Psicoterapia e Psicanálise

Psicoterapia e Psicanálise

Para Freud, psicanálise é: Um procedimento de investigação, que consiste essencialmente em evidenciar o significado inconsciente das palavras, das ações, das produções imaginárias (sonhos, fantasias, delírios) de um sujeito.Este método baseia-se principalmente nas associações livres do sujeito, que são a garantia da validade da interpretação. A interpretação psicanalítica pode-se estender a produções humanas para quais não se dispõe de associações livres;

Um método de tratamento baseado nesta investigação e especificado pela interpretação controlada da resistência, da transferência e do desejo. O emprego da psicanálise como sinônimo de tratamento psicanalítico está ligado a este sentido; exemplo: começar uma psicanálise (uma análise).

Uma disciplina científica: um conjunto de teorias psicológicas e psicopatológicas em que são sistematizados os dados introduzidos pelo método psicanalítico de investigação e tratamento.

Psicoterapia: termo genérico que costuma ser empregado para designar qualquer tratamento realizado com métodos e propósitos psicológicos.Engloba uma série de possibilidades psicoterápicas, psicanalíticas ou não psicanalíticas. Ex: aconselhamento, orientação diretiva e sugestiva,ab-reação, psicoterapia de apoio, terapia cognitiva ou comportamental, psicodrama, etc.

Psicoterapia Psicanalítica ou de base analítica: Forma de psicoterapia que se apóia nos princípios teóricos e técnicos da psicanálise, sem todavia realizar as condições de um tratamento psicanalítico rigoroso. Exemplo: psicoterapia de apoio de base psicanalítica, vai trabalhar os mecanismos defensivos do ego, sem se aprofundar na dinâmica dos conflitos pulsionais inconscientes.

Psicanálise: modalidade de tratamento que se restringe aos referenciais e fundamentos da modalidade psicanalítica. O terapeuta trabalha com a noção dos princípios e leis que regem o inconsciente dinâmico e a prática clínica conserva uma obediência aos requisitos psicanalíticos básicos: instituição e manutenção de um setting, atenção na existência de um campo analítico (resistência, transferência, contratransferência) e interpretação.

Analistas estudiosos do confronto em “Psicoterapia e Psicanálise”, são divididos em 3 grupos: 1) aqueles que consideram a existência de diferenças claras e radicais entre ambas e advogam a necessidade que se estabeleça uma nítida delimitação das mesmas. 2) Autores que se posicionaram na convicção de que a diferença entre psicoterapia e psicanálise é mais de natureza quantitativa do qualitativa.

3) Autores que consideram que existe um largo espectro de metas, indicações, contra-indicações, técnicas, processos, com os extremos bem diferenciados, porém com muitos pontos que tangenciam, superpõem e até confunde-se entre si.

Resumindo: A expressão “psicoterapia” é mais abrangente do que “psicanálise”, sendo que está ultima é mais restrita e não deixa de ser uma das diversas formas de psicoterapia; Existe uma diferença tênue entre ambas; O problema da distinção entre psicanálise e psicoterapia pode ficar muito facilitada se seguirmos estritamente os postulados técnicos recomendados por Freud recomendados por Freud(livre associação das idéias, neutralidade, abstinência, anonimato do analista, interpretação centradas no aqui e agora da neurose transferêncial).

Podemos nos questionar se na análise contemporânea existe uma técnica analítica única ou se existem princípios técnicos básicos que se instrumentam de modo distinto, conforme forem as diferentes estruturas e circunstâncias especificas de cada paciente.È necessário considerar a influência dos postulados teóricos nos quais o analista está ancorado.

Os “elementos da psicanálise” são virtualmente os mesmos, serão as combinações entre os elementos que determinam as inúmeras e diferentes formas no campo analítico. E isto vai depender do tipo de estrutura de cada paciente.

Método analítico: unifica e mantém a diferença entre psicanálise e psicoterapia psicanalítica.

Transformações Conceituais: Na pessoa do paciente: A clínica de hoje difere da clinica de um século atrás, houve uma mudança no perfil caracterológico do paciente,mudanças socioculturais e fatores de ordem econômica. Este conjunto de fatores também tem uma repercussão direta na determinação do tipo de cultura, motivação e possibilidade para um tratamento psicanalítico.

O paciente deve possuir o que Bion chama de “ função psicanalítica da personalidade”. Esta capacidade é inata, está intimamente ligada a busca da verdade e de conhecimentos. Se isso existir o terapeuta vai levar em conta muito mais a questão da acessibilidade (motivação da pessoa que procura o tratamento) do que o critério de analisabilidade (aspectos de rótulo diagnóstico e de perspectiva prognóstica)

Na pessoa do analista: O analista deixa de ser uma pessoa distante e infalível para ter com o paciente uma permanente interação afetiva, onde ambos com algum grau de angústia, influenciam-se reciprocamente através de continuados movimentos transferenciais-contratransferenciais Além do analista ter uma sólida formação teórica, ele precisa também ter “ condições necessárias míninas” (Bion), para conter uma forte carga projetiva de angústias, assim como prover e preencher os “buracos negros” que compõem os vazios existenciais de pacientes regressivos.

Para isso, ele precisa ter: empatia, continência,intuição, amor as verdades e á liberdade, respeito á autonomia do outro, capacidade para suportar dor mental, frustrações e decepções, prazer da criação e possuir um talento especial para a prática da ciência e arte psicanalítica.

È necessário que o analista tenha um conhecimento de seus alcances e possibilidades, assim como os limites e limitações seus e da ciência psicanalítica.

Mudanças no processo psicanalítico: Número de sessões: o que diferenciava a psicanálise da psicoterapia era o número de sessões. A psicanálise propõe um setting com um mínimo de quatro sessões, com o objetivo de proporcionar a formação de uma neurose de transferência. A psicoterapia não ultrapassa a duas sessões,para não permitir a instalação da referida neurose de transferência

O uso de divã: Importante instrumento da prática psicanalítica; Seu valor não deve ser maior do que a própria formação do analista; Ele deve ser usado para que o analisando possa ter uma liberdade interna e, por conseguinte, viver a sua conduta exterior de forma livre.

Análise do Consciente: Atualmente os psicanalistas também preocupam-se com a maneira como “ o consciente e o inconsciente do paciente comunicam-se entre si”, ou seja, não estão preocupados apenas em “tornar consciente o inconsciente”, mas também a análise das funções do ego (conscientes e inconscientes).

Fatores Sócio-Econômicos Em função da inclusão do método analítico nos planos de saúde,o setting habitual da psicanálise está sendo repensado, aumentando a superposição entre psicanálise e psicoterapia.

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