do Uruguai, Amazônia; Pico de incidência : anos de idade; Adultos: entre 30 e 60 anos de idade; Maior risco: habitantes de áreas rurais ou ou com contato com o solo; Não há relatos de epidemias ou transmissão pessoa-pessoa.
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10 milhões de infectados 2% irão desenvolver a doença;
Áreas endêmicas 3 : habitantes letalidade 2 a 23%; Distribuição heterogênea dentro do país – sudeste, centro- oeste, sul e Pará. Secretaria da Saúde do Estado do Paraná
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CAMPOS, Maria Vitoria Silva et al
CAMPOS, Maria Vitoria Silva et al. Paracoccidioidomicose no Hospital Universitário de Brasília. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2008, vol.41, n.2, pp ISSN
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SANTO, Augusto Hasiak. Tendência da mortalidade relacionada à paracoccidioidomicose, Estado de São Paulo, Brasil, 1985 a 2005: estudo usando causas múltiplas de morte.
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Período: 21 anos (de 1985 a 2005) Óbitos: 1950 Paracoccidioidomicose Causa básica: 1164 (59,7%) fibrose pulmonar, doenças crônicas das vias aéreas inferiores e pneumonias Causa associada: 786 (40,3%) neoplasias malignas e a AIDS Declínio do coeficiente de mortalidade Causa básica: 59,8% Causa associada: 53,0% Maior número de óbitos Homens nas idades mais avançadas Lavradores Tendência de aumento nos meses de inverno
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Agente etiológico Fungo dimórfico:
No tecido: Forma de levedura, 37ºC No solo: Fungo filamentoso, 25ºC Paredes refráteis duplas; Tamanho entre 10 e 20 micrômetros, diâmetro 1-70 micrômetros; Brotamentos duplos ou múltiplos (blastoconídeos); Blastoconídeos ligados à célula-mãe por um istmo estreito roda de leme (brotamentos múltiplos).
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Distribuição do fungo na natureza
SOLO, possivelmente água. Já foi isolado de animais (tatu); A doença provavelmente existe apenas em humanos, sendo o fungo pouco adaptado à espécie; Transmissão: Inalação de conídeos presentes no ar Acredita-se que o tempo de incubação possa ser de até 60 anos Observação: Adultos: 13 homens: 1 mulher Crianças: igual proporção entre homens e mulheres
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Quais são os métodos utilizados para a visualização do fungo?
Montagens do material clínico com KOH: HE:
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Azul de toluidina: PAS:
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Método de Grocott É uma impregnação pela prata em cortes de parafina, precedida por oxidação por ácido crômico. A impregnação ocorre em estufa a 60º C e é lenta, podendo ser acompanhada ao microscópio e interrompida quando o resultado for satisfatório. Pode ou não ser realizada contracoloração com hematoxilina. Sem contra-coloração, o tecido de fundo não fica visível, mas o método dá boa idéia da quantidade de fungos. Com impregnação leve é particularmente adequado para detalhes da morfologia dos fungos, como o brotamento múltiplo em roda de leme.
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Cultura: permite observar a característica dimórfica do fungo, bem como diferenciá-lo de outros patógenos 25ºC Forma filamentosa 37ºC Forma de levedura
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Mecanismo de Infecção
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Evolução Ocorre de forma semelhante à tuberculose.
Acometimento de pulmões e linfonodos satélites Cura com cicatriz estéril Cura com nódulos quiescentes que podem ser reativados Progressão e disseminação linfohematogênica para outros órgãos
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Paracoccidioidomicose infecção: assintomática
Paracoccidioidomicose doença: Evolução: Forma aguda/subaguda (juvenil) Forma crônica (adulta) Manifestações: Unifocal, Multifocal, Residual ou Sequelar
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Forma Aguda/Juvenil Responsável por 3 a 5% dos casos – predomina em crianças e adolescentes; Evolução rápida: manifestação em 4 a 12 semanas; Letalidade: 11%; Envolvimento disseminado de órgãos dos sistema linfóide; Febre, perda ponderal e adinamia. Lesões mucosas e pulmonares são raras. Adinamia? Linfadenomegalia Hepatoesplenomegalia Lesões ósteo-articulares e cutâneas Alaragmento de mediastino Ascite Massas abdominais Manifestações digestivas
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Sintomas pulmonares: tosse, expectoração, dispnéia
Forma Crônica Responsável por 90% dos casos – adultos entre 30 e 60 anos, predominantemente do sexo masculino; Evolução lenta; Pulmões, mucosas e pele; Acometimento pulmonar em 90% dos casos; Critérios de gravidade: leve, moderado e grave. Sintomas pulmonares: tosse, expectoração, dispnéia
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Acometimento cutâneo: pápula úlcera ou vegetação
Acometimento das mucosas: Cavidade oral, orofaringe e laringe com lesões papuloerosivas de fundo granuloso e muito doloridas. Acometimento cutâneo: pápula úlcera ou vegetação Doença polimórfica: Trato digestivo Ossos e articulações Trato urogenital Tireóide SNC Adrenal
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Quarta e quinta décadas de vida Status imunológico
Formas Clínicas Aguda ou Juvenil Crônica ou do Adulto Faixa etária Jovens Quarta e quinta décadas de vida Status imunológico Grave depressão da imunidade celular Preservado Proporção homem/mulher 1:1 15:1 Quantidade de leveduras nas lesões Elevada Baixa Resposta inflamatória Supurativa Granulomatosa Curso clínico Rápido Longo Disseminação Muitas outras vísceras podem estar envolvidas Processo mais localizado Resposta inflamatária supurativa?
