História das Viagens e do Turismo Prof. Dr. Leandro B. Brusadin Texto VII: ALIMENTOS E SABORES DO BRASIL PAULO DE ASSUNÇÃO.

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Transcrição da apresentação:

História das Viagens e do Turismo Prof. Dr. Leandro B. Brusadin Texto VII: ALIMENTOS E SABORES DO BRASIL PAULO DE ASSUNÇÃO

Alimentação no Brasil nos Séculos XVIII e XIX sob o olhar dos Viajantes A alimentação dos habitantes era fruto de uma produção cultural com hábitos alimentares diversos. Alimentação indígena com dietas africana e portuguesa. Alimentação farta obtida “sem esforço” em contraponto com a terra incerta e a monocultura.

Culinária Africana: azeite de coco, pimenta malagueta e inhame. Cozinha Indígena: pamonha, canjica, farinha, tapioca. Comida portuguesa: arroz, alface, trigo, galinhas, couve e frutas.

Alimentação brasileira sob o olhar dos viajantes Habito indígena de comer alimentos frescos. A mandioca foi relatada pelos viajantes como alimento primordial dos brasileiros. Ingestão de produtos indevidamente preparados. Milho e Feijão usado em abundância devido à possibilidade do seu cultivo. Frango e porco se sobrepunham a carne bovina.

Simplicidade da cozinha brasileira. Diversidade de frutas das terras tropicais com sabores exóticos e doces: banana, limão, abacaxi, caju, jabuticabas, pitangas, melancia. Uso do açúcar (oriundo da cana) para diversos fins. No interior do país os alimentos eram escassos e se consumia milho, arroz e farinha. Alimentação brasileira sob o olhar dos viajantes

Enquanto os brasileiros preferiam os gêneros estrangeiros, os viajantes davam preferência a produtos do país. O preparo do açaí e o guaraná pelos indígenas foi destacado pelo sabor. Coqueiros: paisagem e sabor da água. Maracujá: cheiro e paladar doce.

Alimentação brasileira no olhar dos viajantes O Cacau foi registrado como sabor apreciável e refrescante. Os viajantes observaram que os habitantes do sertão comiam quase tudo que a natureza ofereciam inclusive cobras, sapos, ratos e formigas. A carne de porco consumida foi descrita como “tudo gordura”. Variedade de peixes devido a faixa litorânea.

Alimentação brasileira sob o olhar dos viajantes Dadas as ceias oferecidas aos viajantes era fartas e se sentiam “perfeitamente saciados”. Ninguém recusava alimentos e os brasileiros comiam muito. A etiqueta não era cumprida e a “pessoa espalhava os cotovelos ao redor do prato”. Não havia grande limpeza e nem boas maneiras durante as refeições.

Alimentação brasileira sob o olhar dos viajantes O jantar podia ser servido no chão e havia o hábito de comer com a mão. Essa prática era difundida por todas as classes, pois muitos se cansavam de utilizar garfos e facas. Após o jantar o brasileiro adormecia cansados da digestão. Os viajantes naturalistas tiveram contados com diferentes tipos de pessoas que permitiu-os os sabores distintos da alimentação de forma a compartilhar saberes.

Relatos da Alimentação na Mineiridade Relatos da Alimentação na Mineiridade Saint-Hilaire nos traz os seguintes relatos: “Galinha e porco são as carnes que se servem mais comumente em casa dos fazendeiros da Província de Minas Gerais. O feijão preto é indispensável na mesa do rico, e esse legume consiste quase na única iguaria do pobre. E a esse prato grosseiro ainda se acrescenta alguma coisa, é arroz, ou couve, ou outras ervas picadas (...) como não se conhece o fabrico da manteiga, é substituída pela gordura que escorre do toucinho que frita” (1975, p. 96). “os mineiros não costumam conversar quando comem. Devoram os alimentos com uma rapidez que, confesso, muitas vezes me desesperou (...). Depois da refeição, os comensais se levantam, juntam as mãos, inclinam-se, rendem graças, fazem o sinal da cruz e, em seguida, saúdam-se reciprocamente” (1975, p. 81).

Relatos da Alimentação na Mineiridade Mawe (1978, p. 87) relata o seguinte sobre a cozinha das casas mineiras: (...) um compartimento imundo, com chão lamacento, desnivelado, cheio de poças d’água, onde, em lugares diversos, armam fogões, formados por três pedras redondas, onde pousam panelas de barro, em que cozinha a carne; como a madeira verde é o principal combustível, o lugar fica cheio de fumaça”.

O olhar dos viajantes para Minas daquele período diagnosticava o espaço da cozinha com condições precárias de higiene em casa de ricos e pobres. Os viajantes fizeram uma observação um tanto exagerada sobre a vida doméstica e cotidiana dos mineiros daquele período, tendo em vista o seu olhar exterior. Muitas das tradições mineiras que viriam a compor o atual cenário turístico das cidades históricas eram para os viajantes motivos de alteridade, essencialmente, por sua visão eurocêntricas. Reflexões Finais

A hospitalidade dos mineiros, na forma de servir grande quantidade de alimentos aos viajantes, funcionava como reforço da ideia de abundancia e prosperidade. A abundancia de gêneros servia também para esquecer as duras privações vivenciadas nos primeiros anos de povoamento do território atenuadas pela oferenda de dádivas aos viajantes. Os viajantes apontavam como “comida dos escravos” o que constitui hoje, no ramo turístico, a comida mineira típica: feijão, angu e couve. Reflexões Finais

Indicação Bibliográfica