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Diagnóstico Diferencial
Forma pulmonar: tuberculose, histoplasmose, pneumocistose Lesão orofaríngea: carcinoma epidermóide, histoplasmose, tuberculose. Quadro cutâneo – Isolado: esporotricose, leishmaniose, cromomicose, sarcoidose – Disseminado: histoplasmose, esporotricose, leishmaniose Doença ganglionar: linfoma, tuberculose. Hepática: hepatopatias infecciosas, linfoma. Intestinal: tuberculose, linfoma.
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Quais são os mecanismos da resposta imune empregados para combater o fungo ?
Resposta imune inata e adaptativa (celular e humoral) Resposta imune humoral: Opsonização e ativação do Sistema Complemento + Dificulta adesão da levedura à célula do hospedeiro Resposta imune celular: é mais tardia. IL-1 Fator ativador de macrófagos Fatores quimiotáticos Estimula colagenização das áreas afetadas TCD4 ativado Formação de granulomas Macrófago Fatores quimiotáticos para neutrófilos
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Mecanismos de defesa e fatores de risco
Fagocitose: pode ou não destruir o fungo - Incapacidade macrofágica e neutrofílica - Cepa muito virulenta e resistente à digestão Tabagismo, desnutrição, alcoolismo redução da imunocompetência Favorece infecção e manifestações clínicas da doença
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Controle da infecção resposta imune celular efetiva
Reposta Th1: doença restrita ou ausente Resposta Th2: doença disseminada Resposta humoral hiperativa: forma aguda /subaguda
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Diagnóstico laboratorial
Padrão-ouro: presença de elementos fúngicos de P. brasiliensis em exame a fresco de material biológico: Raspado de lesão; Escarro; Secreção brônquica; Pus aspirado; Líquido sinovial; Derrame pleural. Vizualização do fungo, slide 15
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Diagnóstico laboratorial
Testes sorológicos: (diagnóstico e acompanhamento do tratamento) Imunofluorescência indireta (IFI) ELISA (Gp43, anticorpos e citocinas) Imunoblot (IB) (Gp43) PCR
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Avaliação da imunidade humoral na PCM
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Avaliação da imunidade celular na PCM
Teste HTT: proliferação de linfócitos
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Foram estudados 76 pacientes com paracoccidioidomicose, assistidos no Hospital Universitário de Brasília, entre 1984 e O gênero masculino representou 82,9% e a média de idade foi 42 anos. Atividades agropecuárias caracterizaram 54,9% dos pacientes. Entre pacientes com a forma crônica, 87% eram tabagistas e 55,3% etilistas. Em 71 pacientes sem co-infecção por HIV/aids: a) houve recidiva da paracoccidioidomicose em 21 (29,6%); b) a forma crônica ou mista acometeu 77,5% dos pacientes, com predominância de comprometimento orofaríngeo (70,9%) e pulmonar (67,3%), além de lesões linfonodais (29,8%), laríngeas (27,3%) e cutâneas (16,4%); c) na forma aguda/subaguda, predominou o comprometimento linfonodal (81,3%), seguido por lesões cutâneas (43,8%), resultando doença grave em 62,5% e moderada em 37,5%. Cinco pacientes tinham co-infecção por HIV/aids, dos quais três tiveram a infecção fúngica disseminada associada a acentuada imunodepressão. CAMPOS, Maria Vitoria Silva et al. Paracoccidioidomicose no Hospital Universitário de Brasília. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2008, vol.41, n.2, pp ISSN
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Tratamento Itraconazol, por pelo menos 6 meses;
Infecções mais graves ou refratárias: Anfotericina B + Itraconazol ou sulfonamida; Fluconazol: alguma atividade contra o microorganismo tem uso limitado devido à recaídas. * Não há vacina ou medicamento profilático disponível.
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Tratamento de seqüelas e comorbidades +
Derivados Sulfamídicos Anfotericina B Derivados Azólicos Antifúngicos Suporte Nutricional Tratamento de seqüelas e comorbidades +
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Quais os alvos das drogas?
Derivados azólicos - cetoconazol, fluconazol, itraconazol, voriconazol - controle de formas leves e moderadas da doença em menor período - inibem a síntese do ergosterol - alto custo - 5 a 10 mg/kg/dia – 1x/dia
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Derivados Sulfamídicos
- sulfadiazina, sulfametoxazol – trimetropim - baixo custo e toxicidade relativamente baixa - longos períodos de tratamento adesão - opção mais utilizada em crianças - disponível para administração EV - 8 a 10 mg/kg/dia de trimetropim – 2x/dia Anfotericina B - liga-se ao ergosterol da membrana fúngica , alterando a sua permeabilidade - casos graves ou resistentes - alternativa para pacientes hepatopatas - efeitos colaterais - 0,5 a 1 mg/kg
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Referências Bibliográficas
CAMPOS, Maria Vitoria Silva et al. Paracoccidioidomicose no Hospital Universitário de Brasília. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. [online]. 2008, vol.41, n.2, pp ISSN SANTO, Augusto Hasiak. Tendência da mortalidade relacionada à paracoccidioidomicose, Estado de São Paulo, Brasil, 1985 a 2005: estudo usando causas múltiplas de morte. Rev Panam Salud Publica [online]. 2008, vol.23, n.5 [cited ], pp Murray, R.P., Rosenthal, K.S. & Michael, A.P. Microbiologia médica, 5ª edição Secretaria da Saúde do Estado do Paraná Aulas ministradas em BS410 e MD443
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Integrantes do Grupo Bárbara Pereira Braga Felipe Lemos Caparroz
Gabriela de Toledo Passos Candelaria Karla Cavagnini Priscilla Alves Pereira Stela Carpini Thaís Marconi Fernandez Thiago Messias Zago Vitor Augusto de Andrade
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